Nascido em Itajaí, em 20 de setembro de 1886, e falecido em Curitiba, em 25 de outubro de 1949.
Desde muito jovem revelou vocação para a atividade industrial. Por isso, após exercer altas funções na agencia do antigo Banco Nacional do Comércio, em Joinville, veio no fim de 1918 residir em Gaspar, onde permaneceu até o fim de sua vida. Foi então que Eurico Fontes demonstrou seu espírito criativo e empreendedor.
Inicialmente ocupou-se com negócios de arroz, tendo montado na rua que hoje ostenta o seu nome um grande engenho beneficiador desse cereal, e para maior garantia da produção adquiriu terras e nelas fez surgir um grande e belo arrozal. Além disso, incentivou no meio colonial o plantio do arroz, tornando Gaspar, já naquela remota época, um dos maiores produtores de arroz do estado.
Posteriomente, em 1925, voltou o seu interesse também para a produção de açúcar, construindo e dirigindo uma usina que por muitos anos animou e trouxe prosperidade à pequena vila de Gaspar. A cana para ser moída vinha do interior e era transportada por carroças, mas não só; Eurico, em inédita e arrojada iniciativa, criou o transporte fluvial, isto é, a cana era embarcada em lanchas no rio Itajaí-açú e a seguir rebocada por uma lancha maior, motorizada e por um rebocador, ambos de sua propriedade, até defronte à usina, onde a carga, mediante engenhoso arranjo, era içada eletricamente até a altura da rua e dali, em outro vagonete, levada até a usina.
Assim era a usina São Pedro que, direta ou indiretamente, deu emprego para muita gente. Vendeu-a para em seguida montar nova usina, a São José, na rua de mesmo nome, que infelizmente não teve duração por falta de cana ? lavoura que ia dando lugar ao plantio do arroz, menos penoso e mais lucrativo.
O seu gosto por industria contudo, persistiu e Eurico teve ainda uma panificadora e, por fim, uma modesta fábrica de sabão que produzia vários tipos desta mercadoria.
Seu pai, um português dos açores, fora industrial em Itajaí e faleceu quando Eurico era bem moço e dele o filho seguiu os passos. Enquanto seus irmãos estudavam fora do estado, assumiu os encargos da família.
Laborioso e idealista, muito lutou em sua vida e o fez sozinho, alentado por sua profunda fé cristã. Não enriqueceu, porem amparou e bem educou sua numerosa prole de dez filhos. E a muitos ajudou, movido por seu bondoso coração.
Sempre prestigiou tudo o que significasse progresso e lazer, tendo até cinema em casa e, o que é sobretudo digno de nota, foi um abalizado filatelista. Sua coleção de selos teria sido das mais completas e valiosas da época, originando correspondências com colegas patrícios e de outras nações, até da longínqua Austrália.
Como já dito, Eurico não pode receber a instrução que desejava; foi autodidata: inteligente e amigo da cultura, lia muito. Jornais e livros sempre os tinha consigo e em sua casa havia uma sala dotada de armários repletos das melhores obras editadas naquele tempo.
Assim, o cidadão Eurico Fontes, um notável pioneiro, que com seu destacado e fecundo trabalho constituiu-se em benemérito da terra gasparense, onde sua memória é guardada e louvada com extremado carinho.
Artigo enviado por Carlos Eurico Fontes (Zuza) e escrito por Hélio Barbosa Fontes
edição 1234
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