17/12/2018
Agora, ela não pode mais nem gerenciar o seu próprio orçamento. Pior: o legislativo precisa se subordinar a quem não consegue sequer administrar a cidade.
A polêmica sobre a constituição do fundo para a construção da sede da Câmara revela que só a prefeitura pode ter prédio próprio e o direito de autorizar licitações públicas em Gaspar. Aí tem!
Não vou entrar - como argumento principal - na polêmica se a Câmara de Gaspar precisa ou não de um prédio próprio. Até Ilhota tem, mas Blumenau não, por exemplo. E lá se conhece bem as razões para improvisar um local que nem local para estacionar possui. O mesmo que inspirou o aluguel de lá, inspira o conspirador daqui. Então...
Vou trabalhar sobre dois aspectos apenas: a autonomia constitucional da Câmara como um poder fiscalizador e representativo dos cidadãos sobre o Executivo, bem como sobre as mentiras que o Executivo plantou e manipulou, com habilidade, registre-se, nas redes sociais e na imprensa - onde mantém laços de poder via ações de trocas comerciais -, para atiçar a cidade contra o projeto 117/2018 da Câmara de Gaspar.
Ele foi à discussão na sessão extraordinária de quinta-feira à noite. Contrariando a expectativa criada, quase sem polêmica, devido a um acordo feito antes da sessão. Um requerimento verbal do vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, adiou o assunto para março. E lá, o governo em provável maioria na Câmara, pretende enterrar este assunto de vez.
Quem orquestrou a polêmica enquanto o prefeito eleito Kleber Edson Wan Dall, MDB, sem dar explicações e abrir a sua agenda, fazia a sua viagem mensal por Brasília? O prefeito de fato de Gaspar, Carlos Roberto Pereira, MDB, estacionado na secretaria da Saúde, depois que ele perdeu a maioria na Câmara, por um erro de gestão política para então governar a cidade do seu jeito a partir da poderosa secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, a qual criou para si na Reforma Administrativa.
Em poucas horas, usando entre outros, o gestor da Gestão Compartilhada – uma espécie de Orçamento Participativo da administração petista -, ele melou o que qualificou de ardilosa sessão extraordinária chamada pelo presidente Silvio Cleffi, PSC.
UM BANHO DO PODER DE PLANTÃO NA GUERRILHA DA COMUNICAÇÃO CONTRA A CÂMARA
O que argumentou o doutor Pereira, por ele e seus prepostos – nas mídias tradicionais daqui que não fazem perguntas e da redondeza, as quais raramente se interessam por Gaspar – bem como, nas redes sociais e aplicativos de mensagens? De que o assunto saiu do colete de Cleffi, na undécima hora, sem debate e transparência, bem como de que se aprovado o PL 117, ele tiraria dinheiro da Saúde, Educação e obras etc e tal.
Em resumo: a Câmara estava tirando dinheiro do Hospital, dos postos de saúde – cheios de problemas como mais uma vez expôs o Cruzeiro do Vale na edição impressa de sexta-feira-, das escolas, das creches – que possuem longas filas -, das obras...
Um banho de articulação, comunicação e argumentação falsa, diante de uma Câmara onde a comunicação nos dias da instantaneidade digital, por qualquer vírgula, passa pelos olhos, debates inócuos dos detalhes e aprovação demorada do leigo, o médico presidente dela, Silvio Cleffi. Fatos, aliás, que já resultaram em queixas dos vereadores e profissionais, as quais até foram parar na Justiça. A Câmara e Silvio foram engolidos pela esperteza do jogo de interesses do governo Kleber. Foi um troco; explico no texto aos neófitos das jogadas políticas do presente e do antigamente de Gaspar.
Primeira mentira. Quem assinou o ofício interno 261/2018 do dia anterior à sessão extraordinária, além do presidente Silvio Cleffi, PSC? Os vereadores Cícero Giovane Amaro, PSD, Mariluci Deschamps Rosa e Rui Carlos Deschamps, ambos do PT, e que podem ser considerados da oposição à atual administração de Kleber, Pereira, Roni...
Contudo, no mesmo ofício estavam lá também as assinaturas do líder do governo, Francisco Hostins Júnior, MDB; do líder do MDB e o mais ferrenho defensor da atual administração, Francisco Solano Anhaia, MDB, e de Evandro Carlos Andrietti, MDB, membro da mesa diretora. Ou seja, se a medida saiu do colete de Silvio, ela teve aval do próprio governo. E pior, no caso de Andrietti, ele teve a cara de pau de ir à sua rede social dar pau no assunto como se ele não fosse parte da convocação.
