A maioria dos eleitores foi clara nos recados nas urnas pelas mudanças neste outubro - Jornal Cruzeiro do Vale

A maioria dos eleitores foi clara nos recados nas urnas pelas mudanças neste outubro

29/10/2018

Você acredita que eles sejam mesmo ouvidos e respeitados pelos eleitos no executivo e principalmente no legislativo? Então, fique de olho nas atitudes contraditórias dos discursos e manobras dos seus políticos


Hoje eu não vou escrever sobre os resultados das eleições de sete de outubro ou de ontem. E por que? Seria mais um artigo entre milhares. Postarei melhores textos e seus contraditórios, abaixo na área de comentários da coluna – onde você também pode interagir -, na mais lida, acessada, polêmica e acreditada do portal Cruzeiro do Vale e necessariamente não representa a posição do portal, mas do autor.

As eleições já são coisas passadas. O retrato delas é claro: mudança, limpeza, transparência, fim dos desperdícios, privilégios...

Também nem vou ao exercício de antever o futuro no meu senso de bruxo que sempre me acusam por apontar apenas o óbvio – e que cotidianamente está bem à frente dos nossos olhos sem qualquer disfarce, e que a maioria se nega a enxergar.

E por isso, dezenas de vezes o tempo foi o senhor da razão e me pego com os detratores, fanáticos, ingênuos, ignorantes, submissos, interesseiros, gente com reconhecida falta de caráter e espertos de todos os tipos, lavando a minha alma.

Eu vou escrever nesta segunda-feira pós eleições sobre a realidade, a da aldeia onde estou. Ela difere em muito do voto embutido de mudanças.

O que relato – e até me indigno – diz muito de como os políticos manobram contra as esperanças, as mudanças, os eleitores - esses pagadores compulsórios da esbórnia e dos privilégios que os políticos criam para si, suas castas, familiares, quadrilhas organizadas e até corporações leoninas que dominam o parlamento, um local, que em tese, deveria ser plural para a nossa representação e voz, mas é – contraditoriamente - onde nascem, ou se aprovam as leis contra os contribuintes, os cidadãos e à cidadania.

Exemplos? Darei aos montes e não são de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo ou Florianópolis onde abundam. É daqui mesmo, de Gaspar.

Vamos aos fatos

Na terça-feira a Câmara de Gaspar derrubou o veto do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, ao Projeto de Lei 22/2018, de autoria do funcionário público municipal (Samae), o vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, oposição ao governo de plantão e que se enrolava desde julho. Foram 12 votos para manter a anomalia e um contra ela, o de Francisco Solano Anhaia, líder do MDB, ex-petista e pepista.

Vaias, pressão. O vereador quase não pode justificar e falar na Câmara tomada naquela noite no plenário por servidores. Corajoso. Coisa rara hoje em dia num político. Chico Anhaia, no mínimo, nesta situação particular – e depois de passar vergonha com seus candidatos no dia sete - estava com os eleitores que querem a mudança e contra os privilégios de poucos que pelo bafo, gritos e pressão defendiam um suposto direito adquirido nas entranhas dos gabinetes de outros prefeitos e poderosos de corredores e que conspiram contra os pagadores de pesados impostos

Já o outro Chico, líder do prefeito, Francisco Hostins Júnior, MDB, calado, mudando de atitude sem explicá-la, votava contra o próprio governo e os pagadores de impostos. Mais Hostins – filho de prefeito, ex-secretário petista, advogado, é identificado com a Associação Empresarial, a que reúne os pagadores de pesados impostos. Preferiu os aplausos dos servidores! Incrível.

QUEM PAGA? NÓS OS TRABALHADORES E DESEMPREGADOS QUEM NÃO TEMOS ESSES PRIVILÉGIOS. ESTA É A MUDANÇA SE SE ESTABELECEU MAJORITARIAMENTE EM OUTUBRO NAS URNAS

Esta antiga e tenebrosa inversão de valores não está sendo ainda entendida pelos velhos políticos – mesmo que novos nas idades - e pelas castas – repito castas que fazem do serviço público uma fonte de vantagens desmedidas enquanto uma maioria de servidores públicos está ralando duro.

Primeiro ponto. Dos cinco discursos na Câmara em defesa do PL 22, quatro – reforço, quatro - foram de vereadores servidores da ativa ou aposentado. Uma Câmara de 13 vereadores com quatro servidores? Algo está errado.

Em Gaspar são 2 mil servidores em Gaspar, contra 46.254 eleitores. Se a proporção fosse correta, no máximo, um servidor seria eleito.

Então quem errou e desequilibrou o jogo a favor dos servidores e contra a cidade e os pagadores de pesados impostos? Os eleitores. Ninguém mais. Ou seja, não há do que reclamar. Simples assim. Democracia e voto livre é isso.

E como esses servidores conseguiram tal feito?

Usando direta e indiretamente a máquina pública. Alguma dúvida? O que fazia Mariluci Deschamps Rosa, PT, quando candidata? Vice-prefeita por oito anos. O que fez Rui Carlos Deschamps, PT, coincidentemente relator deste PL? Além de por muito anos no Samae se alavancou como Superintendente do recém Distrito do Belchior, que se queria até mudar de nome e se brecou aqui. E Silvio Cleffi, PSC, médico na rede pública. E Cícero Giovane Amaro, PSD, autor do PL? Funcionário do Samae. Isto sem falar que o vice-prefeito, que foi vereador, é servidor público como agente de trânsito.

Resumindo: a cidade na proporcionalidade está mal representada. E os servidores super-representados na Câmara. É só fazer as contas.

O PL 22 quer dar em dinheiro, como se salário fosse – com reflexo inclusive na aposentadoria – o Vale Alimentação de R$430,00 por mês e não como um benefício apartado como diz a lei e quer restaurar, acertadamente o prefeito Kleber e o prefeito de fato, secretário da saúde, o advogado Carlos Roberto Pereira. A lei 1.991, de 1.994, criada por Luiz Fernando Poli, PFL, passou por Bernardo Leonardo Spengler, MDB, Andreone Cordeiro, PTB, Adilson Luiz Schmitt, MDB e três mandatos de Pedro Celso Zuchi, PT, e não foi implantada como originalmente foi aprovada na Câmara. Incúria. Jogo. Irresponsabilidade. Tudo para se ter votos de reeleição e não enfrentar a classe. Agora, quando se tenta consertar, há um cavalo de batalha e se invoca direitos adquiridos. Eles vão ser discutidos na Justiça.

ILEGAL E INCONSTITUCIONAL

Segundo ponto. O Vale Alimentação na iniciativa privada não se incorpora aos salários dos que têm esse tipo de benefício. Por que, no serviço público ele tem que ser diferente dos que pagam de fato esta conta e privilégio com os pesados impostos?

E qual o custo dessa “viagem”? R$1,8 milhões. Está calculado. É o que divulga a secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa. Dinheiro que deveria ser investido em outras coisas, inclusive na melhoria dos vencimentos ou na contratação de mais servidores, independente da economia que se faz ou dos empréstimos que se toma, coisas que se misturam propositadamente nos discursos para os analfabetos, ignorantes e desinformados.

Ah, Herculano, mas isso – o custo do PL 22 - é fichinha se olharmos a farra dos comissionados? Então! Qual a razão para não se tocar nesse assunto sem justificar um erro por outro? E quando se teve à oportunidade na reforma administrativa, pelo menos dois vereadores servidores, Silvio Cleffi e Rui Carlos Deschamps -, abonaram a farra dos comissionados e cargos gratificados na folgada aprovação. E assim vai. Um ajuste aqui, outro ali, e verdadeiras mudanças para dar justiça, controle, equidade e aliviar o bolso dos cansados pagadores de impostos não se concretiza de fato na vida real dos políticos e do serviço público.

Terceiro ponto. O médico funcionário público Silvio Cleffi, PSC, até então situação, e agora na oposição e só depois que conseguiu na jogada política ser presidente da Casa, disse para os aplausos fáceis na tribuna da Câmara na terça-feira, não exatamente como um vereador e presidente de um poder, mas como um membro da claque de servidores, que a imprensa – e deve ser esta coluna, a única que vem tocando neste assunto – espalhou falsamente que o PL 22 era ilegal e inconstitucional.

Cleffi está acostumado a aprovar pessoalmente os textos da assessoria de imprensa da Casa – coisa que já foi parar até na Justiça -, como se ela não tivesse capacidade para redigi-los. É a mesma coisa que eu, absolutamente leigo, aprovasse antes, as receitas aos pacientes dele...

Volto. Como assim doutor? Não foram a ilegalidade e a inconstitucionalidade que lavraram técnicos e comissões da Câmara quando eles se debruçaram e deram seus pareceres sobre essa matéria?

Não foi isso que retardou o trâmite do projeto que foi e voltou dentro da Câmara para se encontrar “saídas” honrosas e até heterodoxas com o próprio Executivo, o qual ameaçou dar uma metade em pecúnia e a outra em cartão, não aceita pelo Sintraspug? Ou até o Executivo propor um tal “prêmio de assiduidade”, numa articulação em rede social? Não é esse episódio que gerou no Sintraspug um processo de Assédio Moral contra om prefeito? Ai, ai, ai

Ora, se não tivesse vício de iniciativa qual a razão do veto do prefeito, a derrubada do veto na Câmara e a promulgação do PL em Lei pelo próprio Silvio correndo ele riscos da improbidade do ato? Se não há ilegalidade e inconstitucionalidade qual a razão da provável Ação Direta de Inconstitucionalidade que moverá o prefeito Kleber contra a lei decorrente do PL 22 para pelo menos se ver livre da tal improbidade ao ter que praticar um ato promulgado pela Câmara – a priori - com contornos de ilegalidade e inconstitucionalidade?

Não julguem todos como analfabetos, ignorantes e desinformados. A maioria dos eleitores que sustentam essa farra já votaram contra essas espertezas. Cuidado! Em 2020 haverá outra eleição e tudo isso voltará à tona.

SERVIDORES SÃO TRABALHADORES HONESTOS

O discurso dos vereadores beira ao ridículo quando em defesa dos servidores. Tudo para desarmar e desqualificar o debate com a sociedade a que sustenta financeiramente à máquina pública como um todo. Dizem que os servidores efetivos – não confundir com os comissionados que são as indicações livres dos políticos - são trabalhadores exemplares e não podem ser penalizados apenas por estarem no serviço público, um ambiente de dúvidas, muitas delas, causadas pela gestão dos políticos.

Esta é a questão central. Ninguém está questionando o trabalho – e nem a qualidade ou produtividade, por enquanto - dos servidores, mas os benefícios deles, todos previstos na lei e todos em leis devidamente aprovadas na Câmara - em relação aos trabalhadores comuns e este sim, os que verdadeiramente sustentam os governos e pagam os servidores.

