29/01/2018
Este, sem dúvida, foi um dos melhores títulos do portal do Cruzeiro do Vale, o mais antigo, atualizado nos conteúdos e acessado em Gaspar e Ilhota. E não foi cunhado por nenhum jornalista, Nem por algum crítico ou opositor do governo de Gaspar. Ele retrata uma realidade dolorosa. Ela esconde outra, tratada com irresponsabilidade por políticos no poder e gente que se serve do corporativismo sem a devida co-responsabilidade.
A conclusão de impacto e origem do título em aspas é de Frederico Campos da Silva, filho de Filomena Soares de Campos e Silva, moradores de Gaspar. Filomena morreu por febre amarela importada e contraída em Mairiporã, em São Paulo. A família acusa o Hospital de Gaspar – o que muitos teimam em chamar de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e imagina se ele tivesse outra protetora – de ter sido negligente e contribuído para a morte de dona Filó, como era conhecida.
E por que acusam o Hospital? A família jura que alertou os médicos que a atenderam de que a doente tinha estado naquela área de risco e apresentava os sintomas (hoje a internet, o conhecimento e as redes sociais humilham alguns médicos). Mas, os doutores preferiram tê-la como uma doente com suposta hepatite. E assim a trataram. Arriscaram na tese. E assim ela morreu.
Não vou discutir este assunto, pois não sou médico, nem curandeiro, nem adivinho. Sou sobrevivente. E eu se relatar as minhas experiências de gripe A e Chikungunha não diagnosticadas nos prontos-socorros infestados de residentes onde o médico de plantão escolhe quem olhar (não o de Gaspar, por favor), vou atiçar ainda mais as desconfianças que se têm sobre o assunto. E se eu relatar os erros médicos que se escondem entre eles próprios, como testemunhei quando fiz a cadeira de Medicina Legal com estágio no IML, tudo se complica de vez.
Vou lhes falar de outro doente: o Hospital de Gaspar.
A primeira pergunta: afinal quem é o dono do Hospital de Gaspar? Pergunto, pergunto e ninguém me responde! A segunda pergunta: quem vai responder por mais este caso, ainda não configurado como um erro médico? Não é o primeiro. Também não será o último. E ele, terá, certamente, prejuízos econômicos, porque o de imagem, ninguém se importa com o Hospital e como isso impacta na credibilidade dele, o qual tenta criar essa tal credibilidade – pois nunca teve - para atrair confiança de pacientes e profissionais.
Ora, se o Hospital de Gaspar está sob intervenção municipal, sugando montanhas de recursos que deveriam estar prioritariamente nos postinhos de saúde, policlínica e farmácias básicas que não funcionam no atendimento ambulatorial a favor dos mais fracos, doentes e pobres, os pagadores desta indenização, quando houver e for cobrada, serão os gasparenses, por meio dos seus pesados impostos. Mais uma vez! Triste!
Esta intervenção marota no Hospital de Gaspar – que não é municipal - criada pelo PT, só aconteceu depois de vê-lo todo reformado fisicamente pelos empresários e comunidade. E ato proposital. Foi segundo se anunciou, com o propósito de buscar os “ladrões” do minguado dinheiro que a prefeitura repassava ao Hospital. Briga de adversários políticos. De gente que duvida da integridade e competência dos outros. Vergonhoso! Tanto que o PT, interventor, nunca conseguiu apurar, pegar, expurgar e punir esses supostos “ladrões”. Ou então foi conivente com aquilo que supôs. Nenhum esclarecimento sobre a acusação que levantou.
De verdade? Nunca o objetivo foi o de pegar os “ladrões”, mas de aplicar a máxima petista de dúvida no que os outros fazem; foi o de aparelhar tudo ao seu alcance para empregar os seus, manipular verbas, orçamentos.... Entre tantos objetivos que custam à sociedade com esta intervenção, está este: o de assumir a responsabilidade civil e de pagar as contas dos erros dos médicos e equipes ambulatoriais.
Contratou-se recentemente até um profissional; apresentou-se como um gestor especialista “renomado”. Tudo para melhorar a imagem do Hospital.
Ele até disse que transformaria o Hospital num “Posto Ipiranga”. Mais. Querem até implantar uma UTI com dinheiro público num Hospital que não se sabe de quem é. E para que? Tudo para a corporação médica se esbaldar. Contraditório, não é? Ora, se lá não se é capaz de diagnosticar sequer a febre amarela, com sintomas visíveis e advertência da própria paciente em algo básico de saúde pública como querem mudar a imagem antiga e problemática, própria de cidadezinha do interior do Hospital de Gaspar? Valha-me Deus.
E pior: todos estão dando desculpas – do médico diretor técnico a secretária de Saúde escolhida por questões políticas partidárias depois de se mandar embora a técnica que queria evitar tudo isso- para encobrir o erro e que é notório. Foi a única secretária que perdeu o cargo. E o caos na saúde pública, só piorou.
Errados, para essa gente estão os familiares que levaram a paciente para o Hospital de Gaspar confiando no Hospital. Agora, os médicos, os políticos no poder e seus puxa-sacos estão inconformados com a decisão da família de colocar a boca no trombone. É que o morto não é um dos que querem o abafa.
Essa gente bem instruída – e alguns movido a interesses da guilda ou dos votos - vai mais longe. Acha que a imprensa estaria exagerando e dando espaços para as denúncias e gente leiga (os familiares da morta). Ou seja, sempre a imprensa. Essa gente não entendeu ainda. Se a imprensa omite pela pressão que vem da corporação e do poder político de plantão que é responsável pelo Hospital, as redes sociais fazem o serviço melhor. Impressionante como essa gente ainda não chegou no século 21.
Para encerrar. Quem mesmo está doente e não quer a cura? O Hospital, os pacientes ou os políticos que o gerenciam como se o Hospital fosse um apêndice da prefeitura de Gaspar?
Quem vai confiar num Hospital com um passado ruim e um presente ainda pior onde só o que melhorou foi o aporte de recursos, tirado exatamente dos postinhos? O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, o vice Luiz Carlos Spenlger Filho, PP, sobrinho de médico decano do Hospital, e o prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, PMDB, estão torcendo para que a culpa não lhes caia sobre os seus ombros. Querem evitar mais prejuízos políticos e de gestão ao que já está obrigado para aquilo que não decolou.
Como assim evitar? Não é o município de Gaspar interventor no Hospital? Não é o município responsável por ele? Está na hora de enfrentar a realidade que herdou do PT e que se negou muda-la quando assumiu o poder em primeiro de janeiro de 2017. Quanto mais tarde, mais desgastes.
Fez-se concessões aos seus médicos e o resultado está aí: o médico Silvio Cleffi, PSC, é o presidente da Câmara e agora como um “opositor”. Então ele, vai exigir mais do que como um aliado que era, mas tinha sempre a faca no pescoço pela corporação, por mais dinheiro no Hospital e menos nos postinhos, na policlínica, nas farmácias, onde estranhamente estão desamparados os eleitores desta gente toda.
Que a febre amarela não chegue a Gaspar! Amarelados já estão todos. Afinal, de quem é mesmo o Hospital de Gaspar, ou o que vice em perpétuo socorro de verbas públicas apesar dele não ser público? Acorda, Gaspar!
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