Agora, os imóveis que a Prefeitura quiser alugar terá que antes licitar - Jornal Cruzeiro do Vale

Agora, os imóveis que a Prefeitura quiser alugar terá que antes licitar

17/09/2018

Um avanço.

Os prédios, casas e terrenos não podem ser de gente que patrocinou campanhas eleitorais ou parentes de quem se instalou no poder de plantão.

Foi pouco comentado e comemorado. Mas, o Projeto de Lei 40/2018 do vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, já é a lei 3897/2018. Ela foi sancionada pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Na prática, só vai valer mesmo no último ano do seu mandato, em janeiro 2020. Este é o tempo para a adaptação às novas regras.

Ela vai pegar em cheio, na verdade, as próximas administrações e políticos eleitos ou escolhidos como gestores públicos municipais.

Entretanto, é um avanço na questão da transparência, impessoalidade e probidade administrativa. E retira ao mesmo tempo, dúvidas, ou infundadas ilações e ligações de relações pouco claras entre os que são poder, seus amigos e apoiadores. Ganha a sociedade.

Esta lei só foi aprovada, porque a oposição é maioria na Câmara, e a situação teve que ir no embalo para não levar a pecha que tinha rabo preso com alguém na gestão ou no mercado imobiliário.

A lei 3897 – já há outros municípios que a praticam e o próprio governo do estado sancionou este ano para os casos em que o estado é parte - em síntese diz o seguinte.

É proibido à Administração Direta e Indireta de Gaspar adquirir ou alugar imóvel com dispensa de licitação, cujo proprietário seja pessoa física ou sócio de empresa que doou recursos para a campanha eleitoral do Chefe do Poder Executivo; detentor de cargo eletivo, comissionado ou servidor público com cargo de Secretário de Municipal ou de Procurador-Geral; membros do Poder Legislativo Municipal; titular de entidade da administração indireta Municipal.

Essa proibição também pegou os espertos de sempre, que olham a lei e encontram nela, brechas e alcançou o cônjuge, companheiro ou parente em linha reta ou colateral, por consanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau, bem como empresas, em cuja sociedade mantém como sócio, pessoas que foram relatadas nas situações acima.

E mais: as proibições da lei não apenas atingem os novos contratos, mas também às renovações, prorrogações dos contratos que estão em vigor hoje em dia.

Inicialmente, bafafá, chororô. Houve quem dissesse que o projeto da oposição tinha endereço certo a determinados conhecidos senhorios e que se especializaram em disponibilizarem imóveis para o poder público aqui na cidade. É natural que isso seja percebido dessa forma. Ora, quem possui investimentos nesta área, a chance dele ter imóveis disponíveis para o poder público é maior do que os outros que não fizeram dessa oportunidade um negócio em suas vidas.

Nem tudo o que se aluga, ou se compra no município é uma paga ou um benefício entre amigos. Muitos casos, é necessidade e até economia. Nem sempre se tem verba para adquirir terrenos, licitar construção ou tempo para erguer um prédio público. Há casos de postos de saúde que se arrastam por anos.

A lei também mostra ainda que de agora em diante, o Poder Executivo precisará ser mais racional, impessoal e fazer escolhas técnicas. Ganham a sociedade com um mecanismo de controle adequado e os próprios proprietários e locadores, que estão livres da malícia que sempre lhes rondam, pelo simples fato de ter no setor imobiliário um negócio, que serve a qualquer um, dependendo da disponibilidade e necessidade. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Não sou eleitor de Henrique Meirelles. Conheço-o pessoalmente num ato profissional para um interesse de terceiro e ele nem deve se lembrar de mim por causa disso. Sou avalista da sua capacidade técnica. E este aval vem da sua trajetória vencedora feita de resultados na iniciativa privada e no ambiente público. Mas, Meirelles está no partido errado.

No plano nacional e na maioria das regiões, o MDB não vale nada. É história. O partido sempre desprezou os técnicos. Jogou para ser gigolô e levar vantagens nas entranhas do poder, seja quem for o poder. Na gestão executiva, sempre se mostrou desastroso – veja o que foi o governo de José Sarney e agora o de Michel Temer, que se ensaiou, mas teve que recuar diante da lama que o encobria.

Entretanto, Meirelles viu tão claramente o que a maioria dos brasileiros teimam em não enxergar nestas (e outras eleições). E Meirelles não esconde de ninguém a sua advertência para mais um suicídio coletivo a que nós mesmos estamos prestes a cometer com os nossos votos livres.

Estamos indo às urnas este ano com sede de vingança e não é exatamente contra o governo, mas contra as instituições. Se o Legislativo é o maior antro de corrupção e chantagem contra os brasileiros, pouco estamos fazendo para mudar esse quadro. Eles estão sendo reeleitos com os nossos votos para fazer a mesma coisa contra nós, os pagadores dos pesados impostos.

Não vai ser um presidente, seja quem for, que vai resolver os nossos graves problemas nascidos na Câmara Federal, Senado, nas Assembleias e até na Câmara municipais.

Elas estão ali defendendo privilégios de castas bem pagas e que se aposentam cedo com salários milionários. Elas estão com a faca, o queijo na mão para saciar a gula dos próprios parlamentares e seus grupos, e não da população. Cuidado!

Os deputados e senadores que vamos reeleger, tiraram R$1,7 bilhão - afora os R$800 milhões que já tinha do Fundo Partidário – da saúde, educação, segurança e obras, como a duplicação da BR 470 para eles fazerem campanha política. Não foi o presidente que tirou essa montanha de dinheiro do povo, foram os deputados e senadores. E para eles próprios. Numa fila, onde os atuais é que mais ganham e os novos ficam a míngua exatamente não nada se renovar. Cuidado!

