A CASA LAR VAI FECHAR ESTA SEMANA. A PREFEITURA MENTIU NA 'NOTA OFICIAL' DE DEZ DIAS ATRÁS. VERGONHOSO. - Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

A CASA LAR VAI FECHAR ESTA SEMANA. A PREFEITURA MENTIU NA 'NOTA OFICIAL' DE DEZ DIAS ATRÁS. VERGONHOSO. - Por Herculano Domício

23/07/2018

O prefeito Kleber, o secretário Ernesto e o chefe de gabinete, Pedro, desmoralizaram na “coletiva” à própria “nota oficial” que fez a imprensa comer um “prato pronto”.

 

INACREDITÁVEL. DEPOIS DE SER DESMORALIZADA PELOS ESCLARECIMENTOS DESTA COLUNA NA SEGUNDA E QUARTA-FEIRA, NA QUINTA ELA CONFIRMOU TUDO O QUE OS LEITORES E LEITORAS JÁ SABIAM E AO MESMO TEMPO DESMANCHOU A MANCHETE DOS MANSOS. PROMETEM REABRI-LA NO DIA SEIS DE AGOSTO. SERÁ?

Na quinta-feira da semana passada, a prefeitura de Gaspar pressionada pelos fatos que ela própria criou durante um ano e meio no faz-de-conta irresponsável na gestão da Casa Lar Sementes do Amanhã, chamou e fez uma “coletiva” de imprensa. A “coletiva” foi montada para os que fazem manchetes para ela ou aceitam entrevistas suas sem perguntas e enganam os gasparenses. O Cruzeiro do Vale não foi naquele encontro. Eu não fui, até porque não fui avisado pela prefeitura desse “evento”.

Há orientações vindas do gabinete do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, para que não se esclareçam fatos quando eu os solicito. Aliás, se fazem isso com frequência absurda aos vereadores da majoritária oposição, porque dariam respostas a este colunista? Minhas “investigações”, provas, indícios e dúvidas são “perigosas”, para o jogo que se faz para esconder as coisas do poder de plantão e na obrigatória transparência dos políticos e gestores públicos para com a sociedade.

O jornal e o portal Cruzeiro do Vale não foram à coletiva, primeiro, porque foram desrespeitados e se sentiram, mais uma vez, usados indevidamente pela prefeitura. Segundo, porque a assessoria de imprensa da prefeitura é uma sucursal de um veículo gasparense, e não conhece limites éticos na defesa do governo. Terceiro, porque o jornal e o portal Cruzeiro do Vale possuem responsabilidade com os seus leitores e leitoras, e por isso, é o mais antigo, o de maior circulação e o mais acreditado em Gaspar e Ilhota, e seu portal, o mais atualizado e acessado na internet regional. Quarto, porque não haveria novidades além das que a coluna trouxe; e não houve.

O que a prefeitura de Gaspar disse na coletiva de imprensa de quinta-feira? Tudo aquilo que os leitores e leitoras do jornal e do portal Cruzeiro do Vale já sabiam. Releiam, por favor, a coluna de segunda-feira passada aqui no portal com este título: “diante da repercussão da coluna de sexta-feira, prefeitura de Gaspar volta atrás e numa nota oficial tardia para alimentar apenas manchetes contrárias, diz que não vai fechar a ‘Casa Lar Sementes do Amanhã’”.Incrível!

A REALIDADE DESTRÓI DISCURSOS E NOTAS OFICIAIS

Primeiro fato: que a Casa Lar vai fechar hoje ou, até quinta-feira, porque não há organização especializada que a toque neste instante. Bingo! E como fica a “nota oficial” em que se afirmou que isso não iria acontecer? E as manchetes que armaram para desmoralizar o Cruzeiro do Vale e babar os ovos da prefeitura e assim diminuir os impactos negativos que essa notícia trouxe à comunidade gasparense?

Segundo fato: A prova de que a Casa Lar vai fechar – ao menos agora, e temporariamente - a partir desta segunda-feira foi dito pelo próprio prefeito Kleber: as crianças abrigadas na Casa Lar vão ser acolhidas por pelos os outros dois abrigos tocados pela ONG Ação Social e Cidadã: Casa Lar das Meninas (as meninas) e o Cegapam (os meninos). Não há alternativas.

Insisto: o que foi mesmo que escrevi na sexta-feira, dia 13 e na segunda-feira, dia 16, com amplos detalhes? Leiam, por favor, as duas colunas. E comparem a diferença entre jornalismo, a políticalha e políticos capazes de usar artifícios de suposta economia com crianças vulneráveis, tudo para atingir seus objetivos de poder, “lustrar” a imagem de duvidosa competência na vida pública e desmoralizar o jornalismo verdade.

Parece até que usaram o meu artigo de segunda-feira da outra semana para se “orientarem” na entrevista “coletiva” de quinta-feira da semana passada. Meu Deus!

Terceiro fato: na sessão de terça-feira, dia 17, da Câmara de Gaspar, aconteceu o ápice do ridículo e coordenado no governo de Kleber. Questionado no debate que se fazia sobre um requerimento de Silvio Cleffi, PSC, na discussão e votação e está pedindo à prefeitura informações sobre o assunto, o líder do governo, Francisco Hostins Júnior, MDB, limitou-se a ler a que ele já sabia ser a furada “nota oficial” do governo. Ai, ai, ai. Um papel estranho para gente séria que não quer ser igualado ao faz de conta do governo.

Hostins, insisto, já sabia, naquele momento, que àquela “nota oficial” era frágil, não tinha dados e permeava uma história mentirosa. O próprio Hostins, na sessão da terça-feira anterior, a do dia dez, ou seja, sete dias antes da terça passada, já tinha admitido que o problema existia e que o governo Kleber corria contra o tempo para encontrar “uma solução”. Impressionante a orquestração para esconder a cruel verdade contra as crianças vulneráveis de Gaspar e Ilhota.

Para completar o círculo vicioso do faz-de-conta e que enfraquece e deixa exposta a atual administração municipal, o líder do MDB, Francisco Solano Anhaia, quis impor àquela “nota oficial” como um esclarecimento “oficial” do que se questionava e se pede ao Executivo via o requerimento do vereador Silvio, presidente da Casa. Incrível a ação orquestrada de abafamento de um caso tão sério.

O que se esconde de verdade? Não apenas um erro, mas principalmente à deliberada intenção de vingança e mudanças na prestação de serviços, pois este assunto foi devidamente cozinhado pela gestão de Kleber, Luiz Carlos, Carlos Roberto Pereira e Ernesto Hostin por um ano e meio, retardando todas as soluções possíveis.

O fato é que tudo deu errado. Esperava-se silenciosamente o dia 25 desta semana, o prazo fatal dado pelo próprio GAIAA que não aguentou à enganação e desgaste para ele sair da Casa Lar. E aí, na prefeitura se “corria” para fechá-la sem que a sociedade soubesse a tempo de reagir. E melhor: sem polêmica, afinal, apenas seis crianças estavam lá e delas, “só” duas eram de Gaspar.

A CASA REABRIRÁ NO DIA SEIS DE AGOSTO? HUM!

Vou repetir. E por que a Casa Lar vai fechar? Porque o governo de Kleber e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, e que nomeou como secretário de Assistência Social, Ernesto Hostin, sem qualquer qualificação para o cargo, a não ser a de ser evangélico como o prefeito, ser presidente do PSC, e ter sido ex-assessor parlamentar de Kleber, não se interessou por mais de um ano e meio pelo assunto, incluindo o projeto de “famílias” acolhedoras do PT e que agora volta à pauta das discussões polêmicas.

Porque ignorou a ONG GAIAA. Abandonou o projeto e já expliquei isso em detalhes nas colunas anteriores. Para a prefeitura, o projeto era “caro”, o que é mentiroso também, O próprio governo tratou de confirmar essa falácia na entrevista “coletiva”. Ou seja, o “custo” para ela era um “problema”. Crianças desassistidas, não! Além disso, o pessoal do GAIAA era técnico e não fazia parte da banda política partidária que toca no atual governo. Só isso!

Até nisso a argumentação não resiste aos fatos: o GAIAA cobra hoje R$3.091,00 por crianças e vive de doações da comunidade para suplementar as necessidades e até mesmo investimentos que deixará para o município e o outro administrador. A Ação Social Cidadã, que fará o provisório e poderá a vir substituir o GAIAA, cobra R$4.600,00 mensalmente por criança no Cegapam e R$4.300,00 no Lar das Meninas. Então?

E por que a Casa Lar vai fechar? Porque a prefeitura tendo ainda chance e responsabilidade para dar vida e recuperá-la, depois de diminuir os abrigamentos paulatinamente em Gaspar, não abriu o “chamamento público” para alguém substituir o GAIAA e tocar a casa. Simples assim! E a prefeitura de Gaspar não deve desconhecer a legislação. Paga gente e muita gente para ajudá-la a conhecer às suas obrigações que estão nas leis, neste e outros casos. E estavam lá na entrevista “coletiva”.

O “chamamento público” é obrigatório 60 dias antes de se decidir por outra gestão credenciada no município (e praticamente não há além da ONG Ação Social e Cidadã). E mesmo que tente encurtar os prazos com as bênçãos do MP e Justiça, isto levará no mínimo 30 dias.

A prefeitura de Gaspar se não foi relapsa, foi intencionalmente irresponsável. E por que? Porque mesmo sabendo pelo ofício que o GAIAA lhe enviou no início de junho, repito, junho, de que ele sairia da gestão da Casa Lar, não mexeu uma palha para a substituição da ONG GAIAA até a denúncia aparecer aqui no Cruzeiro do Vale.

Mais, a prefeitura não cumpriu até então os artigos de 90 a 94 do ECA – Estatuto da Criança do Adolescente que rege a troca de gestores nesse tipo de abrigos. A Casa Lar vai fechar, diante dessa emergência, porque as crianças não podem ficar na rua de uma hora para a outra. Vão “provisoriamente” para outros abrigos, como antecipei no artigo de segunda-feira passada, até por ser uma ação óbvia. Alguma dúvida sobre a intenção da “nota oficial” fake da prefeitura de sexta-feira da semana retrasada?

UMA ENERGÊNCIA CRIADA PELO PRÓPRIO PODER PÚBLICO

Agora, a prefeitura de Gaspar, está com a emergência nas suas mãos. Entretanto, foi ela própria quem a criou. E tudo por vingança – uma marca que herdou do governo do PT, inclusive contra a imprensa séria -, mal planejamento, falta de diálogo, economia orçamentária e tudo contra o GAIAA, à sociedade e principalmente as crianças desprotegidas.

A prefeitura disse na entrevista “coletiva” que precisa “resolver” até o dia seis de agosto todas essas “exigências” que conhecia, encurtando prazos e procedimentos legais, quando tentará então “reabrir” a Casa Lar com “novo” administrador técnico, credenciado, com o “aval” do MP e do Judiciário, e se possível, ao que parece, que não cobre nada por isso da prefeitura e dos gasparenses.

Serviço especializado, responsável e sem custo? O problema com menores, primeiro é resultado natural dos desajustes sociais e familiares. Eles são cada vez mais graves nos dias de hoje. É uma chaga social, digamos assim. É crônica. Segundo, os ajustes possíveis com os acolhimentos na infância e na adolescência em abrigos bem estruturados ou lares substitutos também estruturados e não escolhidos por economia de recursos, diminuem as taxas de problemas muito mais graves no futuro, quando essas crianças e adolescente se tornam adultos, e se voltam contra à sociedade.

E para concretizar essa “solução” criada via uma situação emergencial, a prefeitura “deixou” espertamente o problemão nas mãos do Ministério Público e da Justiça, a que lida com essa delicada área. Tudo isso, os meus leitores e leitoras também já sabiam e lhes relatei na coluna de quarta-feira, um dia antes da tal entrevista coletiva.

E por que o caso está com o MP e a Justiça? Porque agora – com a renúncia do GAIAA e repercussão do assunto - a prefeitura sabe o tamanho do problema que ela criou e ao mesmo tempo quer lavar as mãos, livrar-se da culpa e da obrigação de dar soluções dentro do processo legal. E quem pode criar, ou aceitar fatos excepcionais ou extraordinários, e até à margem da lei para isso? O MP e a Justiça, invocando a tal emergência. E a prefeitura conta com isso para os atalhos que negocia. E já tem gente de olho nisso.

A coluna de segunda-feira da semana passada se tornou mais real e a “coletiva” de imprensa de quinta-feira feita pela prefeitura lavou, mais uma vez, a alma do Cruzeiro do Vale e sua equipe, ampliando a credibilidade que assusta e deixa frustrado o poder de plantão.

O chefe de Gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, sem contestar o ofício do GAIAA ao prefeito e que publiquei aqui na segunda-feira, que explicita o silêncio e o desinteresse do poder público pela renovação do contrato, disse que a prefeitura “tentou” diálogo com o GAIAA. Mais uma vez: não é verdade. Está no ofício do próprio GAIAA Os fatos são bem outros.

Os políticos de hoje ignoram às fragilidades da sociedade e à exposição das crianças vulneráveis. Preferem, tratá-las desde cedo como párias para obter uma economia boba no Orçamento Municipal, para então gastar muito mais tarde com eles como detentos ou um problema social que geram crianças como os mesmos problemas que o poder público se nega mitigar quando chamado para essa obrigação. Acorda, Gaspar!

AOS PAGADORES DE PESADOS IMPOSTOS AS MIGALHAS, MÍSERAS DOAÇÕES E VOTOS PARA DAR PODER À UMA CASTA DESPUDORADA. AOS POLÍTICOS, OS PRIVILÉGIOS. MAIS UM ESCÂNDALO DA CARA “CASA” DO POVO CATARINENSE FOI REVELADO PELA IMPRENSA QUE INVESTIGA E É ODIADA POR ISSO.