Mariluce, ex-vice-prefeita e berçarista disse, por exemplo que o prefeito Kleber tirou os R$430,00 dos servidores. Ela sabe que nada foi tirado. Apenas foi realinhado. Então falseia. Agora, ela se mostra a patrona do Sindicato e dos servidores, além de cobrar do atual vice Luiz Carlos Spengler Fiho, funcionário público municipal. Mas, quando no poder, o PT tratou os servidores sem água e sal. Houve greves e até acordos feitos no fio do bigode foram desonrados na cara dura. Ou o Sintraspug e os servidores já passaram a borracha em passado tão recente?

Roberto Procópio de Souza, PDT, o único não vereador não funcionário a se pronunciar, oposição que negocia o alinhamento ao governo, defendeu o Plano de Cargos e Salários como a solução mágica de todos os males e distorções.

Trata mais uma da ingenuidade e com o dinheiro de todos para poucos. No serviço público existe o que se chama de isonomia. Ninguém pode ganhar diferente de outro ou trabalhar mais que outro. Então sempre se iguala pelo maior vencimento e pelo menor número de horas. Isto aconteceu na própria Câmara. Fizeram um concurso, mas quem, bem pago com o dinheiro do povo, deveria cuidar dos detalhes não cuidou. Ai veio o conserto. Os que ganhavam o salário mais alto, passou trabalhar apenas 30 horas e não 40 como deveria. E quem trabalhava 40, passou trabalhar 30 horas por semana. Onde isso é possível nas empresas com seus trabalhadores?

Na Câmara, no dia dois de janeiro, e só não se faz no dia primeiro porque é feriado, já se pode pedir e ter a metade do 13 do ano. Uau! Tira-se licença para tudo e por meses. Assessores parlamentares pegam férias em pleno tempo de serviço de seus vereadores, e não quando a Câmara está em recesso. Feriadões, tem todos os meses e quando eles foram questionados, nada de ser mexido na Câmara. No Executivo ao menos isso já foi cortado.

APOSENTADORIA DE SERVIDORES MAL GERIDA POR POLÍTICOS

Procópio ainda tocou no caso de que os servidores de Gaspar precisam do Instituto de Previdência para melhorarem seus ganhos com a aposentadoria. E precisam. Concordo. Mas, onde isso funciona?

Gaspar já não teve o Preser? O que é feito dele? Vou lembrá-los. Primeiro misturaram saúde com aposentadoria como se houvesse dinheiro infinito para sustentar tudo no presente para “sobrar” no futuro. Você ia ao médico, fazia exames e o Preser cobria as diferenças sem limites, ou seja, se “roubava” no presente à poupança que faltaria para bancar às aposentadorias dos servidores municipais no futuro.

Segundo, os políticos colocaram olho grande no dinheiro que o Preser acumulava – uma parte dos funcionários e a maior parte da própria prefeitura - e aplicava para lhe render dividendos e assim “engordar” a conta e dar conta das aposentadorias no futuro. O ex-prefeito Bernardo Leonardo Spengler, MDB, o Nadinho, resolveu tomar emprestado, com promessas de rendimentos e retorno do principal.

O prefeito queria R$2 milhões para fazer obras – ou seja, história antiga e manjada. Tudo passou na Câmara, em projetos marotos, frágeis, onde o próprio presidente do Preser, o funcionário público, era vereador, Jacó Goedert. Por afinidade e interesses partidários, facilitou tudo para o governo de plantão ao invés de endurecer em favor dos funcionários

Nadinho pegou apenas R$450 mil dos R$2 milhões que queria. Maria de Lourdes Junges, então presidente do Sintraspug, brecou contra a manobra. Polêmica. Ao fim, numa história longa, contraditória, cheia de erros e vinganças e tema para outra coluna, acabou indo para o INSS o que se tinha no Preser, ele acabou e as aposentadorias ficaram na conta do INSS.

Entretanto, ficaram na conta da prefeitura 108 polpudas aposentadorias e pensões. E mesmo que se crie outro instituto, estes estarão lá tomando os impostos dos gasparenses. E a volta do Instituto? De cara vai a prefeitura vai precisar arrumar no mínimo R$50 milhões de aporte. De onde virá isso? Do dinheiro dos pesados impostos dos gasparenses, fragilizando ainda mais a saúde, obras, creches... Pior. A outra briga será para a contribuição. No sindicato ninguém aceita descontar mais de 8% mensalmente dos vencimentos. Tramam passar essa obrigação para a prefeitura, ou seja, para os pagadores de impostos. Então...

E por que uma minoria de funcionários públicos de altos vencimentos – que nesses projetos que são discutidos demagógica, espertamente e passam no parlamento sob pressão ou no escurinho - usam uma maioria não beneficiada para terem aposentadorias além do teto – quase impossível de se alcançar - e paga aos trabalhadores comuns pelo INSS ao máximo de R$5.645,00?

UMA MÁQUINA DE RRAR E PASSAR A CONTA CADA VEZ MAIS ALTA PARA O POVO

Eu poderia ainda mostrar o que se aprovou este mês no Projeto de Lei 85/2018, onde mais uma vez resolveram unir vencimentos diferentes para funções iguais no quadro de enfermeiros. Justo. Justíssimo.

Contudo, quem mesmo fez esse erro se não o Executivo e que agora corrige para maior por pressão dos vereadores funcionários públicos? E você acha que vai parar por ai? Não! É o primeiro passo para se buscar na Justiça o reparo do atrasado. É uma bola de Neve sem fim e bem conhecida de todos no ambiente do funcionalismo.

Às vezes, o erro parece ser até intencional, proposital ou então totalmente irresponsável. Ninguém é responsabilizado por ele. E quem é o único “punido”? Quem banca tudo isso permanentemente: o povo, incluindo os pobres. É ele quem coloca cada vez mais a mão no bolso para resolver à incúria dos políticos e dos gestores públicos – efetivos e comissionados - que fabricam concursos e contratações cheios de erros.

E o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar? No trabalho dele de defender os servidores. Quem não defende os pagadores de impostos são os políticos e gestores públicos, pois o dinheiro não é deles e não precisam prestar contas e se as fazem, não assumem e ressarcem o que causam de prejuízo para o povo. Simples assim!

E para encerrar e fechar com o título deste artigo. Políticos, cuidado! Os votos pela mudança em sete e 28 de outubro embutem essa advertência que é na verdade um grito contra privilégios, a gastança desenfreada, a corrupção, o jogo de compadres, à incúria, a improbidade e a diferença entre os trabalhadores que sustentam toda a máquina e os que são escolhidos para representar e servir o povo.

Então leitores e leitoras: fiquem de olho nas atitudes contraditórias dos discursos e manobras dos seus políticos, principalmente os que infestam e iludem nos legislativos. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Os comissionados de Gaspar já estavam com os nervos à flor da pele. Agora, o clima piorou. A concorrência também. O Diário Oficial dos Municípios, aquele que se esconde na internet e não tem hora para sair, é o que está sendo mais consultado pelos comissionados do paço.

Pergunta que não quer calar. Quantas vagas o governo de Kleber Edson Wan Dall e Érico de Oliveira, ambos do MDB, e respectivamente de Gaspar e Ilhota, vão ter que abrir para os insaciáveis dos seus partidos acostumados às tetas governamentais depois da eleição ontem de Carlos Moisés da Silva, PSL?

Vamos ver tanto nepotismo cruzados entre poderes e prefeituras de cidades no Vale. Pior mesmo são os que viviam das tetas do PSD e PP. O MDB – o eterno gigolô do poder em Brasília e aqui - ainda mantém esperanças de que o novo governador abra vagas para a acomodação de alguns devido apoio crítico que deram.

Ontem mesmo, o prefeito de fato de Gaspar, secretário de Saúde e presidente licenciado do MDB local, o advogado Carlos Roberto Pereira, saudou o governador eleito Carlos Moisés da Silva, como se segurassem a mesma mangueira desde criancinha. Pereira foi bombeiro como o Comandante Moisés.

Se Fernando Haddad telefonasse para Jair Messias Bolsonaro, PSL, para congratular pela vitória, ele não seria petista de verdade. É uma questão de berço, educação, respeito e exercício democrático uma coisa que o PT pede só para os outros. O PT realmente é incapaz de reconhecer não só os seus erros, mas as largas derrotas nas urnas, atitudes erráticas e nos resultados. Totalitários!

De John McCain, ex-senador Republicano, herói de guerra, já falecido, quando perdeu a corrida presidencial para o democrata Barack Obama, disse como um estadista para apaziguar e unir o país: “Ele era o meu adversário, agora é o meu Presidente”. Isso é muito e até humilhante para o mais democrático de todos, o PT.

As redações ideológicas. Ontem, a deputada estadual e derrotada nas últimas eleições, Ana Paula Lima, PT, para uma vaga na Câmara, foi votar no Colégio Bom Jesus, em Blumenau. Quem estava lá para registrar o voto de uma derrotada: a maioria da mídia local. Incrível! O PT fez no domingo lá 16,05% dos votos

Guilherme Fiuza, do portal Gazeta do Povo, de Curitiba, PR, sintetizou bem no twitter o PT, que mais parece aquela eterna criança birrenta. “Não tenham medo. Estamos aqui para resistir contra qualquer tentativa de se construir um país neste lugar - como fizemos no Plano Real, na privatização da telefonia, na reforma trabalhista e na Lava Jato. Ficaremos aqui, firmes, passando trote pro Brasil de dentro da cela do Lula”

Ontem, muitos se apresentaram como eleitores, cabos eleitorais e amigos do presidente e do governador eleito. O prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, fez circular a foto abaixo e da qual recortou providencialmente outros convivas.

Nela, em Brasília, há meses, ciceroneado pelo deputado da bancada da bala, Rogério Peninha Mendonça, MDB, Kleber posou com então deputado Jair Messias Bolsonaro, PSL, como se íntimo fosse dele.

Ontem, nas comemorações de Gaspar onde Bolsonaro teve 82,5% dos votos, sem chances para o PT e reduzido a poeira, Kleber estava lá com o povo, os bolsonaristas de primeira e agregados à última hora ao vencedor, tirando a lasquinha como se tivesse trabalhado para Bolsonaro e Carlos Moisés da Silva. Começou cedo...

Até poucos dias atrás, Kleber e os que mandam no governo dele, estavam a busca dos bolsonaristas tidos como traidores. Faziam terrorismo. Como a coerência nunca foi o forte dessa gente, tudo é possível. E agora vão tirar os bolsonaristas para dar lugar aos que perderam e vão perder as tetas do governo do Estado, rejeitados nas urnas exatamente num aviso de mudanças dos eleitores? Acorda, Gaspar!

