A tragédia humana da mineira de Brumadinho está mais perto de nós do que muitos políticos e gestores políticos insensatos e irresponsáveis imaginam - Jornal Cruzeiro do Vale

A tragédia humana da mineira de Brumadinho está mais perto de nós do que muitos políticos e gestores políticos insensatos e irresponsáveis imaginam

28/01/2019

Diferente do texto original, vídeo acima mostra em plena luz do dia o início do rompimento da barragem  da Samarco, da Vale, em Mariana e não da baarragem 1 da Mina do Rio Feijão. Testemunhas, afirmam que o efeito foi o mesmo. A barragem re rejeitos de minérios pertence à Companhia Vale do Rio Doce (nome também de um de Minas Gerais), na mineira Brumadinho. É impressionante como, um vez rompida, os rejeitos vão devastando tudo que encontram pela frente sob olhares impotentes e incrédulos.

Isso já aconteceu por aqui em Ilhota e Gaspar, por outras razões, no evento natural severo de novembro 2008. Era noite. Mais tenebroso ainda. Acontece com frequência com menor intensidade em áreas definidas como sendo de risco. Acontece em áreas definidas com de Proteção Permanente e sob a negligência e até autorização fingida do poder político de plantão que arrumam técnicos para chancelarem o temerário.

Todos os avisos, com mortes, prejuízos, não são capazes de demover essa gente de suas irresponsabilidades que dividem com as próprias vítimas. Na hora das tragédias, do enterro, distribuição de culpados que nunca pagam verdadeiramente por seus erros, incúria e crimes.

Enquanto não se mudar a legislação, que já é dura, exemplar e burocrática, mas não pude com cadeia o técnico que concede a licença e o gestor público, incluindo o político, que avalisa tudo isso, pouca coisa vai mudar.

Parte deste texto, já circulou para alguns do meu aplicativo de mensagens na semana passada. Estou, pela transparência, compartilhando com os demais leitores e leitoras da coluna, no portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, acessado e atualizado de Gaspar e Ilhota.

A CULPA DE TODOS QUE BUSCAM SALVAR OS SEUS INTERESSES CONTRA A LEI

O governo de Jair Messias Bolsonaro, PSL, não tem nada a ver com as possíveis mais de duas absurdas, inconsequentes e criminosas centenas de mortes em Brumadinho. Contudo, ele está advertido desde já que a sua intenção expressa, claramente na campanha e nos primeiros dias de governo, para o afrouxamento das leis ambientais é algo que terá que ser revista, sob pena de assumir um risco imensurável nas consequências.

Existe sim, excessos e burocracia na legislação e nos processos de licenciamentos. Mas, há também e eu sou testemunha disso, o mau uso desse rigor, inclusive à ou tentativas de mercantilização, visando diminuir a burocracia ou o tempo da tramitação nas repartições públicas.

No sábado, conversei com um amigo meu, jornalista, experimentado, que atua em Blumenau. Disse-me ele, algo interessante: nenhum burocrata ou técnico pede propina para liberar um evento que sabe ele ser perigoso, arriscado ou com probabilidade de algum dia dar errado. Só se arrisca, exatamente para aquilo que está dentro da lei, que sabe que não o incomodará hoje e amanhã. É a tal burocracia de resultados. A indústria do carimbo, da assinatura, do fazer “andar” do documento na repartição e que atrasa tudo, irrita o contribuinte que acaba sendo forçado ao "pedágio".

Quando a coisa é uma fria, quem assume o tranco, é o político no poder de plantão, porque está em conluio, porque tem o rabo preso, por que é ganancioso, porque possui a índole de avançar sobre a regra pela dimensão de poder que possui. Faz isso, em compadrio com um técnico frouxo e que o tem nas suas mãos, normalmente jovem, ou corrupto, do partido, do esquema, o qual empresta a sua “coragem” ao gestor público para ficar na teta, permanentemente.

A DESCULPA PARA MATAR OS OUTROS

O possível rigor e a burocracia próprias do ambiente público regulado, todavia não são desculpas para permitir a invasão explicitamente, ou por meio de disfarces, de Áreas de Preservação Permanente, ou para se conceder “licenças” para se construir e morar em áreas de risco, para não se fiscalizar invasões nessas áreas colm a desculpa do social, para pressionar técnicos à desclassificarem outras, tudo de olho em votos de gente pobre e vulnerável como se vê em Gaspar e Ilhota (Blumenau, também por morros e vales), ou advogar certos retrocessos em licenciamentos com estafurdia a justificativa de que se faz isso para se gerar mais empregos, exalando falsa sensibilidade social, mesmo sabendo que essas decisões, podem significar mortes para outros, incluindo os próprios trabalhadores como aconteceu em Brumadinho.

Mais empregos sim, mas não sob riscos, destruição e poluição. Mais impostos sim, mas não com a morte de gente inocente e com a impunidade das autoridades que concederam os licenciamentos ou faltaram à fiscalização daquilo que era visto ou era sabido como ilegal, duvidoso, perigoso e temerário.

Tudo tem um limite na vida do ser humano. É racional. E é preciso mudar a legislação, sim, mas para incluir a responsabilidade do agente público e político nessa história toda. Ele sempre sai impune, ou com vantagens.

Quando a legislação explicitar claramente de que, quem concedeu a licença - incluindo o governante - será responsabilizado criminalmente pelos resultados dessa licença - ou seja, irá para a cadeia e perderá os seus bens para pagar parte da dívida com a morte de inocentes - aí sim, poderá se falar em afrouxamento da lei geral e local como querem os atuais governantes no poder e os ganaciosos investidores.

UM JOGO ONDE O POLÍTICO USA O SEU PODER PARA DESMORALIZAR O TÉCNICO

No ambiente de gestão pública e de políticos irresponsáveis, chega-se ao cúmulo de se trocar o técnico que quer se livrar da responsabilidade solidária do erro e obedecer à lei, por outro, que aceita o jogo e coloca do faz de contas, e dessa forma, coloca em perigo pessoas, patrimônios alheios e a sustentabilidade da natureza ou da comunidade. São as tais cartas marcadas entre os que negociam as facilidades no poder de plantão sob os olhos, em muitos casos, de instituições que estão constituídas para em nome da sociedade, fiscalizar o poder Executivo e os erros da aplicação da legislação. Tratam-se de crimes sob muitos disfarces.

Mariana há três anos e Brumadinho – cuja barragem de lama estava sendo desativada – são da mesma Vale, empresa privatizada parcialmente, poderosa, que está sob o controle do governo Federal, por ser considerada estratégica. Ou seja, “seguia” a lei, mas tinha caminhos, para pegar atalhos. E pegou, como relatam vários episódios na imprensa independente e investigativa, bem como em parte dos funcionários, hoje suas maiores vítimas.

O PT por meio da ex-presidente Dilma Vana Roussef, o MDB por Michel Temer, e o PT pelo desastroso governador mineiro, Fernando Pimentel, foram os atalhos na busca dos pesados impostos para sustentar um governo gastador, lastreando-se na burla da lei ou da precária fiscalização, tudo pelos empregos gerados naquela região.

Volto. Na semana passada, publiquei qui dois comentários. Neles mostrei o prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, fotografando, filmando para aparecer na sua rede social e sendo fotografado por assessores da sua propaganda marqueteira, em obras públicas, sem os devidos e obrigatórios Equipamentos de Proteção Individual mínimos, exigidos, no local onde estava se auto-promovendo.

Pior. Ele como contratante direto e fiscal da execução desses trabalhos, estava documentando trabalhadores de empreiteiras sem esses EPIs, em condições incompreensivelmente inseguras e desumanas. Primeiro deveria ter dado a ordem de parar aqueles naquelas condições. Segundo, se um acidente acontecesse ele não poderia lamentar, mas ser acusado de conivente e co-responsável. A obrigação dele, era naquele momento, a de interromper a obra em nome das pessoas expostas, diante da legislação vigente, e exigir o cumprimento da norma de proteção foram relegadas.

