10/10/2019
Um exemplo daquilo que avança em Gaspar. Em novembro fará um ano que o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB e o vice Luiz Carlos Spengler Filho, PP, montaram um calvário daqueles para os que moram e principalmente, aos comerciantes da Rua Frei Solano, no Gasparinho. Antes, todavia, e sob pressão, fez a Câmara aprovar um Projeto de Lei que transferiu da prefeitura para o Samae – sem receitas, sem capacidades técnicas e operacionais para tal – a responsabilidade de fazer a drenagem pluvial de Gaspar. Tudo e apenas para “aliviar o caixa próprio” e permitir o uso do limite de empréstimos para outras obras. Quando os vereadores de oposição pediram explicações para essa transferência de responsabilidade, Kleber lançou mão da manjada chantagem. Disse aos moradores da Frei Solano que se eles se afogassem nas tão comuns enxurradas de verão, a culpa seria dos vereadores que estavam pedindo esclarecimentos e transparência. Colocar o projeto em cima da estação de chuvas fortes e só depois de dois anos de governo, foi uma estratégia pensada. Tudo para evitar a discussão técnica na Câmara. E a estratégia, mais uma vez, deu certo: o PL foi aprovado na marra.
As obras começaram sem projeto. Uma história longa e cheia de dúvidas, ampla e detalhadamente só contada aqui. Ela foi parar no Ministério Público e no Tribunal de Contas. E lá pena. Os vereadores pediram esclarecimentos técnicos por requerimento. Kleber deu às costas. Só um mandado de segurança na Justiça fê-lo responder. Obrigado, Kleber malandramente, o fez incompleto. Até hoje, espera-se pelo restante. Nada de projeto, só um desenho, sem assinatura de responsável. A prefeitura armou, por seus vereadores, uma audiência na Câmara para se explicar, e principalmente para fazer circo com os seus amestrados. Faz seis meses. Escárnio. Até hoje não apareceu o projeto, muito menos as explicações às dúvidas técnicas. Agora os supostos erros estão enterrados à espera do asfalto, da reurbanização da rua e dos futuros problemas. Há oito meses “estaria tudo pronto” para o asfalto. Por que? A equipe de Kleber “esqueceu” de fazer licitação, por falta de responsabilidade e planejamento no tempo certo. Agora, descobriram que as bocas de lobos precisam ser refeitas. Incrível!
Este é o retrato que o governo de Kleber, do vice Luiz Carlos e do prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, secretário de Fazenda e Gestão Administrativa tentam remendar na imagem que se desmancha e que a criaram para a reeleição: fazedores de obras. Como não se entendem, planejam, se organizam e mal executam, colocam sempre a culpa numa fictícia oposição na Câmara. Contudo, quem paga a conta e o pato de verdade, são os moradores de uma região importante e em desenvolvimento: o Gasparinho. Quase um ano para arrancar 1.400 metros lineares de paralelepípedos que estavam indo para o lixo se não se questiona, assentar no trecho os tubos da drenagem e re-pavimentar a rua? Um recorde, mesmo com dinheiro em caixa ou de financiamento para a obra aprovado pelos vereadores. E a culpa – na propaganda enganosa - é da oposição e não da equipe que o próprio Kleber escolheu e empregou – muitos deles só por afinidade política, familiar e não técnica. No outro lado, a meteorologia colaborou, e muito. Kleber aposta que os moradores e comerciantes da Rua Frei Solano vão esquecer um ano de sofrimento e prejuízos. Na propaganda oficial da próxima campanha, a obra estará lá como um dos principais feitos dele. Os erros e o martírio, não. Acorda, Gaspar!
Eu tenho sido assediado – direta e indiretamente - para lançar alguns balões-de-ensaio sobre as tão próximas eleições de outubro do ano que vem. Tentam a credibilidade de quem expressa, não tem rabo preso, possui credibilidade, assertividade, couro duro, e que não precisa alugar a sua pena para os interesses de terceiros, inclusive à sobrevivência por migalhas, sobras...
Um candidato a vereador em Gaspar no ano que vem vai precisar de no mínimo 3.300 votos dentro do partido onde está filiado para ser eleito. Então, neste cenário, hoje, só o MDB, o PSD e talvez PT – se o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi ficar nele e for candidato - possuem essa condição.