Então não há razão para se sentir surpreendido pela convocação. Ou os vereadores sabidos, entendidos não sabem ler o que estão assinando? No mundo dos smartphones, não custa tirar dúvidas com os que mandam no poder, no partido e ficarem afinados, ou não honram nem a assinatura em documentos oficiais – que agora não precisam mais de reconhecimento de firma pois tem fé própria?
Senhores políticos do paço municipal de Gaspar: contem outra história aos analfabetos, ignorantes, desinformados e seus espertos. Lamentável, que a maior parte da imprensa comeu essa bola e passou o recibo público neste quesito.
E se isso não bastasse, estavam no mesmo ofício, a assinatura da governista incondicional desde antes da posse e sem aval do partido dela, Franciele Daiane Back, PSDB. Ela até aproveitou para fazer demagogia contra à própria autonomia do Legislativo a que pertence. Começou na rede e foi à tribuna para os aplausos fáceis da claque do governo pedindo consulta popular para o assunto – numa sinalização do que está por vir por ai.
E logo a mais jovem vereadora – que perdeu para Silvio a presidência da Câmara que tinha como certo, mas nada fez para obtê-la -, quando entre muitas outras, já votou a favor do pedido de Kleber e sua turma, para que não houvesse sessões da Câmara à noite e elas continuassem à tarde e longe do povo? A adolescente só reviu isso, um ano depois quando seria derrotada pela realidade do povo e da maioria oposicionista que se formou na Câmara.
Estavam lá na convocação da sessão extraordinária de quinta-feira, a assinatura dos mais novos “alinhados” com a atual gestão Roberto Procópio de Souza, PDT, e Wilson Luís Lenfers, PSD, que vão dar maioria na Câmara no ano que vem.
Então ninguém no governo sabia de nada e foi surpreendido? Não. O governo nessa cochilou por falta de estratégia e liderança. Tentou consertar e ai se escudou em jogos de mentiras e jogou os vereadores contra a população. E alguns tentaram pular fora ou com demagogia, ou mais mentira. Simples: vereador que era contra a matéria – e isso deve ser respeitado - não deveria ter assinado a convocação extraordinária. E se se equivocou, deveria, na tribuna, explicitar isso aos seus eleitores e pedir desculpas. Seria mais saudável. O protesto e a honestidade de princípios começavam exatamente nestes atos simples. O que aconteceu depois, sinceramente, é um caso clínico.
O ORÇAMENTO DA CÂMARA NÃO TIRA DINHEIRO DA PREFEITURA
A segunda mentira: de que o fato motivador para impedir à votação da pauta da sessão de quinta-feira passada e que se aprovada, ela, automaticamente, “retiraria” dinheiro da Saúde, Educação para as quais estariam, segundo o próprio prefeito nos discursos e entrevistas que faz, “sobrando” em caixa cerca de R$50 milhões, ou para Obras e que a própria Câmara aprovou a pedido do Executivo, sob polêmica, em sucessivos pedidos nos dois últimos anos, algo próximo a R$130 milhões.
Esta mentira – ou falácia como queiram – por si só é escandalosa e dá a dimensão do jogo, até para quem não é advogado e não entende de direito Administrativo ou Constitucional.
E por que essa mentira foi dita por gente que entende disso? Exatamente para desmoralizar os vereadores, a Câmara e ao mesmo tempo, enfraquece-la como instituição fiscalizadora. Pior: a maioria na imprensa aceitou. Impressionante. Um banho. O atual governo quer uma Câmara fraca, tanto que atrasa, os faz pela metade nas respostas aos seus requerimentos, que as vezes precisam até de mandado de segurança.
De onde e como vêm as verbas públicas da Câmara de Gaspar? Todas vêm dos nossos pesados impostos. Ponto final. E quem define quanto a Câmara irá receber no exercício? O Orçamento municipal proposto pelo próprio prefeito e aprovado pelos vereadores. Todos os anos é assim. E como está na Lei Orgânica e protegida pela Constituição Federal, é do Orçamento municipal que vem a parte da Câmara. É um limite máximo num percentual fixo. Simples assim.
É a parcela de 1/12, o famoso duodécimo, do montante que foi orçado. Vale frisar: o duodécimo depende do Orçamento, e não da receita efetivamente realizada no exercício. Se ela subir ou cair, não influencia na parte que está reservada para a Câmara no Orçamento.
A Câmara faz a sua programação anual, com saques mensais, dentro desse limite que ela tem direito. Também simples assim. E ela pode gastar tudo a que tem direito desde que devidamente protegido por rubricas legais.