O que aconteceu?

Ao invés da prefeitura de Gaspar exigir imediatamente da empreiteira se cumprisse o que manda a legislação de proteção ao trabalhador, pois é solidária nestes casos, permitiu ou escalou gente nas rede social e aplicativos de mensagens para estimular comentários depreciando a observação necessária, responsável e lógica da coluna e consequentemente, avalizando a exposição do trabalhador de salário mínimo, muitas vezes forasteiro, dependente daquela condição sub-humana, sem vínculo social com a comunidade e agora, contratado como intermitente, a acidentes, que podem chegar até a sua morte.

PARA OS POLÍTICOS, AS LEIS SÃO DETALHES QUE LHES ATRAPALHAM

Guardada as proporções de Brumadinho, é assim que funcionam os políticos aqui e alhures. Quando tudo de errado acontece e que pode manchar à imagem ou podem ser responsabilizados, alegam que foi uma fatalidade, quem foi coisa divina, ou distribuem à culpa entre muitos e até a transferem, vejam só, a calhordice, aos feridos e mortos por não terem eles se protegidos adequadamente.

Temos notícias recentes que construções invadiram Área de Preservação Permanente. Ao fim, estão culpando um topógrafo pelo erro, numa afronta às autoridades, leis, instituições e fiscalização para culpar o “mordomo” pelo crime e ele continuar como mordomo. Houve autorização para se reocupar APP à beira do Rio Itajaí Açú em afronta à lei, mas para preservar a capacidade de mobilidade na busca de votos do beneficiário; licenças relâmpagos contra outras que seguem a passo de tartaruga, dependendo da finalidade, do interessado e do que ele representa no jogo de poder; movimentos organizados por políticos para a liberação de água e luz para loteamentos clandestinos, isto sem falar, que áreas interditadas para ocupação desde o desastre de novembro de 2008, ganham ares de normalidade para liberação, sem se saber tecnicamente se isso é possível.

Quando políticos, armam artimanha para dar como natural, comemoram antes e depois a troca do titular do meio ambiente da cidade porque ele simplesmente exige o cumprimento da lei, é uma demonstração clara de que está se anunciando um desastre, que são será divino, mas por erro e cálculo dos homens. Aquele desfile de bonés da Defesa Civil de Gaspar por vereadores na Câmara no ano passado, comemorando a troca de comando, é algo não simbólico, mas estarrecedor.

Como se vê, existem muitos culpados, inclusive a própria sociedade que silencia e paga esta despesa (do desastre com vidas e perda de patrimônio) com seus pesados impostos. E de outra parte, há a trupe aliada – que estará a salvo das consequências do desastre – que se esbalda na defesa do poder de plantão, e por isso, querem o silêncio dos que denunciam as condições irregulares como as coisas são feitas aqui ou as que se estabelecem no resultado, como em Brumadinho. Acorda, Gaspar!

Gaspar já viveu algo aterrador como o desastre do Sertão Verde que soterrou escola, casas e produziu mortes


A comunidade trocou a diretora da escola

Em Gaspar, a direção das escolas municipais é conhecida após uma votação, numa escolha que envolve parte da comunidade partilhada com corpo docente e até discente. Pessoalmente, já expressei a minha contrariedade para esse tipo de escolha “democrática” para algo tão essencialmente técnico, de liderança e gestão. E por que? Porque a escolha de viés técnico para produzir resultados aos alunos, à escola e ao sistema educacional do município, este sim, avaliado, pelo Ministério da Educação, que se estabelece em metas e ranking nacional, vira uma campanha eleitoral de quem é mais prestigiado no pedaço.

Este tipo de escolha para os democratas de plantão, este tipo de escolha por meio de eleições, acaba retirando o viés político partidário no preenchimento do cargo em confiança. Não é verdade. Na eleição de dezembro de 2017, ficou evidente, que o governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, manobrou o que pode para que os seus marcados ganhassem. Houve até, o caso em que a candidata do vereador Evandro Carlos Andrietti, MDB, no Barracão, não conseguindo a direção no voto, obrigou o vereador a explícita manobra para desmoralizar as regras do jogo. Pego, nas declarações que gravou no aplicativo de mensagens, não pode seguir no desmentido, como iniciou para a sua defesa.

Mas, o que aconteceu na Escola Mário Pederneiras, na Lagoa? A professora Valéria Rosa Castanho Rohr, eleita diretora no voto, acaba de ser exonerada pela secretária Zilma Mônica Sansão Benevenutti, sob o aval do prefeito Kleber Esdon Wan Dall, MDB, como mostra a foto abaixo, na reunião que se procedeu no gabinete dele à decisão sobre este assunto.

E por que ela saiu? Porque a comunidade que a elegeu, não gostou dos métodos dela, como alegava, e pediu a saída dela. E quem vai substitui-la e cuja nomeação ainda não foi publicada, mas está acertada? Giana Costa, uma professora nascida na comunidade e ligada ao PT. E quem intermediou tudo isso, porque a secretaria da Educação e a prefeitura estavam surdos? O presidente da Câmara, o vereador Ciro André Quintino, MDB, que em tese, é do governo, mas que não aparece na foto. Só para lembrar, a Lagoa é área de votos de Francisco Solano Anhaia, MDB, ex-PT.

Resultado dessa história toda: desgastes para quem sai, para quem se omitiu em resolver um problema que se tinha como sério na comunidade, e uma escolha política que é do agrado da comunidade, mas não é do poder de plantão, que na primeira derrapada da indicada, vai começar a caça a bruxa. Acorda, Gaspar!



Venceu a liberdade de expressão, da autodeterminação e de se ter ideias

Se a ideia é boa ou não, é um julgamento, nunca o de tê-la e ser responsabilizado por ela

 

A manchete da semana passada era: “TJ-SC autoriza deputada a incentivar aluno a denunciar professor.” A desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, concedeu efeito suspensivo em agravo de instrumento para permitir que a deputada eleita Ana Caroline Campagnolo, PSL, volte a publicar, em sua página no Facebook, postagem em que se coloca disponível para receber denúncias de alunos contra professores. O mérito ainda será julgado pela 3ª Câmara da TJ. 

No entender da magistrada, a discussão tem como pano de fundo, na realidade, a chamada Escola sem Partido - a possibilidade ou não de o professor ultrapassar o limite de sua cátedra para ingressar na seara da doutrinação político-ideológica. 

Em sua decisão, contudo, a desembargadora foca dois pontos que antecedem esse debate: a possibilidade de a deputada se colocar como uma espécie de "ouvidora social" em defesa de alunos vítimas de abusos ou excessos em sala de aula e o direito de os estudantes gravarem aulas ou momentos pontuais em que agressões dessa natureza ocorrem. 

Para a desembargadora, nos dois casos não há qualquer impedimento legal a tais procedimentos. "Não vislumbro nenhuma ilegalidade na iniciativa da deputada estadual eleita, de colocar seu futuro gabinete como meio social condensador do direito que todo cidadão possui, estudantes inclusive, de peticionar a qualquer órgão público denunciando ato que entenda ilegal praticado por representante do Estado, sobretudo quando se tratar de ofensas e humilhações em proselitismo político-partidário travestido de conteúdo educacional ministrado em sala de aula", disse. 

Volto. A decisão da desembargadora vale, em tese, para os que, contrariados com as minhas informações ou opiniões, sem capacidade de argumentação, ou sem possuir opinião contrária estruturada, o que é plenamente aceitável no debate, no contraditório, acham eu que devo ficar quieto, ou falar da seiva das flores, elogiar os poderosos para não ser prejudicados por eles, ou pelo simples fato de não contrariar os fatores dos interesses da nova ordem. 

Engraçado, que neste ambiente estão reunidos no poder de plantão políticos antigos cheios de vícios, novos que se dizem limpos e arautos das mudanças que não conseguem fazer e até, gente que louva Deus e diz que enganar, omitir, mentir e roubar é pecado. Acorda, Gaspar!