E neste mesmo cenário, correm riscos sérios de não se reelegerem os vereadores Silvio Cleffi, PSC, Roberto Procópio de Souza, PDT e Franciele Daiane Back, PSDB. Falta-lhes densidade em seus partidos. Eles seriam os puxadores de votos e para terem alguma chance, precisarão largar com no mínimo mais de mil votos cada um e contar com uma nominata expressiva de candidatos – ou associado a uma ideia na candidatura à prefeito - para buscar o resto dos votos e chegar aos 3.300. Algo possível, mas muito difícil. Esta é a conta para todos que querem surpreender e se aventurar.
Os resultados das urnas de outubro do ano passado sinalizaram que está em curso mudanças significativas no comportamento silencioso dos eleitores. Este processo está muito longe dele ser concluído, muito menos, dele ser um fenômeno conhecido e controlado, mesmo para os que se dizem especialistas nele.
E as provocações dos deputados federais e senadores contra essas mudanças, somado ao descrédito que se lançou o Supremo contra a sociedade; o envolvimento das organizações criminosas com a política partidária, acirra ainda mais essa mutação e vingança do eleitor neste fenômeno de contraponto aos tradicionais donos da política brasileira e daqui, tidos como enlameados, lambuzados, comprometidos com as sacanagens e dúvidas contra os interesses da sociedade que sustenta campanha eleitoral, privilégios e ladroagem com os pesados impostos que faltam à saúde, segurança, educação, obras mínimas de infraestrutura.
Os partidos, e principalmente candidatos tradicionais, terão dificuldades para manter o status e poder que desfilavam ontem e até mesmo hoje. Nome e partido antigos, serão sinônimos de palavrão. Em Gaspar, nada disso será diferente. O MDB e o PP já perceberam isso. E no poder, tentam todas as formas de alianças e aliciamentos – inclusive o empreguismo e aparelhamento - para manter todos num mesmo balaio anulando possíveis concorrências.
É desse acerto que se costura e se descostura freneticamente nos bastidores – pois tudo tem um preço – à sorte da reeleição de Kleber. O vice, provavelmente não será do PP. Virá de quem se ameaça ser um novo concorrente, o PSD que não quer vê-lo associado ao PT, que por sua vez, quer liderar um blocão onde não dará o nome, mas a militância de um tempo que está morto.
Não é preciso ser vidente para saber que a eleição de outubro do ano que vem será bem diferente da que foi em outubro de 2016. Haverá renovação, as estruturas partidárias tradicionais terão menos força; valerão as ideias de mudanças – Kleber era à mudança, mas se tornou submisso aos velhos esquemas poder -, as pessoas limpas que possam romper ao que se fez até aqui, que já se fez aqui com o ex-prefeito Francisco Hostins nos dois primeiros anos de governo dele.
Quando fechei a coluna da quarta-feira pela manhã, a dúvida era se o PSL seria páreo por aqui depois que Jair Messias Bolsonaro – que já experimentou nove partidos – disse que estaria fora dele, e o governador Carlos Moisés da Silva, vinha ensaiando um namoro sustentável com o MDB. O PSL de Gaspar não tem sequer conhecida a nominata do diretório. Está retida, pelo tutor do partido, o deputado Ricardo Alba, o qual também já experimentou muitos partidos.
Isso mostra que há dificuldades. O grupo de velhas raposas que manda, se alinha e conjectura com Kleber, agradece. Todavia, eleição nos dias de hoje, muito mais do que antes, tornou-se uma caixinha de surpresas. E é nisto que apostam os azarões, ou desconhecidos, enrustidos em articulações. É cedo. Mas, o tempo é de blefes.
O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, repentinamente e depois do choque de realidade dada pelo tempo onde na sua equipe sem planejamento, eficiência, execução, não avança naquilo que discursa, mudou o tom na proposta de marketing “Avança Gaspar”. Kleber diz que vai apenas iniciar as obras, mas possivelmente, não vai entrega-las neste mandato. Precisará de mais um, pois o governo dele é de futuro. Acorda, Gaspar!
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