24/05/2019
“Você entende de política...”, complementou a uma resposta o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, para a pergunta oficial feita pelo editor e proprietário do jornal, Gilberto Schmitt – que até em tempos remotos já foi suplente de vereador do MDB e assumiu por meses; mas sempre diz ter sido a pior experiência que já teve, ou seja, ele entende do pior da política. A explicação de Kleber se deu na coletiva de imprensa segunda-feira. Nela se anunciou a tão atrasada (seis meses) e esperada, “refundação” do seu governo, depois da “surra” que o grupo dele levou dos eleitores nas urnas de outubro do ano passado. Gilberto, perguntou o que os outros na coletiva queriam questionar, mas não podiam. Os motivos são óbvios: para não ficarem marcados na vingança – tão comum do governo Kleber- e até, sujeitos a perderem às minguadas verbas públicas usadas unicamente para propagandear a gestão pouco transparente e cheia de dúvidas. “Esta reforma é do MDB, do prefeito de fato [Carlos Roberto Pereira] ou do prefeito Kleber?”, indagou Gilberto. Kleber completou: “são olhares mirando o processo eleitoral do ano que vem”. Bingo!
Depois da tão clara explicação de Kleber ao Gilberto, eu poderia encerrar o meu comentário por aqui. Os leitores e leitoras já teriam entendido e estariam satisfeitos. Estariam esclarecidos pelo próprio prefeito eleito. Ele lavou a minha alma. Disse que eu não exagero por aqui como reclama. Apenas que lhe “incomodo” nas análises das realidades que ele mesmo cria. Ou seja, Kleber não está pensando na cidade, no cidadão, mas no poder. Está dando carta branca para o seu grupo sem votos e que o domina, buscar para ele a vitória eleitoral no ano que vem. Com tantas obras inacabadas e sob questionamentos; com tantos projetos lambanças que vão lhe dar dor de cabeça; com o Samae inundado enterrando-se nos buracos que abre; com tantos problemas no Hospital e nos postinhos que até matam; com tantas faltas de vagas nas creches; com falta de lâmpadas mesmo depois de se aumentar em 40% a taxa de iluminação do povo; com a falta de simples roçações, a explicação de Kleber é o carimbo daquilo que o deixa atrás nas pesquisas, que dá calafrios aos parceiros e faz o seu grupo comprar sapos para coloca-los no mesmo balaio de cobras.
Gente sem palavra. Kleber na propaganda diz que seu governo é eficiente e avança. Na prática, desperdiça e se atrasa. As mudanças anunciadas fizeram-no retroceder a 2016 – e de forma piorada - quando montou a sua primeira equipe. Ela já não deu certo. Teve que refazê-las em 2017 e 2018 – o que é normal. As urnas mostraram o tamanho dos erros. O anúncio da segunda-feira mostra, que além de não resolver e avançar, ele ampliou as vulnerabilidades. A “refundação” do seu governo não foi para dar respostas mais eficientes à população, mas para criar um ato político, preparatório à campanha eleitoral do ano que vem, como ele próprio confirmou ao Gilberto. O objetivo não foi o de servir Gaspar e à população, mas se manter no poder, servir os seus, mesmo que para isso, a cidade e os cidadãos – que pagam as contas com os impostos - sejam os prejudicados. E quem está no comando de tudo isso? O prefeito de fato, o presidente do MDB, o advogado, Carlos Roberto Pereira. Errou, vem errando e até censurando quem aponta às incoerências. Centraliza tudo. E continuará assim. Mais. No anúncio de segunda-feira, claramente perderam Kleber e a suposta influência da sua mulher Leila no governo. A mais evidente: A derrota de Jorge Luiz Prucino Pereira. De diretor Geral de Gestão de Convênios, com a cabeça a prêmio pedida expressamente por Roberto, como consolo, foi parar na esvaziada e inexpressiva Fundação Municipal de Esporte e Lazer com o seu PSDB.
