03/10/2019
Mais uma vez estou de alma lavada e neste caso, atordoado. E a população de Gaspar, infelizmente, sem saída. Este fato ficou claro durante a Audiência Pública promovida pela Câmara de Gaspar na quarta-feira dia 25 de setembro. Todos estão nas mãos de técnicos, políticos e gestores públicos. Eles não conseguiram chegar ainda ao século 21 – um mundo conectado, tecnológico e surpreendentemente, inovador. Ouviu-se tardiamente, mais uma vez, às queixas do povo. Entretanto, nada se avançou - ou não se quis ousar. Efetivamente nenhuma ideia concreta se fez para romper os vícios dos modelos tradicionais de mobilidade urbana – não só daqui -, os quais dominaram – inclusive nas dúvidas e corrupção – o século 20. Depois de duas horas e 20 minutos de discursos, exposições, queixas, perguntas, respostas e justificativas, não se chegou à nenhuma conclusão, à nenhuma proposta concreta, a nenhum ato ousado às constatações óbvias. Todos estão todos amarrados ao velho, ao mofo torcendo para que algum milagre aconteça em favor da cidade, dos cidadãos, da mobilidade e dos vulneráveis sociais na concorrência 005/2019. Ela tentará trazer uma empresa de ônibus coletivo decente para operar em Gaspar por 20 anos, prometendo um faturamento de R$174 milhões.
Tem-se à impressão que gente que deveria orquestrar as mudanças à cidade e à população, está torcendo para que a concorrência, mais uma vez não tenha interessados. E quem ganhará com isso? A precariedade, a empresa que já opera e principalmente, o atraso. Quem perderá? Os trabalhadores, os vulneráveis sociais, os que moram nos bairros distantes e que ficam alijados das oportunidades de inserção competitiva no trabalho, renda e estudos de qualidade. Tanto que convidada, e essencialmente interessada no assunto, a Caturani, que faz o serviço provisoriamente por canetada dos que estão no poder de plantão de ontem e hoje, não apareceu. Mandou uma “cartinha”. Alegou que um diretor estava adoentado e o outro tinha compromisso “mais importante” para aquele momento, em Indaial. Ao mesmo tempo, aproveitou para informar ao distinto público que não concorda com o edital; possui interesse em participar da disputa – já que seu tempo de precariedade a habilitou para tal - mas que ficará de fora se o edital não for modificado. Como isso, não é mais possível, é quase certo que se ninguém aparecer com propostas no dia 22, a chance da Caturani continuar a dar as cartas na tal “emergência” e caos, é grande. Previsível! Mais uma vez, Gaspar e os gasparenses perderão. E por isso, e dessa forma, o sistema não avança – contrariando o slogan fake dos políticos na prefeitura.
Nada do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, aparecer por lá. Era algo crucial para a sua cidade. Como é bucha, mandou o sumido vice, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, um agente de trânsito. Também oficialmente nenhum mandatário das secretarias de Planejamento Territorial, da Fazenda e Gestão Administrativa, onde está estacionada a concorrência, bem como da Procuradoria Geral que cuida dos meandros jurídicos do certame, muito menos da Ditran, onde está a diretoria de Transporte Coletivo, um cabide de empregos ocupado por curiosos que devem fidelidade partidária ao governo de plantão. Estas ausências foi o verdadeiro tom do descaso. Então, nada poderia ser esclarecido ou se ter um fio mínimo de solução. Quem apareceu, foi o gerente de Controle, Regulação e Fiscalização de Transporte Coletivo e Demais Serviços Públicos, da Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí – Agir -, Daniel Antônio Nazertti. Revelou-se um burocrata. Explicou os limites atuais da lei e do edital. Em certo ponto chegou até a sugerir mais impostos para cobrir à deficiência de um sistema ultrapassado. Incrível!