TRAPICHE

E por falar em educação. Uma escola não é um ente alienado da sua comunidade. Mas, tem gente extrapolando por aqui, ou a comunidade está qual avestruz querendo esconder aquilo que todos da vizinhança sabem.

Quando uma criança ou adolescente apresenta problemas de comportamento ou traz seguidamente machucados que podem sugerir maus tratos, o caminho mais adequado, com cuidados, é Conselho Titular.

E por que? Essa caça às bruxas – por pura fantasia, dedução, moralismo e até por ideologia – nos lares dos estudantes é algo perigoso e exagerado e foge da finalidade da escola em si. Essa preocupação, seria mais efetiva se houvesse inteligência, prudência e tato com um profissional da área de psicologia e não da pedagogia.

Hoje é dia de comprar flores. É o que diz o pregão 003/2019. Enquanto isso, o mato toma conta de Gaspar.

Novelas. O contrato da construção do muro de arrimo da Escola Ferandino Dagnoni foi prorrogado para 25 de fevereiro. Igualmente aconteceu com a construção da Escola Olímpio Moretto: o final dela foi esticado outra vez e agora para 23 de abril. Enquanto isso, a reforma do CDI Mercedes Melato Beduschi cresceu mais R$45.706,13.

A primeira indicação que foi protocolada na Câmara neste 2019 é de do vereador e advogado, ex-secretário da Saúde no governo do PT, Francisco Hostins Júnior, MDB, ex-líder do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB e filho de prefeito e professor.

A indicação pede ao Executivo, “providenciar a contratação de monitores de transporte escolar, a fim de atuarem nos ônibus escolares da Secretaria de Educação do Município de Gaspar”.

Louvável, mas o próprio vereador sabe que é parolagem. Antes disso e se ainda fosse vivo, seu pai, ex-secretário de Educação em Gaspar, teria recomendado que se zerasse a fila das creches e se implantasse gradualmente o reforço escolar onde não fosse possível estruturar o turno integral.

É preciso educar com ensino de valor e conteúdos, é preciso reter os alunos em sala de aula, é preciso ampliar as atividades extras classes e é preciso lhes darem caminhos. E para isso é preciso contratar professores qualificados antes de monitores para verificar se os alunos que estão sendo transportados estão com cinto de segurança, por exemplo.

Se na escola houvesse programas sérios de conscientização e cidadania, isto seria uma prática dos estudantes e eles não precisariam de um vigia para o óbvio.

E qual foi a última indicação do ano passado na Câmara de Gaspar? A 509 do vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT. O que ele pediu ao Executivo? Também algo óbvio a qualquer pagador de pesados impostos, mas não tão óbvio para os governantes daqui e alhures.

“Providenciar estudo para aproveitar os paralelepípedos da Rua Frei Solano, que está recebendo o trabalho de drenagem e posterior pavimentação, para pavimentar a Rua Irineu da Costa, no Bairro Santa Terezinha”.

 

Comentários

Herculano
29/01/2019 17:19
OPA! ALGUMA COISA MUDOU. É BOM ALGUNS AGENTES PÚBLICOS COLOCAREM A BARBA DE MOLHO. SE TEMOS UMA DAS MAIS RIGOROSAS E BUROCRÁTICAS LEGISLAÇõES AMBIENTAIS DO MUNDO, ENTÃO QUAL A RAZÃO PELA QUAL A MAIORIA DOS RESPONSÁVEIS SAEM IMPUNES?

ENGENHEIROS E FUNCIONÁRIOS DA VALE QUE ATESTARAM SEGURANÇA DA BARRAGEM EM BRUMADINHO SÃO PRESOS EM MG E SP

Investigações apontam suspeita de fraude em documentos. Último balanço da Defesa Civil de MG confirmou que 65 pessoas morreram e 279 ainda estão desaparecidas.
Conteúdo, apuração e texto Por Bruno Tavares e Robinson Cerantula, TV Globo para o portal G1

Cinco pessoas foram presas na manhã desta terça-feira (29) suspeitas de responsabilidade na tragédia da barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), que se rompeu na sexta-feira (25). Dois engenheiros da empresa TÜV SÜD que prestavam serviço para a mineradora Vale foram presos em São Paulo. Em Minas, foram presos três funcionários da Vale.

Na noite de segunda-feira (28), a Defesa Civil de Minas Gerais informou que há 65 mortos e 279 desaparecidos após a tragédia provocada pelo rompimento da barragem da mineradora Vale, na região metropolitana de Belo Horizonte. Nesta terça-feira, começa o quinto dia de buscas no local.

Os investigadores do Ministério Público e da polícia apuram se documentos técnicos, feitos por empresas contratadas pela Vale e que atestavam a segurança da barragem que se rompeu, foram, de alguma maneira, fraudados.

Atestado de segurança
Segundo investigadores, os engenheiros presos em São Paulo participaram de forma direta e atestaram a segurança da barragem número 1 da Mina do Feijão, que se rompeu em Brumadinho.

Os engenheiros Makoto Namba e André Yassuda foram presos em São Paulo, nos bairros de Moema e Vila Mariana, Zona Sul. Eles foram levados para a sede da Polícia Civil e deverão ser encaminhados em seguida para Minas Gerais, após embarcarem no Aeroporto Campo de Marte, na Zona Norte.

Na casa de Makoto Namba, chamou a atenção dos investigadores o fato de haver vários recortes de jornal com informações sobre a tragédia de 2015 de Mariana, da Samarco. Também foram identificados cartões de crédito, computadores e extratos de contas bancárias no exterior.

Licenciamento
Na região metropolitana de Belo Horizonte, foram presos os engenheiros da Vale diretamente envolvidos e responsáveis pelo licenciamento do empreendimento minerário onde fica a barragem que se rompeu. A reportagem tenta contato com a defesa dos presos.

As ordens da Justiça são de prisão temporária, com validade de 30 dias, e foram expedidas pela Justiça no domingo.

Por meio de nota, a Vale informou que "está colaborando plenamente com as autoridades". "A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas", diz a nota divulgada após a prisão dos engenheiros.

Também por meio de nota, a Tüv Süd Brasil, responsável pelas análises de segurança da barragem, informou que "não irá se pronunciar neste momento e fornece todas as informações solicitadas pelas autoridades".

A Tüv Süd Brasil informou, ainda, lamentar "profundamente o rompimento da Barragem I da Mina de Córrego do Feijão". Segundo a empresa, foram feitas duas avaliações da barragem a pedido da Vale: "uma revisão periódica da segurança da barragem (junho de 2018) e uma inspeção regular da segurança da barragem (setembro de 2018)".

Engenheiros que atestaram segurança em Brumadinho são presos em operação

Mandados de busca e apreensão em empresas
A Polícia Federal em São Paulo também participa da operação e cumpre, neste momento, dois mandados de busca e apreensão em empresas que prestaram serviços para a Vale. O nome das empresas ainda não foi divulgado.

Toda a operação é coordenada por policiais, promotores e procuradores de Minas Gerais. A força-tarefa envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Estadual e Federal e a Polícia Civil.

As ações em São Paulo são coordenadas por promotores do núcleo da capital do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP de São Paulo, e pelo Departamento de Capturas (Decade) da Polícia Civil paulista.
João Luiz Bastos
29/01/2019 11:57
Herculano

Importante observar as ações do governo carguista do MBD.

