População indígena se expandiu de 41,5% para 75,1% em SC - Jornal Cruzeiro do Vale

População indígena se expandiu de 41,5% para 75,1% em SC

19/04/2012

Segundo o Censo de 1991, em 41,5% dos municípios catarinenses residia pelo menos um indígena autodeclarado. No Censo de 2000, esse percentual cresceu para 54,6% e, de acordo com o Censo 2010, chegou a 75,1% dos municípios catarinenses.

As 16,041 mil pessoas que se autodeclararam indígenas no Censo 2010 representam 0,26% da população estadual. Não foram alvo da pesquisa os povos indígenas brasileiros considerados ?índios isolados?, os quais, pela própria política de contato, não foram entrevistados.

Em 1991 e 2000, a categoria ?indígena? era investigada no quesito cor ou raça apenas na Amostra. No Censo 2010, o IBGE, pela primeira vez, investigou o contingente populacional indígena dentro do quesito cor ou raça também no questionário básico, totalizando o Universo de domicílios pesquisados. Além disso, o Censo 2010 introduziu critérios adicionais, como o pertencimento étnico, a língua falada no domicílio e a localização geográfica, que são critérios de identificação usados em Censos de outros países. A divulgação das informações específicas do Censo 2010 para as terras indígenas está prevista para julho de 2012.

Enquanto prepara essa divulgação, o IBGE elaborou um documento especial e uma página em homenagem ao Dia do Índio, com análises e dados comparativos dos Censos de 1991, 2000 e 2010 acerca da distribuição espacial da população que se autodeclarou indígena.

O documento pode ser acessado no link www.ibge.gov.br/indigenas/indigena_censo2010.pdf e a página, no link www.ibge.gov.br/indigenas/index.htm

Em 2010, população autodeclarada indígena em Santa Catarina chegava a 16,041 mil
Segundo o Censo 2010, 16,041 mil pessoas em Santa Catarina se autodeclararam indígenas, o que significou um crescimento no período 2000/2010 de 10,31% (1,499 mil pessoas), bem menos expressivo do que o do período 1991/2000, de aproximadamente 197,81% (9,659 mil pessoas).

Mesmo com evidências de que os povos indígenas estivessem experimentando crescimento acelerado em função de altas taxas de fecundidade, os dados censitários de 2000 superaram as expectativas, com um ritmo de crescimento anual brasileiro de 10,8% no período 1991/2000. Esse fato reflete o aumento do número de pessoas que, em 1991, se identificaram em outras categorias e que, em 2000, passaram a se identificar como indígenas.

Esse fenômeno é conhecido como ?etnogênese? ou ?reetinização?: povos indígenas reassumindo e recriando as suas tradições indígenas, após terem sido forçados a esconder e a negar suas identidades tribais como estratégia de sobrevivência, seja por pressões políticas, econômicas e religiosas, ou por terem sido despojados de suas terras e estigmatizados em função dos seus costumes tradicionais.

Ipuaçu concentra a maior proporção da população indígena na população total entre os municípios da Região Sul
Em números absolutos, duas das maiores populações indígena da Região Sul estão em Santa Catarina. Ipuaçu, em segundo lugar, com 3.436 pessoas e Chapecó, em décimo lugar, com 1.455 pessoas. Em números relativos, Ipuaçu é o município da Região Sul com o maior percentual de população indígena (50,5%). Entre os 10 com maiores percentuais de índios, ainda estão Entre Rios (20,5%) e José Boiteux (18,7%).

Em 2010, três municípios tinham mais de mil indígenas
Os 10 municípios com maior contingente de população indígena em SC, segundo o Censo 2010, concentravam 9,541 mil indígenas. Desses, três municípios tinham mais de mil indígenas residentes, Ipuaçu (3,436 mil), Chapecó (1,455 mil) e Florianópolis (1,028 mil) indígenas.

Analisando-se a área urbana, Florianópolis tinha a maior população indígena (979), seguido por Joinville (484). Já na área rural, Ipuaçu ficou em primeiro lugar, com 3.436 indígenas.

Em termos de proporção da população indígena na população total dos municípios, o maior percentual foi encontrado no município de Ipuaçu, 50,5%. Na área urbana, o município de José Boiteux se destacou com 1,7% de população indígena; na área rural, foi Ipuaçu, onde 63,4% dos residentes nessa área são indígenas.

Censos aprimoraram formas de identificação de indígenas ao longo dos anos
O quesito da cor da população vem sendo levantado desde o primeiro recenseamento, feito em 1872. Esse quesito foi incluído, também, nos Censos de 1890, 1940 até 1960 e, de 1980 até 2010. Nos Censos de 1940 e 1950, foi investigada a língua falada para as pessoas que não falavam habitualmente o português no lar, e assim, era possível quantificar os indígenas, que conservavam o uso da língua nativa. Em 1960, a categoria ?índio? foi incluída no quesito da cor, mas apenas para os que viviam em aldeamentos ou postos indígenas.

No Censo 1991, o quesito passa a se autodenominar ?cor ou raça?, com a introdução da categoria ?indígena?, investigada em âmbito nacional, dentro da Amostra, procedimento que foi mantido em 2000. Já em 2010, o quesito passou a ser investigado no Universo. Além disso, no Censo 2010 aprimorou-se a investigação desse contingente populacional, introduzindo o pertencimento étnico, a língua falada no domicílio e a localização geográfica, que são considerados critérios de identificação de população indígenas nos Censos nacionais dos diversos países.

O Censo 2010 permitirá ter um conhecimento da grande diversidade indígena existente no Brasil e um melhor entendimento quanto à composição deste segmento populacional, a saber: os povos indígenas residentes nas terras indígenas; os indígenas urbanizados com pertencimento étnico a povos indígenas específicos e pessoas que se classificaram genericamente como indígenas, mas que não têm identificação com etnias específicas. A divulgação das informações do Censo 2010 referentes à língua falada dos indígenas e resultados para as terras indígenas está prevista para julho de 2012.

Texto: Comunicação Social

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