VEJA ESTA MANCHETE DO JORNAL “NOTÍCIAS DO DIA”, DE FLORIANÓPOLIS (RIC RECORD): “VALOR GASTO POR ALDO SCHNEIDER PARA TRATAMENTO MÉDICO ATENDERIA 5 MIL PACIENTES DO CEPON (CÂNCER)”.

ATÉ AGORA, TRATAMENTO PARTICULAR DE ALDO SCHNEIDER, MAS PAGO PELOS CATARINENSES, SOMA MAIS DE R$3,3 MILHÕES. TUDO LEGAL E APROVADO ENTRE OS DEPUTADOS, QUE NÃO POSSUEM PLANO DE SAÚDE.

AOS QUE ELEGEM OS DEPUTADOS CATARINENSES RESTAM APENAS ESPERAR E MORRER NA FILA DO SUS, COM ALGUMA SORTE SE TRATAREM NUM PLANO DE SAÚDE – CAROS, COM CARÊNCIAS E CO-PARTICIPAÇÕES E QUE INVIABILIZAM OS TRATAMENTOS – OU, RARAMENTE, SALVAREM-SE COM O PAGAMENTO PARTICULAR DO CARÍSSIMO TRATAMENTO DE SAÚDE

Texto de Vanessa da Rocha com Fábio Bispo, de Florianópolis. No dia 30 de junho de 2017 o deputado estadual Aldo Schneider (MDB) recebia alta do hospital Albert Einstein, em São Paulo. Saiu de lá com uma prótese implantada entre a quinta e a sexta vértebra da coluna cervical, onde foi retirado um tumor. No mês seguinte, chegou a conta para os cofres da Assembleia: um pedido de ressarcimento no valor de R$ 211.619,00. Esse foi o primeiro valor de seis dígitos da sequência que viria a seguir e que acumularia um montante de R$ 3.299.632,50 nos últimos quatro anos.

Os dados disponíveis no Portal da Transparência da Alesc mostram o aumento das despesas médicas do deputado, que está passando por um tratamento contra o câncer. Em 2015, um ano antes da doença ser diagnosticada, o deputado Aldo Schneider apresentou notas e comprovantes para solicitar o reembolso de R$ 11.130,02. No ano seguinte, o valor aumentou para R$ 64.797,85. Já em 2017, os cofres da Assembleia liberaram a cifra de R$ 2.451.319,90 para o pagamento das despesas médicas do parlamentar. Até o dia 13 de julho deste ano, o reembolso de 2018 acumulou R$ 772.384,73. Juntos, os valores chegam ao montante que supera os 3 milhões de reais.

O volume dos gastos chama a atenção. A quantia é o suficiente, por exemplo, para atender 5 mil pessoas durante 15 dias no Cepon (Centro de Pesquisas Oncológicas), em Florianópolis, com cirurgias, exames, quimioterapias e radioterapias inclusas.

As palavras de descontentamento com a informação de que os deputados possuem verba ilimitada para tratar da saúde vieram de um servente de obras que está afastado do trabalho desde o início do ano. A dor vence a morfina e não deixa o senhor Valmir Steimbach, de 50 anos, falar. Ele precisa balbuciar as palavras por causa do tumor de nove centímetros que está alojado na garganta.

Para poupar o marido, Vânia Steimbach, 46, toma as rédeas da conversa. “Ele não pode fazer força para falar. Sente muita dor. Não consegue virar a cabeça. Está tomando cinco remédios diferentes. Todos os dias viemos no Cepon. Ele acorda de madrugada e passa o dia todo com dor. Para comer, só líquido. Dói muito para falar”, conta. Enquanto a mulher descrevia a situação do marido, Valmir forçou a voz e foi taxativo: “tinha que tratar aqui como a gente”.

PASSE LIVRE INCONDICIONAL NAS DESPESAS MÉDICAS

Apesar da aberração financeira, não há ilegalidade. A resolução DP 090 de 1992 dá acesso ilimitado e irrestrito para todos os parlamentares do legislativo de Santa Catarina usufruírem de assistência médica, exames, e inclusive as despesas do acompanhante. Para o cientista político do Ibmec (Instituto Brasileiro de Capitais) de Minas Gerais, Adriano Gianturco, o tema envolve uma questão ética. “Do ponto de vista humano, é compreensível que realize tratamento e busque melhorar a saúde. Todo mundo concordaria com isso. A questão é se isso é justo enquanto tantas pessoas aguardam atendimento”.

O assunto é tema de desconforto nos corredores da Assembleia Legislativa por criar uma situação emblemática: de um lado a solidariedade por um doente que enfrenta um drama pessoal na luta contra o câncer, mas por outro, a indignação pela concessão de um privilégio, já que milhares de catarinenses dependem do serviço via fila do SUS.

A indignação e burburinho em torno do tema tomou maiores contornos no sábado passado (14) quando o advogado Noel Antônio Barbieri postou sobre o assunto nas redes sociais. “É justo que os catarinenses paguem essa conta? Até quando vamos bancar esse tipo de privilégio?” A postagem teve mais de 70 compartilhamentos no Facebook e dezenas de comentários de revoltados com a regalia.

DETALHAMENTO DAS DESPESAS É UMA CAIXA PRETA

Um potencial responsável pelo custo elevado de Aldo Schneider é a realização do tratamento fora de Santa Catarina. O Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde foi realizada a cirurgia de remoção do tumor do deputado, é considerado de primeira linha no país e um dos mais caros. A legislação da Assembleia Legislativa permite o reembolso absoluto das despesas médicas de todos os deputados, inclusive das despesas de viagem e deslocamento de acompanhante em qualquer lugar do mundo.

Segundo o especialista em oncologia, Luiz Antônio da Silveira, “a maioria dos casos de câncer são tratados dentro do próprio Estado. Só viaja quem tem dúvida em relação ao diagnóstico ou busca um tratamento raro que não tem no seu Estado”. Gianturco, do Ibmec, provoca: “se ele está usando o sistema privado e pagando com dinheiro público, a situação é ainda mais complicada. O cidadão usa o SUS, mas os legisladores não? É como você comer a comida de um restaurante que nem o próprio cozinheiro come”.

O deputado Aldo Schneider desfruta do benefício pago pelos contribuintes catarinenses em silêncio. As informações sobre o diagnóstico do deputado são escassas. Em novembro de 2017, o então chefe de gabinete do deputado, Jerry Comper, divulgou uma nota oficial informando que ele estava fazendo procedimentos de radioterapia, quimioterapia e se recuperando. “Após realizar vários exames, ficou constatado que o câncer está estabilizado”, diz a nota. Essa foi a única manifestação oficial sobre o tema. No site do deputado, nas redes sociais e nas notícias do site da Assembleia Legislativa não há nenhuma informação sobre o tratamento, apenas detalhes sobre a movimentada agenda de atividades do deputado, que em pleno tratamento assumiu a presidência da Assembleia - e só presidiu uma sessão - conforme a ata de presença das 70 reuniões da mesa diretora entre fevereiro e junho deste ano.

PERGUNTAS SEM RESPOSTAS

O especialista em controle de finanças públicas e fundador da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, diz que dentro de um cenário de transparência, o deputado deveria prestar contas para a população. “Todas as notas de despesas dos deputados federais estão disponíveis no Portal da Câmara. O cidadão comum não precisa saber detalhes da doença, mas tem o direito de pelo menos ter acesso aos comprovantes”.

No primeiro ano da história em que Santa Catarina vai fechar em déficit, a situação do presidente da Assembleia Legislativa desperta um alerta para o escoamento da verba pública. A nossa equipe enviou oito perguntas para a assessoria de imprensa da Assembleia Legislativa. O objetivo era obter informações técnicas e detalhadas de como funciona o sistema de saúde de todos os deputados, mas as perguntas não foram respondidas. No lugar das respostas, veio uma pequena nota formulada pelo presidente da Assembleia informando que não há irregularidade na assistência médica. A falta de respostas escancara o quanto ainda precisamos avançar em transparência e prestação de contas dos agentes públicos.

RESOLUÇÃO

A resolução DP 090 de 1992 que dá acesso ilimitado e irrestrito aos parlamentares catarinenses com despesas médicas foi aprovada em 1992. Passou por comissões e foi votada em plenário pelos deputados da época. A justificativa do projeto de resolução sustentava que a atividade parlamentar não se esgota no âmbito da sede física do Poder Legislativo, motivo pelo qual ficaria a cargo do poder Legislativo arcar com esses custos mediante comprovação dos gastos por meio de notas fiscais e recibos.

Presidente da Alesc na data de aprovação da resolução, o ex-deputado Gilson dos Santos diz não lembrar ao certo o contexto do debate que levou a aprovação da resolução, mas defendeu que os deputados tivessem, desde aquele ano de 1992, algum tipo de cobertura para despesas médicas. “Confesso que não lembro se houve alguma motivação específica, mas entendemos que era preciso caso algum deputado sofresse um acidente ou sofresse de alguma doença que precisasse de tratamento fora de seu domicílio”, disse.

Questionado se a mesma resolução seria aprovada se fosse colocada em votação hoje, Santos defendeu que sim: “Todo servidor público que é acometido por uma doença ou sofre um acidente tem que ter suas despesas médicas pagas pelo Estado. Não entrando no mérito, mas acredito que o maior problema da Assembleia não são os gastos médicos. O problema é mais sério”, comentou o ex-deputado.

A resolução foi aprovada em 30 de novembro de 1992 e assinada pelo 2º secretário da mesa, o ex-deputado Milton Oliveira, e o 4º secretário, Miguel Ximenes.

De acordo com a Alesc, "As despesas médicas são autorizadas pelo projeto de resolução 23/92 que tramitou pelas comissões de Constituição e Justiça e pela então Comissão de Redação de Leis e tornou-se, por votação em plenário, na Resolução DP. nº 90/92, começando a valer em primeiro de setembro de 1992. Somente os parlamentares podem ser beneficiados (os servidores não), já que o parlamentar, tanto na esfera estadual quando na esfera federal é parte do Poder Indivisível do Estado como ente público, não se lhe aplicando a definição restritiva de servidor. A justificativa do Projeto de Resolução afirma que a atividade parlamentar não se esgota no âmbito da sede física do Poder Legislativo. Para garantir a cobertura, todas as despesas terão de ser comprovadas com as devidas prestações de serviços, recibos, e outras formas legais e oficiais admitidas em processos de prestação de contas perante o tribunal de contas do estado".

 

Edição 1861 - segunda-feira

Comentários

Herculano
24/07/2018 10:56
"A DIREITA PATRIMONIALISTA VAI TENTAR VENDER COMO CENSURA"

Conteúdo de O Antagonista. O PT quer regular as emissoras de TV.

Fernando Haddad disse para a Folha de S. Paulo:

"Não é um controle de conteúdo. A direita patrimonialista vai tentar vender como censura. Mas contamos com órgãos mais isentos como a Folha para defender o nosso ponto de vista, que é liberal."

Fernando Haddad está mentindo.

Ele disse para o Valor que o plano do PT, elaborado por Franklin Martins, conhecido por ser um grande liberal, é criar uma agência que controle o "compromisso com a diversidade, com o contraditório, com a liberdade de expressão de camadas vulneráveis, com a representatividade étnica".

Isso tudo é conteúdo. Isso tudo é conversa mole para censurar a imprensa.
Herculano
24/07/2018 10:51
da série: nos governos totalitários ou de radicais, incapazes à dialética, voz discordante é calada na hora

OLAVO DE CARVALHO DIZ QUE JANAÍNA NÃO PODE SER VICE DE BOLSONARO

Conteúdo de O Antagonista. Olavo de Carvalho, guru dos seguidores mais radicais de Jair Bolsonaro, se manifestou contra a indicação da advogada Janaína Paschoal como vice na chapa do presidenciável do PSL.

"Janaína Paschoal não pode ser vice-presidente nem de clube de futebol", diz.
Herculano
24/07/2018 10:45
"SE FOR PARA DIZER AMÉM EU NÃO VOU", AFIRMA JANAÍNA, por Andreza Matais, na Coluna Estadão, no jornal O Estado de S. Paulo

Janaina Paschoal conta que uma das suas condições para aceitar a vaga de vice do presidenciável Jair Bolsonaro é participar das decisões do eventual governo. "Se ele quer uma pessoa para trabalhar, tudo bem. Mas se for para dizer amém eu não vou", afirma. "Terei que mudar toda minha vida. Eu tenho que ir para representar as pessoas que vão confiar em mim." Sobre ter irritado interlocutores do candidato ao falar, em discurso na convenção, que não admite o pensamento único, ela afirma que o PT já fez isso e não deu certo. "Lula é quem diz 'nós contra eles'. Isso não aceito."

Quem te conhece...
Janaina Paschoal rompeu com o jurista Miguel Reale, seu amigo de anos, depois que ele passou a pressioná-la a desistir do pedido de impeachment de Dilma Rousseff.

...que te compre.
Os dois foram autores da peça que levou a cassação do mandato da petista, mas Reale avaliou que o pedido da OAB deveria prevalecer ao deles. O caso é contado na campanha de Bolsonaro para demonstrar que Janaina perde amigos para defender suas convicções.

Não conte comigo.
A aliança do PSDB com DEM no âmbito nacional não garante o palanque ao presidenciável Geraldo Alckmin em Goiás. Lá, Ronaldo Caiado (DEM), que lidera as pesquisas, diz que vai apoiar Alvaro Dias (Podemos).

Poder de veto.
Caiado é adversário em Goiás de Marconi Perillo, coordenador político da campanha de Alckmin. Como revelou a Coluna, a pedido dele, o Centrão exigiu que Alckmin destituísse Perillo da função. Perillo nega a versão. "Tem espaço pra todo mundo."