Só observar as nomeações abaixo:

Lazaro é ligado ao deputado Ismael e estava lotado na extinta ADR em Blumenau:

DOM dia ed 2735 do dia 21 de janeiro de 2019.
Ex funcionário da ADR / Ismael
DECRETO Nº 8.560, DE 15 DE JANEIRO DE 2019. NOMEIA JOSÉ LÁZARO DA SILVA JUNIOR PARA EXERCER CARGO EM COMISSÃO DE ASSESSOR ADMINISTRATIVO. KLEBER EDSON WAN-DALL, Prefeito Municipal de Gaspar, Estado de Santa Catarina, no uso das atribuições que lhes são conferidas pelo artigo 72, inciso XXV da Lei Orgânica do Município, DECRETA: Art. 1º Fica nomeado, a partir de 15 de janeiro de 2019, JOSÉ LÁZARO DA SILVA JUNIOR, inscrito no CPF sob o nº 007.677.729-46, para o exercício de cargo em comissão de Assessor Administrativo, da Secretaria Municipal da Fazenda, ref. 64, com 40 horas semanais, nos termos da Lei Complementar Municipal nº 80, de 02 de agosto de 2017. Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, retroagindo seus efeitos para 15 de janeiro de 2019. Gaspar, 15 de janeiro de 2019. KLEBER EDSON WAN-DALL Prefeito Municipal de Gaspar.

Este é apenas um, dentre tantos outros.
Herculano
29/01/2019 05:04
REPóRTER KLEBER

O prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, voltou a fazer videos nos locais das obras para a propaganda do governo. Neles, Kleber mostra trabalhadores sem os obrigatórios Equipamentos de Segurança Individual, como o capacete, que é substituído por chapéus tipos sombreiros, faltam luvas e outros...
Herculano
29/01/2019 04:59
PLACAR DA TRAGÉDIA DE BRUMADINHO

65 mortos (corpos encontrados)

279 desaparecidos
Herculano
29/01/2019 04:57
VALE LUCROU R$42 BILHõES DE MARIANA A BRUMADINHO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A Vale divulgou lucro líquido de R$42 bilhões em pouco mais de três anos, entre as tragédias das barragens de Mariana e Brumadinho. É quase quatro vezes mais que os R$11 bilhões bloqueados pela Justiça, até agora. A "doação" de R$100 mil por família, prometida pela empresa, é uma ninharia indigna para a empresa, que é a gigante da mineração: cerca de R$ 35 milhões, na hipótese mais cara para a Vale.

TROCO, PARA A VALE
Os R$11 bilhões bloqueados pela Justiça equivalem apenas ao lucro líquido registrado pela Vale nos primeiros nove meses de 2018.

TEM MUITO MAIS
O lucro total da Vale em 2018 ainda não fechou. Falta contabilizar os bilhões do último trimestre do ano. E deve passar dos R$15 bilhões.

DINHEIRO NÃO FALTA
A empresa declarou lucro de R$ 13,3 bilhões em 2016, ano seguinte ao desastre em Mariana. Vítimas ainda esperam por indenizações.

SALÁRIOS NA VALE
A Justiça determinou que os salários da Vale fossem divulgados no ano passado: R$ 19 milhões por ano é o salário mais alto da mineradora.

PARTIDOS GANHAM MAIS 1.338 CARGOS DA CÂMARA
Partidos que atingiram a cláusula de barreiras, o resultado mínimo de deputados eleitos e votos obtidos em todo o país, forçam o contribuinte otário a bancar uma estrutura de gabinete e cargos para a "Liderança partidária" na Câmara dos Deputados. Mais deputados significa mais cargos. Até 2018, partidos com cinco deputados eleitos ganhavam 25 cargos só para a liderança, de livre nomeação e funções de servidores. No total, lideranças terão 1.338 cargos de comissão a partir deste ano.

GABINETE É OUTRA HISTóRIA
Os 1.338 cargos se somam aos R$ 111,7 mil por mês que cada um dos 513 deputados tem para pagar até 25 assessores nos seus gabinetes.

108 (!) CARGOS
Bancadas que elegeram mais de 43 deputados têm estrutura de 108 cargos segundo o Projeto de Resolução 350/18. É o caso de PT e PSL.

BANCADA MÉDIA, MUITOS CARGOS
Partidos que elegeram de 20 a 34 deputados ganham 83 cargos cada. MDB, PR, PSB, PRB, DEM, PSDB e PDT se encaixam na categoria.

MERCADO NÃO PERDOA
Com a direção da Vale solta, coube ao mercado financeiro se juntar à Justiça na punição à empresa, derrubando suas ações em 24%, na bolsa. Com sua irresponsabilidade, perdeu R$ 69 bilhões no seu valor.

O PAPELÃO DE BERMUDES
O advogado Sergio Bermudes perdeu ótima chance de ficar calado. Parecia um principiante, saindo em defesa dos valiosos cientes da Vale, garantindo até que "não vão renunciar". E, como um novato, foi desautorizado publicamente pela própria empresa. Constrangedor.

AUTONOMIA À PF
João Campos (PRB-GO), relator da PEC 412/09, que dá autonomia orçamentária à Polícia Federal, quer votar o texto em fevereiro. Aposta que a nova composição do Congresso garante a aprovação do projeto.

ELES AMAM ODIAR
O Planalto continua dando importância demais à mídia que tanto critica. Sábado, logo cedo, a assessoria já estava na banca de revistas da rodoviária comprando jornais e revistas com o filho do 01 na capa.

BAITA SALÁRIO
Derrotado na pretensão de presidir a Fecomércio-DF e sem convite para integrar o governo do DF, o empresário Hélio Queiroz tenta agora garantir o cargo de diretor regional do Sesc, R$60 mil por mês.

REDE NO LIMBO
A Rede é um partido que vive no limbo. Não atingiu a votação mínima da cláusula de barreiras nem elegeu deputados federais suficientes para ter bancada própria na Câmara. Mas elegeu cinco senadores.

PROJETO É O GOVERNO
O plano do ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) é focar nos problemas da área de modo a resolvê-los, mas o seu projeto político disputar o governo do Mato Grosso do Sul em 2022.

ALÉM DA IMAGINAÇÃO
Tem gente fantasiando que, controlada por petistas, a Vale teria negligenciado a barragem porque o presidente Bolsonaro recebeu 60% dos votos em Brumadinho. Absurdo. Ninguém seria tão bandido assim.

VÁ CONTANDO...
...já se passaram 4 dias desde o desastre em Brumadinho, 65 mortes provocadas pelo descaso da Vale, e até agora ninguém foi preso.
Herculano
29/01/2019 04:49
da série: qual a vantagem em se ter aprovado e se confiar em algo temerário, porque de menor custo? O tempo é senhor da razão e cobra com a realidade

BALANÇOS DA TRAGÉDIA EM BRUMADINHO. VALE PERDE MAIS DE R$70 BILHõES EM UM Só DIA EM VALOR DE MERCADO APóS A TRAGÉDIA DE BRUMADINHO. É O MAIOR DA HISTóRIA DA BOLSA
Mari dos Santos
28/01/2019 19:51
Herculano,

Em uma Prefeitura de São Paulo realmente esta em chamas. A esposa de um moço que queria molhar o biscoito apreceu na prefeitura, mas não conseguiu falar com a servidora. Ufa!!!

Para tentar apagar o incêndio. Parece que o moço apavorado, bateu em retirada. Esta voltando de Brasília.

Espera-se que ele não procure e nem tente ameaçar a servidora.

Herculano, não seria o caso de indenizar a prefeitura pela remarcação das passagens?
Herculano
28/01/2019 17:03
TESTES COM VOUCHER E CHARTER PODEM AFASTAR O ENSINO DA PASMACEIRA, por Vinicius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo

Experiências oferecem a chance de atacar problemas crônicos e dar mais opções a famílias

Que tal o governo oferecer aos pais duas opções para matricularem as crianças na escola? Poderiam escolher entre uma instituição pública e uma particular. Neste caso, o Estado pagaria a mensalidade do aluno com o dinheiro que deixou de gastar com ele na rede oficial.

A ideia de conceder um vale, ou voucher, para o ensino seduz parte dos liberais brasileiros e agora tem um patrocinador poderoso no Ministério da Economia, Paulo Guedes.

Em especial onde há escola pública com baixo desempenho, a chegada da competidora privada tenderia a elevar o nível das duas instituições. Se funciona com outros serviços, também dará certo na instrução básica, dizem defensores da iniciativa.