Voltando à advertência de Meirelles na sua campanha sem sucesso: para ele, "o mundo não se divide entre os que gostam do Lula e os que não gostam. Nem entre os que gostam do Temer e os que não gostam". Para Mereilles na sua propaganda eleitoral – paga por ele -, conclui, com uma obviedade sacra: o mundo é dos que querem trabalhar por um Brasil melhor, maior e mais justo.

E isso, não será uma tarefa fácil para ninguém, nem para demagogos, nem salvadores da pátria, nem para um presidente sem apoio no Congresso ou capacidade mínima de diálogo, nem para gente que contrariada, diz que vai resolver tudo na base da porrada.

Um desses, Fernando Collor de Mello, família carreirista na política, de um partido nanico e fora do eixão original da Arena e MDB, prometeu acabar com os marajás do serviço público e a corrupção na administração pública. Seduziu os incautos, foi apoiado pelos empresários e ganhou eleição. O que ele fez depois de empossado, achando-se o imperador, o sabe tudo?

Com a então desconhecida economista Zélia Cardoso de Mello, passou a mão, por decreto salvador e autoritário, na caderneta de poupança. Ela não era investimentos dos ricos, dos empresários (que viviam do over night) e não estava nas mãos de marajás ou dos corruptos que Collor na campanha prometera banir, mas era a economia mínima, acessível e possível dos pobres.

É assim que políticos salvadores da pátria que nascem da noite para o dia com rompantes capacidades que nunca provaram na vida, fazem quando estão no poder. Os primeiros que pegam no laço são os pobres, os que não possuem lobby, poder de defesa – inclusive no parlamento - e condições de reação. Então Meirelles já avisou, mas...

E os brasileiros, incluindo os endinheirados e gente escolarizada, fingem não entender. Haverá tempo para o arrependimento, principalmente quando lhes faltar dinheiro para tocar seus negócios, ou quando a polícia ideológica cobrar a mansidão para não “subverter a ordem” do poder inepto, como é hoje na Venezuela. Wake up, Brazil!

E para encerrar. A coluna de sexta-feira rendeu comentários, todos fora do contexto do tema, de extrema raiva e ódio dos eleitores bolsonaristas – uns escondidos e outros bem expostos para não deixar dúvida do radicalismo que tomou conta dessa eleição.

Alguns até fazem tudo isso em nome de Deus, aquele que compreende, é paz, amor e perdoa. É uma amostra do que virá por aí com essa divisão de intolerantes de ambos os lados. Houve até quem taxasse o jornal de comunista. Perderam a total noção do debate, do diálogo, das coisas, do respeito e da própria história da cidade num radicalismo desmedido. Acorda, Gaspar!

Comentários

vlad
19/09/2018 07:56
De dentro da cadeia os chefões do crime organizado comandam tudo, mas quando interrogados pela polícia, não sabem de nada não viram nada e fazem cara de inocentes perseguidos.
Herculano
18/09/2018 21:14
PROJEÇõES DE SEGUNDO TURNO AINDA NÃO MOSTRAM A MIGRAÇÃO DOS VOTOS, UM PROCESSO QUE Só SE DÁ DEPOIS DO RESULTADO RO PRIMEIRO TURNO

Projeções de segundo turno do Ibope:
- Bolsonaro 40 x 40 Haddad (empate)
- Bolsonaro 39 x 40 Ciro (empate técnico)
- Bolsonaro 38 x 38 Alckmin (empate)
- Bolsonaro 41 x 36 Marina (vitória de Bolsonaro)
Herculano
18/09/2018 21:08
UMA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DEFINIDA. AS ESCOLHAS ESTÃO FEITAS. A BATALHA QUE SE ESTABELECE ESTÁ NO SEGUNDO TURNO. ESTA É A PESQUISA DO IBOPE DIVULGADA AGORA A NOITE PELO JORNAL NACIONAL. NO FINAL DE SEMANA VIRÁ O DATAFOLHA

Jair Bolsonaro - 28%
Fernando Haddad - 19%
Ciro Gomes - 11%
Geraldo Alckmin - 7%
Marina Silva - 6%
Alvaro Dias - 2%
João Amoêdo - 2%
Henrique Meirelles - 2%
Herculano
18/09/2018 10:04
O POSTE

A entrevista que Fernando Haddad, PT, culto, rico, ex-ministro da Educação petista concedeu hoje pela manhã a CBN e portal G1, mostrou que é mesmo um poste, comandado por um presidiário, e enrolado na rede de incoerências do partido e seus resultados. Esconde Dilma Vana Rousseff com maestria e se irrita quando lembrado de que ela era também um poste de Lula, que quebrou o Brasil, e que é o PT
Herculano
18/09/2018 09:59
A MARCA DO PARTIDO CORRUPTO É COMO A MARCA...