Deleta!
O ministro Carlos Marun, da articulação política, trocou mensagens com o presidenciável Henrique Meirelles (MDB) minutos depois que seu polêmico texto com propostas para a campanha vazou. "Vamos em frente", finalizou Meirelles.

No regrets.
Ontem, após a polêmica vir à tona, Marun ainda mantinha cada linha sugerida. "Só tiraria o "débil mental", mencionado ao pré-candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes. Marun conta que escreveu o texto no domingo à noite, do celular mesmo. Fez e refez. Chegou a escrever três versões. Enviou a última.

Sinal verde.
Após conversa com Alckmin, ontem, o PSDB de Pernambuco vai exigir do candidato ao governo Armando Monteiro (PTB) que declare apoio ao presidenciável. Caso contrário, a aliança será rompida e o PSDB vai lançar Bruno Araújo ao governo. Ele foi o autor do voto decisivo do impeachment de Dilma Rousseff.

Com calma.
Alckmin pediu "prudência" no diálogo. O partido foi o primeiro a aderir à sua campanha. O comando do PTB diz que não vai obrigar Armando Monteiro a retirar o apoio ao presidenciável do PT, seja ele quem for.

Passa depois.
Após sinalizar que pode recusar a vaga de vice na chapa de Geraldo Alckmin, Josué Gomes adiou reunião que teria hoje com o governador mineiro, Fernando Pimentel. Alegou problema de agenda. O PT ofereceu a ele o posto de candidato a vice-governador.

Coro.
Na conversa com Alckmin, Josué Gomes afirmou que consultaria a família para decidir. No início do mês, sua mãe, Mariza Gomes da Silva, viúva de José Alencar, disse ao Estado que "se Deus quiser, Josué não vai concorrer. Nem eu, nem a mulher dele, nem a filha queremos."

DNA.
Um tucano graúdo contou a Geraldo Alckmin que Josué Gomes ingressou no PR a convite de José Dirceu para ser vice de Lula, o que dificulta o diálogo.

Reforço.
O publicitário Daniel Braga conversa o presidenciável Henrique Meirelles (MDB) para assumir a campanha dele nas redes sociais nas eleições. Braga assessorava Flávio Rocha (PRB), que desistiu de concorrer.

Ritual.
O STF marcou para 9 de agosto o julgamento sobre o sacrifício de animais durante rituais de religiões de matriz africana. O MP gaúcho questiona uma lei do Rio Grande do Sul que prevê que a morte de bichos nesses casos não viola o Código Estadual de Proteção aos Animais.
Herculano
24/07/2018 08:36
da série: nem a própria militância aguenta os jogos petistas e o vazio partidários que eles criam para o eleitorado fiel, independente dos crimes e criminosos

ATÉ QUANDO, PT? por Nabil Bodunki, Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, foi vereador de São Paulo pelo PT, para o jornal Folha de S. Paulo

Partido precisa definir quem substituirá Lula no caso do seu provável impedimento

Se o PT acredita no que sua direção, seus militantes e seus simpatizantes dizem, o nome de Lula não estará nas urnas em 7 de outubro. Afinal, como dizem, não foi para isso que o golpe foi dado? Não é por isso que Lula está preso e condenado em segunda instância, com uma velocidade ímpar no Judiciário brasileiro?

No discurso do partido, parece não restar nenhuma dúvida de que o "establishment" não o quer candidato porque, se fosse, dificilmente não seria eleito presidente.

Depois de tantas tentativas de obter alguma vitória no Judiciário, sem sucesso, será que alguém ainda acredita que, na última hora, surgirá alguma jurisprudência salvadora?

Não adianta os "conselheiros jurídicos" do PT mostrarem 145 exemplos de prefeitos que se elegeram sem ter o registro deferido e que, em 70% dos casos, acabaram revertendo a inelegibilidade e hoje governam suas cidades.

Alguém acredita que, na atual conjuntura, haja alguma equivalência entre Lula e um prefeito do interior? Que vão deixar seu nome estar nas urnas?

Enfrentar esse impasse não significa abdicar da convicção de que o ex-presidente é inocente, que sofre injustiça e que segue sendo o candidato preferido pelo partido e por 38% dos brasileiros que têm candidato no primeiro turno, segundo a última pesquisa do Datafolha.

Estamos a 75 dias das eleições e as peças se mexem com rapidez. O quadro está se configurando sem fugir muito do que tradicionalmente tem ocorrido nas últimas eleições. Com a diferença de que hoje vigora uma tremenda descrença na política e nos partidos, o que exige transparência e respeito ao eleitor.

Alckmin, o preferido do mercado, finalmente conseguiu reunir a maior parte da velhíssima política e da base parlamentar do governo Temer. O blocão tem musculatura, recursos, tempo de TV, capilaridade e muita gente suspeita. Sem dúvida, é um polo forte, apesar de ter perdido muito terreno para a extrema direita.

No outro polo, o PT é o principal partido. É preferido por 20% dos brasileiros (Datafolha de abril). Tem cinco governadores, a maior bancada federal e pode agregar outras forças de oposição ao bloco de sustentação do atual desgoverno. Para além de Lula, seu potencial é enorme. Mas não pode mais se ausentar do debate eleitoral.

Se o PT quiser agregar as forças políticas e os brasileiros que desejam dar um novo rumo para país, não pode mais perder tempo. Precisa definir quem substituirá Lula no caso do seu provável impedimento.

Isso é fundamental para negociar alianças e debater as propostas com a sociedade e com os outros candidatos. Enfim dar uma cara nova para um projeto político que não se limita a uma personalidade.
Herculano
24/07/2018 08:30
JOSUÉ ALENCAR, APONTADO COMO POSSÍVEL VICE DE PSDB, PDT E PT, VIRA O EMPLASTRO BRÁS CUBAS DA POLÍTICA E CURA ATÉ NOSSA MELANCOLIA, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Se vocês querem um dado que ilustra os desatinos da política brasileira, vejam o caso das conversas de Josué Alencar, filho de José Alencar, vice de Lula. Noto, de saída, que ele era "Josué Gomes" quando pretendia buscar uma identidade que não dependesse do pai. Se Lula fosse candidato, é provável que buscasse seu nome para vice. Não será. Josué, filiado ao PR, era dado como certo como parceiro de Ciro Gomes caso os tais partidos do chamado "centrão" fechassem com o pedetista. Não aconteceu. Como as legendas, todas elas egressas da base apoio ao PT - exceção feita ao DEM - e depois ao governo Temer (ai sem exceção), fecharam com Geraldo Alckmin, lá apareceu, ora vejam, como vice do tucano o nome de... Josué. O homem, definitivamente, é o emplastro Brás Cubas, para lembrar Machado de Assis, que pode curar a nossa "melancólica humanidade".

A primeira conversa entre Geraldo Alckmin e o vice universal Josué Alencar se deu nesta segunda. E, bem, nada feito! O tucano chegou à conclusão de que Josué não quer ser seu vice. Na verdade, de modo cortês, o empresário disse ao ex-governador de São Paulo que este pode ficar à vontade para buscar um vice que agregue votos, já que são seria o seu caso. Ponderou que Alckmin já conta com um cabo eleitoral no seu estado de origem: Antonio Anastasia, que pleiteia o governo do Estado. O resultado da conversa causou mal-estar entre os líderes das legendas que compõem o tal "Centrão": DEM, PP, PRB, PR e SD. Valdemar Costa Neto, o ex-presidiário convertido em articulador político pouco mais de dois anos depois de deixar a cadeia, condenado por corrupção passiva e lavagem, ainda não desistiu de Josué. Acha que, sem ele, abre-se uma guerra pelo posto de vice.

O que espanta na relutância do empresário Josué Alencar em aceitar o posto de vice na chapa encabeçada pelo tucano Geraldo Alckmin é que se imaginava que tudo estivesse devidamente combinado não com os russos, para lembrar Garrincha, mas com o próprio time. Pelo visto, todas as conversas se deram sem exatamente a anuência de Josué. Ou não estaria em curso o atual mal-estar. Nem bem Alckmin deu uma surfadinha da onda positiva gerada pelo acordo com o Centrão, e já há uma minicrise em curso. Aí você pode se perguntar: "Mas essa gente não se fala antes de fechar acordos?" Bem, pelo visto, não o suficiente ou com a necessária clareza. Não faz sentido o titular de uma chupa se encontrar com o potencial vice, designado durante os acertos para o acordo, e este declinar gentilmente da condição. Não se pode expor o candidato a um revés assim. É primarismo inaceitável para profissionais. Não obstante, as pressões já começaram: os líderes do "Centrão" dizem querer voz ativa na campanha. Se operarem tão bem como operaram no caso do vice, Alckmin está danado.

E, por óbvio, assistem-se a coisas só possíveis na política brasileira. E não! Isso não é necessariamente bom. O Josué Alencar que negaceou a composição com o tucano Geraldo Alckmin na hora "h" vai se encontrar nesta terça com chefões do PT. Em nome da velha amizade - sempre lembrando seu pai, Jose Alencar, vice de Lula por oito anos e amigo pessoal do ex-presidente -, os "companheiros" querem ver o empresário longe do tucano. Fernando Pimentel, que concorre à reeleição ao governo de Minas, já defendeu seu nome como vice numa chapa encabeçada pelo PT. E pode ir mais longe: defenderia o próprio Josué como cabeça de uma chapa de que um petista seria vice. Não! Não vai acontecer. Mas isso dá conta de que o filho de José Alencar é muito mais íntimo do petismo do que do tucanismo.

E, ora, ora, os petistas vão, sim, no encontro com Josué Alencar, nesta terça, oferecer-lhe a vaga de vice. Caso topasse - não é impossível, mas é improvável -, o PR se descolaria do Centrão? Os companheiros vão tentar seduzir Josué com uma das candidaturas ao Senado. A outra está reservada à ex-presidente Dilma Rousseff, que, tudo o mais constante, acreditem!, será eleita. Aquele fatiamento da Constituição, que a destituiu do mandato, mas sem lhe cassar os direitos políticos, não foi, pelo visto, em vão. Em que democracia do mundo um mesmo nome poderia ser o vice de três chapas em si tão distintas? A resposta é evidente: em nenhuma! E aqui vale a velha máxima: "Se a coisa só dá no Brasil, ou é jabuticaba ou é besteira". Saibam: é mentira que só exista jabuticaba em Banânia. Logo, devemos estar mesmo diante, quando menos, de uma especificidade viciosa.

E por que a gente constata essa andança do nome de Josué Alencar por quase todo o espectro político? Porque, por óbvio, o que se viu nessa negociação foi um troço esquisito, para dizer pouco. Notem que os cinco partidos do tal "Centrão" estavam menos preocupados em defender uma posição do que em se defender em um eventual novo governo. Convenham: há diferenças razoáveis, até onde a vista alcança, entre, por exemplo, o pedetista Ciro Gomes e o tucano Geraldo Alckmin. Josué Alencar foi usado, na negociação, como uma espécie de marca fantasia para tentar disfarçar o que tem toda a cara de um leilão. Mas parece que ele próprio não se convenceu de que se estava no bom caminho. Não se pode ainda descartar seu nome como vice de Alckmin. Mas o fato é que, nesta terça, ele estará conversando a possibilidade de integrar as hostes petistas.

De todo modo, note-se: o apoio do Centrão, apesar das reputações que o grupo carrega, deu confiança ao tucano Geraldo Alckimin. Ele se saiu muito bem na entrevista desta segunda no programa Roda Viva. Minimizou o episódio Josué Alencar e tratou do apoio de legendas que abrigam, digamos, figuras polêmicas como o esforço necessário para constituir a maioria no Congresso que poderá levar adiante as reformas. No momento mais ousado da entrevista, prometeu o que me parece impossível, embora fosse de todo desejável: o tucano diz que, em dois anos, consegue pôr fim ao déficit primário, previsto em R$ 140 bilhões no ano que vem. E tal prodígio seria alcançado com um corte radical em gastos desnecessários do governo. Teria sido mais prudente prometer pôr fim ao déficit e acenar com superávit ao fim de quatro anos de governo. Bem, se vencer, a promessa lhe será cobrada.
Herculano
24/07/2018 07:52
DOA A QUEM DOER

Tuíte de Andreza Matais, da Coluna Estadão, no jornal O Estado de S. Paulo

Acredito que o jornalismo é para isso. Questionar, levantar o debate, fazer você enxergar o que tentam esconder ou justificar. Doa a quem doer.
Herculano
24/07/2018 07:37
O QUE DISSE NA CARA DE TODOS, A ANUNCIADA VICE JANAÍNA PASCHOAL, QUE DEU UM PASSO ATRÁS E ASSUSTOU OS SEGUIDORES DE JAIR BOLSONARO NA CONVENÇÃO QUE O OFICIALIZOU CANDIDATO A PRESIDENTE DA REPÚBLICA PELO TAL PSL

"Os seguidores, muitas vezes, do deputado Jair Bolsonaro têm uma ânsia de ouvirem um discurso uniformizado. Pessoas só são aceitas quando pensam exatamente igual nas mesmas coisas. Reflitam se nós não estamos correndo risco de fazer um PT ao contrário. Minha fidelidade não é ao deputado Jair Bolsonaro, a quem externo todo meu respeito, a minha fidelidade é ao meu país."
Herculano
24/07/2018 07:29
MDB FICA LONGE DO PSDB AO MENOS ATÉ O 2º TURNO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O MDB do presidente Michel Temer tem compromisso firme com o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles de apoiar integralmente sua candidatura a presidente, e esse tem sido o principal pretexto apontado pelo partido para recusar entendimentos para "adensar" a candidatura de Geraldo Alckmin, somando-se o "centrão", que, após a recusa inicial, agora apoia o tucano. Mas há outras razões para o MDB ficar distante do ex-governador tucano, ao menos até o segundo turno.

