Memórias de dona Selma Hostins, ex-primeira dama de Gaspar - Jornal Cruzeiro do Vale

Memórias de dona Selma Hostins, ex-primeira dama de Gaspar

16/03/2024

Memória. Transcende as páginas do dicionário e significados clichês para transformar a experiência humana. É relembrar o passado. Momentos, detalhes, discursos, lugares. E que sorte tem quem pode contar histórias reais, do ontem, para agregar o saber do outro.

O que seria do presente sem informações do passado? E do futuro sem os acontecimentos do presente? Seria uma grande curiosidade. Muitas perguntas e poucas respostas. Desenvolvimento mais lento. Progresso em atraso. Portanto, sem dúvidas, compartilhar memórias é tornar a história viva, dar continuidade ao começo. Contribuir!

Sentada na poltrona mais confortável da sala de casa, aquela que considera seu ‘cantinho’, dona Selma de Aguiar Hostins compartilha suas memórias com carinho. A seu favor, a sabedoria e o tempo. Aos 88 anos, ela cresceu junto com Gaspar e presencia até os dias de hoje o progresso da cidade.

Do seu lado, álbuns de fotos que remontam o passado. Imagens em preto e branco, outras em tom sépia e fotografias já coloridas: um verdadeiro tesouro para a história de Gaspar. Os registros retratam as margens do rio Itajaí-Açu, a ponte Hercílio Deeke, as casas da região central, inaugurações e muitos outros momentos importantes, a maioria vividos ao lado do seu eterno amor, Francisco Hostins.

Infância e adolescência

Vamos começar do começo? Selma de Aguiar Hostins nasceu em 23 de dezembro de 1935. Sua família morava no Gaspar Alto, onde ela viveu até seus 17 anos. Filha de José Próspero de Aguiar e Ana Sansão de Aguiar, é a penúltima de cinco filhos. Estudou dois anos na Escola Olímpio Moretto e dois anos na Escola Honório Miranda. “Lembro de caminhar descalça um trecho até a escolinha, para não sujar meus sapatos”.

Da infância, suas lembranças são de uma cidade quase sem ruas. “Era tudo mato. Por aqui [bairro Coloninha, onde mora atualmente], as terras eram de plantação de cana de açúcar”. Também tinham poucos estabelecimentos e poucas escolas: “Naquela época, não tinha mercado, eram vendinhas. Tinha uma ou outra. Pra estudar também… tinham poucas opções. Até mesmo a quantidade de casas era muito menor que hoje em dia”.

Logo na adolescência, aprendeu a costurar. “Eram outros tempos, a gente não tinha oportunidade de estudar mais. Fiz só até o quarto ano. E quando cresci, me ensinaram a costurar”. Ela viveu uma adolescência comum, com uma família unida e simples. “Quando eu já era mais moça, Gaspar tinha crescido em comparação à minha infância. Mas ainda não se via postos de saúde, por exemplo. Mas o número de igrejas aumentou”.

Casamento e família

O tempo passou, Selma se tornou uma mulher e foi na juventude que conheceu seu grande amor, Francisco Hostins. Juntos, construíram uma linda família que, ao longo dos anos, se tornou uma das mais conhecidas de Gaspar. “Ele era do Arraial D’Ouro. Nos conhecemos em Gaspar, mas foi no Santuário Nossa Senhora, no Morro da Cruz [Nova Trento], que nos aproximamos. Noivamos em poucos meses”, lembra. Após o casamento, Selma e Francisco tiveram quatro filhos: Sandra, Neilor, Murilo e Junior Hostins.

Entre 1989 e 1992...

Francisco Hostins foi prefeito de Gaspar entre 1989 e 1992, eleito pelo Partido Democrata Cristão (PDC). Entre suas principais obras está a construção do prédio da Escola Norma Mônica Sabel, no bairro Margem Esquerda. Além disso, construiu outras quatro escolas, duas creches e postos de saúde. Foi responsável pela pavimentação de praças e diversas ruas, assim como a ampliação de estradas e construção de sete pontes de concreto no interior do município. Foi em sua gestão que aconteceu a aquisição da patrulha mecanizada para a agricultura e a primeira ambulância de Gaspar, além da compra da área onde foi construído o Fórum.

Dona Selma conta que, no período que foi primeira dama, Gaspar se desenvolveu muito. “Lembro com muito carinho daqueles anos. Foi gratificante termos a aprovação da comunidade e poder acompanhar diversas obras. No começo, achei que eu não ia conseguir, pois pediam muitas coisas para mim. Mas deu tudo certo. Vivemos muitos momentos bons. Era o presente e o futuro de Gaspar nas mãos dele. E ele trabalhava com muita honestidade”.

Álbum de recordações

Na parede da sala, dona Selma aponta para os porta-retratos. Registros de casamentos dos filhos, a infância dos netos, datas comemorativas da família... Imagens que reforçam o crescimento de Gaspar por meio das gerações. Entre um álbum e outro, ela mostra um que tem uma história curiosa: foi encontrado na lixeira da prefeitura de Gaspar na época em que seu marido foi prefeito. 

Chico Hostins

Chico Hostins faleceu no dia 19 de maio de 2016, às 16h30, vítima de uma parada cardíaca. Ele estava em sua casa, no bairro Gaspar Grande, e, minutos antes, havia tomado café com a família. O Samu foi acionado e ele chegou a ser levado ao Hospital de Gaspar, mas não resistiu. Ele foi uma pessoa muito querida na comunidade.

Atualmente

Hoje com 88 anos, dona Selma continua morando no bairro Coloninha, em Gaspar. Sua maior alegria é curtir a os filhos, netos e toda a família. Ela também adora passear e conversar. Onde chega, dona Selma é logo recebida com abraços e beijos. E, entre um assunto e outro, ela sempre faz questão de relembrar os feitos de Chico Hostins. 

 

 

 

 

 

Edição 2144

Comentários

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.