19/11/2018
O mundo político brasileiro dá sinais de ter entendido os recados das urnas em outubro. Já os políticos... E Gaspar não foge à regra. O PSL é a convergência da esperteza dos que agora querem estar próximo ao poder. Cuidado com os oportunistas de sempre e de plantão à qualquer boquinha ou palco. Velhos misturados aos novos, orando e abençoando gente ingênua.
Enquanto isso, o magro PSDB local, dá inveja e faz mais regime. Vai desaparecer. Não só aqui. O PSDB – a parte ética e liberal do velho MDB gigolô do poder - está perdido, envelhecido, sem líder, sem discurso, sem pauta e pior, sem rumo diante do novo cenário brasileiro e mundial. Até a sua história de ter mudado o Brasil está sendo esquecida e recontada. Incrível!
O PSDB foi engolido pelas circunstâncias e à falta de autocrítica. Não se atualizou, foi medroso e protegeu o erro dos seus para construir uma história de manchas tão combatidas por seus idealistas.
Diante do possível cenário partidário, as melancias começaram a se acomodar no caminhão e em pleno movimento. Estão expressas às oportunidades de mudanças de ambientes e principalmente de comportamentos. É tempo para se conhecer espertos de plantão e os oportunistas de sempre.
E não foi isso que aconteceu por exemplo com João Antônio da Silva, ou simplesmente Toni (o que já teve sobrenome de Ceval e agora de Cartório), um dos fundadores e há 25 anos de PSDB de Gaspar. Ele e a mulher Fátima pediram desligamento do partido. E não há como contestá-los. Enfrentaram o desconforto como poucos. Foram transparentes. E preferiram sair do campo de luta.
Do ponto de vista institucional, foi um baque internamente a saída de ambos pela representatividade deles como referência de algo sincero e melhor.
Mas, não foi me alongar. Ao final deste artigo, numa gravação do próprio Toni que postou na página da sua rede social (e da mulher) para o círculo tucano gasparense mas que se ampliou, ele dá as implacáveis razões deles para isso: decepção com Aécio Neves, Azeredo da Silveira preso no longuíssimo caso do mensalão mineiro, a divisão entre João Dória, Geraldo Alckmin, Arthur Virgílio. A errática estratégia do PSDB catarinense nas eleições passadas, e como ele disse e que lhe deu a certeza da saída, os inacreditáveis votos dos senadores Dalírio Beber e Paulo Bauer para os aumentos dos ministros do Supremo e da Procuradora Geral, com repercussão isonômica em outros poderes, em plena crise econômica e na boca de outro presidente assumir o país.
Ou seja, Toni fez o que faria uma pessoa normal, tomada pela consciência de que não pode convier e defender erros e errados, nem ficar perdido se não há sinalizações claras de que haverá diante da podridão, o saneamento e novas causas para ser levantar e se orgulhar. Diferente dos petistas e os da esquerda do atraso, onde para eles o malfeito é algo defensável, desde que o resultado lhes traga privilégios, vantagens e poder, Toni preferiu reagir e sair, pois interferir, avaliou ou se cansou, não seria mais possível.
Toni segurou, mas não aguentou e mencionou “a profunda divisão interna do partido em Gaspar”. E no olho do furacão está a vereadora eleita Franciele Daiane Back, do Distrito do Belchior, que não se conforma ser o partido liderado pela ex-vereadora Andreia Symone Zimmermann Nagel, derrotada nas eleições para prefeito. Franciele, nem mesmo tinha terminada a apuração, eleita graças aos votos do DEM. sem consultar e à revelia da coligação e do PSDB, virou naquela noite MDB e Kleber Edson Wan Dall, com a promessa dele, dela ser presidente da Câmara. E perdeu a primeira eleição. A segunda está a caminho a julgar pelo desempenho neste outubro onde marcou os seus votos para deputado.