POÇO DE MÁGOAS
O presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), não mede palavras para demonstrar desinteresse por uma aliança com Alckmin.

TRAIÇÃO TUCANA
Apesar da forte presença tucana à frente de cinco ministérios e mais de 1.200 cargos, Alckmin recusou apoio a Temer em momentos críticos.

OMISSÃO OU COVARDIA?
No impeachment, Alckmin se omitiu ou "se acovardou", como dizem no Planalto: 20 dos 21 deputados sob sua influência ficaram contra Temer.

AGORA NÃO DÁ MAIS
O governo também avalia que foi demasiado o "sacrifício" de abrir mão de Meirelles como ministro, para agora abandoná-lo na campanha.

ZÉ DIRCEU FLANA NA BAHIA GRAÇAS À 'LIBERDADE PLENA'
Ex-todo-poderoso do governo Lula, José Dirceu passa férias da cadeia no Sul da Bahia, no município de Ilhéus, aproveitando a "liberdade plena" concedida pelo ministro Dias Toffoli (STF) no início do mês. O ex-ministro do PT chegou à Bahia na sexta-feira em jatinho particular, com a mulher e a filha, e foi para uma casa no luxuoso Condomínio Jardim Atlântico, do amigo Nilton Cruz. Cruz é um antigo petista local, empresário rico que já tentou ser candidato a prefeito, mas desistiu.

JOGO DE INSTÂNCIAS
A 2ª Turma do STF decidiu: Dirceu seria solto. Mas o juiz Moro tentou fazê-lo usar tornozeleira. Toffoli então decidiu pela "liberdade plena".

CONDENADO E SOLTO
No processo a que responde na Lava Jato, Dirceu foi condenado em segunda instância a quase 31 anos de cadeia. Mas está solto.

MINISTRO DIRCEU
Nesta segunda-feira (23), Dirceu foi a Ibicaraí (BA) visitar uma fábrica de chocolates do município. Foi recebido como autoridade federal.

LÍDER REBAIXADO
O campeão das pesquisas Jair Bolsonaro caiu na repartição do tempo de TV. Antes, eram 8 segundos, suficientes para dizer "Meu nome é Bolsonaro!" Agora caiu para 3 segundos, conforme o levantamento mais recente, e não dá pra dizer nada além de "Meu nome é Jair!"

EPIDEMIA OU FRAUDE
A presidência da estatal Empresa Brasil de Comunicação vai realizar uma perícia médica para determinar se há uma epidemia particular na EBC, afetando a saúde dos funcionários, ou é fraude mesmo o volume gigantesco de atestados médicos desde o início do ano.

AS COISAS MUDAM
O DEM lanc?ou Rodrigo Maia, presidente da Ca?mara, pre?-candidato a presidente. Não decolou nas pesquisas e agora deve fechar com o PSDB de Alckmin, mas chegou a conversar até com Ciro Gomes.

INADIMPLÊNCIA
O Norte é a região com o maior índice de inadimplência da população: 48,2%, o Sul tem o recorde inverso, a menor taxa entre consumidores: 36,1%. Os dados são da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) do DF.

PRIORIDADE É A PLATEIA
Em fórum da ANPtrilhos (entidade ligada ao transporte ferroviário), os pré-candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) juraram prioridade ao transporte ferroviário. Todos dizem isso.

O ROMBO É GARANTIDO
O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019, senador Dalírio Beber (PSDB-SC) vê o texto como um raio-x das contas para o próximo presidente e prevê mudanças. A única certeza é o rombo incontornável.

PRESTAÇÃO DE CONTAS É BOM
No próximo dia 25 começa a prestação de contas dos partidos à Justiça Eleitoral. Errar nas contas pode acarretar em multas, suspensão de cotas do fundão e até em afastamento de candidatos.

NINGUÉM ABRE MÃO DE NADA
Assim como o ex-governador Arruda, o ex-vice do DF Tadeu Fillippeli não abre mão de o MDB indicar o vice de Jofran Frejat (PR). E Izalci Lucas (PSDB) não abre mão da cabeça de chapa. Frejat bate o martelo hoje sobre a candidatura. Mas a decisão semana passada foi desistir.

PENSANDO BEM...
...não ter candidato a vice não é moda. É necessidade.
Herculano
24/07/2018 07:09
GOLPE COMUNISTA À VISTA, por Ipojuca Pontes, no Diário do Poder

PR?"LOGO
Lula - ar professoral, pontificando entre pares da comunalha: - "Eu lembro quando tivemos a idéia de construir o Foro de São Paulo (com Fidel, em 1990). E uma das forças políticas que mais contribuiu para chegarmos a construir o que construímos foram os companheiros do PC cubano que sempre tiveram a paciência de nos ajudar".

Boris Casoy - entrevistando o candidato Lula nas eleições de 2002: - "Fala-se, e eu não acredito nisso, numa aliança do eixo Chávez, Fidel e Lula".

Lula: (entre cínico, acanalhado e ameaçador) - "?" Boris, você sabe que isso é no mínimo uma piada de mau gosto. Eu te aconselho a não repetir isso no vídeo"

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O recente imbróglio tramado por Lula e sua tropa de choque no Spa da Polícia Federal, em Curitiba, a denunciar o charco jurídico em que submerge a nação, deve ser encarado tão somente como a ponta do iceberg de plano armado pelo Foro de São Paulo, organização comunista (ligada ao narcotráfico) que está reunida em Cuba (com a presença de Dilma Rousseff) e que tem como propósito tirar o criminoso Lula da cadeia. As deliberações do Foro de Cuba passam, é claro, pela ação paralela da mídia esquerdista amestrada, da igreja apóstata, dos intelectuais pendurados nas bocarras das universidades públicas e, last but not least, pelos chamados artistas de "miolo mole".

O dia D para o provável desfecho da esculhambação assumida se dará quando da saída da ministra Carmen Lúcia da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e a ascensão ao posto, em setembro, do militante Dias Toffoli, durante anos advogado de Lula, da CUT, do PT e ex-assessor de José Dirceu quando chefe da Casa Civil do Governo corruptor, o mesmo Dirceu a quem, há pouco, como ministro do STF, em decisão monocrática, liberou da prisão e do uso da tornozeleira ?" o que não impede JD, se quiser, mesmo condenado, participar como mentor, via Internet, das decisões do famigerado Foro de São Paulo.

(Nota: o currículo de Dias Toffoli estarrece: em 1994/95 foi reprovado duas vezes em concurso para juiz substituto do Estado de São Paulo, segundo a banca examinadora "por falta de conhecimento gerais e noções básicas do direito". Por sua vez, apesar do escasso saber, DT, devido ao ativismo político, fez carreira meteórica no desempenho de cargos jurídicos nos governos do PT até assumir, pela vontade pessoal de Lula, a Advocacia-Geral da União. Daí a chegar ao STF pelas mãos sujas do presidiário petista foi um passo).

Se o leitor deseja levantar dados mais cabeludos sobre o futuro presidente do STF, basta conectar sites especializados. Neles, saberá, por exemplo, que DF foi condenado pela Justiça do Amapá a devolver R$ 19.790 por conta de suposta licitação ilegal de prestação de serviços advocatícios. E saberá que, em 2006, foi condenado por ilícitos da mesma natureza, ocorrido em 2001, desta vez pela 2º Vara Cível do Amapá. Teria de devolver R$ 420 mil ao Estado - mas a ação foi julgada improcedente pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, presidida, então, por Demóstenes Torres (senador cassado por suas ligações com a máfia chefiada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira) quando da indicação de Toffoli para compor o STF.

(Detalhe: a festa de posse de Toffoli no STF, com patrocínio à época de R$ 40 mil pela Caixa Econômica Federal, foi considerado um escárnio ?" o que levou o senador Pedro Simon, por exemplo, a considerá-la um "absurdo total").

Por ocasião do escândalo do mensalão, em 2002, advogados de movimentos sociais apresentaram duas denúncias por crime de responsabilidade contra Toffoli tendo em vista sua condição de assessor de Zé Dirceu na época em que os fatos ocorreram. O "ministro de Lula", além de inocentar o mentor do mensalão pela compra de votos, considerou as penas impostas ao réu como da "inquisição de Torquemada".

Em 1915, outro pedido de impeachment foi protocolado no Senado Federal pelo procurador da Fazenda Nacional Matheus Faria alegando crime de responsabilidade pela participação de Dias Toffoli em julgamento do Banco Mercantil sem que se declarasse sob suspeição. O procurador alegou que o ministro tinha contraído empréstimo no citado BM.

Outro fato singular na carreira do ministro militante é que ele se distingue por conceder liminares a bandidos condenados em primeira e segunda instâncias, entre eles, só para constar, Jorge Picciani, deputado condenado e preso por corrupção no Rio; o notório Paulo Salim Maluf; Zé Dirceu, condenado a mais de 30 anos de prisão; e ainda o senador cassado Demóstenes Torres, ficha suja a quem Toffoli suspendeu, moto-próprio, a inelegibilidade imposta pela lei da ficha limpa.

Observadores experientes entendem que Toffoli, adotando a prática de soltar corruptos e anular a lei da ficha limpa, quer formar uma nova jurisprudência, cujo objetivo é permitir condenado em segunda instância ser posto em liberdade e concorrer às eleições ?" caso, por exemplo, do condenado Lula da Silva.

O "ministro de Lula", compondo a segunda turma (da pesada) deita e rola nas suas justificativas. Quando ele quer, decide sozinho e, pelo que se deduz, subordina o próprio STF, ou parte dele, à sua vontade. Assim, a pergunta que se impõe é a seguinte: Quem fiscalizará o engajamento político de Dias Toffoli e aliados? Quem tratará de declarar a sua suspeição e impedimento? A consciência do próprio? Algum outro membro da Suprema Corte? A sociedade atenta? Ninguém?

Enquanto o país perplexo protesta pelos jornais contra um judiciário em crise permanente, o noticiário dá conta de mais uma proeza do militante Toffoli: antes de assumir o lugar de Carmen Lúcia, se informa que ele está negociando com Franklin Martins - sequestrador acusado de receber caixa 2 em dinheiro vivo destinado ao financiamento da reeleição do ditador Chávez - para se aboletar no cargo de secretário de Comunicação do STF.
Herculano
24/07/2018 07:05
O CANSAÇO DEMOCRÁTICO, por João Pereira Coutinho, sociólogo e escritor português, no jornal Folha de S. Paulo

O cansaço democrático explica-se pelo sucesso da própria democracia

Quem disse que a democracia era eterna? Ninguém. Mas palpita ainda no coração do homem civilizado a crença de que essa forma de governo estará entre nós até ao fim dos tempos.

Uma ideia tão otimista seria risível à luz da história do pensamento político. Platão é o exemplo mais extremo: a democracia faz parte de um movimento cíclico de regimes - e, para ele, é uma forma degenerada de governo.

Depois da democracia, haverá um tirano para pôr ordem no pardieiro; e, depois do tirano, haverá novamente uma aristocracia, que será suplantada por uma timocracia, que será suplantada por uma oligarquia, até a democracia regressar. Nada perdura.

É precisamente esse pensamento lúgubre que percorre uma moda editorial recente - livros sobre o fim, real ou imaginário, da democracia liberal. Na sua coluna mais recente, Otavio Frias Filho já abordou o assunto. Continuo pelo mesmo caminho com David Runciman e o recente "How Democracy Ends".

Aviso já: não é uma das melhores colheitas de Runciman. Mas o livro, disparando em várias direções, consegue acertar em alguns alvos.

O primeiro lida com os contornos desse hipotético fim: se a democracia chegar ao seu termo, não teremos uma repetição de 1930, defende Runciman. Não teremos violência de massas, movimentos armados, tanques nas ruas. Vivemos em sociedades radicalmente diferentes -mais afluentes, envelhecidas, conectadas.

E, além disso, conhecemos o preço da brutalidade autoritária e totalitária. As nostalgias reacionárias são coisa de jovens: eles desejam o que ignoram e ignoram o que desejam.

Mas se os "golpes tradicionais" são improváveis, há formas invisíveis de conseguir o mesmo objetivo: pela gradual suspensão da ordem legal; pelo recurso a eleições fraudulentas; pela marginalização dos freios e contrapesos do regime. O que se passa nas Filipinas, na Turquia ou na Polônia confirma-o.

Por outro lado, como discordar de Runciman sobre a erosão da cultura cívica que servia de suporte à experiência democrática?

Em 1980, apenas 5% dos republicanos afirmavam que não gostariam de ver os filhos casados com democratas. Hoje, a cifra subiu para 49%. Imagino que seja o mesmo do outro lado das trincheiras.

Por outras palavras: a democracia só sobrevive porque somos capazes de gerir as nossas frustrações quando os resultados nos são desfavoráveis. Essa tolerância diminui de ano para ano.

E diminui sob o chicote das redes sociais. Runciman acredita que o principal problema do mundo virtual está no poder praticamente ilimitado que os gigantes tecnológicos exercem sobre os usuários.

Pessoalmente, o meu temor é outro: o poder praticamente ilimitado que os usuários exercem sobre os poderes Executivo, Legislativo e até Judiciário. A democracia representativa, como a expressão sugere, sempre foi um compromisso feliz entre a vontade do povo e a capacidade dos mais preparados de filtrar as irracionalidades do povo.

O filtro perdeu-se com essa espécie de "democracia direta" que é exercida pela multidão sobre os agentes políticos. A "tirania da maioria" é agora mais real do que no tempo dos pais fundadores dos Estados Unidos.

