22/08/2018
AGORA QUER A DIVULGAÇÃO ANTECIPADA DO CARDÁPIO NO SITE DA PREFEITURA
"A função da imprensa tem um relevo antipático, hostil. Estou convencido de que os jornais existem, se é para simplificar, é para falar mal. A função da imprensa é de interpelação, de fiscalização", Otávio Frias Filho (1957-2018), diretor de redação do jornal Folha de S. Paulo, dramaturgo, ensaísta...morto nesta terça-feira.
Feita a necessária homenagem e reflexão, pois a missão de fiscalizar e interpelar, é antipática por natureza, vamos ao que interessa.
O governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, sob o comando do prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, então na secretaria que a criou para o seu perfil de mando na Reforma Administrativa, a da Fazenda e Gestão Administrativa, terceirizou no ano passado a merenda escolar em parte da rede municipal, incluindo as creches.
Foi um bafafá que no fundo não se preocupou com a qualidade da alimentação, pano de fundo de hoje, mas a mudança em si. Afinal, é obrigação da prefeitura criar vagas e dar educação. A alimentação integra um pacote de benefícios que beira à uma ação social – vital e importante – diante do quadro econômico que vivemos e em alguns casos até, a merenda possui o caráter humanitário, diante do que se parece ser a indigência.
A terceirização da merenda é uma boa ideia, mas que os políticos e os gestores públicos – não necessariamente os de Gaspar, e neste caso específico - a rotularam com sacanagens de todos os tipos: ela enriqueceu poucos e deixou desnutrida quem já estava passando fome. Vergonha! Crime inominável!
Então, qualquer iniciativa séria nesse delicado campo, ela já nasce sob fortes dúvidas. Fiscalização, desconfianças e transparência são, no mínimo, diante desse quadro, atos prudenciais que políticos e gestores públicos com boas intenções e principalmente competência, devem tê-las para proteger às suas “boas ideias”. Ponto final. Mas, em Gaspar...
A terceirização da merenda escolar é uma boa ideia, todavia, para certos políticos, mesmo que boa, sem mácula administrativa, ela é ideologicamente errada e impossível. É assim para o PT, o PDT e todos os da esquerda do atraso. É também assim com a oposição do prefeito Kleber, em Gaspar. Então é preciso se ter cuidados nessa discussão.
A terceirização da merenda escolar é uma boa ideia, se houver para a sociedade – incluindo os pais dos alunos - um processo auditável e aberto.
Não é, por enquanto, o caso de Gaspar. E por culpa de quem quer colocar goela abaixo um procedimento, mesmo que ele esteja, supostamente, revestido de boas intenções. É preciso mais do que isso.
Primeiro era uma experiência. Se é uma experiência – e que começou este ano -, quais são os resultados? O que é preciso melhorar? Até agora, nada!
Segundo, se é uma necessidade de segurança alimentar, fonte e razão dela estar atrelada ao processo educacional primário, ela não pode ser politizada e tema de embates que não sejam à sua avaliação como resultados para os que se alimentam nas escolas e creches.
O ERRO DE QUEM ESPERA QUE UM ASSUNTO TÃO SÉRIO VAI SE ENFRAQUECER NATURALMENTE
Então erra o governo de Kleber em não abrir o enfrentamento com dados e resultados sobre esta experiência. Erra, porque se deixa envolver, com uma secretaria de Educação fraca e omissa nesse debate, gerando um processo contínuo e crescentes de desgastes para o governo. E a oposição, mais uma vez, já percebeu tudo isso e nada de braçadas.
Ficar exposto já é uma marca de governo Kleber e Luiz Carlos. E está cada vez mais claro isso. Depois de errar como poucos e perder a maioria da Câmara, Kleber está refém da oposição e não consegue sequer se explicar nas ideias que possui ou tenta implementar.
E para completar, a área de comunicação do governo, feita de amigos e inexperientes, é algo irrelevante nesse processo, quando deveria ser ela estratégica. O resultado disso tudo? Virá neste e no outubro de 2020. E todos sabem. A oposição, mais do que ninguém! E não adiantará “economizar”, fazer um colchão de recursos para obras de última hora. Ficará a mancha e a marca, como está sendo com a Saúde Pública. Ou seja, aprendizado, zero.
Quando o governo Kleber tentou extinguir os cargos de merendeiras, a matéria não passou na Câmara. Era um resquício do primeiro debate onde as merendeiras se tornaram, na época, mais importantes de que os próprios professores nas escolas. Incrível!
Como o PL não passaria e Kleber resolveu retirá-lo de pauta, então ficou assim: os gasparenses pagam as merendas, com preços de merendeiras embutidos nelas, e pagam mais uma vez, as merendeiras que estão contratadas no quadro da prefeitura e que não possuem mais função nisso tudo. Venceu a oposição que garantiu empregos e votos, perdeu o governo e o pagador de pesados impostos que sustenta duplamente a mesma coisa. Bonito isso!
Superada essa fase, todas as sessões, a ex-vice-prefeita, funcionária pública berçarista, Mariluci Deschamps Rosa, PT, e o funcionário público lotado no Samae, Cícero Giovane Amaro, PSD, tocam na mesma tecla: as crianças estão sendo mal alimentadas.
Se isso, for verdade, e não apenas um palanque político, não seria o caso de uma providência séria e urgente? A suposta omissão faz da oposição conivente, parceira ou omissa de algo tão grave assim. Custa-me crer que seja isto que esteja acontecendo.
Insisto. Então por que a oposição não substitui os discursos por algo prático, definitivo, e não denuncia para quem tem o poder de polícia e assim acabar com essa anomalia contra crianças indefesas? Meu Deus! Se não faz isso, faz política, rateira, com algo sério que ela não quer apenas por princípios ideológicos ou até, inconfessáveis. Não há inocentes nisso tudo. Há vítimas. E entre elas, podem estar crianças que já possuem déficit nutricional.