“Aqui é trabalho” era o tema da chapa de Gelson Merísio, PSD. Trabalhou pouco, pelo jeito ou poucos acreditaram que ele trabalha de verdade a não ser para si próprio. Recebeu menos votos no segundo turno do que no primeiro. Explicações? Não há. Ou há muitas... a começar pela autoimposição de ser candidato e passando pelo discurso falso diante do que fez.

Para comparar. Jair Messias Bolsonaro, PSL, teve no Brasil 55,13% dos votos válidos, em Santa Catarina e foi o segundo estado onde mais recebeu proporcionalmente votos, ele teve 75,92%.

Gaspar foi quem deu proporcionalmente menos votos para Bolsonaro do que os seus vizinhos e na Comarca: 82,50%. Ilhota, 84,23%; Luiz Alves, 87,16%; Blumenau, 83,95%, Brusque, 86,80%; Indaial, 86,46%; Massaranduba, 86,77%, Pomerode, 87,16% e Timbó, 89,62%.

Comentários

LUIZ
30/10/2018 12:58
Será que teremos em Gaspar em 2020 algum coronel, capitão, delegado, enfim, alguém dessa área, para espantar as raposas do galinheiro como fez Capitão Bolsonaro e Comandante Moises?
Pelo menos para mudar o cardápio por que de carreteiros, linguiçadas, cabeça de porco, pé galinha ensopada outros bichos estranhos, estamos cheios.
Herculano
30/10/2018 12:57
OS TIROS DA COMEMORAÇÃO

Dois inquéritos foram instaurados pela Polícia Civil para apurar e responsabilizar os dois eleitores que em Gaspar, no domingo a noite, resolveram comemorar a vitória de Jair Bolsonaro e Carlos Moisés da Silva, ambos do PSL, respectivamente presidente e governador de Santa Catarina eleitos.

Um fato aconteceu na Rua Coronel Aristiliano Ramos, Centro, numa área externa do Bar Te Contei. O disparo foi feito por Josias Moura, de 19 anos, que estava com sinais de embriaguêz, conforme relatam denunciante e testemunha no boletim de Ocorrência.

Josias é filho de político no mandato. Entretanto, esta ligação - como se faz nas redes sociais e aplicativos de mensagens - não pode ser imputada ao pai, nem mesmo a propalada religiosidade do mesmo. Com 19 anos é crescido demais para saber o que fez e como colocou em perigo a vida de outras pessoas.

A mesma aconteceu com Thiago Beiler, cujo caso ocorreu no trevo da Paroli, na Francisco Mastella e cujo vídeo é amplamente divulgado nas redes sociais.

A primeira coisa que a polícia está apurando a origem e propriedade das armas usadas pelos dois, segundo se seles tinham porte para estar e andar armados. Só esses dois casos, não resolvidos são complicadores e pode dar até cadeia, isto sem falar na tipificação na qual colocaram em perigo pessoas em ambientes públicos. Jeito estranho de comemorar uma vitória que tem significado de mudanças. Acorda, Gaspar!
Herculano
30/10/2018 05:37
POUCOS A CONHECIAM. AGORA NÃO RESTA A MENOR DÚVIDA. A RECÉM ELEITA DEPUTADA OESTINA CAROLINE PARA O SEU PRIMEIRO MANDATO DISSE A QUE VEIO. ELA DIVIDIU O SEU MUNDO ENTRE APLAUSOS DA DIREITA VENCEDORA E GENTE ACOSTUMADA À DOUTRINAÇÃO E QUE AS VEZES CHAMAM ISSO DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo,PSL, pediu aos estudantes catarinenses na noite do domingo, dia 28, que denunciem professores que façam "queixas político-partidárias em virtude da vitória do presidente [Jair] Bolsonaro".

"Muitos professores doutrinadores estarão inconformados e revoltados. Muitos não conseguirão disfarçar sua ira e farão da sala de aula uma audiência cativa para suas queixas político-partidárias em virtude da vitória do Presidente Bolsonaro", escreveu, em sua página no Facebook, pouco depois de confirmada a eleição do presidenciável.

Ela pediu que os estudantes filmem ou gravem as manifestações, e encaminhem para a sua equipe (deu o número do whatsapp para envio do material) e garantiu o sigilo, com o nome do professor, da escola e da cidade.

Houve uma reação imediata dos docentes via associações, sindicatos e políticos de esquerda. Alegam que estariam sendo vigiados na liberdade de trabalhar e se expressarem. Isto poderia gerar interpretações equivocadas, disputas ideológicas, perseguições, interferência nos conteúdos, limitando os necessários debates...

Até uma petição pública foi feita e está circulando na internet colhendo assinaturas, para até cassá-la, mesmo antes de assumir o mandato.

De outro lado, a secretaria de Educação acusou a futura deputada de incitar os alunos a burlarem uma regra que proíbe o uso de celulares nas escolas estaduais, o que é feito com uma frequência além do razoável.

Resumo da história. Esta é uma amostra do enfrentamento e das mudanças que estarão por vir no campo ideológico, comportamental e decorrentes dos resultados das eleições de sete e 28 de outubro que deu voz a um novo tipo de pensamento e poder. É, sem dúvida, um novo tempo de necessárias adaptações, ajustamentos e contrapesos. Natural!

E a deputada eleita, de forma pensada, ou não, achou um meio para se destacar dos demais antes mesmo de chegar à Alesc. Criou uma polêmica estadual e que extrapolou as fronteiras do estado e virou manchete nacional, ainda mais diante do velório da esquerda liderada pelo PT.

Como a maior parte das redações são feitas de defensores da esquerda, tanto que o candidato a governador em Santa Catarina pelo PSOL era um jornalista, a polêmica e à marcação contra a neo-política Carolina só estão começando. E ela entenderá melhor como funciona esse mundo de embates e imposições de diferentes
Herculano
30/10/2018 05:09
da série: começou mal. Como fez o PT que tinha os preferidos para as verbas dos pesados impostos dos brasileiros para a propaganda fantasiosas, o novo presidente anuncia que só os mansos no jornalismo terão o dinheiro do povo. Isso nunca deu certo. Vai fortalecer quem quer enfraquecer. Ele próprio é beneficiário da política errática do PT e que diz que vai repetir mesmo sabendo o resultado. Foi assim que Donald Trupm fez renascer os jornais que estavam em decandência financeira devido à mudança da mídia, mas não de capacidade e credibilidade.

ESSE JORNAL SE ACABOU, DIZ BOLSONARO AO JORNAL NACIONAL SOBRE A FOLHA

Eleito erra em versão sobre funcionária e esquema no WhatsApp, casos revelados pelo jornal

Durante entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, nesta segunda-feira (29), Jair Bolsonaro (PSL) voltou a atacar a Folha e afirmou que "por si só, esse jornal se acabou".

As afirmações de Bolsonaro se deram em resposta a uma pergunta do jornalista William Bonner, apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional.

Bonner questionou: "O senhor sempre se declara um defensor da liberdade de imprensa, mas, em determinados momentos, chegou a desejar que um jornal deixasse de existir. Como presidente eleito, o senhor vai continuar defendendo a liberdade da imprensa e a liberdade do cidadão de escolher o que ele quiser ler, o que ele quiser ver e ouvir?"

"[Sou] totalmente favorável à liberdade de imprensa", respondeu Bolsonaro. Contudo, disse que há a a questão da propaganda oficial de governo, "que é outra coisa".

Em seguida, o presidente eleito citou o caso de Walderice dos Santos da Conceição, a Wal, ex-assessora dele na Câmara dos Deputados que vendia açaí e prestava serviços particulares ao deputado federal em Angra dos Reis (RJ), onde ele tem casa de veraneio.

"Aproveito o momento para que nós realmente venhamos fazer justiça aqui no Brasil. Tem uma senhora de nome Walderice, minha funcionária, que trabalhava na Vila Histórica de Mambucaba e tinha uma lojinha de açaí. O jornal Folha de S. Paulo foi lá, nesse dia, 10 de janeiro, e fez uma matéria e a rotulou de forma injusta como "fantasma". É uma senhora, mulher, negra e pobre. Só que nesse dia 10 de janeiro, segundo boletim "A iniciativa da Câmara", de 19 de dezembro, ela estava de férias. Então, ações como essa por parte de uma imprensa, que mesmo a gente mostrando a injustiça que cometeu com uma senhora, ao não voltar atrás, logicamente que eu não posso considerar essa imprensa digna".

Bolsonaro prosseguiu: "Não quero que [a Folha] acabe. Mas, no que depender de mim, imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá recursos do governo federal". O presidente eleito, depois, completou: "Por si só esse jornal se acabou".

Em janeiro deste ano, a Folha revelou que Bolsonaro usava verba da Câmara para pagar Walderice. Ela figurava desde 2003 como funcionária do gabinete do deputado federal, recebendo salário de R$ 1,3 mil ao mês, mas vendia açaí em uma barraca vizinha à casa de veraneio dele em Mambucaba (RJ).

Walderice pediu demissão do gabinete de Bolsonaro após as reportagens da Folha.

Na sequência da entrevista à Globo, Bolsonaro fez nova acusação contra o jornal. "Inclusive a última matéria, onde eu teria contratado empresas fora do Brasil, via empresários aqui para espalhar mentiras sobre o PT. Uma grande mentira, mais um fake news do jornal Folha de S. Paulo, lamentavelmente", afirmou.

O presidente eleito disse que a reportagem da Folha o acusa de ter contratado empresas no exterior, por meio de empresários, para enviar mensagens anti-PT por aplicativo.

Na verdade, a reportagem publicada no dia 18 de outubro afirma que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT.

O pagamento por empresas de ações que beneficiem a campanha de um candidato é proibido pela lei eleitoral.

Após as afirmações de Bolsonaro, Bonner pediu a palavra e fez um comentário.

"Como editor-chefe do Jornal Nacional, eu tenho um testemunho a fazer. Às vezes, eu mesmo achei que críticas que o jornal Folha de S.Paulo tenha feito ao Jornal Nacional me pareceram injustas. Isso aconteceu algumas vezes. Mas para ser justo do lado de cá, eu preciso dizer que o jornal sempre nos abriu a possibilidade de apresentar a nossa discordância, apresentar os nossos argumentos, aquilo que nós entendíamos ser a verdade."

O jornalista prosseguiu: "A Folha é um jornal sério, um jornal que cumpre um papel importantíssimo na democracia brasileira. É um papel que a imprensa profissional brasileira desempenha e a Folha faz parte desse grupo da imprensa profissional brasileira".