Se não usar, no final do ano, fecha o caixa, e devolve o que “sobrou” para o Orçamento do município, sem direito dizer para o Executivo (prefeito) onde essas sobras devem ser usadas. As vezes há uma negociação política, indicando para alguma área, como a Saúde, Educação... Mas, é negociação.
O ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, já mandou às favas os vereadores quando eles quiseram indicar o uso dessas “sobras”...
Então, é simples, concluir: não vai se tirar dinheiro nenhum, em momento algum da Saúde (que tem um percentual mínimo obrigatório constitucional para aplicar na área), da Educação (que tem um percentual obrigatório constitucional para aplicar na área) ou de Obras, cujo Orçamento municipal já contempla a verba da Câmara, supondo de antemão, que não haverá nenhuma “sobra”. Outro fato simples assim.
Então, soa falsa a afirmação do secretário de Saúde e prefeito de fato, o advogado Carlos Roberto Pereira sobre este assunto na sua rede social: "Amigos, tenho um assunto sério, o qual acredito que a maioria dos amigos não tenha conhecimento."
O QUE MOVE O JOGO DA PREFEITURA CONTRA A CÂMARA DE GASPAR? PODER, VINGANÇA.
Quais as verdades que estão por detrás desse jogo de mentiras e que parte da imprensa comeu ou teve que engolir no jogo de quem mais lhe oferece verbas?
1. Vingança do atual governo Kleber e do prefeito de fato. Eles passaram neste 2018 um cortado nos planos de não serem questionados e até terem rejeitados suas ideias. E por que? É que o presidente da Câmara, cria, ex-aliado, evangélico, funcionário público, o médico Silvio Cleffi, deu maioria para a oposição respirar e pedir explicações e dançar miudinho.
2. Está em curso – e praticamente decidido – um novo jogo de poder visando a eleição da presidência da Câmara amanhã. O governo depois da lição e sova que tomou este ano, deve “reconquistar” a maioria, independente de quem seja eleito – oposição ou situação.
3. Dependendo do eleito, Kleber e o doutor Pereira querem retirar este assunto da construção do prédio próprio da Câmara de pauta por questões política e de alinhamento com o senhorio do prédio. Ou então, iniciar uma negociação que possa dar vitória a outro, que não a Cleffi ou retardar ao máximo esse processo. Simples assim.
4. O que Kleber e o doutor Pereira fizeram no movimento de quinta-feira? Aumentarem o desgaste de Silvio, igualando esta situação e totalmente diferente, à promessa que Sílvio fez quando eleito: o de inchar o Legislativo com cargos comissionados e altos vencimentos.
5. Naquela oportunidade, Silvio também chamou uma extraordinária, mas ele próprio a cancelou diante da repercussão negativa na mídia e na cidade. Cleffi enfiou a viola no saco. Desta vez, a viola continua fora dele, até porque, no fundo ele está certo.
6. O que há por detrás disso tudo, além da vingança do Executivo contra Silvio? Um pesado jogo de poder e uma briga por dinheiro público. O olho grande da prefeitura, numa devolução das sobras da Câmara e que podem chegar este ano a R$850 mil.
7. A prefeitura contava com esse ovo para tapar seus “buracos” orçamentários antes da postura da galinha. Se acontecesse a aprovação do fundo, tudo, ou parte dessa devolução – repito, para que não haja a menor dúvida-, é dinheiro da Câmara e não da prefeitura, estaria comprometida.
8. Por fim, é uma sinalização clara de que o Executivo – como poder - não respeita a autonomia da Câmara – como outro poder fiscalizador do próprio Executivo - e a quer submissa administrativamente e ridícula, como fez no primeiro ano de governo. E foi devido a essa interferência e arrogância que perdeu a maioria na Câmara. Um governo que vem se caracterizando por vinganças e perseguições, a quem tiver à mínima discordância, mesmo com os claros sinais dados na derrota acachapante – ou votos mínimos - dos candidatos em que ela foi cabo eleitoral em outubro deste ano.
E para encerrar mais três observações de ordem geral.
Se a Câmara não pode ter a sua própria Casa quem deve decidir isso é ela mesmo olhando para a sua própria autonomia. Pedro Celso Zuchi, PT, quando prefeito queria a sede da Bunge Alimentos, ali no Poço Grande, para ser a nova prefeitura. Ele chamou de uma oportunidade, mas na verdade era uma retaliação política à decisão da empresa de tirar naquele ano a sede nacional daqui e leva-la para São Paulo. Ele declarou o prédio de interesse público, melou a venda dele para terceiros e só não levou, porque o Município não tinha garantias para pagar o que pedia minimamente a Bunge pelo imóvel. Aquele ato, sim, afetaria o Orçamento municipal. Quase não houve questionamentos, nem mesmo a tal consultar popular.
