Por Júlia Schäfer Dourado
As mãos de quase todas as meninas, sentadas no chão para uma conversa, levantam-se rapidamente para responder a pergunta: quem aqui quer ou já quis ser uma bailarina? Algumas já desistiram deste sonho. Embora tenham apenas entre 8 e 9 anos já imaginam outras carreiras em diferentes profissões. No entanto, outras ainda resistem e asseguram: quando crescerem, serão bailarinas.
A profissão, no entanto, não é tão simples quanto as crianças pensam, não se resume apenas a ensaios de coreografias e treinos de saltos, giros, entre outros. Além das horas de ensaios diários, muitas mulheres que dedicam a vida à dança têm também que dar aulas, precisam de um trabalho além da companhia de dança para ter um bom sustento.
?Quero ser bailarina porque é legal dançar. Queria poder fazer isso a vida inteira?, suspira a pequena Ana Júlia Pereira, de apenas 9 anos. Ela, que faz dança desde que estava na creche, não soube dizer quantos anos tinha quando começou a participar desta atividade, mas mostra sua paixão nas aulas de dança de sua escola, que acontecem uma vez por semana, durante 45 minutos.
Da mesma turma, que já ensaia as primeiras sequências para participar do Festival de Dança de Gaspar, outra menina tem o mesmo sonho. Lívia dos Santos Melato, 8 anos, declara que o que mais gosta de fazer é dançar e que costuma ver em filmes e na televisão pessoas dançando. ?O tipo de dança que eu mais gosto é clássica?, conta a menina.
Bailarina/Professora
A paixão pela dança é compartilhada também por Franciele Lenzi, 23 anos, bailarina profissional. A gasparense participa do grupo de dança contemporânea avançada Cia Experimental e de um grupo de balé clássico, ambos do Pró-Dança, de Blumenau, totalizando 10 horas de ensaio por semana com os dois grupos.
Ela ainda faz parte do Grupo de Danças Alemãs da Furb, com o qual já participou de diversos festivais. Franciele ainda trabalha 30 horas em escolas municipais de Gaspar, conciliando a vida de bailarina com a de professora.
?As bailarinas acabam dando aulas também, por esta questão salarial. Conciliar as duas coisas é complicado, mas é muito gratificante poder dar aula e transmitir este conhecimento aos alunos?. Ainda assim, a professora destaca que a dança é uma paixão e que não a trocaria por nada. Ela acredita que falte incentivo tanto governamental quanto de empresas privadas para as companhias de dança.
?O grupo sozinho não se mantém, necessita de bastante apoio. O preço da produção de um espetáculo é grande. Precisa-se de ajuda na parte financeira, tanto com dinheiro quanto com outras doações?. Franciele começou a dançar com 12 anos e aos 16 procurou uma companhia de dança para se tornar profissional.
Hoje ela é formada em educação física e faz especialização em dança.
A dança nas escolas
A mesma formação tem Naiara Batiste, a professora de dança das duas meninas que sonham em ser bailarinas.
?O objetivo da escola não é formar bailarinos, aqueles que sonham com esta carreira devem procurar escolas especializadas em dança?, explica.
Para Naiara, a importância da inserção das aulas de dança nas escolas está em fazer a criança descobrir o próprio corpo por meio da dança, do ritmo, da música, e assim ela desenvolve consciência corporal.
Em Gaspar
O Departamento de Cultura de Gaspar não deixou passar em branco a data e irá comemorar o Dia Internacional da Dança com apresentações na Praça Getúlio Vargas. As coreografias que poderão ser prestigiadas por todos a partir das 9h30 desta sexta-feira, 29, serão apresentadas por grupos das escolas Belchior, Dolores Krauss, Universitário e Madre Francisca Lampel. Além deles, participarão os novos grupos de dança do Departamento de Cultura de Gaspar que cuja apresentação seguirá o gênero do Jazz, coordenados pelos professores Marco Aurélio da Cruz Souza e Giovana Hostert.
De acordo com o diretor do departamento, Dayro Bornhausen, a intenção é de fomentar e popularizar a arte da dança no município. O evento marca também a estreia dos dois novos Grupos de Jazz do Município de Gaspar, que mostrarão duas coreografias denominadas ?Em algum lugar no espaço? e ?Marionetes?. Estas coreografias foram inscritas no Festival Internacional de Dança de Joinville e no Rio do Sul em Dança.
Festivais incentivam a paixão pela dança
Os gasparenses podem se dizer sortudos por viverem em uma região em que a dança é estimulada em diversos festivais, que acontecem anualmente em diversas cidades como Blumenau, Rio do Sul, Itajaí e Joinville. Gaspar não fica para trás e também possui um evento do tipo, o Festival Escolar de Dança, que este ano chega a sua 17ª edição.
Os números de espectadores e participantes do FED aumentam a cada ano. Na última edição, realizada em três noites, 1100 estudantes das escolas municipais, estaduais e particulares de Gaspar subiram ao palco para apresentar mais de 80 coreografias. O público das três noites somou cerca de 6 mil espectadores. ?Nosso festival é o único exclusivamente escolar realizado em Santa Catarina, é referência no estado. Tivemos um progresso fabuloso nos últimos anos, mostrando que se está investindo cada vez mais em dança no município?, declara Gabriel José Correa, coordenador de eventos do Departamento de Cultura. Para este ano, a intenção é fazer quatro dias de festival, sendo que o primeiro seria uma noite especial apenas com apresentações de convidados e cursos para professores e alunos.
O maior festival do mundo
Uma boa dica é pegar a estrada e ir até Joinville no mês de junho quando acontece o Festival Internacional de Dança de Joinville. Ele é um espetáculo que se divide nas 11 noites que são apresentadas as coreografias da mostra competitiva. Porém, quem não quer pagar para assistir as competições no Centreventos Cau Hansen pode encontrar apresentações gratuitas nos chamados palcos abertos: shoppings, hospitais, Feira da Sapatilha e até mesmo indústrias.
De acordo com a assessoria de imprensa, o festival é reconhecido pelo Guiness Book como o maior do mundo em número de participantes desde 2005. No ano passado foram inscritos 6500 bailarinos, entre aqueles que se apresentam em palcos abertos, mostra competitiva e os que fazem seminários e cursos. Foram 215 grupos que dançaram nas noites competitivas, Festival Meia Ponta (para menores de 12 anos) e palcos abertos totalizado 650 coreografias que encantaram 230 mil espectadores, 50 mil deles nas noites do Centreventos. Todas as coreografias passam por seleção para poder participar do festival. A bilheteria abre no dia 1º de julho e os ingressos também podem ser comprados pela internet. Ainda não foram definidos valores para as noites de competição.
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