De J.R. Guzzo, de Veja, no Twitter:

A elite empresarial brasileira tem horror a Bolsonaro e não gosta de Haddad mas acha que com o PT teria mais espaço para uma "conversa civilizada". De fato, dependendo do empresário, a conversa poderia começar já. Empreiteiros de obras, por exemplo, são os primeiros da fila.
Herculano
18/09/2018 09:55
O MESMO SISTEMA

De Bernardo Mello Franco, de O Globo, no twitter:

Bolsonaro pode convencer seus seguidores mais fanáticos, mas tropeça na lógica. O Brasil adotou o voto eletrônico há 22 anos. Desde então, o deputado conquistou cinco mandatos. Ao questionar a lisura da urna, ele põe em dúvida o sistema que sempre o elegeu
Herculano
18/09/2018 09:53
MOURÃO, PRESIDENTE-EM-CHEFE SEM SABER SE BOLSONARO SERÁ ELEITO, CORRIGE SUBORDINADO E DIZ SUA PRóPRIA ASNEIRA SOBRE POLÍTICA EXTERNA, por Reinaldo Azevedo,na Rede TV

Querem que eu diga o quê? Não tem jeito, não! Eles não entendem a democracia e ponto final! Já declarei aqui algumas vezes e reitero: a perversão da verdade é muito pior do que a mentira. A que me refiro? Vamos lá.

No domingo, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, disse, numa "live", transmitida de seu palanque eleitoral instalado no hospital Albert Einstein, que ou ele vence a eleição, ou, então, se estará diante de uma fraude. Em seguida, fez uma indagação aos militares da ativa sobre quem seria o ministro da Defesa e emendou com uma exortação para que participem do processo eleitoral. Sobrou a mensagem oblíqua: as Forças Armadas não podem se conformar com a eventual vitória do PT.

Vou corrigir o candidato: elas até podem não gostar se isso acontecer. Mas vão continuar a cumprir o papel que lhes reserva a Constituição. Ou é golpe. Nesta segunda, Bolsonaro foi desautorizado e corrigido pelo general Hamilton Mourão, também da reserva, seu candidato a vice. Hierarquia militar é hierarquia militar, mesmo quando não se está na ativa. Quando general fala, capitão cala a boca.

E Mourão afirmou a jornalistas, depois de palestra conferida no Secovi (Sindicato da Habitação), em São Paulo, que a fala do titular da chapa não vale. Bem, é melhor que assim seja, não é? Disse: "Vocês têm que relevar um homem que quase morreu há uma semana, fez duas cirurgias. Vamos relevar o que ele disse. Minha posição é (...) quem vencer venceu. Só tenho pena do Brasil se o PT vencer".

E essa poderia ter sido a contribuição do dia de Mourão ao debate. A democracia ficaria grata. E estaria minorando besteiras que ele próprio andou proferindo por aí não faz tempo. Defendeu, por exemplo, uma Constituinte sem a participação do Congresso. O texto seria feito por uma comissão de notáveis e depois submetida ao povo em referendo. Foi o caminho escolhido pelo tirano Hugo Chávez, por exemplo. Logo depois que Bolsonaro recebeu a facada, no dia 6, o general soltou um enigmático, mas muito claro, "os profissionais da violência somos nós", como se o ato de um lunático fizesse parte de uma grande conspiração. Numa sabatina de que participou, acenou com a possibilidade de as Forças Armadas intervirem na garantia da lei e da ordem mesmo sem a convocação de um dos Poderes da República. O nome disso? Golpe.

Durante a palestra, no entanto, em que se comportou como o verdadeiro candidato à Presidência - afinal, a hierarquia é um valor importante para os militares, e o general é ele; Bolsonaro é só capitão -, o nosso homem treinado para a guerra resolveu demonstrar o que entende do mundo da política. Referindo-se à diplomacia "Sul-Sul" levada a efeito pelo governo do PT, de que eu também sou crítico em muitos aspectos - basta procurar no arquivo da coluna -, disparou: "E aí nos ligamos com toda a mulambada, me perdoem o termo, existente do outro lado do oceano, do lado de cá, que não resultou em nada, só em dívidas que foram contraídas e que nós estamos tomando calote disso aí".

Bem, do outro lado do Oceano, está a África. O "aqui" de sua fala é a América Latina. O Brasil é o país mais importante da região. Imaginem um governo que olhasse para parceiros e vizinhos como "mulambada". Os chineses, que certamente têm um pensamento estratégico um pouco mais complexo do que o do general, hoje se espalham nos países africanos, fazendo do continente a nova fronteira de expansão dos negócios.

Mourão, "o presidente-em-chefe" se Bolsonaro for eleito, parece que tem suas próprias noções sobre diplomacia, geopolítica e relações internacionais.

Na palestra dada no Secovi, Hamílton Mourão, vice de Bolsonaro, resolveu refletir também sobre o problema de segurança pública. E meteu os pés pelas mãos. É certo que a desestruturação de famílias facilita o trabalho do crime organizado. Mas o vice de Bolsonaro se referiu assim à questão:

"A partir do momento em que a família é dissociada, surgem os problemas sociais que estamos vivendo. E atacam eminentemente nas áreas carentes, onde não há pai nem avô. É mãe e avó. E, por isso, torna-se realmente uma fábrica de elementos desajustados e que tendem a ingressar nessas narcoquadrilhas que hoje afetam todo nosso país e em particular as nossas grandes cidades."

Não dá. É inaceitável. O que vocês querem que eu diga? Isto: o número de famílias chefiadas por mulheres mais do que dobrou em uma década e meia. De acordo com estudo elaborado pelos demógrafos Suzana Cavenaghi e José Eustáquio Diniz Alves, coordenado pela Escola Nacional de Seguros, o contingente de lares em que elas tomam as principais decisões saltou de 14,1 milhões, em 2001, para 28,9 milhões em 2015 - avanço de 105%.