É possível que estejam certos e que estejam errados. O mais provável é que estejam certos em determinados contextos, mas errados em outros, como sugere a coletânea dos melhores estudos a esse respeito.

Resultados mistos também marcam os experimentos com as chamadas "charter schools", as escolas administradas por organizações civis contratadas pelo governo para determinadas missões. Nos Estados Unidos, expandem-se com velocidade.

As vantagens das charter residem no relaxamento de exigências administrativas e metodológicas oferecido ao gestor em troca de resultados no aprendizado. Não é panaceia, mas poderia ser aplicada e testada, por exemplo, para reduzir problemas crônicos de falta de professores em determinadas regiões.

Se um governo municipal ou estadual no Brasil decidir enveredar-se pelos vouchers ou pelas charter, ainda que em frações específicas da rede, será derrotado por um sem-número de barreiras corporativistas, legais e ideológicas. Deveria, isso sim, é ter respaldo normativo e técnico para fazê-lo sob as rigorosas condições do melhor conhecimento.

Os objetivos do ensino são universais, mas os meios de atingi-los com eficiência variam. Sem estimular a experimentação responsável, a atual pasmaceira prolonga nosso atraso.
Miguel José Teixeira
28/01/2019 14:40
Senhores,

Atentem para a nota publicada pelo Jornalista Cláudio Humberto e replicada abaixo:

"No Distrito Federal, seria mais barato pagar planos de saúde para toda população do que manter a atual Secretaria de Saúde, ao custo anual de R$8 bilhões.

Dos 3 milhões de brasilienses, 35% (1.050.000 moradores) já têm planos de saúde e por isso dispensam os serviços públicos.

O governo de Ibaneis Rocha (MDB) não tem essa intenção, mas se extinguisse a Secretaria poderia bancar planos de saúde privados para os demais 65% da população.

E ainda sobraria dinheiro". . .

Huuummm. . .

E para que servem os Deputados Distritais???

Huuummm. . .

Herculano
28/01/2019 14:20
O PLACAR DA TRAGÉDIA

60 mortos e 292 desaparecidos. Era 305 pela manhã
Pedro Braz
28/01/2019 14:20
PREFEITURA EM CHAMAS

O futuro chefe de gabinete, aquele moço que vive em Brasilia recebendo diárias, inclusive parece que nesse domingo a noite foi pra Brasília.

Nesse domingo, o moço se deu mal, o mesmo vive tentando molhar o biscoito, como esta na prefa que vai ser chefe de gabinete, ele já prometeu cargos para moças bonitas. E ai foi no Facebook paquerar uma servidora efetiva e deu com os burros nagua, sua esposa pegou a conversa. Maior bate boca com a moça.

A servidora preocupda, procurou sua chefe, foi orientada procurar o secretario e se não funcionar, procurar o MP. A coisa vai ficar feia. Acho que o ermão se deu mal.

Fico pensando o que a primeira dana pensa disso.



Herculano
28/01/2019 14:18
da série: um político que precisa de cadáveres, gente fragilizada física, emocional e financeiramente para sobreviver em meio à informações desencontradas, caos social, analfabetos, ignorantes, desinformados e espertos

RENAN CALHEIROS TENTA "CAPITALIZAR EM CIMA DA TRAGÉDIA", DIZ ADVOGADO DA VALE

Conteúdo de O Antagonista. Em reação a Renan Calheiros, que defendeu o "afastamento cautelar" e "urgente" de toda a diretoria da Vale, Sergio Bermudes, advogado da companhia, disse à Folha:

"Só uma assembleia geral [dos acionistas da empresa] poderia afastar seus diretores. E eles não vão renunciar. A renúncia não ajudaria a companhia, perturbaria a continuidade das medidas que ela, do modo mais louvável, está tomando."

Para Bermudes, "não cabe renúncia pois não se identificou dolo e muito menos culpa" dos executivos da Vale.

O advogado criticou o senador alagoano.

"Falando agora em nome próprio, e não da empresa: eu lamento muito as declarações do senador Renan Calheiros. Vejo como uma tentativa pecaminosa de capitalizar, com declarações levianas, em cima da tragédia."
Herculano
28/01/2019 14:17
"SE FLÁVIO ERROU, ELE TERÁ DE PAGAR...", por Percival Puggina

Sob todos os pontos de vista, é uma pena que a afirmação feita por Bolsonaro ao jornalista da TV Bloomberg em Davos tenha caído do imenso vazio de significados que domina a imprensa brasileira. No ambiente local, se as informações transmitidas, quaisquer informações, não têm conotação negativa para o governo, não interessam. Ou elas permitem danificar-lhe a imagem, ou são inúteis. E não falta quem consiga, até mesmo, transformar limonada oficial em limão opiniático. Foi por isso que muitos veículos aproveitaram a manifestação do pai para requentar as denúncias contra o filho e, outros, para rotulá-la como tardia. Não escrevo este artigo porque queira uma imprensa omissa. Escrevo-o precisamente porque que não quero uma imprensa omissa.

A frase - "Se Flavio errou, ele terá que pagar por essas ações, que não podemos aceitar" - jamais sairia da boca de um Lula, por exemplo. Alias, parece haver suscitado escasso interesse da mídia extrema e do COAF, a vertiginosa escalada do filho do ex-presidente, que saltou de funcionário de zoológico a milionário. Papai Lula preferiu ver a intrigante ascensão como produto das atividades de um "gênio das finanças". Deu para notar a diferença?

Dos moralistas de ocasião, daquela imprensa que reclamou do cancelamento da coletiva presidencial, ele só tinha a esperar desrespeito ao constrangimento a que estava submetido. Não faltaria, ali, quem viesse escarafunchar-lhe as emoções com perguntas tão relevantes quanto "Como o senhor se sente com isso?", ou "Como foi a conversa com o seu filho?". Por aí andariam os medíocres.

É uma pena que seja assim. Não creio, porém, que os ataques da mídia extrema alcancem seus sinistros objetivos. A exemplo de tantos outros brasileiros, bebi da taça da esperança. E me declaro civicamente bem servido. Conformado, esperei 34 anos para esse encontro do Brasil com as posições conservadoras e liberais que professo. A cada quatro anos, em vão as aguardava do ventre das urnas, enquanto via o Brasil ser levado ao abismo social, à indigência moral e à falência econômica. Quantas vezes, meu Deus, ao longo dessas décadas, sentei a mesas de debate, em rádio e TV, tendo como contraparte figurões da esquerda gaúcha, empenhados em defender aquele modelo, bem como os regimes cubano e chavista! Ali estiveram as parcerias, o horizonte e o futuro.

Há quem ainda agora os defenda e com eles prefira lidar. Manipulam, então, a lixeirinha dos fatos enquanto o país, a despeito deles, cumpre a manifestação democrática das urnas e muda seu destino.
Herculano
28/01/2019 14:16
PRIMEIRO MÊS EXPôS LIMITAÇõES DE BOLSONARO E FRAGILIDADES DO GOVERNO, por Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo

Relação com novo Congresso será teste para presidente começar a provar que tem capacidade política

A quatro dias de completar um mês no cargo de presidente, Jair Bolsonaro coleciona episódios que expuseram suas limitações e os pontos frágeis do governo.

Há duas opções diante deste cenário: 1. Corrigir eventuais falhas para que a gestão entre em um voo de cruzeiro o quanto antes. 2. Ignorar os sinais preocupantes emitidos na decolagem e tratar com normalidade o que deveria ser alvo de reflexão.

As impressões até agora passadas por Bolsonaro e aliados palacianos apontam que a segunda alternativa é a mais plausível, sinalizando alta probabilidade de turbulências.

Sem aviso prévio, por exemplo, o governo editou o decreto que fragiliza a Lei de Acesso à informação ao permitir que servidores comissionados - os de confiança e de livre nomeação - possam classificar documentos como ultrassecretos e secretos. Um golpe na transparência.

E qual foi a reação governista à repercussão negativa? Defender a medida com argumentos vagos, como fez o vice-presidente, Hamilton Mourão, que assinou a mudança na condição de presidente interino.

