Na madrugada de 1º de fevereiro, o bairro Bela Vista servia de palco para o primeiro ataque do ano registrado em Gaspar e um dos primeiros em Santa Catarina. O fogo se alastrava por um ônibus estacionado em um terreno e anunciava a situação de alerta que se estenderia pelo Estado. Desde as primeiras ocorrências a onda de ataque passou a ser atribuída a membros de uma facção criminosa, o Primeiro Grupo Catarinense, PGC, formado há 10 anos na Grande Florianópolis e que ao longo do tempo conseguiu se infiltrar em outras regiões catarinenses.
Um mês após o primeiro e único ataque do ano na cidade, alguns membros da facção criminosa já foram localizados e presos pela equipe da Polícia Civil em Gaspar. O número recente de prisões, no entanto, aponta para a existência de uma célula do PGC na cidade. A situação é confirmada pela fala do delegado Laurito Akira Sato, diretor da Divisão Estadual de Investigações Criminais, Deic, de Florianópolis,. ?Assim como em outras cidades de Santa Catarina, Gaspar também possui uma concentração de integrantes desta facção?, afirma.
A situação também chama a atenção pelo fato da cidade não abrigar qualquer unidade prisional. Apesar disso, o delegado destaca que a situação em Gaspar é considerada ímpar pelo fato de que a Polícia Civil já mapeou amplo volume de informações sobre suspeitos de envolvimento com a facção. ?Exatamente por isso temos investigações avançadas?, revela.
Concentração
Prova desta afirmação é o fato de o município ser um dos que mais prendeu pessoas ligadas ao PGC desde o início das operações da Deic em parceria com os setores de investigação. Com base nas prisões e investigações já efetuadas, o delegado do Setor de Investigações Criminais da Polícia Civil de Gaspar, Egídio Maciel Ferrari, aponta que a concentração dos membros do PCG está, principalmente, nos bairros Barracão e Jardim Primavera, onde houve o maior número de prisões até agora.
Operações da Deic
A Deic de Florianópolis realiza operações em todo o Estado para cumprir os mandados de prisão contra integrantes do PGC. ?Até o momento, já foram presas 93 pessoas ligadas à facção, incluindo líderes e difusores?, ressalta o delegado Laurito Akira Sato. As operações continuam com o intuito de cumprir os cerca de 20 mandados que seguem em aberto.
A urbanização e a construção de um conjunto habitacional no Loteamento Jardim Primavera, no bairro Bela Vista, são apostas do poder público para tentar conter o avanço da criminalidade no local. Entretanto, as obras, primeiramente prometidas para o final de 2011 e, posteriormente, para outubro de 2012, ainda não começaram.
De acordo com a secretária de Planejamento e Desenvolvimento, Patrícia Scheidt, a demora ocorre por causa da doação do terreno público para a construção dos conjuntos habitacionais, aprovada na Câmara de Vereadores apenas nesta semana. Em seguida, a Prefeitura encaminhou o projeto à Caixa Econômica Federal, responsável pela análise. ?A previsão é de que a resposta venha até essa sexta-feira, dia 1º?, afirma.
As obras de urbanização contemplam trabalhos de drenagem pluvial, pavimentação de ruas, calçadas, tratamento de esgoto, implantação de duas praças e um mirante, construção de galpão para geração de trabalho e renda, instalação de água e luz e regularização fundiária. ?Acredito que os trabalhos terão início neste mês?, prevê a secretária. Após o início das obras, a empresa responsável terá o prazo para execução de 18 meses.
Edição 1466
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