Créditos da reforma agrária para agricultores extrativistas - Jornal Cruzeiro do Vale

Créditos da reforma agrária para agricultores extrativistas

01/12/2009

noticiabrasilagrariaMD.jpgPopulações tradicionais extrativistas moradoras de unidades de conservação por todo o País foram reconhecidas como beneficiárias do Programa Nacional da Reforma Agrária. Na prática, comunidades de Reservas Extrativistas (Resex), Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e Florestas Nacionais (Flonas) poderão acessar créditos de instalação e Pronaf A e receberão assistência técnica. O compromisso foi firmado nesta terça-feira (30), pelos ministros do Desenvolvimento Agrário (MDA), Guilherme Cassel, e do Meio Ambiente (MMA), Carlos Minc.

As comunidades precisam ser indicadas e reconhecidas por uma associação representativa da população tradicional e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade. E de acordo com os critérios do Incra, poderão acessar os créditos. A medida assegura os direitos dessas comunidades e avança no desenvolvimento de uma política sustentável para as populações tradicionais.

No anúncio, o ministro Guilherme Cassel lembrou que o reconhecimento dessas famílias é feito desde 2005. Agora, com a assinatura do compromisso, o acesso aos créditos e assistência técnica chegará para mais de 30 mil famílias, o que auxilia na manutenção das reservas e florestas.

A medida, para o ministro, significa reconhecer, por exemplo, os agricultores da Amazônia que precisam produzir. "Comunidades que querem preservar e precisam de política pública para garantir uma Amazônia cada vez menos desmatada", disse Cassel.

A assinatura entre MMA e MDA é uma das quatro ações anunciadas pelos dois ministros para apoio ao manejo florestal sustentável. O MMA assinou contratos de concessões para manejo sustentável na Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia, e abriu uma consulta pública sobre a Política de Manejo Florestal Comunitário e Familiar. A política prevê uma agenda anual de crédito, assistência técnica, infra-estrutura e comercialização para fortalecer o setor.

Madeira Legal

A Caixa Econômica Federal também assinou compromisso com o MMA. A partir de 1º de janeiro, a Caixa vai exigir madeira certificada para financiar obras e empreendimentos. A partir do acordo, todas as obras do Governo Federal utilizarão madeira de origem legal.

A presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, falou sobre o impacto direto da ação para preservação da Amazônia. Maria Fernanda falou que a maioria da madeira utilizada nas habitações que financia vem do Pará, Mato Grosso e Rondônia. "Só na estrutura de cobertura das casas, 88% da madeira vêm da Amazônia", disse. A Caixa investiu só este ano 15,3 bilhões de reais em habitações. Foram construídas 350 mil unidades. "Além de construir um mundo melhor, a gente constrói com madeira legal".

Os assentados da reforma agrária não são os maiores desmatadores

No evento, o ministro Guilherme Cassel questionou a lista divulgada pelo MMA na qual o Incra aparece nas seis primeiras colocações dos maiores desmatadores da floresta Amazônica.

Ao contrário, Cassel afirmou que os assentamentos da reforma agrária contribuem para a diminuição do desmatamento. O último dado oficial do sistema Prodes constatou um recuo de 25% do desmatamento na Amazônia Legal. "Nas áreas de assentamento, a queda foi mais do que o dobro, 51,2%".

O ministro destacou sete itens que tornam a lista do MMA inconsistente. Entre eles, o cálculo utilizado para colocar o Incra no topo da lista. No terceiro colocado, o assentamento Nova Cotriguaçu, por exemplo, a média de desmatamento por assentado é de 32 hectares. Nas propriedades individuais, como é o caso do sétimo colocado, o proprietário teria desmatado 12.557 hectares de um total de 18 mil da propriedade.

Em resposta, o ministro Carlos Minc deu um prazo de 20 dias ao Ibama para fazer a checagem e corrigir ou reafirmar as informações da lista de desmatamento.

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