Álvaro Correia
Ex-parlamentar
Atingido pela compulsória o ministro Carlos Ayres Brito despediu-se dia 13 ultimo da presidência do Superior Tribunal Federal, numa sessão memorável onde recebeu os aplausos e o reconhecimento não só dos seus pares, mas também de importantes personalidades do mundo jurídico que se faziam presentes.
Todos os oradores que se fizeram ouvir foram unânimes em destacar a atuação impecável de Ayres Brito na presidência daquela corte, tendo administrado com firmeza e habilidade os trabalhos cansativos do julgamento do mensalão. E não só nesse episodio de tanta repercussão, mas durante todos os sete meses em que presidiu o STF, Ayres Brito se houve com elogiável postura, conseguindo conduzir com muita competência os debates mais acirrados, onde não faltaram de sua parte compreensão e tolerância para levar a bom termo as votações da ação penal 470.
Outro fato importante revelado por Ayres Brito durante a sua permanência na presidência do STF e o seu grande amor e respeito à democracia e a imprensa livre, para quem alias abriu as portas do Tribunal.
Sempre disposto a responder indagações dos repórteres, não se
fez de rogado quando certa vez um jornalista lhe indagou o que achava pior: um parlamentar que loteia seu mandato ou um juiz que vende sentença? A reposta foi imediata; ? o juiz que vende sentença. Nem penso para responder isto. O poder que controla os outros não pode se descontrolar; o poder que impede os desmandos não pode se desmandar; o poder que impede o desgoverno não pode se desgoverna?
No seu ultimo dia como presidente apresentou proposta que foi aprovada, criando o Fórum Nacional do Poder Judiciário e Liberdade de Imprensa, para atuar quando a liberdade de imprensa estiver em jogo.
No dia 15 de abril do corrente ano nas vésperas de assumir a presidência do STF, Carlos Ayres Brito foi instado por um grupo de jornalistas a analisar a situação da imprensa brasileira, dizendo o seguinte. ?A liberdade de imprensa quando em plenitude insufla, estimula na população uma curiosidade pelas coisas do poder. E é o que está acontecendo. Todo mundo quer saber de tudo. E tudo está vindo a lume. E uma fase que entendo como riquíssima na historia do Brasil. A cultura do biombo foi excomungada. Os jornalistas estão a mil para levantar tapetes, ver se a poeira debaixo deles e saber quem foi que colocou lá. Isso é sinal dos tempos. As coisas estão mudando?.
Partindo tais conceitos da boca de um ministro que tanto honrou e dignificou a mais alta corte de justiça do País, a imprensa brasileira realmente tem motivos de sobra para regojizar-se e dizer: obrigado presidente Ayres Brito!
Edição 1443
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