Todos os presidentes que assumiram a Câmara de Gaspar nos últimos 15 anos – e se há exceção a minha memória não permite me lembrar, nem os que eu os consultei quando escrevia este artigo, prometeram a sede própria.
Ou seja, isso, no fundo, soa, como chantagem ao senhorio ou um discurso fácil para a plebe ignara. Nenhum presidente da Câmara conseguiu colocar ao menos os documentos em ordem ou foi competente para juntar justificativas plausíveis para o não resultado, até porque a gestão de um ano em que se transformou a presidência é um limitador aos voos mais audazes, principalmente dos novatos. Silvio foi o que mais mexeu nesse abelheiro e está pagando caro por isso. Também é simples assim. E tenho autoridade para escrever isso, pois os que me leem neste espaço, sabem o quanto fui e sou crítico de algumas de suas ações.
A segunda observação. Se não investe numa sede própria, a Câmara gasta dinheiro do povo em pesados alugueis, manutenções e melhorias. Só em aluguel de um lugar improvisado, de acesso difícil e sem estacionamento, paga-se algo em torno de R$22 mil por mês, ou R$270 mil por ano. Em dez anos foram mais de R$1,6 milhão desembolsado em aluguéis.
E por fim. A Câmara “ganhou” em 2016 da prefeitura uma área pública para a construção da sua sede. Terá que começar a obra até o ano que vem, sob pena de ter que devolver o referido imóvel. Então é esse o faz de conta que se quer? Um finge que doa, outro finge que vai construir e se alguém tentar construir de verdade, com recursos próprios, então tenta-se melar para mais uma vez tudo começar do zero, inclusive na polêmica, no jogo de poder, no uso do dinheiro de outro poder e na vingança? Acorda, Gaspar!
Ele, como prefeito, responderá pelos gestores “descuidados” e os resultados dos seus subordinados se provada a improbidade.
As obras do sistema de mobilidade, para onde vão se gastar mais de R$150 milhões, já mostram problemas logo na largada. Hum!
E o Portal Transparência, elogiado pela Controladoria Geral da União, não funciona para os pagadores de pesados impostos e que sustentam a máquina pública com os pesados impostos
Gaspar não tem o tal Observatório Social. Já me pediram para eu liderar esse processo onde os cidadãos da comunidade, de forma voluntária e sem vínculos de interesses com fornecedores de produtos e serviços ou partidários, fiscalizam as contas e procedimentos do Executivo e do Legislativo. Nunca fui adiante. É um ato totalmente incompatível com esta coluna para não ser ao mesmo tempo, fonte e porta-voz dos problemas.
Em 2017, quando o PT virou oposição em Gaspar, fui testemunha de vereadores da sigla – com assessores - em Blumenau – onde há o Observatório. Ensaiavam-se para constituí-lo. Também cheirava interesses de quem tinha ido para o outro lado do balcão. Observei-os na oportunidade e de viva-voz. Afinal, o Observatório deve também observar a Câmara se a cor partidária não fosse um impedimento ético.
Entretanto, que uma entidade com esse propósito está fazendo falta para Gaspar, isso está! Mesmo assim, há gente atenta, pois eu sozinho não dou conta de tudo. O poder de plantão sabe e vibra com as minhas limitações técnicas e da falta de tempo.... Afinal, dependo de outras atividades para me sustentar.
Olha só o que escreveu um leitor da coluna a mais lida por essas bandas. “Estive acompanhando no Portal da Transparência [de Gaspar], pagamentos realizados pela prefeitura. Após verificações encontrei casos estranhos. Para refletir sobre o que estaria acontecendo, gostaria de compartilhar um desses casos”. Então vamos ao relato do leitor atento e especializado. Preste atenção: ele é didático, simples, direto até para leigos.
“Empenho 5502/2018 (FORNECEDOR SLM TRANSPORTES E CONSTRUÇÃO ERELI EPP) datado de 08/10/2018 tem como descrição: Contratação de empresa para serviços de drenagem e Pavimentação da Rua José Rafael Schmitt, no bairro Santa Terezinha, conforme ata 42/2018;
Ao verificar os itens do empenho tem-se:
- Execução de pavimentação articulada com lajotas de concreto retangular (10cm x 20cm) com espessura de 8cm, compactação manual e compactação com rolo, com fornecimento das lajotas (paver).