Para que não restem dúvidas: não acredito em formas de governo eternas. Mas, até prova em contrário, a democracia liberal é o único regime que garante a liberdade política e a dignidade pessoal dos indivíduos, bem como a prosperidade sustentada das suas sociedades. A história ilustra a tese.

Mas a história do presente também nos mostra que cresce no Ocidente um certo "cansaço democrático". E que partes crescentes do eleitorado, por ignorância ou desespero, estão dispostas a trocar a liberdade e a dignidade da democracia por expedientes mais radicais e securitários. Por quê?

Devolvo a palavra a David Runciman. Para o autor, a democracia disseminou-se nos últimos dois séculos porque havia uma narrativa aspiracional a cumprir.

Era necessário dar voz política a todos os cidadãos (pobres, mulheres, negros etc.) e integrá-los na mesma rede de direitos e deveres (a grande tarefa do pós-Segunda Guerra). Os Estados tinham ainda recursos materiais e institucionais para cumprir com razoável êxito esse programa. Eis a ironia: o cansaço democrático explica-se pelo sucesso da própria experiência democrática.

Ninguém sabe como será o futuro dessa experiência ?"e Runciman não se atreve a fazer astrologia. Para ele, o diagnóstico basta: a democracia vive a crise da meia-idade. Resta saber se essa crise destrói o casamento ou o torna mais forte.

É uma boa metáfora. Que convida a outra: o casamento só irá sobreviver se a maioria conseguir redescobrir, com novos olhos, as virtudes que permanecem no lar.
Herculano
24/07/2018 07:01
BOLSONARO EXAGERA NO TEATRO AO ATACAR O CENTRÃO, por Josias de Souza

Toda campanha eleitoral tem um quê de teatro. A teatralização da sucessão de 2018 viveu um momento inusitado quando Jair Bolsonaro criticou o rival tucano por encostar a candidatura no centrão. "Obrigado, Geraldo Alckmin, por ter unido a escória da política brasileira", declarou. A ironia de Bolsonaro é primária e ridícula. É primária porque o capitão apenas cospe num prato em que Valdemar Costa Neto, o dono do PR, não permitiu que ele comesse. É ridícula porque até as crianças sabem que o centrão não reúne toda a escória da política. O PSL, legenda de Bolsonaro, também é parte do rebotalho.

Os apalogistas de Bolsonaro não percebem, mas o candidato exagera na encenação. A bordo do sétimo mandato parlamentar, apresenta-se como uma fulgurante novidade, única alternativa contra os maus costumes. Há no projeto presidencial de Jair Bolsonaro uma insustentável teatralização do novo. Mas o público não foi devidamente ensaiado para tapar o nariz diante do histórico do Partido Social Liberal.

A agremiação que Bolsonaro escolheu para abrigar seu projeto presidencial compôs, ao lado do centrão, a milícia parlamentar de Eduardo Cunha. Na época em que Cunha desfilava sua amoralidade pelos corredores da Câmara, o PSL tinha dois deputados federais: o líder Alfredo Kaefer (PR) e a liderada Dâmina Pereira (MG). Ambos acompanharam o ex-presidente da Câmara até a beira do abismo. O mandato de Cunha foi interrompido por 450 votos a 10. Alfredo escondeu-se atrás da abstenção. Dâmina votou contra a cassação.

Na apreciação das duas denúncias criminais contra Michel Temer, a bancada do PSL, acrescida do suplente de deputado Luciano Bivar (PE), presidente nacional da legenda, juntou-se à ala dos coveiros. Luciano, Alfredo e Dâmina ajudaram a sepultar as acusações da Procuradoria, impedindo o Supremo Tribunal Federal de converter Temer em réu, o que levaria ao seu afastamento do cargo. Hoje, Bolsonaro sapateia sobre a impopularidade de Temer e inclui Luciano Bivar no rol de opções de vice para sua chapa.

Numa eleição como a atual, de resultado imprevisível, um dos maiores desafios do eleitor é não confundir certos candidatos com candidatos certos. A Lava Jato fez do Brasil o local ideal no mapa para o surgimento de um país inteiramente novo. Caos não falta. Contudo, a teatralização da ética revela que o novo pode ser uma coisa muito antiga no país.
Herculano
24/07/2018 06:53
ELEIÇõES DESTE ANO TRAZEM RISCOS DE DESTRUIÇÃO LENTA E VELOZ, por Ana Estela de Souza Pinto, no jornal Folha de S. Paulo

Quem pede intervenção militar aceita o risco de destruir de um só golpe a democracia

O colega buscava palavra menos vulgar que "bagunça" para os efeitos da guerra comercial iniciada por Donald Trump. Abrimos o dicionário de sinônimos e de lá caíram orquídeas secas.

O pensamento imediato foi que a economia e o amor podem seguir trajetórias inversas.

Nos arranjos econômicos, vale o ditado "construir leva anos, mas destruir é num segundo".

Os EUA encarecem a importação de baterias, motores, máquinas de radiografia e mais dezenas de produtos chineses, a China sobe o tributo sobre soja, boi, frango e peru americanos, os EUA treplicam nos minérios, plástico e papel. Os preços todos se desequilibram. Os dois gigantes crescem menos, o mundo todo empaca a reboque, e isso é só a fotografia panorâmica.

Cada vez que se altera um preço à força, toda a cadeia produtiva refaz as contas. Não é só o fornecedor imediato, mas o fornecedor do fornecedor do fornecedor. O cliente do cliente do cliente também não escapa.

Já o amor pode surgir como relâmpago e levar anos se esvaindo, desbotando como as flores presas entre os verbetes "belas-artes" e "benefícios", até que ninguém se lembre de onde vieram, que significado tiveram e por que foram guardadas ali.

Não há pistas nem mesmo nas palavras ao redor: bélico, beliscão, bem-vindo, belzebu são alguns dos termos que aparecem, disparatados.

Também polarizada, a política eleitoral deste ano fica entre a paixão e a economia.

De um lado, eleitores arrebatados à primeira vista podem patrocinar relacionamentos decadentes, destino provável dos que não quiseram se conhecer bem antes nem investir o suficiente depois.

Do outro, manifestantes que pedem intervenção militar aceitam o risco de destruir de um só golpe democracia que vem sendo lentamente construída ?"lentamente, mas construída.

(Para evitar palavra vulgar como "bagunça", naquele dia optamos por desajuste.)
Herculano
24/07/2018 06:50
da série: o que os nossos deputados federais e senadores fizeram contra os pagadores de pesados impostos. Estamos subsidiando bebidas e refrigerantes viciantes e que fazem mal à saúde.

COCA E AMBEV RACHAM ESQUERDA, por José Casado, no jornal O Globo.

No embate sobre quais multinacionais merecem privilégios estatais, PCdoB e PT reafirmaram a velha política de transferência de renda dos pobres para os mais ricos

Estava eufórica: "Comemoro nossa grande vitória, vitória do Brasil".

Vanessa Grazziotin, senadora pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) do Amazonas, celebrava a garantia de uma renúncia fiscal de R$ 3,8 bilhões por ano no Orçamento da União para os produtores de refrigerantes instalados na Zona Franca de Manaus. Os principais beneficiários são empresas multinacionais, donas de mais de 80% das vendas no país.

Grazziotin exalava alegria porque conseguira impedir um corte de R$ 1,6 bilhão nas benesses estatais a essas empresas privadas. Michel Temer havia decretado redução nos incentivos, para usar o dinheiro em subsídios ao preço do diesel da Petrobras. A senadora do PCdoB comandou a derrubada da decisão do "governo golpista" no Senado, semana passada.

"Esses recursos iriam bater, diretamente, no caixa da Ipiranga, da Shell e outras", disse, abstraindo a Petrobras, que é dona de 80% do mercado de diesel.

Houve desconforto no bloco oposicionista. "O que a gente anda votando aqui?", protestou o líder do Partido dos Trabalhadores, Lindbergh Farias. "Isso é subsídio. Sabe quanto recurso público entra numa lata de refrigerante? De R$ 0,15 a R$ 0,20. É escandaloso!"

A cena era inusitada: a autodenominada esquerda rachou num embate sobre privilégios do Estado para dois ícones do capitalismo global, Coca-Cola e Ambev, beneficiários de dois terços dos incentivos dados ao setor de refrigerantes.

O PCdoB defendia o ajutório estatal às multinacionais em Manaus, como "alternativa à devastação da Floresta Amazônica". A Zona Franca custa R$ 20 bilhões anuais aos cofres públicos.

O PT atravessou a última década apoiando subsídios de R$ 1,5 bilhão por ano às multinacionais de automóveis. Resolveu condenar subsídios às de refrigerantes, perfilando-se ao "golpista" Temer.

Adversário de ambos, e com família dona de concessionárias da Coca-Cola, Tasso Jereissati (PSDB-CE) interveio: "Senador Lindbergh, eu gostaria de saber por que, durante os 12 anos do PT, esse benefício foi concedido?" Ouviu insultos.

Sob Lula e Dilma, a Zona Franca de Manaus foi prorrogada por mais meio século, até 2073. Eles aumentaram o bolo de renúncias fiscais ao ritmo de 16% ao ano acima da inflação. Subsídios diretos somaram R$ 723 bilhões entre 2007 e 2016, valor maior que os gastos do sistema público de saúde durante sete anos.

Outros R$ 400 bilhões foram transferidos a grupos privados via empréstimos do BNDES, com aumento da dívida pública.

De cada dez reais em subsídios concedidos, oito são repassados sem transparência. Não há controle de eficiência, e a maior parte sequer tem prazo de validade - em tese, é perene.

As dádivas estatais multiplicam lucros das empresas privilegiadas, nacionais ou estrangeiras. Remetidos ao exterior, esses lucros são taxados como royalties nos países-sede dos grupos controladores.

Nesse enredo, o Brasil presenteia impostos, as empresas ganham, e os governos ricos abocanham fatias do lucro verde-amarelo ao tributá-los pesadamente.

No embate sobre quais multinacionais merecem privilégios do Estado, PCdoB e PT reafirmaram a velha política de transferência de renda dos pobres para os mais ricos.
Herculano
24/07/2018 06:43
PT QUER CONTROLE SOCIAL DO JUDICIÁRIO

Conteúdo do BR 18. Fernando Haddad segue sua jornada de entrevistas como dublê de coordenador de programa de governo e candidato reserva do PT à Presidência. Ao Estadão, detalhou a proposta de ampliar o controle externo do Judiciário e de órgãos como o Ministério Público ampliando sua "diversidade de representação", para que não sejam corporativistas.

Também defendeu mandato, que poderia ser de 12 anos, para ministros do STF. Disse que Lula, que está preso e teve 6 dos 5 votos do Supremo contrários à concessão de um habeas corpus a seu favor, "se ressente" de ter feito escolhas muito isoladas para a Corte.
Herculano
24/07/2018 06:40
DEBATE POLÍTICO DA CAMPANHA SERÁ TÃO FAJUTO QUANTO SUAS ALIANÇAS, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S.Paulo

Viciados na regra do jogo, candidatos flertam com atores que apontam como vilões

No fim do ano passado, Ciro Gomes (PDT) deu ênfase às palavras para dizer que não seria incoerente em suas alianças. "Não confraternizo com golpista", declarou. Sete meses depois, jantou com Rodrigo Maia (DEM) e caciques de PP, Solidariedade e PRB - personagens centrais do impeachment.

A atitude camaleônica dos presidenciáveis é a prova de que os vícios do jogo político são, na verdade, regras oficiais. Com naturalidade, os principais concorrentes mostraram sua disposição em encarar a lógica das conveniências eleitorais.

Ciro afirmava que as coalizões presidencialistas eram arranjos com "expectativa de roubalheira". Em tom quase lamurioso, agora diz que precisa "aceitar este balé".

Não foi por outro motivo que Jair Bolsonaro (PSL) flertou com Valdemar Costa Neto. Quando estava prestes a assinar com o PR, esbravejava contra aqueles que o questionavam: "Vocês querem que eu fique sem televisão, é isso?".

Bolsonaro perdeu Valdemar, mas atacou com gosto o acerto do centrão com Geraldo Alckmin (PSDB). Em sua convenção, agradeceu ao tucano por ter "juntado a nata do que há de pior no Brasil a seu lado".

Alckmin embarcou na desfaçatez ao criticar o passado de Bolsonaro no PP: "O grande mentor dele era o Paulo Maluf". Fingiu que o deputado preso nunca teve cargos em seu governo. Na campanha, Alckmin certamente tentará vender o rompimento de meia-tigela do PSDB (o mesmo de Aécio Neves) com Michel Temer após o escândalo da JBS.

Abatido pelo impeachment, o PT adoraria posar de vítima dos mandachuvas da política. Bastaria omitir que a sigla entrou na fila de Valdemar nesta eleição - sem falar na sociedade de seis anos com o MDB.

O debate sobre as negociatas partidárias será tão fajuto quanto os acordos que os nortearam. Alianças e o futuro governo se sustentarão sobre plataformas furadas. Viciados no jogo como ele é, todos prometerão uma reforma política que, se depender deles, jamais virá
Miguel José Teixeira
23/07/2018 20:57
Senhores,

Atentem para o sonho do "foro se São Paulo", se realizando, na república bolivariana, icone Petralha:

"FMI projeta inflação de 1.000.000% na Venezuela para 2018"

+em: https://g1.globo.com/economia/noticia/fmi-projeta-inflacao-de-1000000-na-venezuela-para-2018.ghtml

o maduro vai acabar pedindo folha de coca seca ao evo morales, para imprimir o réles "bolívar venezuelano".

Vade retro, corja vermelha!!!