Querem outra fonte de dados? Pois não! De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), dos 69,2 milhões de lares brasileiros, 40,5 milhões eram comandados por homens em 2016, queda de 2,37% em relação ao ano anterior, quando pessoas do sexo masculino comandavam 41,5 milhões de lares. Na contramão, os lares chefiados por mulheres vêm crescendo desde 2012: no ano passado, esse grupo chegou a 28,6 milhões de lares, alta de 9,25% em relação ao ano anterior, quando eram 26,25 milhões de famílias.

O general não dispõe de nenhuma evidência, a não ser o preconceito puro e simples, que indique que a criminalidade se deva à ausência de pai e avô, ainda que se possa supor que um casal possa cuidar de uma criança com mais facilidade do que uma pessoa sozinha, já que os esforços podem ser divididos. Uma família chefiada por mulher supõe ao menos duas pessoas: estamos falando, no mínimo, de 52,5 milhões de brasileiros - um quarto da população. O número, por óbvio, é muito maior do que isso.

Volto à tese inicial. A perversão da verdade é a pior forma de mentira. A chamada diplomacia "Sul-Sul" do governo petista foi certamente um erro, mas um líder político de um país que disputa um lugar no concerto internacional não se refere a outras nações como mulambada. A desestruturação das famílias é um fator importante na expansão da criminalidade, mas não se colocam sob suspeição 26,25 milhões de famílias quando não se têm nem evidências nem estudos de que a criminalidade esteja ligada a lares chefiados por mulheres.

Alguém com má vontade com os militares diria que papo de caserna não combina mesmo com política. Não é o meu caso. Não tenho preconceito nenhum. O Exército brasileiro oferece a seus oficiais uma excelente formação. O problema é que o general Mourão, que já se coloca como o verdadeiro candidato à Presidência em lugar de Bolsonaro, decidiu ser um pensador independente, um livre atirador. Acha, por exemplo, que parte dos problemas brasileiros se deve à miscigenação, com destaque para a indolência do índio e a malandragem do negro; não vê por que uma Constituição tenha de ser feita por pessoas eleitas; chama a África e países da América Latina de "mulambada" e atribui à ausência do homem no comando das famílias a expansão do narcotráfico.

Isso não é papo de caserna. Isso é conversa de boteco em que se bebe mal.

O general poderia ter consertado a besteira dita por Bolsonaro sobre as urnas eletrônicas e pronto.

Acontece que ele tem as suas próprias asneiras a dizer. E, como é, afinal, do topo da cadeia de comando, ainda que na reserva, as suas tolices aspiram a uma forma de pensamento.

A que ponto chegamos!
Herculano
18/09/2018 07:21
PARALISIA DESTRUTIVA QUE VIVEMOS DESDE 2014 NÃO PODE SE REPETIR, por Marco Aurelio Ruediger, chefe da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DAPP), no jornal Folha de S. Paulo

Eleição de 2018 tem polarização combinada com fragmentação

La Fontaine, na fábula sobre o leão e a raposa, contava que certa vez o leão fez a todos saber que estava doente e logo partiria deste mundo. Chamou os animais à sua caverna para se despedirem. A raposa, tendo ido ao encontro do leão, percebeu que só havia pegadas entrando na caverna, mas nenhuma saindo. A moral é que se vê como se entra, mas como se sai não se vê. Sobreviveu.

É natural que haja grandes divisões na política. Ainda assim, a polarização atual nos leva a uma situação de insegurança com a possibilidade de candidaturas que não apenas sejam antagônicas, mas que sejam também corrosivas à possibilidade de entendimento mínimo entre campos no momento pós-eleitoral. São prisioneiras de suas próprias narrativas nesse sentido, onde o outro não é apenas um adversário a ser superado pelo convencimento e pelas urnas, mas um inimigo a ser batido e, depois, salinizado.

Tal condição repercute nos discursos e engajamentos na eleição pelas redes. Percebe-se a resiliência das campanhas bem organizadas nas redes sociais, quando em conjunção com estruturas narrativas significantes. A questão é que esses significantes atualmente apontam à repercussão de radical dissenso. Esse dissenso é fruto de visões de mundo diferenciadas, mas também, e em especial, de um profundo déficit de confiança na representação e nas instituições. Naturalmente, a confiança e a incerteza se alastram.

Comparemos alguns fatos pivotais dessa campanha e seus respectivos impactos nas redes: a "facada" e as cirurgias de Bolsonaro, que geraram 13.700 links com mais de 26 milhões de interações no Facebook. A definição da candidatura de Haddad, avalizado por Lula, que gerou 2.900 links, com 3,5 milhões de interações, aproximadamente. A afirmação de Ciro de que sairia da política se Bolsonaro vencesse: 1.709 links, com 3 milhões de interações. Síntese: Bolsonaro dispara na frente, dois candidatos de um mesmo campo disputam acirradamente. Já se cria aí um primeiro pelotão.

O caso do PSDB é mais complicado. O posicionamento restrito a um segmento do centro, mas comprometido com referenciais que apontam a fórmulas conhecidas, sem releituras, acentua uma sensação de insuficiência nas redes frente aos problemas atuais. Num cenário crescentemente bipolar, encontra dificuldades em contemplar propostas ambidestras, a fim de ampliar espaços. Mal comparando, uma inglória guerra em duas frentes e que suscita engajamento menor na internet.

Sugere-se que há uma disputa embolada entre diversos candidatos pelo segundo lugar. Afinal, quem iria ao segundo turno disputar com o atual primeiro colocado? Na verdade, não há uma disputa embolada pelo segundo lugar. Não são todos competindo com todos pelo ultimo ticket para o 2º turno. Com polarização combinada com fragmentação, candidatos lutam principalmente pelos seus polos, secundariamente pelo confronto com o seu reverso.

