Já imaginou abrir a torneira da sua casa e, no lugar da água cristalina, se deparar com a água barrosa e salgada? Esta é a realidade dos moradores de Ilhota. Cansados de esperar, parte dos moradores se reuniram na manhã de quinta-feira, dia 23, para cobrar explicações direto na prefeitura. Inicialmente tida como uma manifestação, o encontro transcorreu como uma reunião e aconteceu dentro da prefeitura, na presença de cerca de 15 moradores, representantes do executivo e equipe técnica responsável pelo Águas de Ilhota.
De acordo Antônio Álvaro Castellain, morador do Centro, transtornos ligado à água são recorrentes em Ilhota. “A verdade é que recebemos em casa uma água ruim, barrenta e com alta salinidade. Apesar de ser um problema antigo, se acentuou nos últimos 40 dias. Queremos um bom tratamento, distribuição de qualidade e coleta bem feita. Não é pedir demais”.
Moradora do loteamento Jardim das Arábias, no bairro Missões, Maria dos Santos afirma que chegou a ligar para a Águas de Ilhota para falar sobre o problema. Porém, o telefonema não foi atendido em nenhuma das tentativas. “Onde já se viu receber água salgada em casa? Salmoura pura. É um absurdo! Mas a conta chega todo mês e nós pagamos por algo que nem podemos usar direito”. Segundo ela, a autarquia não atende os telefonemas e nem esclarece dúvidas da população.
O mesmo problema é enfatizado por Patrícia Dorneles, moradora do Centro. “É desgastante. A gente abre a torneira e sai uma água escura e salgada. Complicado, né? Imagina conviver com essa realidade. Água barrosa para cozinhar, tomar banho. A gente paga tudo certinho e pede o mínimo: uma água decente para nossa família”.
Um áudio com um servidor ironizando a situação circula nos grupos de WhatsApp desde o início da semana. Confira:
Outro problema
Além dos problemas que envolvem a higiene, outra situação é levantada pelos moradores. Em algumas casas, aparelhos como chuveiros e máquinas de lavar foram queimados devido a água salgada. Neste caso, a orientação da assessoria jurídica da prefeitura é de que os moradores procurem o Procon.
De acordo com o prefeito de Ilhota, Erico de Oliveira, a coloração marrom e o mal cheiro na água são resultados das obras de drenagem realizadas em diversas regiões da cidade. Isso porque, segundo ele, as máquinas acabam rompendo os canos, o que ocasiona a entrada de barro no local.
No que diz respeito à salinidade, o prefeito explica que a maré alta deixa a água do rio Itajaí-Açu salgada no ponto da captação e que esse problema atinge demais cidades da região. “Deveríamos ter agido há 20 dias? Deveríamos. Eu reconheço que devia ter providenciado isso antes. Passei noites sem dormir pensando no que fazer. O povo sempre tem razão quando falta água e energia. Mas estamos fazendo o possível para contornar a situação”. Ainda de acordo com o chefe do Executivo, o problema com a água salgada deve ser solucionado até o fim de semana por conta do trabalho que já vem sendo feito pela autarquia.
Mayra Miranda, engenheira ambiental responsável pelo Samae de Ilhota, garante que há planejamento e árduo trabalho para reestabelecer o abastecimento de água com qualidade. “A comunidade pode ficar tranquila, pois não estamos de braços cruzados. Vamos continuar estudando cada caso com o cautela. Essa é a prioridade da equipe técnica, que inclusive também consome essa água”.
Engenheiro químico e gerente de contrato da concessionária Atlantis Saneamento, Fabrício Oliveira esclarece: “Manobramos a estação durante um mês e meio de estiagem para minimizar a falta de água. O custo relativo a essa operação é gigantesco. É a última cartada. Agora estamos trazendo água para bombear”.
A Atlantis Saneamentos é uma empresa de engenharia, especializada nos serviços técnicos de operação e manutenção de abastecimento e água e esgoto. Com sede em Jaguaruna, atua há mais de uma década no mercado e há pelo menos três assumiu o contrato com a prefeitura de Ilhota, assim que rompido o acordo com a Casan.
Durante reunião na prefeitura, a Águas de Ilhota emitiu um comunicado oficial sobre situação. Confira:
“A longa estiagem e consequente aumento da salinidade do Rio Itajaí-Açu levou o município de Ilhota a decretar situação de emergência, nesta quarta-feira (22). O período de seca, agravado por três marés-cheias verificadas nos últimos 15 dias, causou o aumento da quantidade de sal no rio, justamente no ponto onde é feita a captação de água para Ilhota. O decreto é necessário para que o poder público municipal possa realizar as ações emergenciais que minimizem o problema.
Com isso, a Águas de Ilhota, responsável pelo tratamento e abastecimento de água no município, acionou imediatamente uma força-tarefa com cinco caminhões-pipa. Três deles trazem água bruta da Lagoa da Usina, que é levada até a Estação de Tratamento (ETA) central, para ser misturada e tratada juntamente com a água captada do Rio Itajaí-Açu, diminuindo a salinidade. Outros dois caminhões trazem água tratada do mesmo manancial, mas com o cuidado de não desabastecer o bairro Pedra de Amolar, servido pela estação de tratamento deste local.
Sobre a alteração da coloração da água em alguns casos, a mudança ocorre devido à necessidade de paralisação do abastecimento por algumas horas, sempre que ocorre maré-cheia e o teor de sal na água aumenta. Cada parada causa despressurização das redes e, quando os reservatórios voltam a encher, alguns pontos têm o aumento da coloração imprópria. A solução são descargas pontuais de rede, que a equipe da Águas de Ilhota já realiza desde domingo.
É importante informar a toda a população de Ilhota que a água que sai da ETA atende os padrões de potabilidade do Ministério da Saúde, exceto para o teor de salinidade, problema que está sendo amenizado a partir das iniciativas tomadas nesta quarta-feira.
Quem identificar mudança na coloração da água deve ligar para o atendimento da Águas de Ilhota, para que seja providenciada a descarga na rede, medida necessária para a volta à normalidade. O fone/whatsapp é (47) 3267-0107.”
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