Bolsonaro apenas ouviu e não respondeu nada.

Diferentemente do que Bolsonaro afirmou na entrevista, a Folha não mentiu sobre a funcionária fantasma de seu gabinete. Desde a primeira reportagem, o agora presidente eleito vem dando diferentes e conflitantes versões sobre a assessora para tentar negar ?"todas elas não são condizentes com a realidade.

Ao Jornal Nacional, Bolsonaro disse que a assessora estava em férias quando o jornal visitou o local pela primeira vez, em janeiro.

A Folha esteve na Vila Histórica de Mambucaba em duas oportunidades. A primeira, em janeiro, durante o recesso parlamentar, quando ouviu de moradores que Walderice não tinha ligação com a política, prestava serviços na casa do parlamentar e tinha como atividade principal a venda de açaí e cupuaçu. Segundo depoimentos colhidos da região, o marido dela, Edenilson, era caseiro de Bolsonaro.

Neste dia, a Folha se encontrou com Bolsonaro, por acaso, no local. Ele deu diversas explicações sobre Walderice, mas em nenhum momento disse que ela estava de férias ?"como falou meses depois.

Na segunda oportunidade, em 13 agosto, a Folha retornou à vila e comprou das mãos de Walderice um açaí e um cupuaçu, em horário de expediente da Câmara. À reportagem, ela afirmou trabalhar no local todas as tardes.

Minutos depois de a reportagem se identificar e deixar a cidade, ela ligou para a Sucursal da Folha em Brasília afirmando que ia se demitir do cargo.

A secretária figurou desde 2003 como um dos 14 funcionários do gabinete parlamentar de Bolsonaro, em Brasília. Seu último salário, foi, bruto R$ 1.416,33.

As acusações de Bolsonaro à Folha no JN intensificaram um movimento espontâneo nas redes sociais para que as pessoas assinem o jornal.

"Amanhã mesmo vou assinar a Folha. Façam isso. Alguém tem que continuar fazendo jornalismo de verdade neste país", escreveu Priscas [nome do perfil] no Twitter. Outros sugeriam uma campanha para assinar o jornal. "Eu acho que temos que fazer uma campanha para quem puder assinar a Folha", foi a mensagem de @perdyhoward.

Esse movimento está acontecendo desde o dia 18, quando o jornal publicou reportagem mostrando que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT.

Também se manifestou em defesa do jornal o presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin.

"Começou mal. A defesa da liberdade ficou no discurso de ontem", escreveu no Twitter.

"Os ataques feitos hoje pelo futuro presidente à Folha de S.Paulo representam um acinte a toda a imprensa e a ameaça de cooptar veículos de comunicação pela oferta de dinheiro público é uma ofensa à moralidade e ao jornalismo nacional", disse o ex-governador de São Paulo.
Herculano
30/10/2018 04:49
TITULAR DO MEC PODE SAIR DO 'ESCOLA SEM PARTIDO', por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O movimento Escola Sem Partido vai ganhar força no governo Jair Bolsonaro (PSL). Seu ministro da Educação será alguém disposto a enfrentar essa "guerra" contra corporações, professores militantes e minorias barulhentas. Um dos cogitados é Stravos Xanthopoylos, especialista que faz parte da equipe que prepara seu programa de governo, mas outro passou a ser avaliado para o cargo: Miguel Nagib.

CONTRA DOUTRINAÇÃO
Miguel Francisco Urbano Nagib é advogado, fundador do movimento Escola Sem Partido, que pretende proteger os alunos de doutrinação.

FIM DO OPORTUNISMO
O movimento quer impedir o professor de aproveitar a audiência cativa de alunos para fazer pregação religiosa, ideológica, política e partidária.

AUTOR DOS PROJETOS
Citado para o MEC no entorno de Bolsonaro, Miguel Nagib minutou os projetos de lei da Escola Sem Partido apresentados em vários Estados.

QI É MUITO FORTE
Além de qualificação técnica, outro fator torna Nagib forte para o MEC: é cunhado da deputada Bia Kicis (PRP-DF), muito ligada a Bolsonaro.

BOLSONARO EVITARÁ ESCOLHA POLÍTICA DE MINISTROS
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) tem uma tarefa difícil pela frente, na articulação do governo Jair Bolsonaro: atrair apoio no Congresso, mas sem assumir compromissos para indicação política de ministros. A única exceção admitida por Bolsonaro de político à frente de ministério, em princípio, é o próprio Lorenzoni. A decisão é observar com rigor a regra de só nomear ministros tecnicamente qualificados.

DESCENTRALIZAÇÃO
Como na gestão militar, Bolsonaro deve entregar os ministérios aos titulares de "porteira fechada", fixando metas e cobrando resultados.

SEM INFLUÊNCIA POLÍTICA
Bolsonaro acredita que gestão técnica sem influência política, de forma descentralizada, é a garantia de obtenção dos melhores resultados.

CHANCES REDUZIDAS
O princípio de "ministério sem políticos" diminui as chances de nomes como a senadora Ana Amélia (RS), citada para as Relações Exteriores.

QUANDO DEZEMBRO VIER
Jair Bolsonaro planeja se mudar para Brasília, de mala e cuia, só em dezembro. Deseja ficar mais próximo dos médicos que o assistem até realizar a cirurgia para retirar a colostomia. É bom o presidente já ir se acostumando com seu poder: a equipe médica é que tem de ir até ele.

DEMOCRATAS DE ARAQUE
Aqueles que se apresentaram na campanha presidencial como "defensores da democracia" são os primeiros a desrespeitá-la: não aceitam a vontade soberana dos brasileiros que elegeram Bolsonaro.

REVOLTA DOS BICHOS
Brigadas fascistas muito semelhantes aos "camisas negras" de Mussolini, cujo candidato a presidente foi derrotado nas urnas, impediram ontem, com violência, que alunos da Universidade de Brasília fossem às aulas vestidos de camisetas verde e amarelo.

UM GENERAL NA SSP
O governador eleito, Ibaneis Rocha (MDB), tem um sonho: contar com o general Paulo Chagas, quarto mais votado para o governo do Distrito Federal, assumindo o comando da Secretaria de Segurança Pública.

PASSOU VERGONHA
O melhor cenário para o PT, previsto nesta coluna de sábado (27), era obter 47% dos votos para "não passar vergonha". O partido de Lula ficou 3 pontos percentuais abaixo da meta da "derrota honrosa".

OPOSIÇÃO, PERO NO MUCHO
Apesar de esquerdopatas pedirem "resistência" e "oposição cega" a Bolsonaro nas redes sociais, o PT não é bobo. O presidente do PT-RJ, Washington Quaquá, tem mais juízo: propõe "oposição pontual".

O LEÃO É MANSO?
Lula não parece inconformado com a derrota. Mandou recado por Emídio Souza, tesoureiro do PT, para a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Pediu "calma" à Corrente Novo Brasil, sua facção no PT.

FESTA NA CADEIA
O promotor Luis Milleo adverte que milhares de homens traficantes, alegarão que cuidam dos filhos, para requerer isonomia de tratamento na decisão do STF que mandou para casa 14.570 mulheres traficantes.

PENSANDO BEM...
...agora que 2018 chega ao fim, os políticos finalmente podem se concentrar no que importa para eles: as eleições municipais de 2020.
Herculano
30/10/2018 04:42
PT E ESQUERDA SAEM DEFASADOS DO CICLO QUE ELEGEU BOLSONARO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Partido pode renovar seus quadros e atualizar sua pauta ou apostar em onda retrô

O PT e a esquerda saíram defasados do ciclo político que elegeu Jair Bolsonaro. O movimento de oposição ao novo governo deve preservar a relevância dos partidos derrotados, mas seu futuro dependerá de uma correção de rumos.

As principais marcas da eleição deste ano foram a renovação e a repulsa à política tradicional. Os petistas apostaram no caminho inverso: tentaram reciclar o governo Lula e formaram uma tropa composta especialmente por veteranos.

No PT, a atualização de quadros no Congresso ficou bem abaixo da média. Dos 56 deputados eleitos pela sigla, só quatro podem ser considerados novidades. Quarenta já estavam na Câmara, oito são deputados estaduais e outros quatro exerceram cargos relevantes nos últimos anos.

Embora o partido seja um dos únicos com uma vida partidária que estimule o surgimento de novos nomes, os petistas parecem ter perdido o bonde de 2018. Fernando Haddad, derrotado na corrida presidencial, desponta como principal aposta para recuperar o tempo perdido.

O presidenciável do PT enfrentará algumas barreiras nesse processo. Estará sem mandato (o que reduz o alcance de sua voz), enfrentará resistências de parte da burocracia da própria sigla e terá Ciro Gomes como concorrente na esquerda pelo papel de protagonista da oposição.

O maior desafio, no entanto, deve ser a reconfiguração de uma agenda partidária que parece obsoleta. O PT acreditou que a lembrança dos bons momentos do país sob Lula seriam suficientes na campanha, mas ignorou demandas sociais que foram os trampolins da eleição de Bolsonaro: a intolerância com a corrupção e o combate à violência.

A vitória de Haddad no Nordeste confirma o forte peso do legado petista de combate à miséria. A derrota nas demais regiões mostra que essa pauta se tornou insuficiente.

O desempenho de Bolsonaro no poder vai determinar se o anseio por renovação ficará vivo. Em quatro anos, o PT pode apresentar um novo estilo ou apostar numa onda retrô.
Herculano
30/10/2018 04:38
BOLSONARO É A LÁPIDE DO SISTEMA QUE APODRECEU, por Josias de Souza

A vitória de Jair Bolsonaro consolidou o processo eleitoral de 2018 como uma pequena revolução. Desde a transição da ditadura para a democracia, há 33 anos, não se via um vendaval semelhante na política brasileira. A guinada promovida agora pelo eleitor foi maior do que aquela ocorrida em 2002, quando Lula se tornou presidente da República pela primeira vez.

O triunfo de Bolsonaro se deve menos às qualidades do novo presidente e mais aos defeitos do sistema político que ele confrontou. O sistema partidário apodreceu. Bolsonaro é o resultado desse apodrecimento. Em termos partidários, os dois maiores perdedores da temporada foram o PT e, subsidiariamente, o PSDB. Em termos pessoais, o maior derrotado foi Lula.

