Elias Anísio Lana ao lado da amiga Erenésia Andrade (in memorian) |
Por Geraldo Genovez
Elias Anísio Lana, de 39 anos, é um escritor de mão cheia! Morador do bairro Barracão, em Gaspar, construiu uma carreira artística paralela ao seu trabalho com a Educação. Atualmente, exerce a função de monitor de alunos em uma escola particular em Blumenau. Ele tem formação em Magistério e Tecnólogo em Marketing. Seus conhecimentos se completam.
Para ele, a arte é uma forma de interpretar o mundo e o coletivo. “Podemos fugir do programado e, através dessa fuga imaginária/literária, voltar à realidade com um despertar. É isso... um despertar urgente e necessário para a realidade”, destaca. Elias reitera que a arte está presente em cada instante de sua vida. “É meu oxigênio diário. Está nas minhas veias e se movimenta conforme o tempo”.
Na imensidão que a arte é, poesias, contos e crônicas preenchem um espaço maior em seu coração. “Com o tempo, fui me aprimorando. Inclusive, foi no jornal Cruzeiro do Vale que comecei a escrever. De um orelhão no Centro de Gaspar, liguei ao diretor Gilberto Schmitt e perguntei se poderia usar esse espaço. Ele autorizou e, assim, foram mais de 80 artigos escritos”, relembra Elias.
O artista ainda explica que por trás dos belos textos, há um processo criativo. “Pouca gente sabe das noites frias, das duas ou três da madrugada, na luz fraca, do nascimento de poemas. É uma área solitária, em que você sofre por registrar uma dor do mundo ou uma alegria. Viver da arte é o desejo de quem dá vida a versos e personagens”, conta o escritor.
Diferente da ficção a poesia te exige sentir. “Alguns podem escrever sobre tudo a qualquer momento, outros somente quando sentir o toque, este não teria forma de explicar”, descreve Elias. Nesse sentido, em 2012, ele criou o projeto ‘Provocações do Poeta’, para se desafiar a criar poesias a partir de pedidos, de forma imediata, com o foco na criação rotineira.
De acordo com Elias, a introdução à arte começou tarde em sua vida. “Aprendi a ler e escrever com dez anos de idade. Fui criado em sítio, onde meu pai trabalhava. Eu adorava viver livre e a escola neste cenário era a gaiola”, relembra com carinho da infância. Mas sua mãe não desistiu e o estimulou a gostar de estudar e adquirir sabedoria.
Elias guarda na memória, com muito carinho, personalidades como seu Neivaldo, diretor e professo na época; e a professora Maria Helena, que o ensinou a ler e escrever. “Sempre me motivaram muito a lutar. Após a primeira frase que li na vida, corri para seus braços. E o mundo da leitura, como mágica, aconteceu”, diz.
Já com o seu tio José Brasciani, resgatou e pesquisou documentos como o da fundação da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, no bairro Barracão (1908) e datados da década de 50, documentação da fundação da prefeitura de Gaspar e álbum fotográfico da família Odebrecht, de Blumenau. Todos os documentos foram encaminhados ao Arquivo histórico José Ferreira da Silva
Dois trabalhos marcaram sua trajetória e têm um lugar especial no coração do artista. Um deles teve início em 2014 e foi concluído em 2019. “Foi o livro de uma amiga poeta, Erenésia Andrade. A conheci em seus últimos cinco meses de vida, com o objetivo de ajudá-la a publicar sua obra. Ela lutava contra o câncer há 12 anos e não chegou a ver o livro pronto”, conta.
Entre suas experiências, nesses tantos anos de estrada artística, Elias também dá destaque à menção honrosa que recebeu a nível nacional pelo poema “Quando uma mulher se despe - 2005”, em Roque Gonzales, no Rio Grande do Sul. Além disso, ele reforça sua participação em sete antologias e demais projetos culturais.
Para Elias, falar sobre arte é, automaticamente, falar de família. “Meus pais foram meus maiores incentivadores, sempre. Meu pai, em especial, gostava de ouvir o que eu escrevia. Creio que herdei dele essa veia poética. Já da minha mãe fiquei com o olhar sentimentalista. Os pais são o primeiro palco dos filhos, o mais importante da vida”, enfatiza emocionado. Por outro lado, Elias também se inspira em personalidades conhecidas: Leonardo Boff, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e Khalil Gibran, por exemplo.
Elias tem no currículo ainda duas importantes conquistas culturais. Ele participou da criação da Sociedade dos Escritores de Gaspar (SEG), um espaço plural para discussão do setor; e do Conselho de Cultura com o objetivo de mapear e cadastrar projetos artísticos na cidade.
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