Hegemonias precisam ser estabelecidas ex ante. Talvez haja ainda um parcial deslocamento do espólio do centro, que altere equações. Mas é um grande talvez. Depois, sim, teremos o segundo turno. A tal caverna da fábula.

Seja o eleito de que campo for, o que mais importa agora é o eleitor considerar um mínimo de garantias de que a paralisia destrutiva que vivenciamos desde 2014 não se repetirá. Há o pós-eleição, e a governabilidade do país não pode ser mais afetada a ponto de estrangular nossa economia e desenvolvimento. O déficit de informação nesse sentido é enorme. Deve-se diminuir a tolerância com sofismas e dissimulações, pois há muito em jogo. Sofremos demais nos últimos anos. Sugiro considerar as pegadas antes de entrar na caverna.
Herculano
18/09/2018 07:16
CAMPANHA DERRUBA ELEITORES INDECISOS EM 35%, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Apesar de ser a campanha mais curta da História, o período eleitoral teve grande impacto na redução do índice de eleitores indecisos, votos brancos ou nulos nas pesquisas. Segundo dados mais recentes do Ibope, Datafolha e Paraná Pesquisa e levantamentos anteriores à campanha, a queda no número de indecisos foi, em média, de 35%. Quem mais lucrou com a queda de indecisos foi Jair Bolsonaro (PSL).

ANTES DA CAMPANHA
Em junho, o Ibope tinha 41% de nulos e indecisos, o Datafolha, 33% e Paraná Pesquisa de julho, 29,4%. (Registro 2265/18, 5110/18, 884/18).

DEPOIS DA CAMPANHA
Recentemente, nulos e indecisos caíram: 26% Ibope, 19% Datafolha e 21,8% no Paraná Pesquisa. (Registros 5221/18, 5596/18 e 2410/18).

SE DEU BEM
Jair Bolsonaro subiu de 17% para 26%. A soma dos quatro adversários principais aumentou de 29% para 37% desde junho.

PALAVRA DE ESPECIALISTA
Segundo Murilo Hidalgo, diretor do Paraná Pesquisas, o eleitor está adotando o voto útil já no 1º turno. "Indecisos podem cair a 10%", diz.

MOREIRA DIZ QUE É CONTRA CARTEL DOS COMBUSTÍVEIS
O ministro Moreira Franco (Minas e Energia) causou estupefação ao almoçar nesta segunda (17) com os donos do grupo Cosan, um dos que mais se beneficiaram da política que favoreceu a formação de cartel na distribuição de combustíveis. Mas reafirmou posição sobre o tema, segundo ele "clara" desde que foi secretário-geral da Presidência da República. Moreira lembrou inclusive que mobilizou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a ação dos cartéis.

PELA CONCORRÊNCIA
O ministro Moreira sinalizou apoio à venda direta de etanol aos postos, ao defender a concorrência, a regionalização e a descentralização.

APOIO AO CADE
Ele disse apoiar a "solução técnica" do Cade, que é favorável à venda direta de etanol aos postos, "em fase final de decisão."

SEM MEDO DE INDIGESTÃO
Moreira disse ainda que foi "adequado e útil" almoçar com Rubens Ometto et caterva: "conhecem o setor e têm influência sobre ele".

LINHA AUXILIAR
Até parece combinado: a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) para presidente não incomoda o PT, deixando de lembrar as ladroagens descobertas pela Lava Jato, enquanto ajuda a tirar votos de Bolsonaro.

ALÉM DOS 30%
Segundo levantamento do banco BTG Pactual/FSB (registro no TSE BR-06478/18) Jair Bolsonaro já ultrapassou a marca de 30% das intenções de voto, no cenário espontâneo. No estimulado, vai a 33%.

GILMAR DOCUMENTARISTA
Incansável, o ministro Gilmar Mendes, do STF, tem entrevistado personalidades, que de alguma maneira participaram da Constituinte de 1988, em um documentário sobre os 30 anos da Constituição. Já entrevistou 19 pessoas, entre elas Fernando Henrique Cardoso.

PERDEU, PLAYBOY
O pelanco de ditador da Guiné Equatorial, em poder de quem a Polícia Federal apreendeu valores e relógios que totalizam de R$68,2 milhões, é figura carimbada em hotéis de São Paulo pelas farras que promove.

POLÍTICA NO DNA
Neto do saudoso senador e ministro pernambucano Marcos Freire, o Rodrigo Freire é candidato a deputado federal em Brasília pelo Partido Novo. Ele preside a Abrasel, entidade de bares e restaurantes do DF.

URNA FOR EXPORT
Pesquisa do instituto Idea Internacional, de Estocolmo (Suécia), citada pelo TSE, mostra que 32 países se utilizaram de "partes" da tecnologia da urna eletrônica brasileira, incluindo Suíça, Canadá, Austrália e EUA.

FAB MANDOU BEM
O Esquadrão Tracajá da FAB resgatou neste sábado um bebê prematuro em Conceição de Araguaia (PA). A equipe adaptou uma incubadora em um Cessna Caravan e o levou a uma UTI em Belém.

MANUELA QUEM?
A candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT) é Manuela D'Ávila (PCdoB), mas nas redes sociais da campanha petista o candidato de fato é Lula: só ele aparece nas peças publicitárias.

PERGUNTA NA CARCERAGEM
O Lula que presidente não sabia de nada é o mesmo que, agora presidiário, comanda a campanha do PT do xilindró?
Herculano
18/09/2018 07:09
A DEMAGOGIA DOS CANDIDATOS

Escuto agora nesta manhã um spot de rádio do horário gratuito político pago com os nossos pesados impostos.

