Os montes de barro e os escombros de casas destruídas pelos deslizamentos que atingiram a região no mês de novembro do ano passado ainda compõem o cenário da localidade do Sertão Verde.
Três meses após a pior tragédia registrada em Santa Catarina, os moradores que residem na região ainda têm de conviver com o mau cheiro e a presença de animais peçonhentos, que se refugiam nos destroços.
A líder comunitária que reside no bairro, Elza Garbin, conta que uma reunião com representantes da Defesa Civil, Prefeitura e comunidade está marcada para esta semana, ocasião em que os moradores deverão apresentar diversas reivindicações do bairro para as lideranças da cidade. "Vamos pedir para que eles liberem a limpeza das ruas. Não dá mais pra continuar convivendo com a situação desse jeito", desabafa.
Elza revela que os moradores já solicitaram a limpeza das ruas e a retirada dos entulhos, mas foram informados que a área onde residem é invadida e por isso os serviços não são realizados. "Disseram que não vão liberar as obras porque a área onde moramos é invadida. Mas como pode ser invadida se pagamos o IPTU desde 2002?", indaga a representante da comunidade.
A moradora reside na região juntamente com outras 300 famílias, aproximadamente. Dentre elas, está a de Vilmar Jordano, que possui uma casa ao lado de um terreno tomado por entulhos. Ele conta que a casa de seu vizinho foi completamente destruída e que os destroços permanecem no local.
Um dos principais problemas, segundo Vilmar, é a constante presença de animais que passaram a se esconder nos entulhos. "Esses dias matamos uma cobra aqui e de vez em quando aparecem aranhas e ratos. Não aguento mais". Ele acrescenta que se em 30 dias a Prefeitura não enviar o maquinário para limpar o local, ele mesmo irá dar um fim aos materiais próximo à sua casa.
Sertão VerdeO bairro Sertão Verde foi um dos mais afetados pelos desastres naturais que atingiram a região. Cerca de oito moradores da localidade morreram e quase 20 famílias ainda encontram-se no abrigo da cidade ou na casa de familiares. "Ninguém quer abandonar a região. O pessoal quer voltar a morar aqui, mas pra isso é preciso que eles limpem o local, senão não poderemos reconstruir", finaliza Elza.
O que diz a defesa Civil:
A diretora da Defesa Civil de Gaspar, Mari Inês Testoni Theiss, esclarece que ainda não há uma data definida para que o maquinário da Prefeitura realize a limpeza da localidade e que muitas áreas do bairro ainda encontram-se interditadas para construção. "Estamos providenciando uma placa que avisará sobre a proibição de se reconstruir no local", destaca.
Ela reforça que a limpeza deverá ser feita em breve, mas que atualmente o maquinário trabalha em outras localidades da cidade na liberação de acessos e cumprimento de obras emergenciais.
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).