Veja quantas mulheres foram vítimas de feminicídio em Gaspar no ano passado - Jornal Cruzeiro do Vale

Veja quantas mulheres foram vítimas de feminicídio em Gaspar no ano passado

08/03/2024

O feminicídio é uma triste realidade. O termo, relativamente recente no vocabulário jurídico e social, refere-se a um tipo específico de crime que atinge diretamente mulheres pelo simples fato de serem mulheres. Para entender o significado profundo dessa palavra, é necessário contextualizá-la dentro de um cenário mais amplo de desigualdade de gênero e violência sistemática contra as mulheres.

O feminicídio não é apenas mais um crime, mas sim um fenômeno complexo que revela as profundas raízes do sexismo e da misoginia na sociedade. Ele vai além do simples assassinato de mulheres, pois carrega consigo uma mensagem de poder e controle sobre o corpo e a vida delas. Trata-se da manifestação mais extrema de uma cultura que desvaloriza a vida e perpetua a ideia de que elas são propriedade dos homens.

Esta semana, dois casos chocaram Gaspar: um de feminicídio tentado e outro, consumado. Foram os dois primeiros do ano e por arma branca (faca). No ano passado inteiro foram registrados dois feminicídios consumados e um tentado em Gaspar, por asfixia, tiro e arma branca

De acordo com o delegado Paulo Koerich, da Polícia Civil de Gaspar, não há um perfil padrão de vítima, já que suas idades variam entre 20 e 80 anos e os registros foram em vários bairros da cidade. Já a idade dos agressores fica entre 40 e 71 anos. “Em todos os casos, os agressores tiveram ou mantinham um relacionamento amoroso com as vítimas, com exceção do crime desta semana, em que o autor atentou também contra a ex-sogra”, destaca.

A principal orientação do delegado é de que as mulheres procurem ajuda e denunciem: “A minha orientação é que as mulheres que sejam vítimas de violência e estejam sob ameaça procurem auxílio dos órgãos públicos e requeiram uma concessão de medidas protetivas de urgência e acolhimento em instituição de proteção a vítimas de violência doméstica caso entendam necessário”.

Homem mata ex-sogra com golpes de facão

Osmarina Zuchi Theiss, de 80 anos, entrou para as estatísticas de feminicídio em Gaspar esta semana. Isso porque no início da tarde de segunda-feira, dia 4 de março, ela foi atacada pelo ex-genro, que estava armado com um facão. Tudo aconteceu no bairro Gasparinho. Ele golpeou a idosa e também sua ex-mulher, de 60 anos, que é filha de Osmarina.

O crime chocou Gaspar. Osmarina chegou a ser socorrida e encaminhada ao hospital, mas não resistiu aos graves ferimentos. Já sua filha segue internada e não corre risco de morte.

Assassino está preso com escolta policial

Logo após cometer o crime, o homem que atacou as duas mulheres com um facão dirigiu pela Rodovia Ivo Silveira e jogou seu carro na frente de um caminhão. Ele ficou gravemente ferido e, enquanto era socorrido pelos bombeiros, contou que havia acabado de cometer o crime.

A Polícia Militar estava no local e foi até o endereço informado, confirmando a informação. O homem foi levado ao hospital e segue internado com escolta policial. Após receber alta, ele será levado ao presídio.

O facão utilizado no crime foi encontrado no local, ensanguentado.

O homem tinha passagens criminais por ameaça e dano. A ex-mulher tinha uma medida protetiva contra o autor do crime.

Policiais militares palestram sobre violência contra a mulher

Na quinta-feira, 7 de março, a Procuradoria da Mulher da Câmara de Gaspar promoveu um evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher. A palestra foi ministrada pelas policiais militares Mileny Barros Cardoso Miguel e Gabriela Fernandez Vidal Sales, que abordaram o tema ‘combate e enfrentamento da violência contra a mulher’.

Presidente da Procuradoria, a vereadora Mara Lucia Xavier dos Santos da Costa destaca que o tema é importante pois muitas mulheres são vítimas de violência física, psicológica e patrimonial. “A violência faz parte da vida de um grande número de mulheres e é preciso que o assunto esteja sempre em pauta, principalmente para mostrar que há políticas públicas de prevenção e combate à violência e também para promover iniciativas que possam contribuir para a solução do problema”.

Segundo o Observatório da Violência Contra a Mulher em Santa Catarina e dados da Secretaria de Segurança Pública, em 2023, ocorreram 56 feminicídios no Estado e foram requeridas 28.167 medidas protetivas, conforme levantamento do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). Em 2024, no mês de janeiro, já foram registrados cinco feminicídios e requeridas 3.018 medidas protetivas.

 

 

 

Edição 2143
 

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