E o trombone da oposição toca várias músicas. Quando não é uma, é outra. A bancada do PT diz que os produtores rurais locais não estariam fornecendo produtos como d’antes para a composição da merenda. Então, sempre haverá um cabelo neste ovo. E a prefeitura acuada ou realmente sem defesa, naquilo que implantou e deveria estar exposta como defensora e não como geradora do problema.
CARDÁPIO NA TELA DO SITE DA PREFEITURA PARA TODO MUNDO SABER COM ANTECEDÊNCIA O QUE VAI SER SERVIDO NA MERENDA DAS ESCOLAS
Ontem à noite, em nova investida, para desgaste e numa armadilha para provas, o vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, também da oposição, deu entrada no Projeto de Lei 80/2018. Ele “dispõe sobre a obrigatoriedade de divulgação do cardápio da merenda escolar oferecida aos alunos da rede municipal de ensino”.
Roberto está errado? Não! Ele exerce a cidadania, a prerrogativa de um vereador representante da sociedade e principalmente, faz o jogo que Kleber e os seus permitiram com a falta de atitudes, transparência, naquilo que estão “experimentando”: a passividade e falta de defesa das duas próprias ideias não apenas na Câmara, mas principalmente na sociedade, ou corrigindo as eventuais falhas.
Afinal, como ressalta o próprio vereador nas justificativas do seu Projeto de Lei, “uma das diretrizes da alimentação escolar, definidas na Lei Federal nº 11.947/2009, estabelece a participação da comunidade no controle social, no acompanhamento das ações realizadas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios para garantir a oferta da alimentação escolar saudável e adequada”.
E o PL vai ser aprovado! Primeiro porque a oposição possui maioria na Câmara e Kleber sabe disso. Segundo, porque precisa de discurso e palanque. Terceiro, porque ele é necessário pela transparência mínima neste assunto tão delicado e por tudo que já expus sobre ele. Quarto, porque o governo de Kleber, incluindo a sua secretária de Educação, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, permitiu essa polêmica. Ela especialmente, tem se negado a dialogar sobre esse e outros assuntos, segundo os próprios vereadores. Então...
E nesse bololô estão os vereadores da minoritária situação. Eles estão dando murro em ponta de faca, ampliando à exposição deles e do governo Kleber, Luiz Carlos, Carlos Roberto Pereira.... Parece-me que até eles próprios não querem a terceirização da merenda em Gaspar. Acorda, Gaspar!
A NECESSÁRIA TRANSPARÊNCIA DOS OUTROS. CÂMARA DE GASPAR APROVA PROJETO QUE MANDA EXPOR COMO A ARRECADAÇÃO DAS MULTAS DE TRÂNSITO DAQUI SÃO USADAS PELA DITRAN
O vereador de oposição, Cícero Giovani Amaro, PSD, e o suplente, João Pedro Sansão, PT, tiveram o Projeto de Lei 51/2018 aprovado recentemente na Câmara, no parecer favorável à matéria do líder do MDB e situação, Francisco Solano Anhaia.
O PL manda publicar no site da prefeitura, o quanto é arrecadado em multas de trânsito em Gaspar e como essa montanha de dinheiro é gasta, aplicada e investida em favor de um trânsito mais seguro e menos perigoso. Só no ano passado, por exemplo, a Ditran – Diretoria de Trânsito – arrecadou mais de R$3,8 milhões em multas. Não é pouco!
E antes que alguém fique indignado com esse alto valor arrecadado e diga que isso é fruto da tal “indústria da multa”, devo-lhes dizer, que infelizmente, a multa é decorrência de uma infração que cometemos, na maioria dos casos de forma consciente e apostando na sorte, na falta de fiscalização e talvez num jeitinho cada vez mais difícil de tirá-la na pontuação e do bolso combalido.
Fizeram certo os vereadores autores e os que aprovaram. Fizeram aquilo para o qual um vereador foi eleito: o de fiscalizar em nome dos cidadãos e cidadãs. Transparência é a palavra de ordem.
O PL, todavia, nasceu de uma dúvida: a possível má aplicação desses recursos. É que pelo artigo 320 do Código de Trânsito, a receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito só pode ser aplicada, na sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito, onde cinco por cento de tudo é depositado mensalmente na conta de fundo nacional com esse propósito.
Um dos autores, Cícero reconhece que alguns dados já são possíveis serem acessados no tal “Portal da Transparência” da prefeitura. Entretanto, sublinha ele, só um expert em tecnologia da informação, ou contabilidade pública ou hábil em bisbilhotar contas públicas é capaz de encontrar, verificar e comparar esses dados. Agora, eles deverão estar lá no Portal da prefeitura apartados, de forma fácil no acesso e simples de serem compreendidos pelos cidadãos comuns e auditados pelos próprios vereadores.
Fácil. Ufa!
Mas, se os mesmos vereadores se dessem ao trabalho de acessar o portal da Câmara, ficariam constrangidos, se isso não for algo de conhecimento e trama deles próprios. Não é fácil descobrir como são geradas as despesas e a que contratos elas estão vinculadas. O portal é uma ferramenta de propaganda dos vereadores
Até a tramitação das matérias, principalmente as de origem da mesa diretora, só há pouco corrigiram. Levou anos. Aliás, o “Portal” da Câmara teve impulso no passado depois que o Ministério Público se interessou por ele, e deu prazos para ele ser minimamente transparente e servir ao cidadão e à cidadã.
Ou seja, casa de ferreiro, o espeto é de pau. Acorda, Gaspar!
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).