"A transparência está mantida e aqui no Brasil são raríssimas as coisas que são ultrassecretas", disse. Ele tem razão em pontuar a raridade da classificação, mas se esqueceu de complementar que decorre justamente do fato de que até hoje apenas um grupo restrito de autoridades detinha aval para tanto. Agora, aumentando o leque de pessoas aptas, mais documentos deverão passar para o grau de sigilo máximo.

O comportamento de Bolsonaro em relação às suspeitas sobre seu filho e senador eleito, Flávio, é outro ponto sensível do primeiro mês de Planalto. O presidente parece não ter compreendido que a crise respinga no governo e exige resposta rápida e convincente, e não a declaração em que chamou de "garoto" o filho de 38 anos, prestes a virar senador.

O segundo mês de governo dará início à sua relação com o Congresso. Será o teste de fogo para Bolsonaro começar a provar que tem (ou não) capacidade política de dirigir o país.
Herculano
28/01/2019 14:16
É MAIS BARATO PLANO DE SAÚDE PARA TODOS DO QUE SECRETARIA DE SAÚDE, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta segunda-feira nos jornais brasileiros

No Distrito Federal, seria mais barato pagar planos de saúde para toda população do que manter a atual Secretaria de Saúde, ao custo anual de R$8 bilhões. Dos 3 milhões de brasilienses, 35% (1.050.000 moradores) já têm planos de saúde e por isso dispensam os serviços públicos. O governo de Ibaneis Rocha (MDB) não tem essa intenção, mas se extinguisse a Secretaria poderia bancar planos de saúde privados para os demais 65% da população. E ainda sobraria dinheiro.

PARA ELES, TUDO BEM
Na Secretaria de Saúde do DF, os salários não são uma maravilha, mas são os maiores do Pais: consomem 82% do orçamento.

PARA O POVO, AGONIA
O novo modelo de gestão prioriza a satisfação do usuário de hospitais, maltratados em filas de até 10 horas, em razão da falta ao trabalho.

GESTÃO POSITIVA
Implantado no célebre Hospital de Base, o novo modelo quase zerou as filas e reduziu até à metade os gastos com materiais e remédios.

VITóRIA SIGNIFICATIVA
Ibaneis Rocha venceu a primeira queda de braço contra o setor público preocupado com perda de regalias e pelegos com perda de influência.

SERVIDORES SE APOSENTAM, EM MÉDIA, AOS 57 ANOS
Era de 57 anos a média de idade dos mais de 385 mil servidores públicos federais que se aposentaram desde 1995. Desses, apenas 90 mil (23%) não recebem aposentadoria integral. Só no mês de dezembro de 2018 mais 1.476 servidores se aposentaram do serviço público federal com vencimentos integrais até o fim da vida, ao contrário do que ocorre com os demais trabalhadores. As informações são do Painel Estatístico de Pessoal da Secretaria de Planejamento.

NA NOSSA CONTA, SEMPRE
Em 2018 foram 19.905 aposentadorias do serviço público federal. Quase todas (19.179) aposentadorias integrais.

APOSENTADORIA INTEGRAL
São 77% os servidores públicos federais que embolsam durante toda a aposentadoria o valor completo do último salário que recebeu.

MESMA REGRA NO DF
Também o governo do Distrito Federal vive a rotina de buscar recursos para pessoal. Foram 18 mil aposentadorias em doze anos.

HISTóRICO PREGUIÇOSO
O ex-deputado Jean Wyllys (Psol) só emplacou dois projetos nos oito anos de Câmara. Um trata de batizar o mês de dezembro e o outro de batizar um dia para o "Direito à Verdade". Pior: é só "coautor" das leis.

MÉDIUM NA PAREDE
O ex-governador do DF Rodrigo Rollemberg era um dos admiradores de João de Deus: a equipe do novo governo encontrou foto do médium tarado pendurada com destaque em seu gabinete, no Palácio do Buriti.

DESPACHO
Jair Bolsonaro garantiu ao ex-presidente Fernando Collor que já nesta terça (29) voltará ao batente, após se submeter a cirurgia, nesta segunda, para retirar a bolsa de colostomia no hospital Albert Einstein.

CRACHÁ NO PEITO
Ainda que não precisem disso para circular sem restrições no Palácio do Planalto, tanto o porta-voz da Presidência, Rêgo Barros, quanto o vice-presidente Hamilton Mourão não dispensam o uso do crachá.

VAGAS ABERTAS
Alvos predileto dos críticos ao novo governo, a ministra Damares Alves (Direitos Humanos) é caso raro de autoridade que não recheou seu gabinete com nomeados. Três altos cargos ainda estão vagos.

RACIONALIZAÇÃO
A fusão das agências nacionais de transporte terrestre e aquaviário (ANTT e Antaq), dividiu servidores. Pesquisa a pedido do Ministério da Infraestrutura mostrou que 46% a favor, 31% contra e 23% em dúvida.

Só (MUITO) MILIONÁRIOS
O Citibank nega ter abandonado o Brasil, mas "passou a se concentrar no atendimento a clientes de Corporate and Investment Banking". Ou seja, só atende agora a minoria da minoria milionária brasileira.

BATE E ASSOPRA
O Fundo Monetário Internacional condicionou a boa perspectiva sobre o Brasil à aprovação da reforma da Previdência e equilíbrio das contas públicas. Ainda assim aumentou a previsão de crescimento em 2019.

PERGUNTA NA POLÍCIA
O deputado federal eleito Valdevan 90 trabalhando de tornozeleira eletrônica é desmoralização ou a Justiça adiantando o serviço?
Herculano
28/01/2019 14:15
da série: como a incompetência, a burocracia e o empreguismo oportunista de alto vencimento come os nossos pesados impostos que estão faltando para a saúde, segurança, educação e obras.

A POSSÍVEL PERDA DE R$ 380 BILHõES DE 6 ESTATAIS FEDERAIS

Conteúdo de O Antagonista.As principais estatais federais ?" Petrobras, Eletrobras, Correios, BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - correm o risco de perder mais de R$ 380 bilhões em processos que correm na Justiça ou administrativamente, registra O Globo.

"Desse total, R$ 71 bilhões são considerados perdas prováveis. Isso significa que esses valores são praticamente dados como perdidos e precisam ser provisionados (reservados) no balanço financeiro das empresas.

(...) Os números incluem perdas potenciais com ações trabalhistas, tributárias e cíveis e se referem ao terceiro trimestre de 2018, último dado disponível."

Só a Petrobras tem R$ 24,2 bilhões reservados para processos de perda provável, mas o valor total das perdas possíveis chega a R$ 208,6 bilhões.

As estimativas de perdas tendem a diminuir o valor de mercado dessas companhias, uma vez que os investidores precificam esses passivos, mas especialistas ouvidos pela jornal apontam que as seis empresas continuam a ser o "filé mignon" entre as estatais e dificilmente sofreriam uma perda de interesse por parte do mercado, caso Paulo Guedes leve adiante um amplo programa de privatizações.
Herculano
28/01/2019 14:14
UMA HEROÍNA COMUM, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

A favor dos confusos existe o espírito da época: Cuba é pura miséria gourmet

Hoje vamos falar de uma heroína comum. Mas, antes, uma referência de leitura. Roger Eatwell e Matthew Goodwin, em "National Populism --Revolt Against Liberal Democracy", de 2018, dizem que não devemos denunciar os novos populismos mas, sim, procurar entender o que as pessoas que votam neles querem.

Para os pesquisadores em fascismo, esses populistas nacionalistas não devem ser chamados de fascistas porque confunde nosso entendimento do fenômeno. Para eles, esses eleitores querem mais democracia e mais direta, e sentem que seus representantes vêm de uma elite rica, bem educada e cada vez mais alienada da realidade dessas pessoas comuns.

Ou seja, não são contra a democracia, como os fascistas eram, mas, sim, a favor de que a democracia amplie a sua base de representação para incluir a maioria da população. Mantenha isso na memória ao longo da sua leitura.

