31/07/2019
Há poucos dias, a prefeitura de Gaspar divulgou que ela estava em 38º lugar entre 175 municípios brasileiros do corte amostral de 50 a 100 mil habitantes. É o tal Índice de Governança Municipal criado em 2016 pelo Conselho Federal de Administração. O trabalho foi baseado em dados compilados do IBGE e se refere ao que se apurou em 2018. O índice de Gaspar foi de 7,53 contra 8,92 da melhor cidade no seu grupo, Votuporanga-SP.
Olhando-se de pronto, ele não é ruim. Mas, o diabo mora nos detalhes. E eu fui visitá-lo, mais uma vez.
Para se chegar a este índice, usou-se três grandes variáveis: Finanças, Gestão e Desempenho. E qual comprometeu o desempenho de Gaspar? O de Finanças com de 6,55. E o que está dentro desse grupo denominado de Finanças? Receita própria, capacidade de investimentos, gastos com pessoal, liquidez, dívida, investimentos em educação e saúde.
Mas o que levou à lona Gaspar neste índice? O mau desempenho no investimento per capita em saúde e educação, com índice de 4,71. Bingo! Estou mais uma vez de alma lavada. Nada como um dia após o outro. Ou seja, o tempo é o senhor da razão.
E era preciso fazer esse levantamento nacional técnico e independente? Era! Porque ele atesta o que sempre escrevi, o que as redes sociais que enfrentam à fúria dos que estão no poder de plantão sempre se queixaram e o que a oposição na Câmara vem denunciando: o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, além do insuficiente, investe mal em saúde e educação.
Resumindo: o senhor das obras cuida mal das pessoas e são elas que se queixam, que votam. Simples assim.
Tanto que Gaspar possui um hospital que ninguém sabe de quem ele é, mas está sob intervenção há anos comendo dinheiro da prefeitura. Mesmo assim, seus problemas continuam tão graves como antes como relatam frequentemente as redes sociais, o jornal e o portal Cruzeiro do Vale. E o seu diretor, insiste nas redes sociais, que o problema não é o hospital é o jornal. Ou seja, o culpado é quem dá a notícia, não quem a gera.
E para complicar o que atestou o Índice de Governança Municipal, os postinhos de saúde estão com filas para o mínimo, com falta de médicos, enfermeiros, remédios, apesar da diminuição no ano passado das filas no atendimento das principais especialidades, bem como no que tange a exames laboratoriais e de imagens. Fizeram um mutirão para apenas ganhar fôlego e não ser afogados às vésperas da campanha eleitoral.
O melhor indicador de que a Saúde de Gaspar está doente é a troca de quatro titulares da pasta em dois anos e meio. E a primeira a cair, foi a única técnica indicada para a área.
RECALCITRANTE
E não me digam que estes baixos índices são resultados que antecedem a ida do prefeito de fato, o advogado Carlos Roberto Pereira e presidente do MDB local, para a transitoriedade na secretaria da Saúde, antes dele retornar para a secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa que criou para ser o titular na cara reforma administrativa. O índice de Governança Municipal é sobre os números de 2018, ou seja, quando ele estava à frente da pasta da Saúde e naquele período se instalou os tais mutirões.
E a educação? O baixo investimento per capita do Índice fala por si só. Faltam vagas nas creches e que veio na “solução” atravessada de meio período para disfarçar o baixo investimento na área. Mas, faltam contra-turno, período integral para se ter educação de verdade. Tudo é tema para “economia” de dinheiro no caixa da prefeitura. E para que? Fazer obras que possam se tornar cartão postal do governo Kleber à reeleição. O Índice de Governança Municipal mostra que o tiro poderá sair pela culatra, pois atinge os mais vulneráveis e uma massa mais sensível e maior de eleitores.