Ironicamente, Bolsonaro é um personagem do sistema que o eleitor escolheu para dar uma resposta antissistêmica. Sua vitória caiu sobre a estrutura partidária como uma lápide. Para ressuscitar, os partidos terão de se reinventar. Quanto a Bolsonaro, ele terá de oferecer resultados práticos rapidamente. Do contrário, o pedaço do eleitorado que enxergou nele uma solução logo começará a vê-lo como uma espécie de São Jorge às avessas, capaz de abandonar o plano de salvar a donzela para se casar com o dragão.
Herculano
30/10/2018 04:34
A PERGUNTA QUE A CIDADE DE GASPAR E OS LEITORES E LEITORAS DO PORTAL CRUZEIRO DO VALE FAZEM: QUEM É QUE COMEMORAVA A ELEIÇÃO DE JAIR BOLSONARO COM TIROS DE ARMA DE FOGO EM MEIO A MULTIDÃO? É TÃO DIFÍCIL A POLÍCIA IDENTIFICÁ-LO E ENQUADRÁ-LO? TINHA PORTE DE ARMA, PELO MENOS? O QUE SE QUER ESCONDER? ACORDA, GASPAR!
Herculano
30/10/2018 04:30
PEQUENEZ NA DERROTA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Haddad esteve longe de mostrar a capacidade de liderar uma oxigenação do discurso do PT

Treze anos no poder não fizeram do PT uma oposição mais madura. Desde a deposição de Dilma Rousseff, em 2016, o partido retrocedeu ao esquerdismo panfletário, acrescido de fantasias persecutórias, em busca de preservar seus nichos mais fiéis - e à custa de intensificar sua rejeição no restante majoritário do eleitorado nacional.

Derrotado na disputa presidencial deste domingo (28), Fernando Haddad esteve longe de mostrar a capacidade de liderar uma oxigenação do discurso e das práticas da sigla. Dificilmente poderia ser promissor, nesse contexto, o pronunciamento que fez quando já se conhecia o veredito das urnas.

Voltaram, previsivelmente, os queixumes contra o impeachment de Dilma e a "prisão injusta" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A "tarefa enorme" que disse ver pela frente seria "defender o pensamento e as liberdades desses 45 milhões de brasileiros [foram 47 milhões ao final da apuração]" que nele votaram. A despeito do adjetivo empregado, a missão não abarca a maioria que fez outra escolha.

Haddad também não seguiu o rito democrático de cumprimentar de pronto o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), pela vitória. Só veio a fazê-lo nesta segunda-feira (29), por meio de uma rede social. Menos mal, mas ainda assim sintomático da propensão petista a negar legitimidade aos adversários.

O PT recebeu um respeitável mandato oposicionista no pleito, no qual elegeu 56 deputados federais e quatro governadores. Ainda mais eloquente, entretanto, foi a ampla e aguda rejeição ao partido - maior entre os votantes mais ricos e escolarizados dos grandes centros urbanos, mas elevada em quase todos os estratos e regiões.

Mais que tolice, soa a ofensa a insistência em atribuir tal sentimento a elitismos ou preconceitos. O autoengano servido à militância contribui para envenenar o ambiente político, enquanto a sigla mantém o culto a líderes flagrados em desmandos e se esquiva de reconhecer seus erros econômicos.

Talvez aposte que, fazendo oposição agressiva, intransigente e dogmática, venha a colher os dividendos de um desgaste futuro, nada implausível, do governo Bolsonaro.

Bastaria, assim, oferecer ao público a tradicional receita de soluções fáceis, que desconhecem as limitações orçamentárias, e a mitologia dos anos de bonança sob Lula.

A ser esse o caso, cumpre recordar que nem a impopularidade devastadora de Michel Temer (MDB) - para nem mencionar os temores despertados pela candidatura do capitão reformado - bastou para reconduzir os petistas ao Planalto.
Luiz cqrlos
29/10/2018 15:48
Caros srs
Eu gostaria de saber, que empreendimento está sendo construído na barranca do Rio??, em frente à loja Milium. Na Av. Das comunidades...
É impressão minha, ou estou enganado em relação a lei que proíbe construções em relação às margens de rios???
Acho que estou enganado.... mas se alguém puder esclarecer agradeço...
Miguel José Teixeira
29/10/2018 15:41
Senhores,

Ufffa. . . quase que o preposto do presidiário lula ficou em 3º lugar. . .

Aí, já seria "coisa dazelite". . .

Agora, a CORJA VERMELHA está pedindo segurança especial para "çuas lideran$$a$" (???).

Ora, babacas, quem não deve não teme, diz o adágio popular!!!
Herculano
29/10/2018 12:22
Avelino: reparado. Obrigado
Herculano
29/10/2018 12:19
Enquanto Haddad se negava a reconhecer a vitória de Bolsonaro, o presidente norte-americano não só telefonou, como tuitou o seguinte.

Had a very good conversation with the newly elected President of Brazil, Jair Bolsonaro, who won his race by a substantial margin. We agreed that Brazil and the United States will work closely together on Trade, Military and everything else! Excellent call, wished him congrats!
Avelino Souza
29/10/2018 12:14
Herculano,

Um pequeno reparo na sua informação, o Dr. Carlos Robero Pereira foi bombeiro militar e não bombeiro voluntário como o senhor informou. E só conferir no Diário Oficilando estado ou perguntar para o Rafael da Defesa Civil.

Herculano
29/10/2018 11:56
HISTóRIA PARA BOI DORMIR. AUSENTES NÃO NOS REPRESENTAM. ENTÃO É HORA DE CONTINUAREM AUSENTES. OUTROS JÁ ESCOLHERAM POR ELES

Gente afeita a números mostra que os brancos (2,14%) e nulos (7,43%) somaram 9,57% dos votos no segundo turno: uma massa imensa de 11.094.674 votos, maior do que a diferença que separou Jair Bolsonaro de Haddad: 10.756.849 pessoas. Outras 31.371.267 pessoas simplesmente não quiseram nem aparecer no pleito: somam 21,3% ou seja, 42.465.941 de votos se perderam e que agora eles deveriam ser contados como vozes. Ai, ai, ai. Tiveram a oportunidade e não a exerceram. Simples assim. Continuem ausentes...
Herculano
29/10/2018 11:49
COM 10,26 PONTOS À FRENTE DE HADDAD, VITóRIA DE BOLSONARO É ELOQUENTE, NÃO ESMAGADORA; NÚMEROS IMPõEM RESPONSABILIDADES AOS 2 LADOS, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

A vitória de Jair Bolsonaro (PSL), com 55,13% dos votos válidos, contra Fernando Haddad (PT), com 44,87%, é, por óbvio eloquente, mas não é esmagadora, como se prenunciava na semana seguinte à realização do primeiro turno. A diferença de 10,26 pontos percentuais foi bastante encurtada em relação aos até 20 pontos registrados por alguns levantamentos. Discurso extremista do agora presidente eleito, palestras em que um de seus filhos falava em fechar o STF e em resistir a decisões do tribunal e arreganhos autoritários da Justiça eleitoral e de forças policiais contra universidades certamente colaboraram para tirar votos do peesselista e para reforçar a posição do petista. Entre ambos, uma diferença de 10.756.849 eleitores. Bolsonaro obteve 57.797.423, contra 47.040.574 de Haddad. Os números que saem das urnas impõem responsabilidade tanto àqueles que vão governar como àqueles que vão divergir.


No discurso em que admite a derrota, Haddad chegou a carregar um tantinho nas tintas dramáticas, lembrando o Hino Nacional, em que se diz que não "teme quem adora a liberdade a própria morte"? Em princípio, parece haver aí certo exagero. O que interessa é outra coisa. Afirmou o petista: "Nós temos uma longa trajetória de militância, de vida pública, nós reconhecemos a cidadania em cada brasileiro, em cada brasileira, e nós não vamos deixar esse país pra trás. Nós vamos colocá-lo acima de tudo e nós vamos defender os nossos pontos de vista, respeitando a democracia, respeitando as instituições, mas sem deixar de colocar o nosso ponto de vista, sobretudo o que está em jogo no Brasil a partir de agora." Quem vai governar tem de fazê-lo de acordo com as regras do jogo. E quem vai se opor também. Fazer oposição não é sabotar o governo do adversário. Haddad não telefonou para Bolsonaro. Este já havia dito anteriormente que também não o faria se o adversário vencesse. Convenhamos: eles não precisam se gostar. Precisam é se respeitar.

Estou entre aqueles que consideram urgente e necessário que se fale, no país, em conciliação e pacificação. Mas conciliar o que com o quê? Quem com quem? Ora, nas democracias, a existência de oposição é que legitima o governo. Devem as forças se conciliar no esforço de reconhecer a supremacia das instituições sobre os grupos litigantes. Ora, é claro que são projetos diferentes, ainda que, nesta eleição, se tenha falado muito pouco de propostas em benefício de ofensas e mentiras estupefacientes. Mas chegará a hora da verdade. Ainda que Bolsonaro tenha pronunciado uma única vez a palavra "reformas" em seus dois discursos, é quase certo que venha alguma proposta para a Previdência no ano que vem. E se deve dar de barato que as esquerdas, sindicatos e movimentos sociais tenderão a resistir. Estou entre aqueles que consideram uma reforma necessária. Sim, é preciso que saibamos qual será a do governo Bolsonaro. Mas que se diga agora: desde que a eventual resistência respeite os limites impostos pelas leis a protestos, estes são legítimos e fazem parte da vida democrática. A conciliação e a pacificação de que trato supõem apenas que os atores aceitem a arena da democracia.

O bom entendedor parece perceber que Haddad se candidata desde já a ser uma liderança do PT, agora ungido por mais de 47 milhões de votos. Alguns hão de dizer: "Ah, isso tudo não é dele, não! Há muito voto contra Bolsonaro aí?" É verdade! Mas quantos votos em favor do candidato do PSL são, de fato, contra o PT? Afirmou o candidato derrotado: "Daqui a quatro anos, nós teremos uma nova eleição, nós temos que garantir as instituições, nós não vamos sair das nossas profissões, dos nossos ofícios, mas não vamos deixar de exercer a nossa cidadania. Vamos estar o tempo inteiro exercendo essa cidadania e talvez o Brasil nunca tenha precisado mais do exercício da cidadania do que agora." Não é, no entanto, segredo para ninguém que este Haddad mais ameno, que fala a língua da institucionalidade, não é unanimidade no PT. Seu discurso certamente encontra eco em outro líder hoje importante no partido: Jaques Wagner, senador eleito pela Bahia, com mais trânsito junto às áreas mais duras do petismo. Dado o desastre potencial, o PT acabou se saindo bem nas urnas. Ocorre que os votos seus, de verdade, estão mais perto dos pouco mais de 31 milhões do primeiro turno do que dos pouco mais de 47 milhões no segundo. Aqueles que assim fizeram esperam, por óbvio, que o partido se oponha a Bolsonaro. Mas a qualidade dessa oposição é que vai determinar a eficiência da ação. Haddad tem a tarefa nada trivial de convencer o PT de que é o líder capaz de reconstruir a imagem do partido e de reconectá-lo com massas imensas que dele desertaram. Pra começo de conversa, tem enfrentar uma linha-dura como Gleisi Hoffmann, presidente da legenda, que migrará do Senado para a Câmara.
Herculano
29/10/2018 11:39
A MENSAGEM DESTA MANHÃ DE HADDAD A BOLSONARO

Presidente Jair Bolsonaro. Desejo-lhe sucesso. Nosso país merece o melhor. Escrevo essa mensagem, hoje, de coração leve, com sinceridade, para que ela estimule o melhor de todos nós. Boa sorte!
Herculano
29/10/2018 11:34
De Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, na observação de Augusto Nunes, de Veja.