Mauro Mariani, MDB, deputado Federal e que quer ser governador de Santa Catarina, diz "que chega de andar 300 a 400 quilômetros atrás de tratamento. Vou levar todas as especialidades a todos os municípios".

Gente especializada em enganar doentes, desesperados, analfabetos, ignorantes e desinformados.

Nós não temos sequer médicos clínicos gerais disponíveis para atuar no serviço público e atender à demanda de todas as comunidades, a tal ponto que importamos cubanos no tal "mais médicos".

É natural, que os médicos, por especialidades, se concentrem em determinadas regiões. É que elas vão criando, naturalmente, estruturas que suportam essas demandas, como é o caso de Blumenau onde há uma faculdade de medicina e há pelo menos três grandes hospitais, um deles, o Santa Isabel, reconhecido como um eficaz centro de transplantes de órgãos, fato que por si só exige equipes multi-disciplinares e um conjunto de laboratórios para pré e pós tratamento.

Mauro deveria se informar melhor sobre esse assunto daqui com o seu vice, ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, PSDB

Se a ideia de Mauro Mariani fosse séria, Gaspar já teria resolvido essa carência faz tempo que mudou de Florianópolis para Blumenau, onde está bem atendida, como se beneficiaram todo o médio vale do Itajaí.

Se a ideia de Mauro fosse verdadeira, ninguém de todos os cantos do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e até interior de São Paulo procuraria Blumenau no seu centro de especialidades que se criou naturalmente.

Mauro, devia olhar melhor a proposta de regionalização de Marina Silva, da Rede, que na verdade é do médico sanitarista Eduardo Jorge, PV, seu vice. Ela sim, é uma novidade de proposta exeguível, sustentável e possível na área de saúde pública de saúde para mitigar essas longas viagens, e que de alguma forma já estão contempladas na teoria com os hospitais regionais.

Há doenças e doenças. Algumas se resolvem no ambulatório. Outras no hospital da cidade. Outras um pouco mais adiante. E outras, é preciso andar centenas de quilômetros ou até, viajar para fora do país.

Em tempo de campanha, os políticos tratam-nos todos como tolos, inclusive os médicos que orientam o Mauro Mariani.
Herculano
18/09/2018 06:39
ATAQUE DE BOLSONARO A PROCESSO ELEITORAL É MOVIMENTO IRRESPONSÁVEL, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Candidato estimula corrosão da democracia para alimentar clamor autoritário

Há duas maneiras de interpretar a declaração infundada de Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de fraude na disputa presidencial: ou o candidato quer acirrar a mobilização do eleitorado contra seus rivais do PT, ou quer deixar uma porta aberta para contestar o resultado das urnas se for derrotado. Nos dois casos, a estratégia é irresponsável.

O líder das pesquisas decidiu estimular a corrosão da confiança dos eleitores na democracia. Ao dizer que petistas podem fraudar o processo de votação, sem evidências concretas para amparar essa suspeita, o deputado do PSL toma emprestada a linguagem de políticos personalistas e populistas.

Na primeira hipótese, Bolsonaro estaria usando uma ferramenta retórica para incitar o medo entre os eleitores. Identificado como adversário ferrenho do PT, buscaria aglutinar ainda mais o voto antipetista em torno de sua figura com o discurso do medo da vitória do partido.

A acusação desmotivada não pode ser encarada como mera tática de campanha. Sem provas, a desconfiança sobre a urna eletrônica e sobre o processo democrático pode ter efeitos duradouros sobre o eleitorado - mesmo que ele seja vitorioso.

No cenário mais grave, Bolsonaro estaria preparando o terreno para atacar a própria eleição. Se for derrotado, o candidato abrirá um terceiro turno na Justiça ou convocará seus apoiadores às ruas para protestar não apenas contra os eleitos, mas contra todas as instituições que deram sustentação à votação?

Candidato a vice, Hamilton Mourão tentou contemporizar. "Temos de relevar o que ele disse. O homem quase morreu há uma semana. O cara está fragilizado", afirmou. Faltou dizer que ele mesmo já arrancou aplausos em palestras ao surfar na contestação às urnas eletrônicas.

Dizer que a democracia não funciona é a maneira mais eficaz de alimentar o clamor por soluções autoritárias. Questionar desde já a legitimidade da eleição é o tipo de ataque que busca apagar, com antecedência, as regras do jogo.
Herculano
18/09/2018 06:35
TOFFOLI CONFUNDE REALIDADE E LENDA EM ENTREVISTA, por Josias de Souza

Dias Toffoli, o novo presidente do Supremo, disse que o tribunal sempre deu suporte à Lava Jato. Qualquer afirmação em contrário é "lenda urbana", ele declarou em entrevista. Sobre a hipótese de fraude nas urnas eletrônicas, levantada por Jair Bolsonaro, Toffoli ironizou: "Tem gente que acredita em Saci-Pererê". De fato, não há razões para suspeitar das urnas. Mas a aversão de parte do Supremo à Lava Jato não é uma lenda. Ao contrário do saci, as togas que pulam contra a operação tem duas pernas.

Antes de assumir a presidência, Toffoli era membro da Segunda Turma do Supremo. Num colegiado de cinco ministros, ele compôs uma maioria com Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. A pretexto de preservar garantias individuais, o trio especializou-se em esvaziar celas e desmembrar inquéritos.