- Quantidade: 370 m²;
- Valor Unitário R$ 55,21;
- Valor Total: R$ 20.427,70;
Ao verificar os pagamentos do empenho, observa-se:
- NF 398/2018 com valor de R$ 20.427,70 datada em 02/12, com ordem de pagamento em 03/12 e depósito bancário compensado em 10/12.
Analisando estes dados – continua o leitor denunciante - faço as seguintes considerações:
1) Quem transita na Rua José Rafael Schmitt (Rua do binário Parolli/Top liberado em 09/12 conforme notícia dada pelo Prefeito Kleber), observa que o pavimento empregado na referida via é asfalto e não paver, conforme pagamento realizado;
2) O único local possível utilizar paver nesta rua seria junto aos passeios, contudo ao caminhar no local verifica que até a presente data os mesmos estão na terra - não existe paver nos passeios;
3) Diante destes fatos só temos uma explicação: FRAUDE, pois foi pago um serviço não executado”.
E o leitor, cujo comentário aprovei na manhã da sexta-feira, dia 14, bem cedo, conclui que, até por conhecer esse meio, ou como agem os políticos:
“talvez após visualizar esse comentário, o governo municipal execute rapidamente este passeio, porém conforme mostram as imagens da Rua que disponibilizo nos links abaixo, o tráfego de veículos no local já estava funcionando no binário, ou seja as fotografias são após o dia 09/12 e a ordem/pagamento da pavimentação em paver já havia sido realizada pela administração do município nesta data [9/12], embora não exista esse tipo de pavimento no referido local”.
Volto. Até o término da edição desta coluna, na manhã desta segunda-feira e teve a sexta-feira inteira e o final de semana para analisar o caso, a prefeitura ou ninguém dela, nada falou a respeito, inclusive para desmentir, se fosse o caso, ou mostrar algum equívoco de interpretação tanto do leitor, como de outros agentes que interagiram nesse processo.
Interessante, é a observação e advertência do leitor da coluna mais acessada do portal Cruzeiro do Vale:
“Ao prefeito Kleber digo: parece que o mal do MDB como já aconteceu na gestão de 1997 a 2000 [Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho e único prefeito até agora a não concluir o mandato em Gaspar] está se implantado também neste governo. Tome cuidado que os tempos são outros e as punições tendem a acontecer com maior brevidade! Aos vereadores e seus assessores peço que acompanhem diariamente os empenhos no Portal da Transparência, e verifiquem se, realmente, os serviços empenhados e pagos estão sendo efetivamente prestados. Com base neste relato e provas espero que tomem providências a fim de punir os responsáveis pela fraude no pagamento”.
TRANSPARÊNCIA OPACA. PROGANDA ENGANOSA. UM PORTAL CHEIO DE TRUQUES
Em Gaspar, uma boa notícia é transformada em segundos em provas desmoralizadoras contra os gestores públicos. A boa notícia e que percorreu as mídias tradicionais e as alternativas – mesmo que os atuais administradores quase nada tenham contribuído para tal - foi essa: “Gaspar está em 39º lugar no ranking nacional da transparência. O levantamento elaborado e realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU), concedeu a nota 9,26 em uma escalada de zero a dez para o município. No ranking estadual, Gaspar ocupa a 3º colocação, ficando atrás de Chapecó e São Bento do Sul”.
É preciso esclarecer.
Essa avaliação é para o acesso da Controladoria, às verbas tomadas por Gaspar no âmbito federal, só isso. Você leitor e leitora, continuará a ter dificuldades para acessar, navegar e descobrir todos os assuntos que deveriam estar lá disponíveis, para você leigo. E estão, mas... É preciso manha, paciência e hábito para descobrir caminhos. Eu “passeio” por ele com muita frequência e sei sobre o que estou escrevendo.
Se já atendem o mínimo para a Controladoria da União, para o cidadão, patrão dos políticos e dos gestores públicos, que os sustentam com os pesados impostos, o Portal da Transparência de Gaspar está devendo. E para a grande maioria, como demonstrou o ranking da Controladoria.
Aliás, o Portal em Gaspar só avançou depois que o Ministério Público da Comarca – e na administração petista de Pedro Celso Zuchi - colocou o olho em cima dele e a própria Fecam – Federação dos Municípios de Santa Catarina – uma entidade de prefeitos, avançou neste assunto ao criar uma ferramenta mínima de disponibilidade de dados aos cidadãos – e aos órgãos de controle - para cumprir, minimamente, a Lei de Acesso à Informação.
