Quando o terceiro filho de Solange Poffo nasceu não demorou muito para a experiente mãe perceber que ele era diferente das duas filhas mais velhas. Com dois meses o menino não interagia com os pais.
A mãe achou estranho, mas foi somente quando o menino completou cinco meses que Solange comentou com o marido sobre a desconfiança de que algo estava errado com o filho caçula.
Os pais conversaram com o pediatra, que disse ser normal uma criança ser diferente da outra. Foram necessárias muitas consultas com diferentes pediatras para que, aos 14 meses de idade, os pais de Flávio Alécio Poffo Junior descobrissem que ela era autista.
Quando descobriu que o filho mais novo era portador do autismo, a mãe do menino não sabia nada sobre a doença e foi buscar informações com especialistas. ?Conhecer a doença me ajudou a conviver melhor com ele. Aprendi a entendê-lo melhor e a respeitar seus limites e desafios. O fator diferencial no tratamento da criança é a aceitação dos pais?, orienta.
O autismo caracteriza-se por uma disfunção cerebral e impede o desenvolvimento das relações sociais normais. É diferente do retardo mental, embora 80% das crianças com Autismo possam apresentar também Síndrome de Down ou Epilepsia.
A doença é mais comum em meninos, e está presente desde o nascimento, manifestando-se invariavelmente antes dos 30 meses de idade.
Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que uma em cada mil crianças possuem a síndrome e foi para esclarecer a população sobre os sintomas do autismo que a Organização das Nações Unidas, ONU, estabeleceu o dia 2 e abril para dedicar às pessoas autistas.
Carla Marchesini, neuropediatra do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, explica que as causas da síndrome são genéticas e que não existe exame para detectar a doença.
?O diagnóstico é clínico, feito a partir dos sintomas apresentados, mesmo quando bebê. Não é preciso esperar a criança falar ou andar?, lembra.
Como todas as patologias, a médica alerta que o diagnóstico precoce e a conscientização são o fator principal para o tratamento, que é acompanhado de medicação, psicoterapia e fonoterapia, em função dos distúrbios da fala que acometem a maioria dos pacientes.
Hoje, aos 16 anos, Junior, como é carinhosamente chamado pela família, tem uma vida que pode ser considerada normal.
Ele estudou em escola da rede municipal até a oitava série e sempre frequentou a Apae, onde segundo a mãe recebeu muita orientação.
Além de Junior, outras cinco crianças autistas são atendidas na Apae de Gaspar.
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