Gleisi avisa que o PT só reconhece eleições quando os resultados são favoráveis ao partido

"Nesta noite de 28 de outubro nossa primeira palavra para o povo brasileiro é: resistiremos. Resistiremos em defesa dos direitos, das liberdades da soberania! Um processo eleitoral construído em cima de impedimentos, mentiras, distorções, caixa dois vai nos impulsionar a lutar mais". (Gleisi Hoffmann, presidente do PT, avisando que o partido comandado pelo ex-presidente presidiário, derrotado pelo voto popular, está muito animado para a disputa do terceiro turno)
Herculano
29/10/2018 11:31
PT, O EXCLUSIVO SALVADOR DA PÁTRIA

de Fernando Haddad, no twitter, e a revelia do Deus Lula, aproveitando-se que ele está preso.

E como disse ontem, eu coloco a minha vida à disposição desse país. Não tenham medo, nós estaremos aqui. Nós estamos juntos. Nós estaremos de mãos dadas com vocês. Nós abraçaremos a causa de vocês. Contem conosco. Coragem, a vida é feita de coragem. Viva o Brasil!



Herculano
29/10/2018 11:23
O PITORESCO VENCEU, por Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo

Com Bolsonaro no Planalto, o jornalismo profissional continuará sendo fundamental

O deputado Jair Bolsonaro chega à Presidência da República pela democracia, sistema político pelo qual demonstrou pouco apreço nos 27 anos de carreira na Câmara.

Democracia que elegeu em 89 um falso caçador de marajás e vendedor de ilusões, um sociólogo em 94 e 98, um torneiro mecânico em 2002 e 06, e uma ex-guerrilheira em 2010 e 14.

Não se pode, definitivamente, exigir do eleitor brasileiro um padrão de votação. Quem diria, há quatro anos, que o eleito em 2018 seria um deputado do baixo clero com desempenho parlamentar medíocre. Um capitão reformado considerado pitoresco pelos colegas de plenário por causa dos discursos de intolerância, em defesa da tortura e da ditadura militar. Pois o pitoresco venceu.

Bolsonaro assumirá em janeiro a chefia da República legitimado por 55% dos votos válidos registrados pelas teclas 1 e 7 das urnas eletrônicas que o candidato tanto desacreditou.

Sentará na cadeira do gabinete do terceiro andar do Palácio do Planalto sem ter debatido o futuro do país com o seu oponente no segundo turno. Venceu a eleição sem dirimir as dúvidas que cercam seu obscuro plano de governo. Bateu o PT sob o velho discurso bravateiro contra adversários e a imprensa não adesista.

O sucesso de seu governo dependerá dos resultados da economia conduzida pelo guru Paulo Guedes e da relação com o Congresso, crucial para a aprovação de reformas necessárias como a da Previdência.

Um Parlamento hostil e uma economia perdida são o casamento perfeito para um governo desmoronar.

Qual será o comportamento de Bolsonaro em eventual ambiente de adversidade política? Como agirá diante de uma derrota no STF em julgamento de interesse do Executivo? Serão situações para testar os instintos autoritários do futuro presidente, que terá oportunidades para mostrar sensatez e espírito público.

E com Bolsonaro no comando do Palácio do Planalto, o jornalismo profissional continuará sendo fundamental. A pedra no sapato que foi e sempre será de qualquer governo.
Herculano
29/10/2018 11:20
BOLSONARO PRECISA PARAR DE INDUSTRIALIZAR A RAIVA, por Josias de Souza

Há males que vêm para pior. Durante a campanha, Jair Bolsonaro botou raiva demais na sua retórica. Eleito, poderia ter oferecido conciliação. Mas tomou gosto pela cólera. Consolidado o seu triunfo, o capitão correu para a trincheira das redes sociais, seu habitat natural. "Não poderíamos mais continuar flertando com o socialismo, com o comunismo, com o populismo e com o extremismo da esquerda", declarou, ecoando o discurso que fizera uma semana antes - aquele em que dissera que os "marginais vermelhos", com uma "faxina", seriam "banidos" do país.

Bolsonaro ainda não se deu conta. Mas a satanização dos adversários perdeu a importância com a abertura das urnas. A corrupção é endêmica, o Estado foi à breca, a economia está sedada e há 12,7 milhões de brasileiros sem emprego. Admita-se que, diante de tantos flagelos, o partido da estrela vermelha e o sistema político tornaram-se alvos fáceis. Mas Michel Temer, a herança do petismo que apodrece no Planalto, vai embora em janeiro. E nem por isso haverá um surto de probidade. O déficit público não sumirá. O PIB não bombará. E os empregos não cairão do céu.

Bolsonaro planeja viajar para Brasília nesta terça-feira. Precisa nomear até 50 prepostos para cuidar da transição de governo. Chegou a hora de saciar as expectativas que despertou. Sob pena de produzir uma onda de decepção capaz de corroer rapidamente a legitimidade obtida nas urnas.

Os eleitores de Bolsonato dividem-se em dois grupos. Num, estão os brasileiros que acreditaram num mundo feito de soluções fáceis. Noutro, os que votaram contra os defeitos do sistema, não a favor das qualidades do capitão. Quando o primeiro grupo perceber que não existem soluções fáceis e o segundo grupo notar que a desqualificação do eleito o aproxima daquilo que o sistema tem de pior, Bolsonaro estará em apuros.

Nessa hora, o "grande exército" de apoiadores do presidente eleito começará a flertar com a ideia da deserção, juntando-se aos "socialistas" e "comunistas" que Bolsonaro enxerga nas esquinas, em cima das árvores e nas redações "da grande mídia". Ou Jair esquece que há um sobrenome "Messias" anotado em sua certidão de nascimento antes do Bolsonaro ou vai acabar acreditando que é mesmo o salvador da pátria.

Sob refletores, renovará a promessa de expulsar os vendilhões do templo. Longe dos holofotes, negociará com os pecadores a aprovação de suas reformas no Congresso. Bolsonaro já iniciou um movimento de aproximação com as bancadas de partidos como o DEM de Rodrigo Maia e o PSD de Gilberto Kassab. Logo, logo terá raiva de si mesmo, tornando-se vítima de sua própria indústria.
Herculano
29/10/2018 11:16
MODERAÇÃO FICOU BARATA NA POLÍTICA; HORA DE COMPRAR, por Vinicius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo

Democracia brasileira, que absorvera entrantes do PT no governo federal em 2002, reabriu as portas agora, para o outro lado do espectro

A democracia do Brasil acaba de dar vazão a um profundo e duradouro sentimento de contrariedade com partidos estabelecidos.

O mal-estar se acumulava desde junho de 2013. Rebentou em manifestações inespecíficas de revolta, rompantes de violência e depredações naquele ano. Prolongou-se pela campanha presidencial de 2014, decidida por um punhado de votos.

Irrompeu nem bem reempossada estava a presidente vitoriosa. Alimentado por uma recessão cruel, produziu as maiores mobilizações de rua da história. Propeliu o impeachment de Dilma Rousseff e o mergulho da popularidade de Michel Temer após o escândalo da JBS.

Inflamou o espírito de pequenos proprietários e da porção majoritária da população, que os apoiou, no levante dos caminhoneiros em maio passado. Foi a primeira rebelião de característica autoritária, difusamente golpista, sob o regime de 1988.

Toda essa pressão encontrou em Jair Bolsonaro e outras lideranças excêntricas uma válvula de escape institucional, no sistema representativo. Os representantes da nova direita vão governar, compor ministérios e estatais, lutar para congregar maiorias parlamentares e experimentar a dureza de administrar a máquina federal em condições adversas.

A imprensa livre os vigiará em cada passo da gestão, e não haverá intimidação capaz de fazê-la recuar. Estarão expostos à entropia, que leva ao desgaste e à frustração popular.

A vitória do PT na disputa presidencial de 2002 foi saudada como um marco de renovação e incorporação de novas forças políticas ao establishment. Fez muito bem ao Brasil.

A porta de entrada abriu-se outra vez, demonstrando a capacidade de nossa democracia de absorver atores também do outro lado do espectro.

Quem comprou radicalização à direita de 2013 para cá se deu bem. O que ficou barato agora é parcimônia e racionalidade econômica. São promissoras as condições para um partido social-democrata moderno no Brasil. Mas será preciso arriscar.
Herculano
29/10/2018 11:08
UMA VIRADA À DIREITA, por Fernando Gabeira, no jornal O Globo

Ganhar a eleição é difícil; derrotar forças poderosas, mais ainda. Mas dificuldades começam mesmo quando se chega ao governo

A roda rodou. Já vi muitos presidentes, subindo e descendo a rampa. Um deles descendo ao fundo da terra, Tancredo. Collor chegando e saindo de nariz erguido. Lula com tantas promessas.

Itamar, encontrei antes da posse, no Hotel Sheraton. Ele ainda não era o presidente, e eu tentava convencê-lo de que seria. Conheci Itamar desde a Rua Halfeld, a mesma onde Bolsonaro tomou a facada. Era um homem decente, tomava religiosamente uma sopinha ao entardecer. Ousou assinar o Plano Real.

Agora, sobe Jair Bolsonaro. Não foi uma rodada simples, dessas em que PT e PSDB se revezam. Foi mais ampla, como foi a de 64, só que agora sem Guerra Fria, num contexto democrático.

Senti a ascensão de Jair Bolsonaro. Impossível ignorá-la correndo o Brasil, observando as redes sociais. Quando levou a facada em Juiz de Fora, pensei: facada e tiro, quando não matam, elegem.

Se nossa cultura produziu essa certeza, isso quer dizer que a condenação da violência política tende a ser consensual. O presidente eleito deveria encarnar e expressar essa condenação. Não é um conselho, apenas uma leitura do Brasil. Os últimos dias de campanha foram ameaçadores. Prisão, desterro, banir da face da terra. Alta tensão. As universidades podem ser invadidas por ideias, não pela polícia.

O novo governo tem uma agenda brava, e só me resta usar esses meses de transição para estudar melhor e criticá-la com fundamento.