Miguel José Teixeira
23/07/2018 20:10
Senhores,

Dos 3 (três) candidatos apontados pelo Colaborador Carlos Cesar, fico, no primeiro turno, sem medo de ser feliz:

JOÃO AMOÊDO!

Economista, Administrador e Engenheiro!

E não está envolvido com a corja, que está propensa a formar um chapão único, para ninguém perder a "teta da viúva", abastecida com o suor nosso de cada dia. . .

Lembrem-se: em 2018 já perdemos a Copa. Mas não podemos perder a peleja: NÃO REELEJA!
Carlos Cesar
23/07/2018 18:32
Boa tarde Herculano.
Sobre o texto do "Reinaldo Azevedo, na Rede TV"

Todos sabem dá amizade colorida que ele tem com o Geraldo Alckmin. E por que atacar o Bolsonaro? Porque é aí que estão os votos do Alckmin.
Desmoraliza-lo afim de atrair votos para o Alckmin é falta de conteúdo dele. Por que não comenta sobre os pontos positivos do candidato Alckim? Porque teria que explicar sobre o envolvimento na Lava Jato, teria que explicar a negociação que ele fez com o partido Solidariedade para a volta da contribuição social dos sindicatos, etc...Já fui eleitor do Alckmin e não me engana mais, assim como o MDB, PT, PP, PSB, PDT, DEM.
Hoje divido minhas atenções com 3 candidatos, Álvaro Dias, Bolsonaro e João Amoedo, já que o Flavio Rocha desistiu.
Não são os melhores, mas são os menos piores, e pelo menos mostram mudanças interessantes na conduta desse País.
Não gosto de apostar, porque pode custar muito caro, mas, acredito que entre os candidatos que estão no cenário, os três que eu citei merecem mais atenção e credibilidade.
O que você pensa sobre o cenário que está se apresentando? É muito cedo ainda?
Abraço e ótima semana.
Herculano
23/07/2018 15:09
IMPRESSIONANTE.

NAS REDES SOCIAIS ONDE ESTE COMENTÁRIO ESTÁ NUM LINK, TEM GENTE ORIENTADA POR POLÍTICOS NO PODER DE PLANTÃO EM GASPAR, DUVIDANDO QUE A "CASA LAR SEMENTES DO AMANHÃ" VÁ FECHAR.

A PRóPRIA PREFEITURA DE GASPAR DEPOIS DE NEGAR QUE ISSO ACONTECERIA E DESMENTIDO A COLUNA, CONFIRMOU O FECHAMENTO, AO MENOS TEMPORARIAMENTE.

E VÃO TENTAR REABRIR,SOMENTE DEVIDO A PRESSÃO DA SOCIEDADE. TIVERAM UM ANO E MEIO PARA EVITAR ISSO, E NÃO FIZERAM NADA. ACORDA, GASPAR!
Herculano
23/07/2018 11:00
POLÍTICOS BANDIDOS, POLÍTICA PODRE, por Mário Simas Filho, na revista IstoÉ

Em mais de três décadas em redações de jornais e revistas tive a oportunidade de vivenciar um número enorme de crises que assolaparam o Brasil nos últimos anos. Como jornalista, muitas vezes estive em contato direto com os responsáveis pelas hecatombes que senti na pele como cidadão. Mas, jamais ao longo desses 30 e poucos anos vi o País sucumbir como agora. Houve, é verdade, momentos em que deixamos de crescer, em que o desemprego assombrava as famílias - sobretudo as mais pobres. Momentos em que o dragão da inflação queimava o poder aquisitivo antes mesmo de o salário ser creditado. Momentos em que investimento público era apenas retórica. Agora, é pior do que tudo isso. Muito Pior! Constata-se, com toda a crueldade possível, que estivemos e estamos tutelados por políticos bandidos (de todas as cores), usurpadores dos bens públicos e incompetentes na gestão do Estado.

Se até pouco tempo atrás roubavam sobre o que faziam, a estrada, a escola, o hospital, o carro de polícia... , de aproximadamente 16 anos para cá só roubam e nada constroem. O que está cada vez mais cristalino é o fato de estarmos regredindo. Doenças tidas como extintas voltam e matam os mais simples. O índice de mortalidade infantil aumenta, no momento em que o mundo da medicina avança a passos largos. Isso envergonha mais do que os mergulhos de Neymar! As relações de trabalho se equiparam, em muitos casos, ao período pré-princesa Isabel. O acesso aos serviços públicos é cada vez mais difícil. A educação é chacota e a segurança simplesmente não existe.

Isso tudo se deve duas questões absurdamente cruéis: corrupção e aparelhamento do Estado. Não bastasse os desvios de recursos, nos últimos anos as tarefas fins do Estado foram entregues a incompetentes. Graças a ação política rastaquera, os segundo, terceiro e quatro escalões do governo foram entregues a incapazes.

Políticos bandidos geram uma política podre. Mas, renegar a política como instrumento de transformação pode representar um atraso ainda maior. Já sabemos que devemos, nas urnas, punir corruptos e mentirosos. Mas temos também que dar um basta à palhaçada. Não dá para nesse momento aplaudir trogloditas de plantão que prometem bater até na sombra, mas que durante a vida toda viveram com recursos públicos e nada têm para mostrar à sociedade. Também não se pode levar a sério aqueles que planejam mudar os fatos e criam um discurso próprio para limpar biografias enlameadas. Tá difícil, mas podemos achar um caminho.

O que está cada vez mais cristalino é o fato de estarmos regredindo. Doenças tidas como extintas voltam e matam os mais simples
Herculano
23/07/2018 10:55
TRUMP AMEAÇA IRÃ COM TWEET EM CAIXA ALTA

Conteúdo de Veja. A publicação é resposta ao líder iraniano, Hassan Rohani, que pediu aos EUA para não fazerem provocações, sugerindo que isso desencadearia uma guerra.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu hoje (23) o líder do Irã, Hassan Rohani, que "não volte nunca mais a ameaçar os Estados Unidos" se não quiser "sofrer consequências históricas". Em um tweet explosivo, publicado todo em caixa alta, equivalente a berros na "língua do mundo online", o presidente americano respondeu a provocações feitas na noite anterior pelo dirigente iraniano.

"Ao presidente iraniano Rohani: NUNCA MAIS VOLTE A AMEAÇAR OS ESTADOS UNIDOS OU SOFRERÁ CONSEQUÊNCIAS COMO AS QUE POUCOS SOFRERAM NA HIST?"RIA ANTES", escreveu Trump em sua conta do Twitter. "JÁ NÃO SOMOS UM PAÍS QUE AGUENTARÁ SUAS PALAVRAS INSANAS DE VIOLÊNCIA E MORTE. SEJA CAUTELOSO!"
Herculano
23/07/2018 10:48
A CÚPULA DA PREFEITURA DE GASPAR ESTÁ LENDO A COLUNA OLHANDO A MARÉ, A MAIS ACESSADA. E ESTÁ INCONFORMADA. EU TAMBÉM...
Herculano
23/07/2018 10:46
EBC COMBATE FARRA DE LICENÇAS COM PERÍCIA MÉDICA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta segunda-feira nos jornais brasileiros

A estatal Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), do governo federal, vai instaurar processos administrativos, que podem gerar demissões e ressarcimento de valores, em decorrência de 2.845 afastamentos de funcionários sob "licença médica" somente entre janeiro e junho deste ano. A direção da EBC decidiu contratar uma perícia médica para investigar a suspeita de fraude nas licenças.

PENSE NUM ABSURDO
Acordos danosos à EBC, em gestões anteriores, criaram a cultura da malandragem: quem está de licença ganha mais do que quem trabalha.

DIREITO À MALANDRAGEM
Além das licenças médicas, há as "licenças de acompanhamento", que, embora sejam de 5 dias, podem ser prorrogadas indefinidamente.

EQUILÍBRIO AMEAÇADO
O impacto da malandragem na EBC é tão grave que já ameaça o equilíbrio atuarial da previdência privada dos funcionários.

BEMBOM REMUNERADO
Os afastamentos espertos ocorrem em todas as áreas da EBC, mas é maior na Diretoria de Jornalismo: 777 licenças no primeiro semestre.

LULA Só NÃO É INELEGÍVEL PORQUE NÃO SE REGISTROU
O petista Lula, condenado em segunda instância a 12 anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, só não foi decretado ficha suja pela Justiça Eleitoral porque o PT ainda não oficializou seu registro de candidatura. Ao negar pedido do MBL para declarar Lula inelegível desde já, a ministra Rosa Weber, do STF, explicou: a declaração de inelegibilidade requer que o partido escolha o candidato e o registre.

EX-OFFICIO
Uma vez feito o registro de candidatura de um ficha suja em potencial, o juiz pode decretar o candidato ficha suja "ex-officio", ou seja, sozinho.

ATÉ O ÚLTIMO MOMENTO
As convenções partidárias se encerram no dia 5 de agosto e o prazo máximo para o registro das candidaturas é 15 de agosto.

PACIÊNCIA, MUITA PACIÊNCIA
"O Direito tem seu tempo, institutos, ritos e formas em prol basicamente da segurança jurídica, essencial à vida em sociedade", explicou Weber.

VOTOS AOS MILHõES
O número de eleitores no Brasil aumentou 2,2% em relação às eleições de 2016, mostra levantamento do site Diário do Poder. Ao todo os 3,2 milhões de novos eleitores podem decidir qual candidato vai para 2º turno ou até mesmo quem vencerá a disputa pelo Planalto.

POTENCIAIS VICES
Nenhum dos partidos (PDT, PSC, PCB, PSOL e PSL) que lançam candidaturas presidenciais neste fim de semana têm candidatos a vice. Também são potenciais candidatos a vice de outros partidos.

DIFÍCIL DE ENTENDER
O PRB de Flávio Rocha, dono da rede de lojas Riachuelo que desistiu da candidatura a presidente, deve realizar sua convenção partidária no dia 1º, mas não sabe se vai de Ciro Gomes ou Geraldo Alckmin.

WALDIR INSISTE
O deputado Waldir Maranhão (PSDB) insiste que será candidato ao Senado no Maranhão. A sua chapa, no entanto, já tem candidatos no seu lugar. Ele largou o PP, após apoiar o PT, para tentar ser senador.

FALTAM CANDIDATAS
Até este momento, na eleição do Distrito Federal, há apenas uma mulher oficialmente pré-candidata ao Senado Federal. É Leany Lemos (PSB), ex-secretária de Planejamento do governo Rodrigo Rollemberg.

ANALFABETOS DIGITAIS
Dos 116 milhões de conectados, 94,2% trocaram mensagens no Face e/ou WhatsApp, diz o IBGE. O Instituto de Tecnologia e Equidade diz que isso mostra a necessidade de se "alfabetizar digitalmente" o Brasil.

ALDO, PRESIDENTE
Apesar de admitir que as alianças políticas são fundamentais para vencer as eleições deste ano, o ex-ministro Aldo Rebelo (SD) deve lançar sua candidatura a presidente no próximo sábado (28).

DOAÇõES AUTORIZADAS
O TSE liberou este ano o financiamento coletivo pela internet para os candidatos, mas as doações só podem ser feitas através de empresas devidamente cadastradas na Justiça Eleitoral. Já são 40 empresas.

PENSANDO BEM...
...na primeira eleição majoritária após a Lava Jato, quem deve vencer é a política "tradicional".
Herculano
23/07/2018 10:37
PSDB AMEAÇA ROMPER ACORDO COM PTB EM PERNAMBUCO, por Andreza Matais, na Coluna Estadão, no jornal O Estado de S. Paulo

A aliança de Geraldo Alckmin com o Centrão precisa de ajustes nos Estados. No Mato Grosso, o governador e candidato à reeleição Pedro Taques (PSDB) aliou-se ao PSL, por isso abrirá seu palanque também para Jair Bolsonaro. Já o PR, que vai indicar Josué Gomes como vice do presidenciável tucano, fechou com o PT do Mato Grosso. Em Pernambuco, os tucanos começam a avaliar romper o acordo com Armando Monteiro (PTB) para lançar o deputado Bruno Araújo ao governo. O motivo: O petebista declarou apoio ao presidenciável do PT. Nacionalmente, o PTB foi o primeiro partido a apoiar Alckmin.

Veto.
Bruno Araújo seria o candidato ao Senado na chapa de Armando Monteiro. Foi rifado justamente por ter dado o voto 342, que definiu o impeachment da petista Dilma Rousseff.

Beco sem saída.
Nesta semana, o PSDB de Pernambuco vai procurar Geraldo Alckmin para uma definição sobre o impasse. O argumento: será difícil explicar ao eleitor a composição com um aliado de Lula, além de o presidenciável ficar sem palanque no sétimo colégio eleitoral do País.

Tem mais.
O candidato do PT ao Planalto já conta com três palanques em Pernambuco. Além de Monteiro, o governador Paulo Câmara (PSB) e Marília Arraes (PT). Os tucanos querem os votos dos 40% que se declaram anti-petistas.

Muito barulho...
Coordenador-geral da campanha de Alckmin, o senador Tasso Jereissati bancou, em agosto, o polêmico programa partidário que condenava o "presidencialismo de cooptação". A peça levou o Centrão, agora aliado, a pedir a Michel Temer a demissão dos ministros tucanos.

...Por nada.
Tasso passou os últimos dez dias na Rússia e retoma as atividades políticas hoje. Na propaganda partidária, o PSDB disse que "errou ao ceder ao jogo da velha política" e condenou alianças "com políticos ou partidos que só querem vantagens pessoais e não pensam no País."

O culpado.
O deputado estadual Flávio Bolsonaro (RJ) foi apelidado por Valdemar Costa Neto de "general baby". A postura dele é apontada pelo chefe do PR como o motivo de a aliança em torno de Jair Bolsonaro não ter se viabilizado.