Na semana passada, com os dois pés no chão, Toffoli enviou da mesa de Sergio Moro para a Justiça Eleitoral a ação penal contra o ex-ministro petista Guido Mantega e o casal do marketing João Santana e Monica Moura. O caso envolve a troca de medidas provisórias por propina de R$ 50 milhões da Odebrecht. O entendimento sustentado por Toffoli, que resume tudo a uma grande encrenca eleitoral, interessa a todos os delinquentes que desejam converter corrupção e lavagem de dinheiro numa "lenda" de caixa dois.
Herculano
18/09/2018 06:23
da série: nenhuma dúvida sobre a marca registrada de um partido político que atua como facção, engana e é liderado da cadeia por um réu condenado, transformado em vítima por seus seguidores e adoradores: o embuste.

INFLEXõES PETISTAS, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Candidatura do PT parece ensaiar, mais uma vez, a adesão ao pragmatismo

Na ausência de programas de governo consistentes, candidatos ao Planalto têm apresentado economistas de gabarito e convicções conhecidas como garantia de qualidade em um eventual mandato. Uma exceção importante a essa tendência é - não se sabe até quando - Fernando Haddad (PT).

Além de a plataforma esboçada pela chapa petista carecer de solidez, mantém-se a incógnita quanto a nomes para a equipe na hipótese de vitória. Nesta segunda-feira (17), entretanto, Haddad indicou ao menos quem não quer como seu ministro da Fazenda.

Na sabatina promovida por Folha, UOL e SBT, o presidenciável desautorizou, com clareza inédita, o correligionário Marcio Pochmann, que até então atuava como um porta-voz informal da agenda econômica do partido.

"O Marcio é um professor, candidato a deputado federal e uma pessoa independente do ponto de vista intelectual", nas palavras de Haddad. "Ele participou [do programa de governo] como 300 outras pessoas participaram."

Pochmann - cuja contribuição ao ideário da campanha foi subitamente rebaixada a 0,3% - é personagem importante no PT, presidindo hoje a Fundação Perseu Abramo, centro de estudos vinculado à legenda. Está, ademais, entre os mais notórios militantes de teses caras à esquerda nacional.

Em declarações recentes, contestou a urgência de uma reforma da Previdência, com crítica severa ao projeto apresentado pelo governo Michel Temer (MDB); concentrou-se em medidas de estímulo ao consumo e aos investimentos, supostamente capazes de impulsionar a atividade e a arrecadação.

Ao escantear o colega, Haddad indicou uma inflexão rumo ao pragmatismo - e até a usualmente execrada proposta previdenciária de Temer teve méritos reconhecidos.

Nada de novo, aliás, em se tratando de campanhas petistas. Luiz Inácio Lula da Silva caminhou para o centro ideológico de forma bem-sucedida em 2002, com a célebre "Carta ao Povo Brasileiro".

Já Dilma Rousseff colheu um desastre político ao nomear um ortodoxo para a Fazenda, em evidente reviravolta da agenda propagandeada na ofensiva pela reeleição.

A estratégia para uma eventual nova vitória permanece obscura. Haddad ainda defende despropósitos demagógicos como isentar do Imposto de Renda ganhos até cinco salários mínimos, o que os governos do partido tiveram o bom senso de não fazer mesmo quando o Orçamento era superavitário.

Na situação calamitosa de hoje, ajustes dolorosos se mostram inevitáveis - e dependerão do apoio de siglas já tachadas de golpistas. Obter o respaldo do próprio PT, cujo líder máximo estará empenhado em sair da prisão, não será tarefa menos complexa.
Herculano
17/09/2018 17:48
da série: o futuro do Brasil

PESQUISA REFORÇA A POLARIZAÇÃO HOSPITAL X CADEIA, por
Josias de Souza

Faltam 20 dias para o desfecho do primeiro turno da eleição presidencial. E são cada vez mais fortes os sinais de que o segundo turno pode ser extremista. De um lado, Bolsonaro. Do outro, Haddad. Pesquisa CNT/MDA atribui ao capitão 28,2% das intenções de voto. E acomoda o "poste" petista numa sólida segunda posição, com 17,6%, muito à frente de Ciro (10,8%), Alckmin (6,1%) e Marina (4,1%). Esboça-se uma polarização sui generis: Hospital X Cadeia.

Numa divisão grosseira, o eleitorado trincou em três pedaços. Um odeia o PT, tem ojeriza a Lula, e encontrou no ultra-conservadorismo de Bolsonaro a melhor tradução para sua raiva. Outro lembra com saudade do governo Lula, fecha os olhos para a decomposição ética e vota em quem o presidiário indicar. Um terceiro naco, no centro, pulveriza-se. Oscila entre os outros candidatos, a dúvida ou o voto em ninguém.

Suprema ironia: os dois personagens que mais movimentam o cenário eleitoral estão imobilizados. Um, hospitalizado, passa mais tempo deitado do que em pé. Comunica-se por meio de vídeos de UTI. Outro, encarcerado, teve o horizonte reduzido aos 15 m² de uma cela especial. Envia correspondências do cárcere. O risco que o país corre é o de sair da disputa presidencial dividido e, pior, agarrado a dois sinais trocados.