Roberto Pereira já era o protagonista da Fazenda e Gestão Administrativa. Ele a criou para si na cara Reforma Administrativa de 2017. Como perdeu a maioria na Câmara por má articulação política, refugiou-se na Saúde. Botou o Felipe Juliano Braz da Procuradoria Geral na sua secretaria para guardar o seu lugar. Agora, com a Saúde sob tiroteio por causa do Hospital; com a maioria na Câmara minimamente garantida, Roberto retornou ao que ele já tinha em 2016 e mandou Felipe para a Procuradoria. Qual foi mesma a evolução nesta “reforma” de Kleber? E em áreas que não funcionam trocou meia dúzia por menos de seis? Hum! Só Roberto ganhou. Protegeu o seu esquema no Obras e Serviços Urbanos, fez Roni Muller, sem curso superior, chefe de gabinete; colocou o dentista José de Carvalho Júnior - sem qualquer experiência - na complicada Saúde que o sabido Roberto não deu conta; e no Planejamento Territorial foi buscar o substituto indicado por César Botelho e Paulo França, do falido MDB de Blumenau. Mudança ou decadência? Espertamente jogou a bomba do Hospital no colo de outros. Está embalando o desgaste do governo Kleber. Acordar, Gaspar!
TRAPICHE
José Carlos de Carvalho Júnior estava numa reunião no auditório da Ditran no domingo. Tratava do JASTI. Kleber chegou, interrompeu e o comunicou que ele seria o secretário de Saúde. Nem José Carlos imaginava isso estava sendo tramado. Mostra=se como o governo enxerga e improvisa num setor tão essencial.
A meteórica ascensão de Roni Muller, MDB, traz vários sinais. Está fechado com Carlos Roberto Pereira, inclusive nos mesmos gostos. É um aviso ao ex-chefe dele na Câmara, o presidente Ciro André Quintino, MDB, que ensaia caminhos solos e seria uma opção ao errático grupo de Kleber.
Roni também coloca uma pulga atrás da orelha do líder do próprio governo na Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB, que nasceu no PT. O curral eleitoral de ambos é a Margem Esquerda. A candidata da Associação de Moradores, é a ex-assessora de Anhaia e prima de Roni, a advogada Ana Carolini Deschamps que Anhaia a expurgou. Hum!
Roni por outro lado, amplia uma briga familiar com o seu tio Gelásio Valmor Muller, o Daco. Ele está no cargo comissionado como Diretor de Serviços Gerais, na secretaria de Obras. Em tese, há nepotismo. E não é Roni que vai sair se houver escolhas.
Ninguém foi mais humilhado do que Pedro Inácio Bornhausen, PP. Ir para o Conselho da Cidade. Ele é feito de gente ilustre, voluntária, referências como executivos nas suas empresas. Eles apenas servem para lustrar um governo político fraco. No fundo, não apitam nada na cidade por meio do Conselho.
E o PP como fica? perguntam-me. Do tamanho nanico dele. Ficou velho e o MDB de Gaspar o desgastou de propósito. O vice Luiz Carlos Spengler Filho é parte dessa culpa.
O MDB trabalha para “engordar” a coligação com velhos que se tornaram nanicos e assim “salvar” a barca do poder de plantão. Depois do PDT e PSDB, virá o PSD. Foram as pesquisas que orientaram Kleber na resposta ao Gilberto. E elas dizem que, por enquanto, o atual governo não está bem na corrida de outubro.
Começou mal. O novo secretário de Planejamento Territorial Cleverton João Batista vai cuidar da Ditran, certo?. Ele já fugiu de acidente de trânsito para não fazer bafômetro. Apresentou-se dois dias depois, conforme processo na Justiça.
O ex-secretário de Planejamento Territorial, Alexandre Gevaerd vai para uma tal diretoria de Mobilidade. Isso aconteceu um ano depois da decisão de Kleber de desliga-lo pelo acúmulo de cargos públicos (Furb e Gaspar) num claro ato de improbidade administrativa. Ou seja, muda, é diminuído e não sai.
De mobilidade, Gevaerd conhece. Mas, o que ele vai fazer numa cidade onde o sistema de transportes coletivo é precário, é o mais caro do estado e está entregue a curiosos?
Na coluna da semana passada mostrei a turma de Gaspar, que articulava a tal reforma, com o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrand. Publiquei-a propositadamente. Eles diziam que tratavam de dengue. Mentiam. Tratavam da liberação de Cleverton para integrar o governo de Gaspar. Acorda, Gaspar!
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