A minha alma está lavada porque tudo o que se discutiu no dia 25 eu antecipei em três artigos anteriores. O último no dia quatro de setembro tinha seguinte título: “Sem passageiros, os preços das tarifas no Sistema Coletivo Urbano tendem a aumentar e afastar ainda mais os usuários. É um ciclo vicioso. E em Gaspar, esta já é uma tendência em curso que fez a antiga concessionária do serviço correr daqui com a promessa de cobrar na justiça os prejuízos”. Ah, mas não é fácil a solução do problema, Herculano? Isto eu sei; todos sabem. Isto também mostra quanto pitocos são os gestores públicos e os políticos que escolhemos para dar conta desta situação. Como disse o ex-presidente da Câmara, Giovano Borges, PSB, ao externar o problema crucial que se tem no Bela Vista, onde conurbados os municípios de Blumenau e Gaspar não se integram no transporte coletivo urbano, “é preciso colocar o pau (?) na mesa”. Então o que estão esperando para fazer isso se o diagnóstico é antigo? Ou esta será novamente a falsa bandeira dos políticos para a eleição do ano que vem enganando os analfabetos, ignorantes e desinformados? Ai, ai, ai.
Este é o verdadeiro desafio que as nossas falsas lideranças se negam à solução. A lei atual – baseada no século 20 - impede? Impede! Então é preciso mudá-la. Quem vai fazer isso? Não será um iluminado, mas muitos com o mesmo objetivo aqui, em Blumenau e Florianópolis. Ah, como calcular o quinhão de cada empresa ou consórcio nesta urgente e necessária integração e hoje impossível? A tecnologia, já resolveu e faz tempo: um passageiro com cartão chipado na entrada e na saída do ônibus, registrará o percurso percorrido e permitirá cálculos integrados, bem como a conciliação financeira no sistema repartido a parte de cada empresa. Ah, mas Gaspar tem um quinto da população de Blumenau num território semelhante o que aumenta os custos das passagens devido as grandes distâncias e sem passageiros? É só criar terminais e diminuir – ou controlar e com veículos menores - as viagens periféricas, privilegiando as troncais. Mesmo assim, as passagens tendem a ficar caras? É só tirar os cobradores num mundo digital – e que caminha até para veículos autônomos. Mas, o edital do século passado, com aval do Tribunal de Contas, dos encastelados bem pagos no MP e que não andam de ônibus, com a omissão dos çabios da prefeitura e da Agir, todos ainda no século 20, negam-se à realidade, ao desafio e à solução. Então quem vai se sacrificar ou pagar a conta desta incúria? Novamente os pobres, os vulneráveis, os excluídos do século 21. Acorda, Gaspar!
Propaganda enganosa. Como ela funciona e o retrato da prefeitura de Gaspar que se perde na transparência com a cidade e os cidadãos. Estão abertas o preenchimento vagas no ano que vem para o concurso de professores ACTs. Vai até dia 25 de outubro. Está lá bem destacado que os vencimentos são de até (em letras bem menores) R$3.501,11 (em números bem destacados) por mês.
Primeiro, isso não é para todos, só para os com maior escolarização, titulação e pontuação nas regras do concurso. Depois, esse total anunciado é a soma do salário bruto de R$3.071,11, com o benefício, e não vencimento de R$430, do atual Vale Alimentação.
A incoerência na propaganda? O governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, em 2017 foi à Câmara e comprou uma briga – de modo certo – com os servidores municipais e desincorporou este benefício do vencimento, pois aplicado de forma distorcida gerava custos e até reflexos para descontos de Imposto de Renda, INSS e influenciava no cálculo das aposentadorias.
Não se entende, ou se entende como a comunicação do governo Kleber se estabelece no erro. Uma hora na propaganda enganosa considera o Vale Refeição salário incorporado e em outra, um benefício apartado num cartão mal aceito no comércio local. E depois não sabe a razão pela qual é criticado. Acorda, Gaspar!
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).