Por Fernanda Pereira
As lágrimas que correram pela face da proprietária de uma floricultura que fica em frente à Igreja Sagrado Coração de Jesus na manhã da última terça-feira, 29, foram a expressão máxima de um clamor que desde 2008 ecoa entre os moradores do bairro Belchior.
Emocionada ao ver seu estabelecimento invadido pela lama, a mulher não quis falar com a equipe de reportagem do Jornal Cruzeiro, mas não pode conter a expressão da dor sentida ao ter que, mais uma vez, perder o dia de trabalho para limpar seu empreendimento.
Assim como a empresária, muitas mulheres do Belchior perderam a manhã de terça-feira limpando suas casas, invadidas pela lama. Empresários como Airton dos Santos, dono do Barulho Auto Center, também precisaram arregaçar as mangas para garantir a limpeza da sujeira deixada pelas águas.
Os estragos desta semana foram causados por uma chuva de cerca de meia hora, que caiu depois que o céu ficou negro em plena luz do dia. Foram necessários apenas trinta minutos de uma chuva torrencial para que a principal rua do bairro, a Bonifácio Haendchen, ficasse alagada em vários trechos. ?Estamos cansados desta situação. Cada dia que chove forte nossa região alaga e fica toda esta sujeira para limparmos?, relata o empresário Airton.
Os problemas da comunidade são conhecidos por todos os moradores, que se dizem cansados de pedir por obras de melhoria. São pessoas que clamam por ajuda desde 2008, mas que ainda esperam, e anseiam, ser ouvidas e atendidas.
Diversas obras foram realizadas pelo poder público no bairro desde a tragédia que mudou para sempre a realidade do Belchior, porém, os problemas insistem em continuar a aparecer a cada dia de chuva.
Tubulações entupidas e intervenções do homem na natureza continuam a oferecer problemas para toda a comunidade. No CDI do bairro, as águas entraram não só pelos bueiros da rua, mas pelo esgoto dos banheiros e pelo vaso sanitário, provando que a tubulação da rua Geraldo Venhorst, onde fica o educandário, precisa ser refeita com urgência.
Em frente à paróquia a água represada deixou muita lama e alguns estragos. Segundo o padre Marcio Fernandes pela primeira vez as águas vieram do morro atrás da gruta e ganharam força com a chuva.
?Há pouco tempo andaram desmatando este morro para abrir trilhas. Acredito que o problema tenha surgido por causa disso?, relata o padre, que viu a água correr como um rio desde a gruta e se acumular na estrada, em frente à igreja.
Superintendência vai ouvir os moradores do Belchior
Depois de quase cinco décadas de espera, os moradores do Belchior finalmente vêem um antigo sonho se tornar realidade. A Superintendência do Belchior começa a atender a comunidade nesta segunda-feira, 4, e segundo Rui Deschamps, responsável pelo órgão, dará aos moradores da localidade a oportunidade de serem ouvidos e atendidos pelo Poder Público. ?A criação da superintendência é um grande passo da cidade e trará muitos benefícios para todos. Estamos planejando o sistema de trabalho, ouvindo as necessidades da comunidade e esperamos atender às solicitações conforme a nossa possibilidade?, destaca.
Segundo Rui, as prioridades do bairro para o momento são a dragagem dos ribeirões, melhoria dos acessos, macadamização de ruas, além dos serviços de limpeza do mato e das tubulações. ?Com estes serviços esperamos solucionar o problema dos alagamentos. Desde 2008 uma empresa vem trabalhando na dragagem dos ribeirões, mas o trabalho não vence. Vamos projetar uma forma de aperfeiçoar este trabalho?, revela. A comunidade também pede a drenagem de toda a tubulação da rua Bonifácio Haendchen e a obra de asfaltamento da via.
A Superintendência do Belchior funcionará em um galpão na rua Bonifácio Haendchen, ao lado da marmoraria Granimax. O local estará de portas abertas a partir desta segunda-feira para atender a toda a comunidade. Além do superintendente, uma equipe de obras e limpeza estará todos os dias no local, além do maquinário, que será exclusivo para atender ao Belchior Baixo, Central, Alto e Arraial.
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