25/11/2009
CHUMBO
Cobertura jornalística
As cenas de guerra, terror, destruição, mortes, sofrimentos, desespero, angústia e solidariedade que presenciei durante toda a cobertura jornalística de novembro de 2008 ainda estão vivas na minha memória. Foram dezenas de reportagens e fotografias que registrei sobre a maior catástrofe no Vale do Itajaí e que foram publicadas no Jornal Cruzeiro do Vale e em nosso portal cruzeirodovale.com.br.
Áreas mais sofridas
Nas regiões mais atingidas, que compreendem o Complexo do Baú, Sertão Verde, Arraial e Belchior, perdi a noção de quantos quilômetros caminhei a pé, de carro e helicóptero atrás das notícias. Milhares de imagens estão em nosso arquivo fotográfico para a posteridade e centenas foram publicadas.
O retorno
Durante todo esse ano que passou, após a tragédia, retornei por inúmeras vezes a esses locais que foram destruídos. Acompanhei e registrei desabafos dos moradores e empresários solicitando agilidade no processo de reconstrução. Presenciei ainda os maquinários pesados trabalhando na construção, em lugares perigosos e de difícil acesso, abrindo ruas e tapando crateras, limpando terrenos e estradas intransitáveis.
365 dias
Um ano se passou. Muito foi feito, mas muito ainda falta fazer. As estradas já estão transitáveis, porém, muitas delas ainda estão precárias. Quem sofreu com a catástrofe tem pressa para retornar à normalidade e exige mais agilidade do Poder Público. Famílias ainda moram em abrigos e esperam um teto para morar. Poucas casas foram construídas para quem perdeu tudo. A emoção dos políticos muitas vezes falou mais alto do que a razão e por isso promessas não foram cumpridas, planejadas e idealizadas.
Esperança
O Complexo do Baú foi o mais castigado, o epicentro da catástrofe. Região linda por natureza, com suas montanhas e cachoeiras, hoje, com feridas e cicatrizes para a eternidade. Famílias deixaram a localidade, o trauma foi grande demais para suportar um retorno. Outras lá permanecem na esperança de ver o Complexo do Baú como era antes. E uma cena que me chocou foi na última sexta-feira, dia 20, dona Rosa Schmitt, de 83 anos, mulher franzina e bem magrinha, moradora do Braço do Baú, com uma enxada no quintal de sua casa plantando ramas de aipim, com um vigor de dar inveja. Um belo exemplo de perseverança e de que não há idade para se recomeçar.
Um ano depois
Os calendários marcam um ano da tragédia. Tenho certeza que vamos conseguir reconstruir nossa região. Vai levar muito tempo ainda, mas com paciência e cada um fazendo sua parte vamos ter nossa auto-estima elevada. Durante a tragédia, muitas vezes fiquei atolado no meio da lama fazendo as reportagens; um ano depois, apenas sujei os sapatos. Um bom sinal.
Novembro de 2009 | Novembro de 2010 |
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Atolado na lama, ossos do ofício | Tentando limpar o sapato na água barrenta |
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