Licitação de mais de R$2 milhões para compra de livros gera polêmica em Gaspar - Jornal Cruzeiro do Vale

Licitação de mais de R$2 milhões para compra de livros gera polêmica em Gaspar

27/11/2024

Uma licitação que aconteceu de forma online em Gaspar vem causando polêmica. Trata-se do registro de preços para futuras aquisições de livros didáticos e paradidáticos sobre educação climática, no valor total de pouco mais de R$2,2 milhões. O pregão eletrônico aconteceu no dia 21 de novembro e teve duas empresas participantes.

Em vídeo publicado nas sociais, o vereador Ciro Quintino (MDB) se mostrou contra a aquisição destes materiais. “A partir de 1º de janeiro, teremos uma nova secretária de Educação e um novo prefeito. É com eles que o atual secretário de Educação deveria sentar e analisar a compra. São valores altos, que devem ser verificados muito bem. Porque no apagar das luzes, comprar quase R$3 milhões em livros leva a uma grande suspeita".

Usando a tribuna durante sessão na Câmara de Vereadores na terça-feira, dia 26, o vereador Alex Burnier (PL), disse: “Há alguns meses, as mesmas empresas que participaram em Gaspar participaram de uma licitação em Goiás, na prefeitura de Flores de Goiás. Lá eram 500 livros licitados e a licitação foi derrubada. Queremos deixar bem claro para o secretário que lançou a licitação, que não compre os livros”.


Prefeitura diz que licitação atendeu determinação do Governo Federal

Segundo o secretário de Educação de Gaspar, Emerson Antunes, a licitação atendeu a Lei 14.926, de 17 de julho de 2024, que determina que o município tem obrigação de ofertar conteúdos sobre educação climática para todos os alunos a partir de 2025. “Sem este registro de preços, a possiblidade do município cumprir a Lei e ofertar o conteúdo no início do ano letivo fica prejudicada. Caso não oferte, o município não conseguirá comprovar disponibilidade do conteúdo aos alunos no Censo Escolar que acontece nos primeiros meses letivos. Seria irresponsabilidade não deixar minimamente organizado para o próximo ano a possibilidade de cumprir a Lei”.

Ainda segundo Emerson, o município não fez e não vai fazer a compra dos livros licitados. “Fizemos apenas o registro de preços, que estabelece o preço máximo a ser pago em eventual contratação. Se a próxima gestão vai ou não cumprir a Lei, será uma decisão dos gestores. Todavia, as condições para que o faça estão disponibilizadas. Gaspar não recebeu recursos de emendas para este fim. O Governo Federal apenas criou a demanda, mas não disponibilizou recursos até o momento”.

Questionado sobre realizar a licitação no final do ano letivo, o secretário diz que: “independentemente da época do ano, a Educação é um serviço público contínuo e a opção pelas atas de registro de preços são a forma mais eficiente e transparente de organizar a gestão. O município tem para seu funcionamento dezenas de atas, que vão desde produtos de limpeza a veículos, livros e computadores. As atas servem para agilizar o processo de aquisição em data futura, caso tenha demanda e recursos”.

A licitação foi publicada no dia 6 de novembro, conforme dados do Portal Transparência da Prefeitura de Gaspar. Ela tinha valor estimado em R$3.146.219,74 e a vencedora da licitação [Mariana Gomez de Souza] venceu por ofertar todos os livros pelo valor de R$2.202.174,92

O preço unitário dos livros varia de R$92,80 até 221,34. Todas as obras licitadas são para o Ensino Fundamental (até o 9º ano).


Futura secretária diz que aguarda informações da prefeitura

A futura secretária de Educação de Gaspar, Andreia Nagel, que vai assumir o cargo a partir de 1º de janeiro, no governo de Paulo Koerich e Rodrigo Althoff (PL), diz que ficou sabendo da licitação através do vereador Alex Burnier. “Já fizemos algumas reuniões de transição com o secretário Emerson e sua equipe. No entanto, em nenhuma dessas ocasiões foi tratado sobre o assunto da licitação. Fiquei sabendo da licitação através do vereador Alex, que enviou os documentos e me pediu para analisar, tendo em vista o valor unitário dos livros e o valor considerável do total da aquisição. Já solicitei informações na secretaria de Educação e estou aguardando o retorno”.

Andreia diz estar ciente da exigência do Ministério da Educação, mas afirma que o valor considerável da licitação é o que chama a atenção. “Temos muitos outros temas que também fazem parte do currículo e é preciso avaliar a necessidade deste material e a qualidade do mesmo. Talvez seja possível adquirirmos outro material com qualidade e preços mais acessíveis. Ou até mesmo investirmos no digital. A Educação requer muitos investimentos, pessoal, material, infraestrutura. E, por isso, devemos fazer bom uso dos recursos, para que seja possível atender todas as demandas necessárias”.

 

 

Edição 2181
 

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