Contudo, sem alimentação adequada dos dados, a transparência não funciona e o portal não serve. Resumindo: notícia é boa, mas não totalmente correta. Não é implicância, é constatação quase diária. Quer só um exemplo?
Veja – leitor e leitora desta coluna - sobre especificamente neste caso.
O denunciante para provar o que escrevia até disponibilizou links da pesquisa e investigação dos leitores sobre o empenho mencionado. Ele podia ser consultado:
http://grp.gaspar.sc.gov.br/grp/acessoexterno/programaAcessoExterno.faces?codigo=670063
Tente agora? Pode ser que voltou. Eu até consegui na sexta-feira cedo. Mas, já no meio da manhã de sexta-feira este link dava em nada. Entenderam para que serve o Portal da Transparência de Gaspar?
Ainda bem que o leitor, até para proteger a coluna e mostrar que está fundamentado, que não é um opositor sem causa, ou um fornecedor que perdeu a concorrência aparentemente limpa, demonstra ser um experiente neste assunto de portais e mágicas, as quais fazem sumir os coelhos nas cartolas. Para mostrar que não havia truque naquilo que reportava, ele fotografou as telas e as disponibilizou num arquivo externo. Confira:
https://uploaddeimagens.com.br/imagens/empenho5502-jpg
https://uploaddeimagens.com.br/imagens/empenho5502_itens-jpg
https://uploaddeimagens.com.br/imagens/empenho5502_pagamento-jpg
https://uploaddeimagens.com.br/imagens/jrs_01-jpg
https://uploaddeimagens.com.br/imagens/jrs_02-jpg
E o meu leitor denunciante está ingenuamente esperançoso: “espero interesse da Imprensa – não a de Gaspar, é claro e por motivos óbvios, com raras exceções, como esta coluna e o Cruzeiro do Vale -, Câmara de Vereadores, Ministério Público e sociedade para cobrar dos gestores municipais explicações deste caso, se é que é possível justificar!”
Encerro. Já escrevi antes: é perturbadora o que o poder de plantão fala por ai de boca cheia de que todas as instituições de fiscalização, investigações e julgamento da Comarca estão sob o seu controle. E para ele, imprensa boa é a mendiga, a que implora, a que fecha os olhos e que depende das verbinhas oficiais. Acorda, Gaspar!
A culpa da falta de água nas torneiras do povo da Bateia é da seca ou da previsão de que isso é uma possibilidade cada vez mais permanente?
O Samae está usando o dinheiro da expansão da rede para abrir valas. Foi isso que a prefeitura e os vereadores priorizaram e reafirmaram há poucos dias
O governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, e do prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, MDB, conseguiu passar recentemente na Câmara, a obrigação do Samae abrir e limpar valas em Gaspar com o dinheiro que estaria "sobrando" vindo das cobranças de taxas, tarifas e emolumentos de água e coleta de lixo.
A votação polêmica, foi comemorada pelo presidente da autarquia, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, como um grande feito da sua gestão. Ele se auto-reconhece como um "grande executivo".
Os próprios vereadores da base, incluindo o do Bateias, Evandro Carlos Andrietti, MDB, assim designou Melato nos discursos que fez a favor da matéria. Agora, na sua rede social, ao ler muitas e nada boas críticas sobre o assunto, Andrietti republicou a desculpa esfarrapada do Samae, de que o problema de água nas torneiras dos seus eleitores, é causado pela estiagem na região.
A realidade da gestão e desta raspa de dinheiro que tinha outro destino pela lei e pela prioridade está à vista de todos nesta semana e tende a piorar. Não apenas na região Sul da cidade.
Estas supostas “sobras” milionárias de caixa do Samae, na verdade, e como sempre argumentei aqui, são falsas. Ou são provenientes da cobrança a maior do preço da água consumida e do lixo recolhido, ou da falta de investimento no setor para melhor atender os próprios consumidores e à população em geral.
Não foi falta de advertência – com números - aos vereadores de quem entende do assunto - engenheiros e técnicos do Samae - em pesadas reuniões na Câmara. Não foram suficientes as explicações do vereador e funcionário do Samae, Cícero Giovane Amaro, PSD, ao público que a prefeitura lotou na Câmara para pressionar os vereadores à votação favorável ao governo para dar dinheiro para aquilo que deveria a prefeitura fazer e pagar, pois abrir valas era da responsabilidade da secretaria de Obras e o dinheiro estava no seu orçamento. Agora...