Nada disso é um acidente. Basta ver o que aconteceu na segunda-feira quando se inaugurou o prédio da Escola Olímpio Moretto. Foi um apenas um ato político-eleitoral e punições públicas aos que não estão alinhados com o poder. O ato, devia ser de cidadania, mas...
UM DIAGNÓSTICO PREOCUPANTE PARA QUEM ESTÁ EM CAMPANHA PARA A REELEIÇÃO
O que significa tudo isso? Que os gasparenses mais humildes têm razão em reclamarem, mesmo não tendo acesso as mídias sociais e aos aplicativos de mensagens para “falar” em grupo com o prefeito, mas com os filtros da propaganda e da assessoria de comunicação.
E precisava? Basta olha apenas as dezenas de indicações semanais dos vereadores. E nem deviam olhar os da oposição que dizem que só reclama, mas dos próprios vereadores da base. É um retrato de como se relega o básico e se exaltam as obras com defeitos de planejamento e execução, além das dúvidas.
Enquanto Kleber vende grandes obras e que se arrastam por problemas crassos de planejamento, execução e dúvidas administrativas, vai sendo engolido no básico, naquilo que é sensível à maioria da população, seus eleitores de baixa renda: saúde e educação.
Kleber e seu grupo liderado pelo prefeito de fato Carlos Roberto Pereira – presidente do MDB - vivem em permanente negação contra à realidade, às críticas, ao óbvio e aos resultados, tramando alianças para eliminar o maior número de adversários e se impor por vinganças quando há divergências pelo poder, pela crítica, pelos partidos fora da aliança de poder, ou pessoal. Falta ao atual governo, foco e equipe, esta aliás, construída só para atender ajustes políticos.
O grupo que está no poder de plantão – e que posa de vítima e perseguido em algumas ocasiões - que não dá conta da função de responsabilidade no Executivo - é tão descuidado que se mete onde não é e não é à sua área, o Legislativo. Lá já perdeu duas vezes com o candidato que “indicou” para a presidência da Câmara. Perdeu tempo, perdeu energias, arrumou problemas e ficou exposto politicamente na comunidade, ao invés de focar em resultados para a cidade e seus cidadãos.
A nova área de comunicação da prefeitura – especializada em campanha eleitoral - preferiu insistir no erro. Alardeou o que foi bem no Índice e os veículos de comunicação engoliram. Escondeu à fragilidade bem clara dos índices e que realço neste artigo. Fez o papel dela. Mas, se este é o papel que os que estão no comando da prefeitura também estão fazendo, estão, na verdade, se auto-enganando. Se não mudar, vão ser mudados e os índices de investimento per capita em saúde e educação são indícios onde estão as fragilidades do atual governo e às oportunidades dos que quiserem disputar o governo no ano que vem.
Falta apenas um ano para começar a reta final da campanha. Acorda, Gaspar!
Atestado I. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi ontem à sua rede social convidar o povo da Rua Frei Solano para a assinatura hoje às sete da noite de um papelinho: é a ordem de serviço para, finalmente, asfaltar aquela via, depois de impor meio ano de sacrifício aos moradores e comerciantes de lá.
Atestado II. Kleber disse que o asfalto faz parte da terceira e última etapa da obra de reurbanização da Frei Solano. Primeiro foi a drenagem e segundo, a nova rede do Samae. Lavou a alma dos críticos. Desmanchou o próprio discurso de vítima. Atestou que sua equipe não sincronizou nada.
Atestado III. O que Kleber não disse – sabe e esconde - é que o asfalto está saindo só agora, porque, por falta de planejamento da secretaria de Obras e Serviços Urbanos, a prefeitura fez a licitação do asfalto com atraso e desconectada da obra de drenagem. É a mesmíssima coisa que está acontecendo com a Rua Itajaí. Uma coisa, não casa com a outra.
Atestado IV. Até semanas atrás, ele e os seus, culpavam os vereadores da oposição por esse atraso. Era uma jogada para se livrarem dos próprios erros. É que os vereadores da oposição estão atrás do projeto e das dúvidas da drenagem enterradas por barro e daqui a pouco, por asfalto e que já podia estar pronto há muitos meses se não fosse a pixotada da prefeitura.