Lotação.
O governo avalia que a EBC está inchada e estima ser necessário reduzir o quadro de pessoal em 1/3. Criada pelo ex-presidente Lula, a empresa de mídia tem 2.307 empregados.

Jabuticaba.
Como os funcionários são concursados, embora contratados no regime CLT só podem ser demitidos se os setores em que trabalham forem extintos.

Ideia.
O governo também acha necessário elaborar uma diretriz para os atestados médicos. Considera que há abusos. Foram 2.845 no primeiro semestre.

CLICK. Cotada para vice de Jair Bolsonaro, Janaina Paschoal se encontrou, ontem, pela primeira vez com ele. Antes disso, só haviam se falado duas vezes pelo telefone.

O troco.
A cada vez que o presidenciável Ciro Gomes (PDT) alfineta o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), aliados do emedebista divulgam pesquisas que mostram Jair Bolsonaro (PSL) na frente no Ceará. O cearense Ciro retirou o apoio à reeleição do senador.

Bateu, levou.
O advogado Leonardo Dourado rebate as críticas de que defensores tentam faturar com ações questionando o Fundeb. "Quem causou o prejuízo foi a União", afirma. Ele defende mais de 40 municípios e diz ter ingressado com ações há 20 anos. O tema opôs a PGR aos advogados.

PRONTO, FALEI!

"Vejo partidos olhando para o umbigo, pensando em se afirmar. E o Brasil, o interesse nacional, em segundo plano", DO DEPUTADO ORLANDO SILVA (PCdoB-SP), sobre a desunião da esquerda na eleição presidencial.
Herculano
23/07/2018 10:27
PT E ALCKMIN PODEM DUELAR, MAS SEM DEBATER À CORRUPÇÃO, por Leandro Colon,diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo.

O padrinho do nome petista está na cadeia, e os fiadores do nome tucano são velhos conhecidos da Lava Jato

Os protagonistas das duas principais convenções presidenciais realizadas até agora são opostos ideologicamente e compartilham o sentimento de isolamento partidário e de perspectiva de competitividade.

Esnobado pelo centrão, Ciro Gomes modulou de última hora seu discurso na sexta (20), buscando um clima de paquera com setores da esquerda indefinida, sobretudo o PSB.

Rejeitado pelo PR, Bolsonaro nada apresentou de novo no evento do PSL no Rio que o lançou oficialmente ao Planalto. Saiu de lá sem um vice formalizado e ainda sonhando em conseguir mais alguns segundos de TV para ir além do "meu nome é Jair".

Em um exercício arriscado de futurologia política, faz sentido apostar que a dupla Ciro e Bolsonaro terá muita dificuldade em se manter competitiva até o dia 7 de outubro.

Sim, o imponderável sempre é capaz de balançar eleições. Foi assim em 2006, quando estourou o escândalo dos aloprados na véspera da reeleição de Lula. Em 2010, a campanha de Dilma Rousseff (PT) foi acusada de ter montado um bunker para espionar a turma de José Serra e de ter ligação com a violação de sigilos da filha do então candidato tucano.

Há quase quatro anos, o desastre aéreo que matou Eduardo Campos bagunçou por algumas semanas o cenário daquela eleição presidencial.

Os episódios acima preencheram manchetes, mas não alteraram o curso do resultado final. Lula, apesar dos aloprados, foi reeleito. Dilma, mesmo com a ação ilegal atribuída a correligionários, levou a melhor sobre o PSDB há oito anos (e em 2014).

Teimando com a perigosa mania de adivinhar a política, faz também sentido apostar que 2018 vai repetir a disputa PSDB x PT - no caso, Alckmin contra o candidato de Lula (Fernando Haddad ou Jaques Wagner).

A única certeza é que nenhum lado terá a ousadia de levantar o debate de combate à corrupção. O padrinho do nome petista está na cadeia, condenado em segunda instância, e os fiadores do nome tucano são velhos conhecidos dos escaninhos de inquéritos da Lava Jato.
Herculano
23/07/2018 10:23
JORNALISMO QUE COME POEIRA DOS POLÍTICOS ESPERTOS E NÃO CUMPRE A SUA FUNÇÃO SOCIAL

De Renato Igor, da CBN Diário, da NSC Florianópolis, no Twitter

Deputado estadual pode, hoje, contratar serviço de avião UTI, viajar para EUA, na companhia de médico e familiar e fazer tratamento médico-hospitalar. Tudo sem plano de saúde, sem contrapartida, tudo bancado pela Alesc. MP vai apurar.
Herculano
23/07/2018 10:19
CONVENÇÃO DO PSL QUE OFICIALIZOU CANDIDATURA DE BOLSONARO FOI UM "FREAK SHOW" IDEOLóGICO. HAVIA CRIANCINHAS FAZENDO ARMA COM OS DEDOS... por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Pronto! A convenção do PSL oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro para a Presidência da República. Quando o petista Luiz Inácio Lula da Silva não aparece nas pesquisas de intenção de votos, o capitão reformado disputa o primeiro lugar com Marina Silva, da Rede, mas aparece numericamente à frente. Num eventual segundo turno, ela o derrotaria. Relatos dos repórteres dos mais diversos veículos, ainda que imbuídos do óbvio esforço da objetividade, não conseguiram disfarçar: o que se viu no Centro de Convenções SulAmérica, no Estácio, região central do Rio, foi um verdadeiro "freak show" ideológico.

Havia criancinhas vestidas de militares; prosélitos da monarquia - talvez confundam varizes com sangue azul -; um sujeito com traje entre o policial e o motoqueiro, com capacete e máscara contra gases; um grupelho que distribuía um manifesto contra a comunização do Brasil etc. Um garotinho de cabelo encaracolado, para orgulho dos pais, simulou uma arma com os dedos, repetindo o gesto que o próprio Bolsonaro levara uma menininha a fazer na quinta passada, em Goiânia. No manifesto da turma que vê o Brasil à beira da revolução comunista. diga-se, afirma-se que o Estatuto do Desarmamento - chamado de "desarmamento da população" - responde pelo aumento da violência no Brasil, o que é uma mentira facilmente desmontável e demonstrável. Mas e daí? Ninguém ali tem tempo para detalhes que possam levar à verdade.

Jair Bolsonaro (PSL) é o candidato da Lava Jato. A convenção do PSL que oficializou o seu nome, note-se, vem a público quase ao mesmo tempo em que o procurador Deltan Dallagnol espalha nas redes um vídeo, gravado em seu local de trabalho e durante o expediente, em companhia da também procuradora Isabel Groba Vieira, em que ele chama a atenção para as agora 70 medidas contra a corrupção, elaboradas por um grupo de entidades. Isto mesmo: o autor das 10 medidas - três delas de caráter fascistoide - agora defende nada menos de 70.

E, por óbvio, não deu outra: no "freak show" bolsonarista, naquela verdadeira exposição de horrores, o sentimento era um só: o país está tomado por corruptos; os brasileiros são enganados todo o tempo por políticos ladrões - menos a Família Bolsonaro, é claro! - e precisamos de um líder que saiba dar murro na mesa, que não dê bola para frescuras como direitos humanos, que seja politicamente incorreto só para botar esquerdistas em seu devido lugar e que tenha a preocupação de educar desde cedo as criancinhas, como vimos.

Jair Messias Bolsonaro, em seu discurso, negou que seja um, digamos, messiânico. Mas não resistiu. Disse que quem prometeu dar a vida pela pátria poderia dá-la também para presidir o Brasil. O mais próximo de uma guerra que ele lutou foi uma prisão por indisciplina quando estava na ativa. Não! Não dá para aceitar calado. Aquele que espalha a cultura da violência entre crianças, ainda que sob o pretexto defensivo, não é exatamente um postulante a um cargo público. É uma aberração moral e uma monstruosidade ética.

Vale dizer: o conteúdo que ele expressa, depois de filtrar a realidade, apela ao grotesco, ao violento, aos símbolos da morte. E aí está a deformação moral. As relações públicas que estimula incentivam o confronto, a intolerância, a barbárie. Daí a monstruosidade ética. E, como é visível, ele se diverte em excitar o pior de cada um. Na cola das baixarias produzidas por Donald Trump em sua campanha - o futuro impichado da Presidência dos EUA -, também o nosso troglodita resolve corrigir a boçalidade de hoje com a de amanhã, que será superada pela do dia seguinte. Assim ele garante sua presença no noticiário. Ainda que este lhe seja negativo, tudo bem! Isso serve para alimentar os seus furiosos nas redes sociais, que, então, atacam "a mídia", que promoveria uma perseguição contra seu pensador.

O episódio da garotinha é só a expressão mais constrangedora da cultura da morte. Este senhor já é réu no Supremo por incitação ao estupro e injúria e foi denunciado por racismo pela Procuradoria-Geral da República no caso da ofensa aos quilombolas. O relator do primeiro caso é Luiz Fux, que está sentado sobre o processo; o do segundo é o ministro Marco Aurélio. Nas duas circunstâncias, o deputado apela à imunidade parlamentar e ao direito que teria de, titular de um mandato, dizer o que lhe dá na telha, o que incluiria considerar o estupro um merecimento que só deve contemplar as mulheres bonitas.

Dizer desta vez o quê? O Ministério Público Federal tem à sua disposição o Estatuto da Criança e do Adolescente para atuar. Bolsonaro é hoje um queridinho de promotores e procuradores. Assim como Deltan Dallagnol em seu vídeo gravado durante o expediente ?" uma expressão da improbidade administrativa -, todos ficamos sabendo que o Brasil tem um só e agudo problema: e seu nome é "corrupção". Aquele que se dedicar a combater esse mal estaria apto a governar o Brasil, ainda que confesse, e o fez de novo em entrevista ao Globo, a sua brutal ignorância em economia e em qualquer outra coisa que diga respeito à administração pública. O país estaria a precisar de uma liderança moral. E ele, então, se oferece parar ser essa alternativa.

Ah, é verdade! A esquerda pode chamar de "fascista" até o Teorema de Pitágoras, não é? Como obrigar que o quadrado da soma dos catetos seja igual ao quadrado da hipotenusa? Abusa-se da qualificação para, bem..., desqualificar um adversário. No que me diz respeito, jamais abandonei o termo "fascistoide" para designar esquerdistas ou direitistas que fazem da intolerância a sua profissão de fé. Bolsonaro é um "fascista"? Falta um contexto histórico que justifique a designação. Mas é um fascistoide, vale dizer: atua à moda de um fascista extemporâneo. Todas as suas postulações apelam ao reacionário, à marcha para trás da história, à revolta das supostas vítimas que sonham com a possibilidade de oprimir aqueles que consideram seus opressores. A clientela para a sua pregação é vasta: pode seduzir tanto uma criada Juliana, saída do romance "O Primo Basílio", de Eça de Queiroz, como o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade.

Juliana considera que a responsável por sua vida amarga é Luísa, a patroa: rica, mimada, adúltera. Ela, Juliana, não! Tem uma vida reta e só colhe dissabores. Andrade, ora vejam, sente-se oprimido pelos sindicatos e pelas esquerdas. Bolsonaro alimenta os sonhos de vingança das Julianas e dos Andrades contra o que umas e outros julgam ser seus opressores. Em qualquer caso, a resposta se dá pelas mãos de um certo Messias, que considera, como os procuradores, a política o mal do mundo. Embora todos façam política: Juliana, Andrade, Messias e os procuradores
Herculano
23/07/2018 10:19
CONVENÇÃO DO PSL QUE OFICIALIZOU CANDIDATURA DE BOLSONARO FOI UM "FREAK SHOW" IDEOLóGICO. HAVIA CRIANCINHAS FAZENDO ARMA COM OS DEDOS... por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Pronto! A convenção do PSL oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro para a Presidência da República. Quando o petista Luiz Inácio Lula da Silva não aparece nas pesquisas de intenção de votos, o capitão reformado disputa o primeiro lugar com Marina Silva, da Rede, mas aparece numericamente à frente. Num eventual segundo turno, ela o derrotaria. Relatos dos repórteres dos mais diversos veículos, ainda que imbuídos do óbvio esforço da objetividade, não conseguiram disfarçar: o que se viu no Centro de Convenções SulAmérica, no Estácio, região central do Rio, foi um verdadeiro "freak show" ideológico.

Havia criancinhas vestidas de militares; prosélitos da monarquia - talvez confundam varizes com sangue azul -; um sujeito com traje entre o policial e o motoqueiro, com capacete e máscara contra gases; um grupelho que distribuía um manifesto contra a comunização do Brasil etc. Um garotinho de cabelo encaracolado, para orgulho dos pais, simulou uma arma com os dedos, repetindo o gesto que o próprio Bolsonaro levara uma menininha a fazer na quinta passada, em Goiânia. No manifesto da turma que vê o Brasil à beira da revolução comunista. diga-se, afirma-se que o Estatuto do Desarmamento - chamado de "desarmamento da população" - responde pelo aumento da violência no Brasil, o que é uma mentira facilmente desmontável e demonstrável. Mas e daí? Ninguém ali tem tempo para detalhes que possam levar à verdade.

Jair Bolsonaro (PSL) é o candidato da Lava Jato. A convenção do PSL que oficializou o seu nome, note-se, vem a público quase ao mesmo tempo em que o procurador Deltan Dallagnol espalha nas redes um vídeo, gravado em seu local de trabalho e durante o expediente, em companhia da também procuradora Isabel Groba Vieira, em que ele chama a atenção para as agora 70 medidas contra a corrupção, elaboradas por um grupo de entidades. Isto mesmo: o autor das 10 medidas - três delas de caráter fascistoide - agora defende nada menos de 70.

