Queda nos preços gera dificuldades no campo - Jornal Cruzeiro do Vale

Queda nos preços gera dificuldades no campo

23/07/2011

fotopg11abreMD.jpgDesde os sete anos de idade, Gelásio Alfredo Isensee tem a terra como instrumento de trabalho. Ele é apenas um dos vários agricultores gasparenses que começaram ainda cedo na lida do campo. Entre os altos e baixos de uma vida cujo sustento é tirado da terra, os produtores de arroz se encontram em uma situação complicada.

O dia 25 de julho marca o dia do Colono, porém, muitos deles não têm muito motivos para comemorar a data. A saca do arroz, principal produto da lavoura gasparense, atingiu um preço extremamente baixo, o que deixa os agricultores desanimados quanto ao plantio do grão.

O sustento de várias famílias gasparenses está sendo afetado pela crise que atinge este produto. Gelásio hoje tem 49 anos e sua intenção é mudar de área caso não se pague um preço melhor na venda do grão. ?O governo não dá apoio para ninguém. Este arroz que sobra deveria ser dado para os pobres, as pessoas deveriam ser incentivadas a voltar a comer o arroz. Antes cada pessoa comia em média 28 quilos de arroz por ano, hoje cada um come apenas 14 devido às comidas prontas e enlatados, que ainda por cima destroem a saúde do povo?.

Gelásio afirma que os agricultores perderam o capital de giro que tinham por terem gastado suas reservas com a última safra. O preço esteve muito abaixo do esperado pelos colonos e a safra foi bem negativa na opinião do agricultor. Ele não acredita que a renegociação de dívidas seja uma alternativa e sim que a única solução seria maior incentivo governamental através de várias medidas, uma delas, a diminuição do preço do diesel vendido para agricultores.
Hélio Stanke, 55 anos, concorda com o colega de profissão. Para ele, o diesel é o principal vilão. Além do combustível, ainda há gastos com herbicida, adubo, inseticida, fungicida e manutenção do maquinário.
?A situação está péssima. Estamos trabalhando com prejuízo. O governo paga menos pelas sacas que o preço mínimo estipulado. Para mim, esta foi a pior safra até hoje?. Assim como Gelásio, desde a infância trabalha com a agricultura e também pensa em desistir dela caso a situação não melhore.
Pelo fato das terras usadas para o plantio do arroz serem muito alagadas, ele não consegue simplesmente trocar o produto. Se em um ano o arroz não voltar a se tornar lucrativo, vai desistir.

Baile do Arroz era tradição nos tempos áureos da agricultura em Gaspar

fotopg11secundariaMD.jpgSentado confortavelmente em sua cadeira entre dois de seus filhos, Willibaldo Schramm, 88 anos, relembra os vários bailes que foram realizados em seu salão, demolido há exatos 20 anos. Entre as várias festas, que chegaram a acontecer quase todo final de semana, destacava-se o Baile do Arroz.

O ano de 1979 foi marcado pelo primeiro de uma série de bailes anuais que, além de música e bebida, contava com a escolha da rainha e cinco princesas. O primeiro nome da festa foi Baile do Colono, que mudou para do Arroz após três anos. ?Dá saudade. Era lindo. Todos bem vestidos, o salão bem decorado. Havia moça que tinha até ataque de tão nervosa?, lembra seu Willi com uma simpática gargalhada.

Todos os anos, seis jovens brigavam pelo título de rainha do Baile do Arroz. Ganhava aquela que conseguisse vender mais votos. Deste dinheiro eram tiradas pequenas despesas que seu Willi tinha na realização do evento e era com ele que se compravam prêmios distribuídos entre as moças. ?Geralmente ganhavam um jogo de quarto completo: cama, guarda-roupa, etc. Mas se ainda assim sobrasse dinheiro, compravam ainda outros prêmios como geladeira e liquidificador?, conta Daniel Schramm, 45, um dos filhos de Willi.

O patriarca e seus filhos também tocavam em uma banda nos bailes menores que aconteciam no salão. Bandônio, bateria, guitarra e violão eram os instrumentos do grupo, que se atava apenas à parte musical, ficando sem vocalista. A tradição do Baile do Arroz se perdeu quando foram os filhos do idealizador que ficaram por conta da organização. Daniel chegou a organizar duas festas menores, mas depois desistiu. Ainda assim, várias lembranças dos bailes continuam frescas na memória do senhor de 88 anos. ?Sempre faziam a festa aqui e às vezes não cabia todo mundo. Houve bailes em que algumas pessoas não conseguiam entrar. Por isso, eu já sabia que o Baile do Arroz seria um sucesso?. Do sucesso de antigamente, restam apenas fotografias e lembranças gravadas em papel e nas mentes dos gasparenses.

Edição 1311

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