Quase todos os dias o catador de lixo Antônio Luiz Candido da Silva encontra medicamentos despejados entre o lixo doméstico residencial que recolhe em diversas ruas da cidade.
São xaropes, comprimidos, pílulas, e outros remédios que passaram do prazo de validade ou que foram retirados na Farmácia Básica e, mesmo dentro da validade, não estavam mais sendo utilizados pelas famílias, que acabam dando um destino errado ao medicamento. "Sempre encontrei remédios entre o lixo, mas ultimamente tenho encontrado quase todos os dias e acredito que alguma coisa pode ser feita para evitar o desperdício", comenta o catador, que sempre recolhe os produtos e entrega na Farmácia Básica, para que os responsáveis deem um fim correto aos medicamentos.
Dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos revelam que cerca de 20% dos medicamentos adquiridos no Brasil são descartados de alguma forma no meio doméstico.
Além do lixo, muitas pessoas optam por despejar os medicamentos na pia ou no vaso sanitário. Ao serem despejados desta forma, os remédios vão parar nos sistemas de tratamento de esgoto doméstico. Lá, as substâncias que compõem o medicamento podem interagir e matar as bactérias usadas para tratar o esgoto. Ou seja, a água que chega até a comunidade pode conter fragmentos dos remédios, e apresentar qualidade duvidosa.
Esse problema é um consenso entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, o Conselho Nacional do Meio Ambiente e o Conselho Federal de Farmácias. Porém, não existe uma legislação que regulamente o descarte de resíduos doméstico, e a privada continua sendo a lixeira dos produtos.
Solução
Em Gaspar, a Secretaria de Saúde orienta a população a entregar todos os medicamentos, estejam vencidos ou não, nas unidades de saúde, ou mesmo na Farmácia Básica. Os profissionais destas unidades fazem a triagem da medicação e dão a destinação correta. "A colocação destes remédios no lixo domiciliar gera riscos de contaminação e também coloca em risco a vida de pessoas, especialmente crianças, que podem encontrar estes medicamentos e ingeri-los", orienta o secretário de Saúde, Francisco Hostins Junior.
O secretário pede que a população seja consciente na busca de medicamentos na Farmácia Básica ou em outras unidades, para que não haja desperdícios. "Só assim poderemos garantir um dos princípios do SUS que é a "universalidade" do atendimento", ressalta.
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