Andreia sobre o caso do Toni disse que era lamentável. “Penso que não era hora”, mas os argumentos dele são tão fortes e não se tem uma luz para um novo caminho... A minha missão é reconstruir, aglutinar...”
SAIRAM TAMBÉM LUCIANO E SÉRGIO ALMEIDA
E não fica na saída do Toni e da Fátima. O ninho tucano de Gaspar teve mais baixas. Uma delas relacionadas ao mais fiel escudeiro da vereadora Franciele e pivô desse racha interno, Luciano Coradini. Na carta que mandou aos tucanos de Gaspar, Luciano foi na mesma linha de decepção aos rumos e à inércia das lideranças nacionais e estaduais do partido.
Outro que deixou o PSDB de Gaspar, sem nunca ter estado lá de verdade, como bem atestou o vice-presidente Claudionor da Cruz Souza e também grupo ligado à vereadora Franciele, foi Sérgio Luiz Batista de Almeida.
Sem estar oficialmente desligado do PSDB, ele já estava na tal Junta Provisória do PSL de Gaspar. Sérgio ex-funcionário público, ex-presidente do Sintraspug, pendurado num cargo na Federação, evangélico pentecostal, foi do PSDB refém do MDB e nesta condição, chegou até a ser vice da vereadora Ivete Mafra Hammes, quando ela perdeu a corrida para a prefeitura de Gaspar.
Como se vê, o PSDB de Gaspar está em crise de identidade, como no nacional. E não é de hoje. E quando alguém tenta lhe criar autonomia, o MDB interfere intestinalmente nele e o enfraquece. O MDB o quer permanentemente nanico e um apêndice. E faz isso, mais uma vez, com o caso da Franciele. No estado, nada disso é diferente: a chapa Mauro Mariani e Napoleão Bernardes, mostrou isso de forma insofismável. Mesmo na derrota do MDB, quem mais perdeu foi o PSDB que tentava se renovar. O MDB comemorou. Napoleão está abatido.
Andreia diz que o PSDB precisa encontrar o seu caminho diante de tudo isso. Precisa, isso todos sabem, mas quem pegará na lanterna para encontrar esse “novo caminho”? E o facho da luz deverá vir do PSDB nacional, da limpeza ética, da renovação e do comprometimento partidário e até da revisão liberal que se perdeu em algum lugar. Parece que ela foi recuperada pelo Posto Ipiranga, de Bolsonaro.
Os tucanos não compartilham e abonam os erros de seus líderes. No outro ponto, e ponde ser visto e ouvido na Câmara por seus vereadores, o PT louva Luiz Inácio Lula da Silva e os seus encarcerados como exemplos para guias da sociedade. Acorda, Gaspar!
Uma das boas ideias e atitudes do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi a de abolir os pontos facultativos que criavam privilégios e feriadões ao funcionalismo público municipal. Os que pagam pesados impostos e sustentam a máquina pública estão trabalhando e precisam dos órgãos públicos para serviços e suporte nas soluções nesses dias inventados para o ócio de poucos no serviço público. Então é razoável, justo e necessário abolir o privilégio do tal ponto facultativo.
Todavia, o prefeito Kleber que passou a sexta-feira passada tirando fotos para postar na sua rede social como a assinatura de documentos, entrega de obras, vistoria em outras e com isso, provar que estava trabalhando, está obrigado a apurar o que aconteceu exatamente com os que ele escolheu politicamente para ocupar os melhores cargos ou funções na administração pública. A galeria de fotos feita por funcionários efetivos – que estavam lá sem os seus chefes - e que reproduzo parcialmente abaixo, não deixam dúvidas.
Se Kleber não for atrás, se fingir que está apurando e não punir os faltosos, está, mais uma vez, desmoralizado.
E começa pela decantada eficiência do Samae. Ela ganhou ás páginas pagas da semana. Era para provar que limpar valas – uma obrigação da prefeitura -, mas com dinheiro da autarquia que não fez o dever de casa na ampliação do tratamento e da rede de água.