Bingo. A mentira tem perna curta e os políticos sem experiência executiva se perdem na primeira curva da dificuldade que eles criam para si próprios.
A culpa é de São Pedro, dos que consomem água e não ar, da oposição que está perdidinha e agora por cargos, parte dela se bandeou para o governo num acerto particular de contas, ou da rede social que os políticos não conseguem controlar, ou da imprensa independente, que enxerga a cidade como ela é, e não como compra o poder de plantão para vendê-la falsamente aos cidadãos.
O verão nem começou e o povo do Barracão, Bateias (Bateia é Brusque) - terra do Andrietti e que já trabalhou no Samae de Gaspar - e Óleo Grande, está sem água.
O berreiro é grande nas redes sociais. Ele, incrivelmente pela falta de estratégia e prioridade do governo, abafa, por exemplo, uma boa e necessária obra, ou seja, a inauguração do segundo reservatório de água do Centro e que aconteceu nesta sexta-feira, dia 14, depois de ser adiado, porque não se conferiu à agenda do prefeito. Ele viajou a Brasília, sem torná-la pública e integrá-la com os seus no próprio governo. Que coisa!
E por que o Bateias, Barracão e Óleo Grande estão sem água potável para os seus moradores?
Porque os mananciais de lá estão secando naturalmente pelo desmatamento da área, como consequência da expansão urbana que está sendo direcionada para lá - inclusive pelas emendas ao Plano Diretor, que de propósito não foi revisado como manda a lei.
Porque mesmo não secando, os mananciais de lá seriam insuficientes para atender à expansão na demanda por novos moradores, comércio e até indústrias que se instalam por lá, todos autorizados pela prefeitura ou sob pressão dos políticos no poder para burlar a lei.
E se ainda, todos esses influenciadores não fossem suficientes, a seca desses dias diminuiu a quantidade de água disponível naqueles mananciais como de todas as regiões no Médio Vale do Itajaí. Então há uma crise hídrica.
Alertados todos foram quando assumiu há dois anos, o atual prefeito e o atual presidente do Samae. Mesmo assim, eles decidiram não continuar as obras de ligação da rede de abastecimento do Centro com as do Barracão, Bateias e Óleo Grande. Simples assim.
Falta 1,5 quilômetro e meio para isso se concretizar. E seria uma questão de segurança, não a desistência de se investir naquela área para ir atrás de outras alternativas de mananciais de abastecimento para a comunidade, incluindo os poços artesianos.
"Economizaram" e usaram o dinheiro dos investimentos do Samae para limpar valas em toda a cidade, para livrá-la das águas das chuvas e dar vazão ao esgoto a céu aberto. Deixaram o pessoal da zona sul de Gaspar vulnerável e sem água, ou com água de duvidosa qualidade transportada em carros pipas. Que coisa!
E os políticos do governo Kleber – alguns deles na praia - estão uma fera com os gasparenses que reclamam indignados nas redes sociais e aplicativos de mensagens, com os adversários que estão tirando uma casquinha e com este espaço, onde poucos ainda pode se manifestar. Tinha a solução nas mãos, a fizeram de maneira equivocada. Agora, escutem. Outubro de 2020 é logo ali! E esse é o problema a ser superado. A primeira advertência e surra que tiveram no outubro deste ano.
Agora estão inventando um monte de desculpas. Erraram nas prioridades e contra a cidade e os cidadãos pagadores de pesados impostos. Competência, zero! A cidade avança, sim, mas para o descontrole. Acorda, Gaspar!
Da esquerda para a direita: o presidente Silvio e os vereadores Roberto Procópio, Ciro e Mariluci
Quem vai ser o novo presidente da Câmara de Gaspar? Não sei! Estou sem palpite. Coçar e trair, é só começar. Traição já houve. No ano passado e neste. E a comichão? Corre solta.
Quem articulou à virada de uma eleição com uma vencedora marcada, que fez de boba a comitiva oficial que foi na Câmara para comemorar o que não articulou, e permitiu a “surpresa” Silvio Clefffi, PSC, vereador de primeira eleição, até então governista, médico, servidor público, evangélico, cria de Kleber se tornasse presidente da Câmara na última sessão de 2017, foi Roberto Procópio de Souza, PDT.
O vereador Roberto também foi o primeiro a ir à Justiça – com estardalhaço na mídia regional - para enquadrar o prefeito Kleber e por mandado de segurança, obter respostas do Executivo aos seus requerimentos. Há atrasos propositais e despropositadas respostas incompletas para se “ganhar tempo” e ao mesmo tempo encobrir a realidade, contra a lei expressa, nas respostas dos requerimentos dos vereadores que tentam à fiscalização do governo.