E, por óbvio, não deu outra: no "freak show" bolsonarista, naquela verdadeira exposição de horrores, o sentimento era um só: o país está tomado por corruptos; os brasileiros são enganados todo o tempo por políticos ladrões - menos a Família Bolsonaro, é claro! - e precisamos de um líder que saiba dar murro na mesa, que não dê bola para frescuras como direitos humanos, que seja politicamente incorreto só para botar esquerdistas em seu devido lugar e que tenha a preocupação de educar desde cedo as criancinhas, como vimos.

Jair Messias Bolsonaro, em seu discurso, negou que seja um, digamos, messiânico. Mas não resistiu. Disse que quem prometeu dar a vida pela pátria poderia dá-la também para presidir o Brasil. O mais próximo de uma guerra que ele lutou foi uma prisão por indisciplina quando estava na ativa. Não! Não dá para aceitar calado. Aquele que espalha a cultura da violência entre crianças, ainda que sob o pretexto defensivo, não é exatamente um postulante a um cargo público. É uma aberração moral e uma monstruosidade ética.

Vale dizer: o conteúdo que ele expressa, depois de filtrar a realidade, apela ao grotesco, ao violento, aos símbolos da morte. E aí está a deformação moral. As relações públicas que estimula incentivam o confronto, a intolerância, a barbárie. Daí a monstruosidade ética. E, como é visível, ele se diverte em excitar o pior de cada um. Na cola das baixarias produzidas por Donald Trump em sua campanha - o futuro impichado da Presidência dos EUA -, também o nosso troglodita resolve corrigir a boçalidade de hoje com a de amanhã, que será superada pela do dia seguinte. Assim ele garante sua presença no noticiário. Ainda que este lhe seja negativo, tudo bem! Isso serve para alimentar os seus furiosos nas redes sociais, que, então, atacam "a mídia", que promoveria uma perseguição contra seu pensador.

O episódio da garotinha é só a expressão mais constrangedora da cultura da morte. Este senhor já é réu no Supremo por incitação ao estupro e injúria e foi denunciado por racismo pela Procuradoria-Geral da República no caso da ofensa aos quilombolas. O relator do primeiro caso é Luiz Fux, que está sentado sobre o processo; o do segundo é o ministro Marco Aurélio. Nas duas circunstâncias, o deputado apela à imunidade parlamentar e ao direito que teria de, titular de um mandato, dizer o que lhe dá na telha, o que incluiria considerar o estupro um merecimento que só deve contemplar as mulheres bonitas.

Dizer desta vez o quê? O Ministério Público Federal tem à sua disposição o Estatuto da Criança e do Adolescente para atuar. Bolsonaro é hoje um queridinho de promotores e procuradores. Assim como Deltan Dallagnol em seu vídeo gravado durante o expediente ?" uma expressão da improbidade administrativa -, todos ficamos sabendo que o Brasil tem um só e agudo problema: e seu nome é "corrupção". Aquele que se dedicar a combater esse mal estaria apto a governar o Brasil, ainda que confesse, e o fez de novo em entrevista ao Globo, a sua brutal ignorância em economia e em qualquer outra coisa que diga respeito à administração pública. O país estaria a precisar de uma liderança moral. E ele, então, se oferece parar ser essa alternativa.

Ah, é verdade! A esquerda pode chamar de "fascista" até o Teorema de Pitágoras, não é? Como obrigar que o quadrado da soma dos catetos seja igual ao quadrado da hipotenusa? Abusa-se da qualificação para, bem..., desqualificar um adversário. No que me diz respeito, jamais abandonei o termo "fascistoide" para designar esquerdistas ou direitistas que fazem da intolerância a sua profissão de fé. Bolsonaro é um "fascista"? Falta um contexto histórico que justifique a designação. Mas é um fascistoide, vale dizer: atua à moda de um fascista extemporâneo. Todas as suas postulações apelam ao reacionário, à marcha para trás da história, à revolta das supostas vítimas que sonham com a possibilidade de oprimir aqueles que consideram seus opressores. A clientela para a sua pregação é vasta: pode seduzir tanto uma criada Juliana, saída do romance "O Primo Basílio", de Eça de Queiroz, como o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade.

Juliana considera que a responsável por sua vida amarga é Luísa, a patroa: rica, mimada, adúltera. Ela, Juliana, não! Tem uma vida reta e só colhe dissabores. Andrade, ora vejam, sente-se oprimido pelos sindicatos e pelas esquerdas. Bolsonaro alimenta os sonhos de vingança das Julianas e dos Andrades contra o que umas e outros julgam ser seus opressores. Em qualquer caso, a resposta se dá pelas mãos de um certo Messias, que considera, como os procuradores, a política o mal do mundo. Embora todos façam política: Juliana, Andrade, Messias e os procuradores
Herculano
23/07/2018 10:08
da série: onde o jornalismo é ainda coisa série e notas oficiais com conteúdos falsos nem são pensados nos círculos de poder dominante

NYT SE PREPARA PARA "TEMPESTADE À ESQUERDA", por Nelson Sá, no jornal Folha de S. Paulo

Nova geração colocou os democratas no limiar de uma transição radical, segundo o jornal

Há três semanas, o New York Times foi questionado amplamente por não ter percebido - e coberto - a escalada da socialista Alexandria Ocasio-Cortez no Partido Democrata, em plena Nova York.

Domingo, o jornal levou a ascensão à manchete impressa, "Democratas se preparam conforme tempestade cresce à esquerda em suas vozes ferozmente liberais". Logo abaixo, de forma mais clara: "Jovens eleitores incitam líderes do partido a despertar e prestar atenção". O enunciado online foi ainda mais claro: "Há uma revolução à esquerda. Democratas se preparam".

Aborda casos semelhantes - em que a esquerda democrata vem enfrentando e por vezes derrubando nomes estabelecidos - em Michigan, Pensilvânia e Maryland.

Em suma: "Uma nova geração de progressistas colocou os democratas no limiar de uma transição radical, longe não só do espírito centrista de Bill Clinton mas também, talvez, do liberalismo de Barack Obama, orientado pelo consenso".

Ao lado, o NYT reporta a estreia de Ocasio-Cortez em campanha nacional, bradando em comício lotado:

"Mudança exige coragem. O que vocês me mostraram e o que vamos mostrar no Bronx é que os trabalhadores do Kansas compartilham os mesmos valores que os trabalhadores de todos os lugares."
Herculano
23/07/2018 10:00
da série: tudo pelo poder, vergonhoso.

ALCKMIN CEDE E JÁ DEFENDE "CONTRIBUIÇÃO SINDICAL", por Josias de Souza

Ao encostar seu projeto político no centrão, Geraldo Alckmin não obteve apenas o direito de ocupar o latifúndio do grupo no horário eleitoral. Conquistou também o privilégio de escolher seu próprio caminho para a desmoralização. Neste domingo, o presidenciável tucano comprometeu-se em apoiar a criação de uma "contribuição sindical negocial", eufemismo para a volta da mordida que carreava um dia de suor dos trabalhadores para as arcas sindicais.

O apoio de Alckmin à mamata desfez um mal-estar entre o candidato e o deputado Paulinho da Força. Cacique do Solidariedade, um dos partidos do centrão, Paulinho ameaçara bandear-se para o lado de Ciro Gomes (PDT). Chantageado, Alckmin abaixou o bico. Virou pó uma nota veiculada no seu Twitter na quinta-feira. Nela, lia-se que o candidato tucano não apoiaria nenhum plano para "trazer de volta a contribuição sindical."

Paulinho foi ao encontro de Alckmin acompanhado de companheiros da Força Sindical. Registrou o resultado da conversa no Facebook: "...Detalhamos a nossa proposta relativa à contribuição para negociação coletiva. Propusemos que ela seja aprovada em assembleias de trabalhadores com pelo menos 20% da categoria, e descontada de todos os beneficiados pelo acordo."

O truque da contribuição aprovada em assembleias de fancaria já vem sendo utilizado por vários sindicatos desde que a reforma trabalhista extinguiu a taxa sindical compulsória. O que Paulinho deseja é legalizar a recriação da mamata, inibindo as contestações judiciais.

Se o deputado e seus companheiros prevalecerem, assembleias de 20% (quem vai auditar a lista de presença?) avalizarão a tunga de um dia de labuta de 100% dos trabalhadores com carteira assinada, mesmo os não filiados a nenhum sindicato. Em 2017, esse butim somou algo como R$ 3 bilhões. "Fico feliz em dizer que esta proposta foi aceita", escreveu Paulinho após conversar com Alckmin.

Ficou entendido que, para manter a aliança com o centrão (PR, PP, DEM, Solidariedade e PRB), Alckmin pode ser a favor de tudo e contra qualquer outra coisa. No ano passado, o candidato estimulara a bancada tucana no Congresso a aprovar a reforma trabalhista que deu cabo do imposto sindical. Agora, sob chantagem, o mesmo Alckmin promete ajudar na recriação do óbolo sindical.

Alckmin talvez não tenha se dado conta, mas coerência política é como virgindade. Perdeu, perdida está. Não tem segundo turno.
Herculano
23/07/2018 09:57
ESTUPIDEZ TóXICA, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Idiotas do bem acham que as mulheres russas sofrem de feminilidade tóxica

Existe um novo conceito no mercado das ciências humanas (esse ramo do conhecimento mais sectário do que templos de fanáticos): masculinidade tóxica. Um primor. Logo existirão debates sobre masculinidade tóxica. Teses, debates na televisão. Fogueiras. Qual a acusação mesmo? "Ele é um caso grave de masculinidade tóxica, você não sabia?!"

O que vem a ser essa pérola inteligentinha? Ouvi o termo aplicado aos personagens masculinos do escritor americano Philip Roth (1933-2018). Qual o pecado deles? Gostam muito de mulher. Pensam nelas como objetos de desejo. Sofrem por elas e as fazem sofrem. Tudo o que sempre foi considerado normal no afeto antes de o mundo ficar idiota. Imagino que a masculinidade não tóxica seja a de homens castrados.

Nelson Rodrigues fundou a reflexão sistemática sobre a idiotice contemporânea na mídia e na universidade (na inteligência como um todo).

Seu "idiota da objetividade" é o ancestral direto do inteligentinho (termo fofo para idiota da inteligência), do idiota do bem, do idiota da tecnologia, do idiota da saúde, do idiota da educação. E o que eles todos têm em comum? Qual o DNA deles (como diria o idiota do mundo corporativo)?

Todos querem salvar a humanidade, tornando-a letra morta. Sangrando a vida. Acusar Philip Roth de masculinidade tóxica, crer que esse pode vir a ser um conceito "sério", é ser um idiota da objetividade e do bem, ao mesmo tempo.

Mas, vejamos um grande exemplo disso, muito recente, ligado à recente Copa do Mundo na Rússia. Aliás, as discussões politicamente corretas durante a Copa encheram o saco. Cada um queria se provar o cara mais antimachista do mundo. Um bode total.

Nós achamos os russos uns machistas (as mulher russas, então, são supermachistas, além de serem absurdamente lindas, é claro). E os russos nos acham uns frouxos. Ambos têm razão. Imagino que os idiotas do bem achem que as mulheres russas sofrem de feminilidade tóxica (sensuais demais?).

Rumores por aí afirmam que a Fifa quer proibir que as transmissões dos jogos exibam aquelas mulheres lindas nos estádios. Todo mundo sabe que parte da graça dos jogos da Copa é ver mulheres lindas de países diferentes. Mas, perdoe-me, devo sofrer de masculinidade tóxica ao pensar nisso.

Alguns afirmam que proibir a imagem de mulheres bonitas nos jogos ajudaria no combate ao assédio. Se isso for verdade, acho melhor proibir as imagens de crianças nos jogos também, assim podemos prevenir a pedofilia. E de pessoas de cor negra, assim combatemos o aumento do racismo. Asiáticos também, claro! E também do time adversário, assim combatemos a violência entre as torcidas.

Há um velho sintoma no ar, por trás dessa ideia de proibir a imagem de mulheres bonitas nos jogos: o ódio à mulher bonita. E, como beleza é um gradiente, a possibilidade de haver mulheres mais bonitas do que outras é sempre uma ameaça.

Qual a solução? Proibamos, simplesmente, a exibição pública de mulheres bonitas, fazendo exceção, apenas, nos casos em que essas mulheres bonitas estejam rezando pela cartilha de ódio a si mesmas ou aos homens que sofrem da tal masculinidade tóxica. Vamos trancá-las no quarto.

Criemos um imposto sobre mulheres bonitas, a fim de gerar, no futuro, uma igualdade de gente sem beleza (não vou usar termos incorretos!). Outra é escrever papers "provando" que mulheres são consideradas mais bonitas do que outras por culpa do patriarcado.

Mais uma é criminalizar de vez qualquer manifestação pública da beleza feminina. Não apenas proibir a exibição pública dessa beleza, mas, também, propor que o Ministério Público processe mulheres bonitas e seus adoradores (os tais tóxicos) de uma vez por todas.

As escolas, claro, devem coibir manifestações em sala de aula ou fora dela de encantamento por parte de um menino pela beleza de uma menina.

Primeiro porque essas formas de encantamento na infância podem gerar masculinidade tóxica na idade adulta, e, claro, também, como ficariam as outras meninas menos encantadoras diante de tal encantamento pela mais encantadora? As redações do Enem, seguramente, falarão contra tais comportamentos tóxicos.

Freud deve estar tendo ataques de risos a esta altura. Inteligentinhos de todos os matizes (inclusive psicanalistas inteligentinhos) afirmam aos quatro cantos do mundo que Freud está ultrapassado em sua teoria sexual. Na verdade, ele nunca esteve mais atual. O ódio à mulher bonita é a prova de nossa doença.

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