Marcas da violência... - Jornal Cruzeiro do Vale

A violência que se arrasta pela rotina do povo brasileiro é a mesma gerada na silenciosa margem da desigualdade social. A falta de discernimento, objetivos e educação abrem as compotas para o efeito dominó da violência implícita na sociedade.

Um verdadeiro espetáculo midiático aos olhos dos mais chegados a um Bang Bang pós-moderno, onde as antigas pistolas cederam seu modesto rifle para armas potentíssimas, tanques de guerra, barricadas e tudo o mais que uma guerra tem direito.

O gravíssimo desajuste social que o Brasil enfrenta é reduzido pela forma como o problema é apresentado à população: de um lado os heróis (policiais) e do outro lado os bandidos (traficantes); trata-se de um pensamento dicotômico, combate o efeito e não a causa do problema.

Se há uma guerra, quem são os inimigos? Qual o perfil desses indivíduos? A violência poderá encontrar fim na guerra? Gente ruim e perigosa existe somente nas favelas? Nas classes econômicas ditas ?desfavoráveis??

O que pretendo dizer é que os peixes grandes, os patifes engravatados patrocinadores do narcotráfico, moram em casas luxuosas, bem longe da poeira cinza que encobre as favelas, escondem-se atrás de cargos importantes na sociedade, são jovens de classe média alta, donos de boates e bares que seus filhos frequentam, inclusive; estão por toda a parte!

Por isso, não adianta fazer limpeza na favela, nas ruas, lugares estereotipados pelo crime, se não combater a causa, se não combater a corrupção que permite que tudo aconteça!

Os traficantes, os bandidos, digo os que moram na favela, e, que são na grande maioria, adolescentes e crianças, são escudos dos grandalhões do crime, estão na linha de frente das facções, melhor, são os indivíduos que sujam as mãos.

Da favela à mansão, tudo começa pela educação, e tudo termina, de forma trágica, pela ausência dela!  A educação é a melhor barricada, o mais potente tanque de guerra contra a ignorância que apadrinha o crime.

Cassiane Schmidt