Eu estava conversando com jovens de uns 20 anos de idade. No centro, uma menina muito estudiosa que crescera numa das favelas em São Paulo (não entre as piores favelas paulistanas). Com muito esforço dela e dos pais, ela conseguiu estudar e escapar do destino de meninas e meninos numa favela. Qual é esse destino? Antes, quem eram os outros jovens?

Jovens de classe alta e média alta, educados com toda a segurança em escolas da zona oeste ou sul (a parte "boa") de São Paulo. O objeto do debate se deslocara para temas como liberdade de ação, desigualdade social, religião, socialismo. A coisa começou a pegar quando um dos meninos, muito articulado e viajado, começou a falar, em êxtase, que iria nas férias para Cuba estudar documentário. É engraçado o fetiche que muitos jovens têm com Cuba. Provavelmente, fruto do tédio com seu quarto seguro na casa dos pais.

Nossa heroína levantou a voz e perguntou a razão para ele, tão rico, querer ir para um lugar onde as pessoas vivem na miséria. Como é comum quando alguém se refere ao dado real de que as pessoas vivem na miséria em Cuba, esses jovens reagem de modo um tanto confuso, sem entender o que o interlocutor está dizendo, à semelhança de alguém que sempre acreditou na relação "cegonha-bebê".

A pessoa confusa pergunta, atabalhoadamente: "Como assim? As cegonhas não trazem os bebês?". Mas, a favor dessas pessoas confusas, existe o espírito da época: Cuba é pura miséria gourmet.

Voltemos ao destino nas favelas ao qual se referia a nossa heroína: meninos entram para o tráfico e meninas pegam uma barriga deles. Quanto mais poderoso e rico é o menino, mas elas disputam entre si pra ver quem vai engravidar dele primeiro. Estamos falando de meninos e meninas de 16 a 20 anos.

Quando indagada como ela escapou desse destino, que todas as suas amigas de "bairro" seguiram, a resposta é taxativa: "Meu pai morava em casa com a gente, e ele não me deixava sair com o pessoal do bairro". E por aí vai. O pai a levava para a escola e buscava todo dia. E prepare seu espírito para o "pior": eles eram evangélicos!

Sei, você entra em surto. Pensou mesmo em pular pela janela. Como assim? Evangélicos? O mundo não faz mesmo sentido! E você confessa: Estava começando a gostar dessa menina! Sua admiração para por aí. Evangélicos jamais passarão!

Já disse aqui que gente inteligente vomita quando ouve a palavra "evangélicos". Espiritismo afro até vai, porque é, justamente, afro, e afro é gourmet. Budismo light é o top para gente inteligente, bom-mocismo chique como forma de espiritualidade.

A verdade é que o que a menina disse é a pura verdade: faltam bons pais em casa. Mãe só não dá conta --ao contrário da novela da TV. Apesar do mimimi da crítica ao patriarcalismo, o problema não é o pai, mas a falta de um pai presente. "Mas que coisa mais antiga!", você diz. E, pior ainda, você me pergunta: Por acaso eu estaria dizendo que ser evangélico pode salvar vidas em certos ambientes? Sim, estou.

E mais. Você, provavelmente, levaria o maior cacete dessa menina, como os meninos riquinhos levaram. Quando se trata da vida real, não chame a elite que gosta de miséria gourmet.

PS.: Alguns leitores me pediram o link sobre masculinidade tradicional como comportamento tóxico. Para quem ainda não achou no Google, https://tinyurl.com/yb3go87s. E mais, vale a pena ler o artigo de Frank Furedi na revista Spiked, em que ele critica contundentemente e especificamente as mesmas guidelines: https://tinyurl.com/ydy8ylx
Herculano
28/01/2019 14:13
PARA PENSAR I

Se a Vale não estava tão convencida tecnicamente de que a barragem de Brumadinho era segura, construiria ela a unidade administrativa abaixo da barragem e no corredor da lama expondo quase três centenas de empregados seus? Nem a psicopatia coletiva explica.

PARA PENSAR II

É impossível, que sabedores dos riscos que corriam, técnicos que trabalhavam na unidade e expostos à própria morte e de colegas nunca denunciaram ou perceberam movimentação estranha a montante da barragem

PARA PENSAR III

Qual a empresa, que possui ações no mercado aberto, negociadas no Brasil e exterior (Nova Iorque), dependente dele, ficaria tão exposta a um acidente da magnitude ao acontecido em Brumadinho, e com uma ferida ainda aberta chamada Samarco?

PARA PENSAR IV

Qual a empresa de consultoria internacional especializada se submeteria a dar um atestado de estabilidade barragem, comprometendo-se no seu negócio e imagem para sempre no mundo?

PARA PENSAR V

Este acidente não saiu do nada. Nenhum acidente é ocasional. Ele deu avisos que foram criminosamente mal interpretados, escondidos ou não percebidos por técnicos e gestores. Ou houve sabotagem?
Herculano
28/01/2019 14:12
BOLSONARO E ZEMA NÃO TÊM CULPA NENHUMA POR BRUMADINHO, MAS O QUE ELES PENSAM TEM, SIM! PROMETERAM MENOS FISCALIZAÇÃO EM VEZ DE MAIS, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Os governos de Romeu Zema e de Jair Bolsonaro não são culpados pela tragédia de Brumadinho. Enquanto escrevo, 58 corpos foram encontrados. Há nada menos de 350 desparecidos. Os partidários de ambos, em particular os do presidente, vociferam furiosos nas redes, disparando ofensas para todos os lados. Não dão a mínima para as vítimas. Tudo, para essa gente, é guerra ideológica. Mas sigamos. Eles não são culpados, mas o que eles pensam é. "Como? Agora você está acusando pensamentos, Reinaldo?" Calma, leitor amigo! Vá caçar sapo, leitor inimigo! Mas não na área de desastre de Brumadinho. Os sapos também morreram. Junto com as pessoas, os cães, os gatos, o gado, as casas, as histórias, as esperanças, a memória. Pode não parecer, mas um tanto do país ficará soterrado lá para sempre. Agora, a equipe de Bolsonaro se esforça para passar uma borracha em tudo o que a turma dizia sobre meio ambiente até minutos antes da tragédia.

O presidente, o general Augusto Heleno (Gabinete da Segurança Institucional) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) falam em tornar mais rigorosa a legislação. Pois é? Só para as barragens ou para o meio ambiente? Governantes ?" homens público no geral - são responsáveis pelos sentimentos que mobilizam e pelos apoios que atraem. Mais fiscalização ou menos? Mais rigor nas licenças ambientais ou menos?

A última vez em que este governo recém-instalado falou em mineração, a proposta era liberar a prática em terras indígenas. É pouco provável que se tenha desistido da ideia. A ministra Damares Alves, responsável pela Funai, certamente já estudou o assunto a fundo, uma vez que não tem mais de dedicar o seu tempo à denúncia de hotéis-fazenda que, segundo ela, promovem a pedofilia ou a denunciar supostos especialistas holandeses que recomendariam a masturbação de bebês... Que dias!

De volta. Em pouco mais de três anos, ocorreram dois acidentes monumentais em plantas de extração de minério da Vale, um dos potentados do mundo na área. E isso com uma legislação ambiental que, segundo esses novos patriotas, é madrasta da produção e trava o desenvolvimento do país. A pior de todas as ironias: em dezembro, com aprovação esmagadora do conselho estadual que cuida do assunto, a empresa conseguiu autorização para elevar a sua produção em mais de 70%. Recorreu-se a um truque para rebaixar a periculosidade da mudança e obter uma licença-relâmpago. Isso se deu no apagar das luzes do governo do petista Fernando Pimentel. E o escuro continua.

