O privilégio de ter filhos com necessidades especiais - Jornal Cruzeiro do Vale

O privilégio de ter filhos com necessidades especiais

09/12/2011

Por Fernanda Pereira

Quem nunca se deparou com uma gestante e perguntou: você prefere menino ou menina? A reposta comum a este questionamento é: ?Tanto faz, o importante é que venha com saúde?. Porém, nem sempre o bebê esperado com tanta ansiedade pelos pais nasce com saúde, e diante da indesejada notícia o que surgem são questionamentos e medos.

Ter um filho com necessidades especiais é um grande desafio, mas as barreiras enfrentadas no dia a dia são sempre superadas com o carinho e o afeto demonstrado por estes pequenos guerreiros a cada nova conquista em suas limitações. ?A Keli está sempre sorrindo. Cada coisa nova que ela consegue fazer ela quer contar para todos. É uma honra, mas também uma grande responsabilidade tê-la como filha?, conta Marco Antônio Filippe, 27 anos. O pai da pequena Keli, 8 anos, já enfrentou grandes barreiras desde o nascimento da menina. Após uma gestação complicada, Keli nasceu prematura, aos seis meses e meio de gestação. A menina ficou uma semana internada e teve uma parada respiratória que causou uma paralisia cerebral.

Quando a menina estava prestes a completar dois anos a mãe foi embora e deixou a pequena sob responsabilidade do pai. ?Foi difícil, ela exige cuidados constantes pois precisa de nós para tudo. Mas tive ajuda da minha mãe e hoje tenho apoio da minha esposa. Cada nova conquista dela é uma vitória para nós?, relata o jovem pai.

Presente

Para Antônia Maria da Silva, 47 anos, ter um filho especial é o maior presente de sua vida. ?O João Vitor é filho do meu marido. Ele foi abandonado pela mãe quando ainda era bebê, eles nem sabiam que ele era autista. A doença só foi descoberta na creche, quando ele tinha nove meses de idade e eu já cuidava dele?, conta. João Vitor tem oito anos de idade. Além de frequentar a Apae ele, assim como Keli, também frequenta a escola regular, onde convive com a diferença e aprende novas coisas a cada dia. ?Infelizmente ainda existe muito preconceito da sociedade, mas eu trato ele como qualquer outra criança, com limites e responsabilidades?, relata Antônia.


Desafio para os pais

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Receber a notícia de que o bebê planejado e esperado com tanta ansiedade possui algum problema de saúde ou alguma necessidade especial não é um momento fácil para os pais.
O psicólogo Sergio Murilo Baptista, que trabalha na Apae, explica que é necessário que estes pais sejam rapidamente apoiados por profissionais com experiência na área que a criança tem defasagem. ?No caso de uma criança com deficiência intelectual, a Apae é o local de referência para que a família seja acolhida e orientada?, opina.

Sergio explica que a tarefa da educação de um filho é um desafio constante na vida de todos os pais, independente de terem uma criança com deficiência ou não. ?No caso dos pais que têm filhos especiais, é possível encontrar apoio em uma rede ampla de entidades, órgãos, clínicas, associações, escolas, enfim, espaços que buscam garantir os cuidados e os direitos da pessoa com algum tipo de deficiência?.

Para que a criança cresça sabendo que é diferente, porém, igual, o especialista recomenda que os pais criem um espaço familiar que garanta segurança, afetividade, auto estima e experiências positivas de fortalecimento de sua personalidade. ?Tudo isso vai garantir que as situações de preconceito possam ser vivenciadas sem maiores sofrimentos para a criança e sua família?, finaliza o psicólogo.

Edição 1350

Comentários

CRISTIANO PREBIANCA
09/12/2011 16:29
o pequeno João Vitor é meu primo, desde que souberam que ele era autista não desprezarão o filho como alguns pais que eu conheço fizeram, tratam ele com muito amor e carinho, parabéns Maria e Ademar pelo ótimo exemplo que vocês dão para a sociedade .

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