29/11/2018
Um dia quando se contar a história do primeiro mandato do governo de Kleber Edson Wan Dall e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, em Gaspar, terá que se agregar nela, obrigatoriamente, o episódio da eleição para presidente da Câmara, da cria política, do irmão de igreja pentecostal, do amigo particular, do aliado e influenciador no primeiro ano do mandato de Kleber, o médico [cardiologista] e funcionário público municipal, Silvio Cleffi, PSC. Ele fez maioria e com isso deu voz –e mando das cartas - para oposição no Legislativo – o calcanhar de Aquiles de qualquer administrador público. Este “novo” quadro de poder deixou tontos Kleber e sua turma já no segundo ano de mandato deles. E só agora, ao fim do seu tempo de presidente é que até então majoritária oposição vai se perdendo como força unida. Está em curso uma negociação de bastidores para Kleber retomar a maioria da Câmara, a sustentabilidade do governo e isolar Silvio numa minoritária oposição. Há cheiro de vingança – uma marca do governo. Ao mesmo tempo, retomar a maioria na Câmara é preventiva para se salvar os dois anos que faltam para Kleber tentar à reeleição.
A eleição da Câmara será daqui a duas terças-feiras. Será tema de outra coluna. Hoje vou escrever sobre o que representou Silvio. Como perguntador quis saber dele alguma coisa do seu contraditório e ao mesmo tempo marcante mandato, na minha avaliação. Infrutífera tentativa oficial. É sempre assim. É a regra do político – novo ou antigo - para se manter à versão que lhe interessa. É por isso, que sempre prefiro olhar a maré, coletar documentos, fatos e resultados que possam validar à minha opinião ou o relato. Mas, para não ser injusto com os leitores, leitoras e o próprio doutor Silvio – que não acredita que sou capaz disso, talvez por ver isso nos outros -, disponibilizo na área de comentários da coluna no portal do Cruzeiro do Vale, a íntegra das perguntas e respostas, que ele fidalgamente me respondeu. A eleição de Silvio foi uma surpresa para o governo Kleber, mas não para este colunista. Eu antecipei o resultado. E apesar da informação ser pública, o prefeito Kleber preferiu ir lá pessoalmente no dia da eleição. Passou recibo de líder traído, com a sua claque – incluindo a dona Leila. E ainda se disse incrédulo com o resultado. Ai, ai, ai!
Silvio, na verdade - e tenho crédito para isso, pois nunca hesitei em apontar às suas múltiplas contradições -, foi o choque de realidade num governo juvenil (Kleber); centralizado e arrogante (Carlos Roberto Pereira); sem planejamento e foco que ainda não produziu resultados prometidos; sem capacidade de execução pois a tal “eficiência” da maior parte da equipe está apenas na propaganda oficial falsa, suportada por uma comunicação do tempo de Graham Bell, mal-usando as redes sociais e aplicativos de mensagens que quase lhe custaram o mandato. Silvio e a oposição levaram o governo Kleber ao debate público na cidade. No fundo até contribuíram para tentar caminhos de acertos. Desnudaram problemas cruciais como o da saúde pública e que fez deslocar o poderoso prefeito de fato da secretaria que criou para si na Reforma Administrativa – Fazenda e Gestão Administrativa - para a Saúde. Kleber e sua turma levaram quase um ano para perceberem que estavam perdendo o jogo por culpa deles próprios. Agora, estão reagindo. E a jogada para aprovar a toque-de-caixa de um empréstimo de R$ 60 milhões e autorizar o Samae a limpar e fazer valas pela cidade com dinheiro das taxas de água e coleta de lixo, foi o melhor sinalizador que conseguiram furar o bloqueio da oposição onde Silvio se meteu, foi ferrenho, mas não o suficiente para resistir por todo o seu mandato. E esta é também a sinalização de que a majoritária pode estar perdendo o mando da Câmara.
Sobre a promessa na construção da sede própria para a Câmara, Silvio disse que “avançou” mais que todos (?). Politicamente, mudou. Por isso não conseguiu “enxergar as forças ocultas” – as quais a cidade inteira conhece – e que trabalham por décadas para que a sede não seja erguida. Sobre o recuo de inchar a Câmara com comissionados como anunciou em discursos, Silvio acha que eu exagero, mas reconhece que não havia clima na cidade para tal. E muito desse clima – e ele não apontou isso nas respostas – veio exatamente desta coluna e das redes sociais. E sobre o “Pacto da Saúde” que ele criou numa área de conhecimento dele e para acordar Kleber, Silvio possui plena convicção que o ato em si foi decisivo para mudar a postura do governo Kleber perante um assunto tão importante, mas que estava relegado na própria gestão de Kleber. Na verdade, na oposição, o médico Silvio obrigou Kleber reagir. Silvio foi protagonista num espaço que se reservou ao experimentado PT. Sílvio o ocupou em “parceria” com outro servidor público, Cícero Giovane Amaro, PSD. Outra. Com a ida de Silvio para a maioria oposicionista, ressalte-se, a Câmara ao menos voltou a se reunir à noite e permitindo dessa forma, ampliar a oportunidade de participação popular; em algumas sessões, a temperatura foi bem “quente”. Ficou para traz a revisão do Regimento Interno. Enfim, o novato Silvio se saiu melhor que a encomenda. Fez ao menos Kleber e sua turma saírem do conforto, para o bem da cidade, dos cidadãos, da transparência mínima e do próprio governo. Errou claramente ao defender privilégios ao setor público, todos pagos com os pesados impostos dos cidadãos. Acorda, Gaspar!
Na coluna de segunda-feira e feita especialmente para os leitores e leitoras do portal Cruzeiro do Vale, relacionei o primeiro escolhido da equipe do governador eleito, Carlos Moisés da Silva, o gasparense Paulo Norberto Koerich (delegado geral da Polícia Civil) ao governo referência do ex-prefeito Francisco Hostins, PDC (1989/92), nunca superado até então nas expectativas.
Gente ligada ao atual governo de Kleber e Luiz Carlos discordou da minha opinião. Legítima. Aceito. Argumentou que o professor Hostins – cujo filho advogado já foi secretário da Saúde do PT e hoje é o líder do governo do MDB na Câmara -, nunca foi eficiente – a equipe dele nos dois primeiros anos era essencialmente profissional e técnica - e que muito do que se diz hoje é apenas propaganda.
Primeiro fui testemunha desse tempo. Segundo, o meu interlocutor, adversário de Hostins à época “comprou” e matou politicamente o então prefeito ícone. Nem reeleição permitiram. Mais: a eficiência é medida em resultados, números e transformações, ou seja, é percebida; não há papelinhos, discursos e promessas.
Terceiro: supondo que meu interlocutor tenha razão, ele prova com a queixa e inveja, que até a comunicação de Kleber é incompetente para as múltiplas realizações que diz estar fazendo e sendo incompreendidas.
E por falar em Paulo Norberto, a semana foi de romaria à delegacia. Gente para parabeniza-lo e à lasquinha. Encontraram-se lá, sem querer, o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt e o atual, Kleber. Adilson estava com o também médico veterinário, Renato Beduschi.
Antes de se separarem: Adilson – por seus contatos em Florianópolis - e Kleber – sob o testemunho do futuro delegado geral - trataram de assuntos para regularizar o prédio da delegacia de Gaspar. Hum!
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).