Outro campo de estudo se abre. A frase de Mano Brown ?" é preciso encontrar o povo - foi endereçada ao PT. Mas não vale também para o sistema partidário, a academia, a mídia, os especialistas? Como reconciliá-los com o homem comum?

Minha atitude com Bolsonaro será a que sempre adotei nos anos de convivência: respeito ao argumentar nos pontos divergentes e estímulo aos seus movimentos positivos. Alguns leitores condenam essa visão, sob o argumento de que normaliza a barbárie.

Mas se era assim com o deputado, por que não seria com o presidente, cujas ações mexem com nosso destino e com a imagem externa do Brasil?

Na minha visão de mundo, é impensável ofender os eleitores que escolheram outro caminho. O pressuposto é apostar na boa-fé da maioria do povo brasileiro.

Farei uma oposição sem truques ou medo, das que não visam ao poder. Apenas um desejo de ver o país retomando democraticamente os trilhos, um pouco também por filhos e netos. A sensação de continuidade ao lado da poesia são os territórios em que desafiamos a morte.

Ganhar a eleição é difícil; derrotar forças poderosas, mais ainda. No entanto, as dificuldades começam mesmo quando se chega ao governo. As qualidades para ganhar a eleição são diferentes das que impulsionam o governo. Para vencer, é preciso falar a linguagem do povo.

O grande talento nesse campo nem sempre nos socorre, quando a necessidade impõe grande esforço intelectual para a tomada de decisões. Da mesma forma, o tom agressivo de campanha é o inverso da generosidade que se espera de um eleito.

Bolsonaro não é um raio em céu azul. O panorama político no Brasil mudou. Pensadores de direita surgiram no cenário. Jovens liberais, propagandistas religiosos ocuparam as redes.

As manifestações de 2013 colocaram na rua multidões com uma aspiração difusa de melhores serviços. As de 2015 afunilaram na denúncia da corrupção, impulsionaram a queda de Dilma.

Uma esquerda, sem élan para se reinventar ou base teórica para vislumbrar o horizonte, tornou-se uma presa fácil no debate de ideias.

Foi uma campanha da era digital. Hoje, todos falam, compartilham. Baixo nível? Talvez. Mais democrático? Sem dúvida. Foi também facada, fake news, acusações, brigas entre famílias, amigos, ansiedade, tentativas de suicídio ?" um psicodrama nacional.

Fiz tudo para manter a cabeça fria. É natural levar caneladas dos dois lados. Caneladas e balas perdidas são parte do jogo.

Outro dia, alguém escreveu sobre mim: se ficar como ele, peço aos amigos que me ajudem numa eutanásia. Não tenho por hábito contestar essas coisas da rede. Nesse caso, a resposta seria simples: obrigado por morrer em meu lugar. É uma gentileza nesses tempos sombrios.

É preciso viver um pouco mais para ver um país mais tranquilo, fraternal. Não sou ingênuo a ponto de imaginar esquerda e direita de mãos dadas. Não se trata de lirismo. As emoções da campanha ofuscaram um pouco a gravidade de nossos problemas.

Agora, voltamos à vida real.
Herculano
29/10/2018 11:06
RECUPERAR A ECONOMIA E A INTEGRIDADE

Nota do juiz Federal em Curitiba, Sérgio Morro, responsável pelas ações da Lava Jato

Cabe congratular o Presidente eleito e desejar bom Governo. São importantes, com diálogo e tolerância, reformas para recuperar a economia e integridade da Administração Pública e resgatar a confiança da população na classe política.
Herculano
29/10/2018 11:00
UMA DIA ATRASADO E QUANDO O BRASIL INTEIRO SE INDIGNAVA

De Guilherme Fiuza, do Gazeta do Povo, de Curitiba, no twitter:

O poste resolveu ser civilizado um dia depois. É o padrão PT: barbariza, bravateia e se pegar muito mal, ressurge como alma honesta e magnânima. Ajuda-memória da Odebrecht: Lula estava se desculpando pelo mensalão quando iniciou o petrolão.
Herculano
29/10/2018 10:50
A NOVA DIREITA, por Denis Lerrer Rosenfeld, filósofo, professor da UFRGS, no jornal O Estado de S. Paulo

A ideologia de esquerda está perdendo espaço para a emergência de novas forças políticas

O quadro eleitoral mudou a face do País. Novos parlamentares, novos governantes. Os padrões que vinham orientando a conduta dos políticos sofreu uma brusca transformação, desde a importância da televisão, que perdeu a sua força em detrimento das redes sociais, até a afirmação do antipetismo como ideia transformadora. A ideologia de esquerda perde a sua aderência, abrindo espaço para a emergência de novas forças.

Até estas últimas eleições tínhamos um critério definido, articulado em torno da oposição PT-PSDB. O esquema vigente estruturava-se a partir de uma alternativa entre uma esquerda social-democrata e uma que detestava essa denominação, fazendo o jogo da democracia, apesar de não reconhecer o seu valor universal.

Os valores da esquerda funcionavam como uma espécie de terreno comum, balizando os termos da disputa. Segundo as necessidades eleitorais, os tucanos faziam uma leve inflexão à direita, para capturar os seus votos, embora não se reconhecessem nesse movimento. Os petistas, por sua vez, saíam de sua posição de esquerda ou de extrema esquerda rumo ao centro para não afugentar cidadãos comprometidos com a democracia e os princípios do Estado de Direito e de uma economia de mercado.

Tal forma de enfrentamento terminou sendo muito confortável para os dois contendores, que em seus melhores momentos de relacionamento se consideravam irmãos de uma mesma ideologia social-democrata, embora um deles não se reconhecesse nesse espelhamento.

À direita não lhe sobrou nenhum espaço. O PSDB considerava-a um mero lote de votos que nele desaguaria normalmente, uma vez que esse setor da população não votaria no PT. Nos poucos momentos em que a sociedade se pôde manifestar em função propriamente de valores foi no referendo sobre o Estatuto do Desarmamento, em que a maioria da Nação votou pelo direito à legítima defesa.

O voto popular foi posteriormente desconsiderado por meio de atos administrativos, como se a vontade da maioria não devesse ser respeitada. Não é casual que Jair Bolsonaro tenha partido precisamente da defesa desse valor ancorado no direito de proteção da própria vida, tendo visto aí uma brecha que terminou se mostrando uma grande avenida.

Acontece, porém, que a sociedade passou a não mais se reconhecer nesse jogo da esquerda. Viu-se não representada. Os tucanos desaprenderam de fazer oposição, oscilando em suas posições e não sabendo fazer o enfrentamento com o PT. Pior ainda, muitos de seus líderes terminaram comprometidos com a corrupção, tirando desse partido o que era seu traço distintivo.

O PT, por sua vez, abandonou qualquer disfarce democrático e partiu para o aparelhamento ideológico e partidário do Estado, tratando-o como se fosse uma espécie de coisa sua, a ser negociada com empresários que se locupletavam num capitalismo de compadrio. Para as massas de trabalhadores e desempregados sobraram as migalhas desse enriquecimento ilícito.

Agora, com Jair Bolsonaro e, no primeiro turno, com João Amoedo, para não falar dos novos deputados e senadores, não apenas saímos da oposição estéril entre esquerda e direita, como a direita passou a se apresentar em sua diversidade. O PT ainda procura, no desespero, caracterizá-la como fascista, pois nada mais sabe fazer do que considerar os seus adversários como inimigos que deveriam ser aniquilados: o "nós" contra "eles". O partido nunca soube conviver com o outro, apenas procura sempre consolidar a sua própria hegemonia. Nem semelhantes consegue aceitar. Ciro Gomes e Marina Silva que o digam! Foram, em diferentes momentos, simplesmente descartados e desconsiderados.

A nova direita apresenta-se agora em duas correntes. Trata-se dos conservadores e dos liberais, em sua significação inglesa, pois na vertente americana os liberais são de esquerda, na acepção local da social-democracia. Uma, representada por Jair Bolsonaro, tem sua ideia reitora em posições conservadoras, outra por João Amoedo, que expressa posições liberais.

A primeira está, principalmente, ancorada na questão dos costumes e no direito à legítima defesa. Trata-se de valores morais que deveriam, segundo essa formulação, fundamentar as posições públicas, dentre as quais a luta contra o aborto, a defesa da família, o direito à posse de armas e o combate à ideologia de gênero nas escolas. Daí nasce o apoio maciço dos evangélicos e de setores católicos a Jair Bolsonaro.

No que toca à questão econômica, as posições são menos claras, embora o candidato tenha passado a levar a sério posições liberais, como a necessidade de privatização de algumas empresas estatais, a austeridade fiscal e a urgência da reforma da Previdência, por exemplo. Em todo caso, clara está a defesa da economia de mercado e do Estado Democrático de Direito, o direito à propriedade privada, a defesa das seguranças jurídica, física e patrimonial e a liberdade de imprensa e de expressão. Aqui, posições conservadoras recortam perfeitamente as liberais.

A segunda, a liberal, parte enfaticamente da defesa da economia de mercado, insistindo na redução substancial do peso do Estado, apregoando um programa rápido e abrangente de privatizações. No que tange aos costumes, diferencia-se dos conservadores por defender outros valores, como a liberalização do aborto e das drogas e a defesa das minorias. Ou seja, a noção de liberdade seria entendida de um modo mais amplo, vindo a significar um distanciamento dos princípios conservadores.

Os próximos anos certamente serão a ocasião de desenvolvimento e de contraposição entre essas posições à direita, vindo a ser propriamente protagonistas da luta política, e não mais meras coadjuvantes de posições de esquerda, que as instrumentalizava. Caberá, isso sim, à esquerda reinventar-se, abandonando, no caso do PT, seus delírios chavistas e antidemocráticos.
Herculano
29/10/2018 10:48
UMA CIÊNCIA POLÍTICA CÉTICA, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Há competência na maioria dos eleitores para escolher o presidente?

O número de títulos recentes que trazem um olhar cético sobre a democracia cresce. No caso específico que analiso aqui, esse olhar cético cai sobre a figura do eleitor. Não conhecemos nenhum sistema político melhor, mas isso não deve nos impedir de refletir de forma menos apaixonada sobre a democracia.

Existem dois modos de se fazer ciência política. Um primeiro, mais conhecido, pensa a democracia como projeto a ser aperfeiçoado nas suas virtudes. Modo muito necessário, que não é posto em dúvida por nenhum autor que represente uma abordagem mais empírica e cética da ciência política (este é o segundo modo de se fazer ciência política). As virtudes da democracia são o voto, os limites institucionais do poder representativo, a liberdade, a autonomia dos poderes, enfim, os pesos e contrapesos.

