Depois de votar contra a implantação do projeto "Minha casa, minha vida", os moradores do Poço Grande receberam os representantes da Administração Pública na noite desta quarta-feira, 7, para uma reunião de apresentação do Plano Municipal de Habitação e aproveitaram para tirar suas dúvidas sobre o polêmico projeto que está para ser implantado em uma rua do bairro.
Poucas pessoas participaram do encontro agendado pela Administração Municipal e que foi dirigido pela diretora de Planejamento, Patrícia Scheidt. Os cerca de vinte participantes fizeram seus questionamentos e, segundo Patrícia, demonstraram preocupação com a infraestrutura do bairro para receber as mais de 500 moradias previstas no projeto, mas também demonstraram preconceito com relação às pessoas de baixa renda que serão atendidas pelo projeto. "Mostramos à comunidade que temos um compromisso com a Caixa Econômica Federal, que é a financiadora do projeto, de construir a infraestrutura necessária. A Caixa exige que em dois anos façamos uma escola no local, além de outros investimentos. Entendemos a preocupação com a infraestrutura, mas não podemos admitir preconceitos", revela a diretora, que garante que o Poder Público está disposto a assumir o mesmo compromisso que tem com a Caixa para com a comunidade.
Segundo Patrícia, o que a Administração quer é promover o crescimento ordenado do bairro. "Essa é a oportunidade que temos para isso. Mostramos aos moradores o que é o Sertão Verde hoje. Aquele bairro cresceu de forma desordenada e queremos evitar que isso aconteça no Poço Grande. Vamos trabalhar para minimizar todo o impacto que a mudança destas famílias levará ao bairro", justifica.
Para o morador Sergio Silva, nem mesmo o compromisso de investir na infraestrutura do bairro é suficiente para convencer a comunidade a aceitar a implantação de 500 novas moradias de uma única vez. "Se fossem 30 ou 40 moradias não veríamos problemas. Mas 500 de uma única vez? Nosso bairro deve ter um crescimento natural e não um crescimento imposto", comenta o morador.
Gilberto Schmitt, presidente da Associação de Moradores, explica que não há preconceito por parte dos moradores, apenas preocupação com o crescimento do bairro, que irá duplicar sua população.
"Lamentamos o fato de a Prefeitura não ter enviado seus representantes na reunião que a Associação organizou na segunda-feira, onde tínhamos cerca de 80 pessoas. Eles perderam a oportunidade de apresentar o projeto para uma grande parte dos moradores do Poço Grande", comenta.
Segundo Patrícia, a Prefeitura já tinha a reunião de quarta-feira agendada antes da reunião organizada pela Associação e por isso não esteve presente.
Entenda o caso
Após ser informada sobre a execução do projeto "Minha casa, minha vida" em uma rua do bairro Poço Grande, a Associação de Moradores agendou reunião para discutir o projeto com a Administração Pública. O encontro aconteceu na noite de segunda-feira, 5, teve a participação de cerca de 80 moradores, e nenhum representante do Poder Público compareceu. Diante dos fatos, os moradores discutiram sobre o impacto da construção de 500 novas moradias na localidade e votaram contra a concentração destas moradias em um único terreno.
O Minha casa, Minha vida será executado através do Fundo de Arrendamento Residencial, o FAR, e pretende viabilizar a construção de 1 milhão de moradias para famílias com renda de até 10 salários mínimos em todo o país. A ação será realizada em parceria com estados, municípios e também com a iniciativa privada. Em Gaspar, o projeto foi assinado em maio deste ano com a ambiciosa meta de reduzir em 20% o déficit habitacional da cidade.
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