Tocado pelo mais longevo dos vereadores de Gaspar, José Hilário Melato, PP, ou seja, um político, o Samae estava às traças na sexta-feira. Se o próprio presidente eficiente não dá o exemplo, atrás dele vem a secretária de sempre, o jurídico, o parente do TI, a contabilidade, a comunicação, o almoxarifado, a contabilidade, o serviço externo, resíduos... Meu Deus!
Entenderam? É só passar na rede social dessa gente e ver onde eles estavam, o que desfrutavam, o que zombavam não apenas dos que lhes pagam, da legislação feita para pôr ordem na casa, mas principalmente dos efetivos que foram lar bater o ponto e produzir. Nem discretos, são. E não só no Samae, foi por tudo, incluindo a saúde. E olha que diante deste comentário ainda são capazes de apresentar atestados médicos. Pior do que apresentar, é ser aceito. Acorda, Gaspar!
Estas fotos foram feitas entre as 10 e 11 horas de sexta-feira. Elas não deixam dúvidas. Só falta um ato administrativo com sindicância para apurar quem fez as fotos e não contra quem faltou. Normal. Acorda, Gaspar!
A manchete de quem é líder e influencia. O jornal Cruzeiro do Vale o mais antigo, independente, o de maior circulação e credibilidade em Gaspar e Ilhota mostrou o estado lastimável da Rua Anfilóquio Nunes Pires entre o Bela Vista e o Centro de Gaspar.
A repercussão foi imediata. Isso obrigou o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, explicar-se à população – principalmente a quem usa a rua ou mora naquela região – de que tudo vai ser resolvido, magicamente, com um financiamento que está se tentando liberar na Caixa Econômica e já aprovado a toque de caixa pela Câmara.
O problema não é dinheiro na gestão de Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho, PP e o prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, o advogado hoje estacionado na secretaria de Saúde, à espera de que o governo venha obter de volta a maioria na Câmara e que ele ajudou a perde-la em dezembro do ano passado. O problema está na capacidade de execução projeto, ideias e obras.
Esta é a aposta da oposição que está aprovando os financiamentos com certa resistência, monitorando as sobras de caixa na prefeitura e agora o uso indevido das sobras do Samae. O aparelhamento da prefeitura é o maior entrave à propaganda oficial da tal “eficiência”. Até agora – passados dois anos – governo Kleber ainda não possui um selo de resultados e nem um foco de sonhos. Está refém de obrinhas e problemas macros.
Esta semana vai se conhecer o tamanho da troca que o vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, fez ao rachar o bloco oposicionista e votar pelo uso dos recursos do Samae para abrir valas em Gaspar. Durante a sessão que aprovou tal feito para a administração de Kleber e do vereador Melato, ele ficou quieto e não explicou a razão do seu voto.
O mesmo aconteceu com Wilson Luiz Lenfers, PSD. Ele não mesma sessão que votou a favor do Samae, ironicamente, teve aprovado um requerimento pedindo explicações para a prefeitura sobre o entupimento das valas da Rua Conceição, no Pocinho. Lenfers com o secretário de Obras, foi lá há um ano, quando ouviu a promessa de solução imediata. Ela não veio até hoje. Só, mais uma vez, o voto de confiança de Lenfers no prefeito.
Coisa de doido. O eterno suplente José Ademir de Moura, PSC, e que ocupa na Câmara o lugar do presidente do Samae, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, para continuar pendurado na suplência, foi à tribuna defender o PLC 003/2018 das valas. Além de lutar com as palavras, disse que se aprovado – como foi -, as águas nas casas em Gaspar pelas enchentes e enxurradas acabariam. Ai, ai, ai.
“Quando o sucesso atinge você muito cedo na vida, a chance de você virar uma besta arrogante é enorme”, do filósofo Luiz Felipe Pondé. Ele não se referiu a nenhum agente público de Gaspar, certamente. Acorda, Gaspar!
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