Bartels e Achen, em 2016, no seu "Democracy for Realists" (Democracia para Realistas), com sólida base empírica, nos chamavam a atenção para o fato de que a democracia é carregada de expectativas míticas ("folk theory of democracy"). Uma delas é que eleitores com maior formação educacional fazem escolhas "melhores" ou escapam de viés ideológico pesado na sua prática como eleitor. Pelo contrário, sabemos que muitos intelectuais, professores acadêmicos e jornalistas (os especialistas) votam a partir de cargas ideológicas latentes ou explícitas muito distantes do que se poderia chamar de escolhas racionais. Insistências em partidos e ou candidatos duvidosos são frequentemente objeto de culto devocional por parte de especialistas. Isso é óbvio.

Pessoas não especialistas não dispõem de tempo ou interesse prioritário dedicado a política e eleições. Na maioria das vezes estão morrendo, enterrando mortos, casando ou separando, tendo filhos e pagando contas demais para dar atenção ao tema. Segundo nossos dois autores, a maioria esmagadora das pessoas, quando se envolvem e debatem política, o fazem para reforçar suas crenças e destruir as dos outros, como as mídias sociais deixam muito claro.

Outra obra, ainda mais cética, também de 2016, escrita por Jason Brennan, "Against Democracy" (Contra a Democracia), vai mais longe em seu ceticismo para com a competência do eleitor. Os inteligentinhos não devem entender o título do livro ou a discussão que ele traz como uma proposta tosca de sistemas totalitários.

A dúvida de Brennan, que apresento aqui apenas em um dos seus aspectos, é se há competência na maioria esmagadora dos eleitores para decidir quem deve fazer a complexa gestão das sociedades. Brennan nos apresenta uma tipologia lúdica, mas nem por isso menos potente.

Os eleitores estariam divididos em três tipos. Os dois primeiros, representantes da maioria esmagadora; o terceiro, uma figura extremamente rara entre os eleitores. O primeiro são os "hobbits", eleitores sem nenhum conhecimento sobre política ou temas como gestão de governo. Costumam ser desinteressados e votam de modo absolutamente inconsistente. Estes são disputados a ferro e fogo (por conta de seu peso numérico) pelo segundo tipo, os "hooligans", eleitores aguerridos, com maior conhecimento de política, mas absolutamente enviesados ideologicamente, e cegos a qualquer crítica ao seu modo de pensar. O Brasil está tomado por "hooligans" nas mídias sociais. Agressivos, assertivos e impermeáveis a qualquer racionalidade cética em relação às suas crenças.

Por último, os "vulcanos" ?"referência ao personagem do planeta Vulcan, Mr Spock, do filme "Jornada nas Estrelas", conhecido por sua inteligência superior, científica, sincera e racional. Um tanto blasés, bem informados e sem viés ideológico, não têm nenhum impacto nos resultados eleitorais, devido ao seu caráter numérico insignificante e à sua visão complexa da política. Em tese, salvariam a democracia de sua derrocada populista. Mas, infelizmente, são raríssimos. E a democracia é um regime de quantidades.

Outra obra cética é "People vs Democracy" (Povo x Democracia), de Yascha Mounk, essa de 2018. Para o autor, existem duas grandes ameaças à democracia. A primeira vem do caráter populista dela e de como as mídias sociais empoderam o indivíduo em sua tentação populista. Democracias podem eleger líderes muito populares e muito autoritários. Outra ameaça são agências como o Banco Central Europeu esvaziar o voto por considerá-lo irrelevante e incompetente em assuntos econômicos. Alguém discordaria que o cidadão comum não entende nada de economia complexa?
Herculano
29/10/2018 10:31
BOLSONARO É A VITóRIA CONTRA O VELHO NA POLÍTICA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A vitória de Jair Bolsonaro (PSL) ainda levará ao divã comentaristas e cientistas políticos, inconformados com a própria constatação de que foi a vitória contra a velha política, do tostão contra o milhão, a vitória da "guerra de guerrilha" das mídias digitais contra a mídia tradicional. Retirado das ruas pela facada de um ativista de esquerda, Bolsonaro foi eleito presidente sem sair de casa para pedir votos País afora.

CONTRA A DESIGUALDADE
O PT embolsou mais de R$212 milhões do Fundo Eleitoral, enquanto a Justiça Eleitoral disponibilizou apenas R$9 milhões para o PSL.

TV PARA QUÊ?
Bolsonaro deu show nas redes sociais, com seus 15,3 milhões de seguidores, tornando inútil o ambicionado tempo de rádio e TV.

CUSTO DE VEREADOR
A campanha de Bolsonaro custou menos que campanha de vereador de cidade média, R$1,7 milhão, para conquistar 58 milhões de votos.

FICOU PARA TRÁS
Apoiado pela versão atual da chamada "vanguarda do atraso", Haddad (PT) tem um número de seguidores cinco vezes menor que Bolsonaro.

PRESIDENTE ARTICULA AMPLA MAIORIA NO CONGRESSO
O presidente eleito Jair Bolsonaro articula uma confortável maioria no Congresso Nacional, a fim de garantir a aprovação dos compromissos assumidos durante a campanha, que incluem reformas ambiciosas. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, as negociações estão adiantadas. A expectativa é que, além dos 52 deputados eleitos do PSL, a bancada do governo conte com mais de 300 parlamentares.

BANCADAS TRANSVERSAIS
Deputado experiente, já no sétimo mandato, Bolsonaro articula uma nova forma de acordo, através das bancadas "transversais".

FRENTES FORTALECIDAS
Pelo novo conceito, o futuro governo vai manter relações especiais com frentes parlamentares como Agropecuária, Evangélica e de Segurança.

'TOMA LÁ, DÁ CÁ' NUNCA MAIS
O presidente eleito só não abre mão de quebrar o paradigma do "toma lá, dá cá" na negociação dos cargos do seu governo.

POR QUE DEMOROU?
No discurso de vitória, o presidente Jair Bolsonaro desfez vários temores trombeteados pelos adversários, inclusive da mídia, durante a campanha. Se tivesse feito isso antes teria conservado muitos votos.

MUDANÇA IMEDIATA
O deputado Hélio Leite (DEM-PA) defende que o presidente eleito se mude para uma das residências oficias da Presidência da República, a fim de garantir a segurança e facilitar reuniões do período de transição.

APOSENTADORIA
O desempenho do governador eleito de São Paulo, João Dória (PSDB), bem que poderia servir para aposentar vários "analistas políticos", que proclamavam sua derrota. E fechar certos institutos de pesquisa.

VISITA A TEMER
Governador eleito do DF, Ibaneis Rocha (MDB) visitará nesta segunda (29) Michel Temer, seu mais ilustre correligionário. O partido elegeu dois outros governadores: Helder Barbalho (PA) e Renan Filho (AL).

'CULPA DO ELEITOR', CLARO
Ibope e Datafolha da véspera da eleição no Rio de Janeiro apontavam que Wilson Witzel (PSC) venceria com 54% ou 53% dos votos válidos. Nas urnas, ele obteve quase 60%. E os 95% de "confiabilidade"?

BARTô NA SECOM
O governador eleito do DF, Ibaneis Rocha, já definiu quem vai chefiar a área de comunicação: Bartolomeu Rodrigues, jornalista muito admirado, com passagens pelos mais importantes veículos do País.

DESINFORMAÇÃO
Comentaristas repetem a lorota de que "Brasília não produz um prego e tem a maior renda per capita". Eles não sabem, mas essa estimativa inclui a receita dos órgãos públicos federais, inclusive estatais, que têm sede na Capital. A renda líquida é tão ruim quanto a média nacional.

SEM MIMIMI
A apuração estava longe de acabar e Bolsonaro já tinha superado os 54 milhões de votos obtidos por Dilma nas eleições de 2014 e incansavelmente repetidos por petistas durante o impeachment.

PERGUNTA NA SACRISTIA
Haddad e Manuela D'Ávila vão comungar na missa de domingo?
Herculano
29/10/2018 10:14
GOVERNABILIDADE DEPENDERÁ DE COMO JAIR BOLSONARO ENXERGARÁ SUA VITóRIA, Marcus André Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA), para o jornal Folha de S. Paulo.

As instituições não funcionam em um vazio normativo

Há duas visões rivais sobre um futuro governo Bolsonaro. A primeira está assentada em um argumento institucionalista forte, Linziano, de crise em regimes presidencialistas.

A expressão remete a Juan Linz (1926-2013), para quem este tipo de regime é constitutivamente instável devido a sua inflexibilidade (o presidente tem mandato mesmo quando perde apoio parlamentar) e sua legitimidade dual (presidente e Congresso são eleitos).

O futuro governo representaria nesta visão um "homem forte" que teria fortes incentivos para implementar unilateralmente sua agenda.

Defrontando-se com um Congresso hostil, tentará de forma plebiscitária aprovar sua agenda, deflagrando uma crise constitucional. Sua falta de compromisso com a institucionalidade democrática converteria seu governo numa bomba-relógio.

A segunda visão poderia ser chamada de institucionalista fraca, pós-Linziana, do presidencialismo. Nela a relação Executivo-Legislativo não é um jogo de soma zero: há incentivos sob o presidencialismo para a cooperação porque há ganhos de troca.

Não há necessariamente duas agendas: presidencial e legislativa. Nesta visão o presidente terá incentivos para moderar suas propostas e se engajar em barganhas congressuais, com governadores etc. Mas há uma variável de escolha crítica para o presidente: o estilo de gerenciamento da sua coalizão parlamentar e societal.

Muita coisa dependerá de como o presidente enxerga sua vitória: o núcleo duro do seu eleitores corresponde a algo como um terço do total, os demais dois terços que o apoiaram o fizeram por rejeição ao seu rival.

A governabilidade dependerá em larga medida desse apoio crítico - "pivotal" - e suas expressões congressuais. Porque as instituições não funcionam em um vazio normativo. Só governos totalitários independem da opinião pública.

O novo presidente governará sob forte constrangimentos: o STF em particular atuará como robusto ator de veto, sobretudo no campo de suas iniciativas comportamentais e institucionais. Assistiremos a sua transformação de "golpista togado" em "garantidor da democracia": atuará não só unanimemente, mas com apoio social avassalador.

Durante a crise do governo Café Filho, o ministro do STF Nelson Hungria criticou os que pareciam "supor que o Supremo Tribunal, ao invés de um arsenal de livros de direito, dispõe de um arsenal de shrapnel [obuses] e de torpedos".

Deparando-se com uma "insurreição", tudo que a corte poderia fazer, assegurava, era inocuamente "expedir mandato para cessá-la". Na realidade, com apoio massivo da opinião pública, pode muito mais do que isso, como a experiência recente demonstra.

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