A verdade é que não há fiscalização eficiente das barragens. Elas ficam, na prática, a cargo das próprias mineradoras. Não estou partindo do pressuposto de que estas relaxem os critérios de segurança. Se confirmados os mais de 300 desparecimentos, é provável que a maioria seja formada por funcionários da própria empresa. Mas a ineficiência está comprovada. Mas aí vem a pergunta: existe mão de obra para isso? Ao todo, estima-se em 24 mil as barragens em todo o território nacional. Desse total, 790 são destinadas a rejeitos de mineração ?" e apenas 42% estão em situação regular; entenda-se por isso: são aos menos cadastradas. Os dados são da Agência Nacional de Águas (ANA). Há 31 órgãos federias e estaduais encarregados de fiscalizá-las. Muito órgão para pouca gente: apenas 154 servidores. Resumo: apenas 3% passaram por uma vistoria no ano passado. Projetos para tornar mais segura a atividade estão parados no Congresso - um outro está empacado na Assembleia Legislativa de Minas.

A maioria das barragens de rejeitos no Brasil tem o seu alteamento (elevação para aumentar a capacidade de armazenamento) feito "a montante". Pesquisem a respeito. Vistas de fora, parecem construídas em degraus. É o método mais barato. E também o mais arriscado. É proibido, por exemplo, no Chile e no Peru. O mais caro é mais seguro é o "alteamento a jusante". Os degraus ficam do lado de dentro do reservatório. Do lado de fora, tem-se uma espécie de paredão inclinado. Em comunicado que está na sua página, afirma a Vale:

"A Barragem I da Mina Córrego do Feijão tinha como finalidade a disposição de rejeitos provenientes da produção e ficava situada em Brumadinho (MG). A mesma estava inativa (não recebia rejeitos), não tinha a presença de lago e não existia nenhum outro tipo de atividade operacional em andamento. No momento, encontrava-se em desenvolvimento o projeto de descomissionamento da mesma. A barragem foi construída em 1976, pela Ferteco Mineração (adquirida pela Vale em 27 de Abril de 2001), pelo método de alteamento a montante. A Barragem I possuía Declarações de Condição de Estabilidade emitidas pela empresa TUV SUD do Brasil, empresa internacional especializada em Geotecnia. As Declarações de Condição de Estabilidade foram emitidas em 13/06/18 e em 26/09/18, referentes aos processos de Revisão Periódica de Segurança de Barragens e Inspeção Regular de Segurança de Barragens, respectivamente, conforme determina a portaria DNPM 70.389/2017. A barragem possuía Fator de Segurança de acordo com as boas práticas mundiais e acima da referência da Norma Brasileira. Ambas as declarações de estabilidade mencionadas atestam a segurança física e hidráulica da barragem.

A Barragem passava por inspeções de campo quinzenais, todas reportadas à ANM (Agência Nacional de Mineração) através do SIGBM (Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração). Sendo que a última inspeção cadastrada no sistema da ANM foi executada em 21/12/18. Adicionalmente, a mesma passou por inspeções em 08/01/19 e 22/01/19, com registro no sistema de monitoramento da Vale. O cadastramento da inspeção na ANM, conforme legislação, deve ser executado até o final da quinzena seguinte. Todas estas inspeções não detectaram nenhuma alteração no estado de conservação da estrutura.

A Barragem possuía 94 piezômetros e 41 INAs (Indicador de Nível D´Água) para seu monitoramento. As informações dos instrumentos eram coletadas periodicamente e todos os seus dados analisados pelos geotécnicos responsáveis pela barragem. Dos 94 piezômetros, 46 eram automatizados.

A Barragem possuía PAEBM (Plano de Ações Emergenciais de Barragem de Mineração), conforme determina portaria DNPM 70.389/2017. O mesmo foi protocolado nas Defesas Civis Federal, Estadual e Municipal, entre os meses de junho e setembro de 2018. O PAEBM foi construído com base em um estudo de ruptura hipotética, que definiu a mancha de inundação. Além disso, a barragem possuía sistema de vídeo monitoramento, sistema de alerta através de sirenes (todas testadas) e cadastramento da população à jusante. Também foi realizado o simulado externo de emergência em 16/06/2018, sob coordenação das Defesas Civis, com o total apoio da Vale, e o treinamento interno com os funcionários em 23/10/18.

Diante de todos os pontos descritos acima, estamos ainda buscando respostas para o ocorrido."

Com o esclarecimento, a Vale evidencia que fez o que considerava a seu alcance para garantir a segurança da barragem. E, como vemos, não foi o suficiente. Esse texto parece ser a evidência de que as barragens com alteamento à montante têm de acabar, não? Mas isso levaria tempo. E enquanto não ocorre? É preciso estabelecer a área que seria atingida por um eventual rompimento e promover a sua desocupação. Ou mais gente vai morrer. É simples assim. Parto do princípio de que nem todas as barragens são tão bem monitoradas como esta que estourou ?" ao menos segundo a vale.

Exagero? Olhem o tamanho da tragédia.
Herculano
28/01/2019 14:12
MAIS UM DESASTRE, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Tragédia em Brumadinho atesta incapacidade do Estado em obrigar empresas a garantir a segurança.

Ainda demorará um tanto até que o impacto humano e ambiental do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), na sexta-feira (25), possa ser propriamente avaliado. Algumas lições preliminares, entretanto, já podem ser extraídas desse lamentável desastre.

A primeira deriva do fato acabrunhante de que não se trata de tragédia inédita no gênero. Há apenas três anos o país consternou-se diante das 19 mortes e da incrível devastação desencadeadas pelo colapso de uma barragem da Samarco, que varreu do mapa a localidade de Bento Rodrigues (MG).

Pouco ou quase nada se fez desde então. A não ser, por óbvio, as suspeitas medidas usuais: instalaram-se comissões para tratar do assunto. Resultado? Nenhum.

Inventar comissões e endurecer a legislação não necessariamente resolverão o problema se a deficiência se concentrar no cumprimento das normas, e não na sua criação ou reformulação.

Existe no país uma Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB). Nessa seara, só a abrangência do cadastramento obrigatório avançou: de 4.437 registros, em 2013, chegou-se a 24.092 em 2017.

Do cadastro ao afastamento de riscos, no entanto, vai uma enorme distância. Em 76% dos casos, falta informação a ponto de nem se saber se os equipamentos estão submetidos à PNSB. Em 570 deles desconhece-se até quem responde pela segurança da estrutura.

Há 4.510 barragens cobertas pela PNSB e 41 órgãos com jurisdição sobre elas, mas somente 33 fazem alguma fiscalização. Meros 154 funcionários estão disponíveis para isso, e muitos deles acumulam outras atividades. No ano passado, nada mais que 3 a cada 100 desses reservatórios foram de fato visitados.

Segundo relatório da Agência Nacional de Águas, ao menos 45 barragens estão vulneráveis no país. Rachaduras, infiltrações e ausência de documentos que comprovem a segurança são algumas das irregularidades identificadas.

Torna-se claro que há uma falha coletiva, institucional. Autoridades estaduais e federais não atuaram como deveriam, e o mesmo se diga da Vale, sobretudo pela reincidência ?"a mineradora foi corresponsável pela tragédia da Samarco.

Diante da nova catástrofe consumada, o Ibama multou a Vale ?"a conferir se a penalidade será paga?", enquanto a Justiça determinou o bloqueio de bilhões de reais para garantir reparação de danos. Ao mesmo tempo, Polícia Federal e Ministério Público mostram-se empenhados em investigar as causas e identificar os culpados.

Tais iniciativas, porém, serão inúteis se perderem ímpeto com o tempo. Elas precisam ser efetivas e exemplares, pois só assim ajudarão a impedir um terceiro desastre.

Nesse sentido, relaxar e simplificar o licenciamento ambiental, como parece ser a intenção do presidente Jair Bolsonaro (PSL), revela-se uma péssima ideia, especialmente em casos de alto dano potenci
Herculano
28/01/2019 14:10
TARDE

Aos que esperaram a coluna pela amanhã e assim me cobraram, ai está, com as minhas desculpas. A redação teve problemas técnicos para "subi-la" antes

Na medida do possível vou atualizando os comentários

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