Então o que menos importa amanhã é quem vai ser o presidente da Câmara de Gaspar nesta altura do campeonato. O foco é outro. É à volta da maioria de Kleber no Legislativo, a qual ele perdeu em dezembro passado com a eleição de Silvio.
Foi um misto de barbeiragem. Um misto de autoconfiança e principalmente de arrogância do Executivo na articulação com os vereadores da sua base, só para atender o acordo noturno, pessoal, sem respaldo partidário e mal costurado na noite da apuração.
Ele foi selado com Franciele Daiane Back, PSDB, a candidata que esperou sentada a “nomeação” e se sentiu investida antes do tempo. O “acordo” de fio de bigode, não honrado, buscava exatamente essa maioria para governar e “triturar” – como fez Kleber – por seu prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, com a minoria oposicionista no primeiro ano de governo.
Roberto Procópio, que pertenceu ao governo petista de Pedro Celso Zuchi como “ferrenho” opositor de Kleber, fez a cama e os acertos. “Desmanchou” a oposição. E deu maioria nos projetos polêmicos deste final de ano a favor do governo de Kleber, Luiz Carlos e do doutor Pereira. Com ele está também Wilson Luiz Lenfers, PSD, que até então estava fechado num bloco de oito oposicionistas e que elegeram Silvio.
Pelo acordo de cavalheiros em dezembro do ano passado, Silvio – o ex-governo Kleber - continuaria presidente no ano que vem, exatamente para não quebrar o elo oposicionista. No colete estavam o próprio Roberto Procópio e Mariluci Deschamps Rosa, PT, para 2020. Com a bandeada de Roberto e Wilson, aparentemente Silvio está pendurado com o pincel na mão.
Quando consultei Silvio a respeito desse acordo, contrariando todas as minhas fontes, inclusive que participaram dele, o atual presidente, talvez por cautela, talvez porque sabe que as coisas mudaram, talvez porque acredita numa outra negociação, respondeu-me por escrito: “quanto a mesa diretora, nunca houve acordo algum. Deixei meu nome à disposição para dar andamento em projetos que considero importantes...”. Hum!
Roberto Procópio enxergou uma oportunidade em se aliar a Kleber neste momento. Já gente como Ciro André Quintino, MDB, calcula como se distanciar. Ele olha os resultados de outubro que pedem mudanças, uma oportunidade para ser mais que vereador, ou uma guinada no próprio governo de Kleber para se blindar, mudar a percepção pública e produzir os resultados esperados e prometidos. Falta pouco tempo. Falta habilidade executiva. Faltam prioridades.
Roberto pode estar saindo do conforto de uma oposição para construir uma situação negociada, com mais diálogo entre situação e oposição. E precisa combinar com os russos, incluindo o antigo aliado, o PT. Perigosamente, está servindo a dois senhores. E isso já é público. Terá consequências políticas e eleitorais.
Se o governo de Kleber sair do marasmo e da comunicação errática em que está metido para as boas coisas que está por fazer, ganha Roberto. Mas, hoje as fichas estão na oposição e Roberto sabe disso. Ciro, também! Ele sente o isolamento do MDB de Gaspar. Ou seja, um buraco fechado aqui – a maioria na Câmara -, abre outro lá – desgastes e comprometimento da reeleição.
A própria bancada governista não está toda fechada em si mesma. Está partida em dois corações. Ao mesmo tempo que comemora esta nova forma de se restabelecer à maioria na Câmara, está enciumada e com inveja com os privilégios que Roberto Procópio vem recebendo do governo. “Nem entrou no ônibus e já reservou o assento da frente e na janela”, queixou-me um deles, com o pedido de confidencialidade.
Como se vê até as 18h30min desta terça-feira, o que menos importa para o governo Kleber, Luiz Carlos e Roberto Pereira é quem vai ser o presidente da Câmara, mas como garantir a maioria governista nela, e deixar isolados Silvio, Cícero e Mariluci, e pelo menos neutralizar o jogo de Ciro. Alguns nem disfarçam que estão se coçando. Acorda, Gaspar!
Onde está a área de meio-ambiente em Gaspar? Enquanto o Samae está abrindo valas para escoar a poluição com o dinheiro da expansão das redes de água, as pessoas estão sem voz e proteção. Este vídeo deste final de semana é auto-explicativo. Acorda, Gaspar!
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).