O clamor de um povo sem voz - Jornal Cruzeiro do Vale

O clamor de um povo sem voz

01/04/2011

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Por Fernanda Pereira

As lágrimas que correram pela face da proprietária de uma floricultura que fica em frente à Igreja Sagrado Coração de Jesus na manhã da última terça-feira, 29, foram a expressão máxima de um clamor que desde 2008 ecoa entre os moradores do bairro Belchior.

Emocionada ao ver seu estabelecimento invadido pela lama, a mulher não quis falar com a equipe de reportagem do Jornal Cruzeiro, mas não pode conter a expressão da dor sentida ao ter que, mais uma vez, perder o dia de trabalho para limpar seu empreendimento.

Assim como a empresária, muitas mulheres do Belchior perderam a manhã de terça-feira limpando suas casas, invadidas pela lama. Empresários como Airton dos Santos, dono do Barulho Auto Center, também precisaram arregaçar as mangas para garantir a limpeza da sujeira deixada pelas águas.


Os estragos desta semana foram causados por uma chuva de cerca de meia hora, que caiu depois que o céu ficou negro em plena luz do dia. Foram necessários apenas trinta minutos de uma chuva torrencial para que a principal rua do bairro, a Bonifácio Haendchen, ficasse alagada em vários trechos. ?Estamos cansados desta situação. Cada dia que chove forte nossa região alaga e fica toda esta sujeira para limparmos?, relata o empresário Airton.


Os problemas da comunidade são conhecidos por todos os moradores, que se dizem cansados de pedir por obras de melhoria. São pessoas que clamam por ajuda desde 2008, mas que ainda esperam, e anseiam, ser ouvidas e atendidas.

Diversas obras foram realizadas pelo poder público no bairro desde a tragédia que mudou para sempre a realidade do Belchior, porém, os problemas insistem em continuar a aparecer a cada dia de chuva.

Tubulações entupidas e intervenções do homem na natureza continuam a oferecer problemas para toda a comunidade. No CDI do bairro, as águas entraram não só pelos bueiros da rua, mas pelo esgoto dos banheiros e pelo vaso sanitário, provando que a tubulação da rua Geraldo Venhorst, onde fica o educandário, precisa ser refeita com urgência.

Em frente à paróquia a água represada deixou muita lama e alguns estragos. Segundo o padre Marcio Fernandes pela primeira vez as águas vieram do morro atrás da gruta e ganharam força com a chuva.

?Há pouco tempo andaram desmatando este morro para abrir trilhas. Acredito que o problema tenha surgido por causa disso?, relata o padre, que viu a água correr como um rio desde a gruta e se acumular na estrada, em frente à igreja.


Superintendência vai ouvir os moradores do Belchior

Depois de quase cinco décadas de espera, os moradores do Belchior finalmente vêem um antigo sonho se tornar realidade. A Superintendência do Belchior começa a atender a comunidade nesta segunda-feira, 4, e segundo Rui Deschamps, responsável pelo órgão, dará aos moradores da localidade a oportunidade de serem ouvidos e atendidos pelo Poder Público. ?A criação da superintendência é um grande passo da cidade e trará muitos benefícios para todos. Estamos planejando o sistema de trabalho, ouvindo as necessidades da comunidade e esperamos atender às solicitações conforme a nossa possibilidade?, destaca.

Segundo Rui, as prioridades do bairro para o momento são a dragagem dos ribeirões, melhoria dos acessos, macadamização de ruas, além dos serviços de limpeza do mato e das tubulações. ?Com estes serviços esperamos solucionar o problema dos alagamentos. Desde 2008 uma empresa vem trabalhando na dragagem dos ribeirões, mas o trabalho não vence. Vamos projetar uma forma de aperfeiçoar este trabalho?, revela. A comunidade também pede a drenagem de toda a tubulação da rua Bonifácio Haendchen e a obra de asfaltamento da via.

A Superintendência do Belchior funcionará em um galpão na rua Bonifácio Haendchen, ao lado da marmoraria Granimax. O local estará de portas abertas a partir desta segunda-feira para atender a toda a comunidade. Além do superintendente, uma equipe de obras e limpeza estará todos os dias no local, além do maquinário, que será exclusivo para atender ao Belchior Baixo, Central, Alto e Arraial.

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Comentários

José Airton Slavio
04/04/2011 10:21
O Povo ou o Planeta pede socorro?

Fico eu a perguntar, depois dos acontecimentos no Japão, o que poderia na verdade esta acontecendo com nosso planeta terra, poderia os órgãos governistas estar escondendo alguma coisa da população mundial; uns acreditam serem fenômenos religiosos, sinais de ?final do mundo?, outros acreditam serem fenômenos naturais e que já ocorriam e que ocorrem periodicamente, seria uma forma da natureza se expressar, pena que ela não analisa os prejuízos humanos causados por suas ações.


E a natureza não pensando em suas ações, ficaria como resposta o sentimento da natureza quando o homem sem pensar nos danos causados a natureza também a destrói diuturnamente.


Acredito que alguns já puderam ler um texto, que retrata a história de um homem que nasceu no ano de 2021 e conta sua vida a seu filho de como ainda era o planeta terra no ano em que nasceu, o texto retrata um planeta que estavamos no fim de tudo, que quase não podíamos mais sobreviver, mesmo diante dos apelas na mídia quanto ao desperdício de água, desmatação e poluição e ninguém deu importância ao que podia acontecer no futuro, no texto ainda retrata que ele conta ao filho, que no ano de 2075, a nova realidade, água potável fortemente protegida por exércitos, oxigênio vendido por m³, pois devido a desmatação existe pouco oxigênio limpo pra se respirar e nossa preciosa água, hoje é mais protegida do que o ouro.


Se nossos governantes não param pra analisar a real situação em que estamos passando, já esta na hora de nos juntarmos e todos de mãos unidas darmos um grito de ?socorro?, não suportamos mais tanta dor e sofrimento pela perda de tanto irmãos; engolidos por nossa natureza, sempre generosa, mais rigorosa em suas cobranças.


Pense, o que podemos fazer hoje não devemos deixar pra amanhã.


José Airton Sálvio

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