Amazônia levará séculos para se recuperar das queimadas, afirma bióloga - Jornal Cruzeiro do Vale

Amazônia levará séculos para se recuperar das queimadas, afirma bióloga

26/08/2019
Amazônia levará séculos para se recuperar das queimadas, afirma bióloga

Em meio à comoção nacional e internacional com os incêndios de grandes proporções que se alastraram pelo norte do Brasil, a Amazônia segue ardendo. Autoridades demoram a agir para conter as chamas e, enquanto isso, o maior patrimônio natural dos brasileiros vai sofrendo perdas irreparáveis. Mesmo quando sobrevive ao fogo, a Floresta Amazônica não volta a ser o que era. Cientistas ainda não sabem quanto tempo ela demora para se regenerar.

Estudos recentes apontam que a recuperação pode levar centenas de anos. Após queimar, a maior floresta tropical do planeta até continua em pé, mas não sem pagar um alto custo. Metade das árvores não resiste às labaredas — 50% de mortalidade é considerada uma taxa muito alta. Árvores gigantes acabam morrendo e cedem lugar a plantas mais novas, menores e de tronco bem mais fino. Com isso, a capacidade de armazenar carbono fica comprometida.

É inimaginável o tanto de CO2 que a floresta armazena. "Se pegar todos os nove países da Amazônia, não só o Brasil, a quantidade de dióxido de carbono é equivalente a 100 anos de emissões de combustíveis fósseis dos Estados Unidos", afirma a bióloga Erika Berenguer em entrevista à GALILEU. "Assim que a área é desmatada e queimada, todo o carbono que estava nos troncos vai direto para a atmosfera, contribuindo para as mudanças climáticas."

A pesquisadora das universidades de Oxford e de Lancaster, no Reino Unido, é especialista em degradação de florestas tropicais pela ação humana. No mesmo em dia em que conversou por telefone com a reportagem diretamente de Madagascar, onde passava férias, Berenguer postou em seu perfil no Facebook um texto explicativo com respaldo científico para divulgar as informações essenciais sobre o que está acontecendo na Amazônia.

A postagem viralizou e já reúne mais de 54 mil compartilhamentos e 10 mil comentários. "Há 12 anos eu trabalho na Amazônia e há 10 pesquiso sobre os impactos do fogo na maior floresta tropical do mundo", escreve a pesquisadora. "Já vi a floresta queimando sob os meus pés mais vezes do que gostaria de lembrar. Me sinto, então, na obrigação de trazer alguns esclarecimentos, enquanto cientista e enquanto brasileira."

 

Via Galileu

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