Um retrato de Gaspar. A Rua Heldo Florentino Wan Dall, que liga o Distrito do Belchior a Blumenau via o trevo do Bairro Fortaleza, um dia foi calçado e sobre o paralelepípedo, um dia foi colocado asfalto.
O pequeno trecho da rua quase não possui calçadas em ambos os lados, é uma buraqueira permanente por várias situações. E na prefeitura, ninguém sabe dizer se existe algum projeto – e se existe não está arquivado nas secretarias de Planejamento Territorial ou a de Obras e Serviços Urbanos – bem como, o que está enterrado naquela rua.
A saúde pública que nunca saiu do buraco, aos poucos está voltando ao quadro que levou ao pior desgaste do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Estão de volta às filas aos postos de saúde. No Jardim Primavera, uma área carente do Bela Vista, essa espera é, simplesmente, de um ano.
Nada como um dia após o outro para lavar a minha alma naquilo que é óbvio. A ex-vice-prefeita e hoje vereadora, Mariluce Deschamps Rosa, PT, disse não entender a razão para tanta viagem dos nossos políticos a Brasília para buscar verbas federais, exatamente as dos deputados nas suas emendas parlamentares, as quais criaram para exatamente atender às suas bases políticas em troca de apoios e votos.
Para ela, e está certa, esses mensageiros, estão gastando o dinheiro do povo, quando se sabe que os deputados – e senadores – possuem aqui em Santa Catarina escritórios políticos – pagos pelos impostos de todos - para encontros e encaminhamentos desses pedidos. E como exemplo, citou o ex-deputado Décio Neri de Lima, PT, que fazia esse serviço para Gaspar via o seu escritório de Santa Catarina.
Perguntar não ofende: então o que fazia mensalmente o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, em Brasília? Isto sem falar naquela consultoria de um escritório especializado feito de companheiros e que fazia parte desse trabalho na Capital Federal. Ai, ai, ai.
O deputado Federal, Luiz Armando Schroeder Reis, PSL, conhecido como Coronel Armando cumprirá uma agenda amanhã em Gaspar. Vem para contatar entidades como a Acig, Ama, CDL, Rede Feminina de Combate ao Câncer, Hospital. Vem segundo ele, conhecer as prioridades daqui. Na programação também está uma visita à Ceramifix e uma ida a diversos órgãos comunicação da cidade.
Em termos de deputados Federais, o município Gaspar parece estar bem servido. Tem o Rogério Peninha Mendonça, MDB, do esquema no poder de plantão político e que entrou na rabeira entre os 16; além de Carlos Chiodini, MDB; Ângela Amim, PP; Carmem Zanoto, Cidadania; e Giovânia de Sá, PSDB, os mais identificados com os cabos eleitorais e partidos daqui.
Poucos municípios têm essa representação tão densa, ainda mais sabendo-se que todos os municípios são dependentes da montanha de emendas parlamentares no Orçamento da União. Mas, há gente em Gaspar, que acha que o Coronel Armando é de Joinville e por isso "não poderia" circular por aqui.
Parece implicação minha, mas foi isso que ouvi de duas fontes ligadas ao poder de plantão na defesa de se fechar o curral eleitoral daqui. Perguntar não ofende: quais dos outros deputados federais são de Gaspar? Peninha é de Ituporanga; Chiodini, de Jaraguá do Sul, Ângela, de Florianópolis e quiçá de Indaial; Giovânia, de Criciúma e Carmem, de Lages.
Esses políticos de Gaspar são mesmos estranhos. Não aprenderam nada com os resultados das urnas em outubro do ano passado. Vão passar vergonha mais uma vez. Como diria um manezinho ao ouvir esse conto: "tais tolo, tais?" Acorda, Gaspar!
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