A turma que detesta Lula confunde populismo radical com solução. A banda que tem devoção pelo pajé do PT confunde urna com tribunal. O problema é que radicalismo não produz solução, gera mais radicalismo. E o voto, embora possa anestesiar culpas, não absolve réus. Os dois tipos de confusão têm algo em comum. Ambos costumam conduzir à decepção.
Herculano
17/09/2018 11:54
SETE "SACADAS GENIAIS" SOBRE SEGURANÇA PÚBLICA, por Fábio Costa Pereira, procurador de Justiça no Ministério Público Gaúcho

Sacadas geniais que o seu "especialista em segurança pública" preferido talvez tenha dito, mas, se implementadas, apenas agravarão o problema :

1. Desencarcerar criminosos para diminuir a criminalidade: mais criminosos nas ruas, por puro raciocínio lógico, é igual a mais crimes...simples assim!

2. Liberar as drogas para acabar com o poder das organizações criminosas: a Impunidade reinante no Brasil e a carga tributária continuarão deixando o mercado ilícito de drogas, tal como o mercado ilícito de tabaco, altamente atrativo e o poder das organizações criminosas apenas irá crescer.

3. Investir em medidas alternativas à privação de liberdade: a pergunta é ...mais ainda? Cerca de 80% dos crimes previstos na legislação penal brasileira possibilitam a aplicação de algum tipo de medida alternativa à prisão...temos, também, a Lei 9099/95 (crimes de pequeno potencial ofensivo)...No entanto, as taxas de criminalidade, nas últimas décadas, cresceram exponencialmente, demonstrando que as tais alternativas de pouco ou nada servem.

4. Focar no combate aos crimes mais graves: os exemplos de sucesso no combate à criminalidade, tal como NY, demonstram, empiricamente, que há de haver a intolerância com qualquer tipo de Crime, dos menos aos mais graves. Não se pode subestimar a capacidade dos destrutiva dos pequenos ilícitos em termos de instabilização da paz e implantação da desordem.

5. Liberar os usuários de drogas da prisão. Segundo eles, no Brasil há muito usuários de drogas presos. Portanto, temos que liberar todos ...lamento, é fakenews. A nossa legislação não permite prender usuários. Não se pode confundir usuário com traficante. Muitos traficantes trazem consigo pequena quantidade de drogas para a venda justamente para ludibriar os mecanismos persecutórios. Feita a venda, os traficantes repetem a operação. A liberação pretendida, por consequência, é de traficantes, e não de usuários drogas.

6. O combate ao Crime e à criminalidade não irá funcionar se a desigualdade social e a pobreza não forem solucionados antes. Dessa forma, com tal afirmação, criam um termo futuro e incerto de difícil ou impossível concretização. O Crime se torna inevitável no interior de sociedades democráticas e capitalistas. Da postulação derivam duas consequências nefastas : o criminoso nunca é o algoz ou responsável por seus atos, é vítima de um sistema e de uma sociedade injustos; por isso, a aplicação de qualquer tipo de pena é injustificável. Esquecem os especialistas em sua postulação que a pobreza e a desigualdade social não são as "causas" do Crime que atormentam nossa população (aliás , especialista que fala em causa sequer tem noção do que está falando - depois explico). A adesão dos criminosos nacionais ao mundo do crime (em sua maioria), dá-se pela ganância, avareza e cobiça. O lucro fácil é a meta do criminoso. É o que apontam as pesquisas do grande professor doutor Pery Shikida.

7. Desmilitarizar as polícias ... Hein? Proposta absolutamente sem sentido. O treinamento das policias militares está adequado à missão que devem cumprir e à preservação dos direitos e garantias individuais. Qualquer desvio é severamente punido. Portanto, essa pauta não é de Segurança Pública, é apenas ideológica. A única coisa que se conseguirá com a tal desmilitarização é a possibilidade dos policiais militares fazerem greve..a população do Espírito Santo e da Bahia que passaram por greves assim que o digam sobre os desastrosos resultados.

Conclusão...cuidado com os discursos fofos!
Herculano
17/09/2018 11:37
da série: o veneno corre solto

LULA NA CASA CIVIL

Conteúdo de O Antagonista. O Valor perguntou a Gleisi Hoffmann se, depois de ser solto, Lula vai ocupar a Casa Civil de Fernando Haddad.

Ela respondeu:

"Não sei se isso pode vir a acontecer. Depende muito do próprio Lula (...). Se nós estivermos no governo, com certeza ele vai ter um papel importante e grande."
Herculano
17/09/2018 11:33
CNT/MDA: BOLSONARO 28,2%, HADDAD 17,6%

Conteúdo de O Antagonista. Depois da divulgação da pesquisa FSB/BTG, saiu o levantamento CNT/MDA.

Jair Bolsonaro mantém a liderança com 28,2% das intenções de voto.

Fernando Haddad está em segundo lugar com 17,6%, tendo aberto uma vantagem de quase 7 pontos em relação a Ciro Gomes, que está com 10,8%.

Aparentemente, sobraram apenas dois candidatos.
Herculano
17/09/2018 11:30
TOFFOLI REBATE BOLSONARO E DEFENDE URNAS ELETRôNICAS

Conteúdo do BR18. TExto de Marcelo de Morais. O novo presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, contestou hoje as suspeitas de fraudes nas próximas eleições levantadas por Jair Bolsonaro. O ministro já foi presidente do TSE.

Toffoli disse que as urnas eletrônicas são "totalmente confiáveis" e que seus sistemas são abertos para auditagem. Além disso, lembrou que Bolsonaro sempre foi eleito pelo sistema de urna eletrônica
Herculano
17/09/2018 11:27
AS REAÇõES DE ALCKMIN, MARINA E CIRO

Conteúdo de O Antagonista. Vendo Jair Bolsonaro e Fernando Haddad caminhando para um eventual segundo turno, Geraldo Alckmin diz que seguirá "com confiança e sem estresse".

Marina Silva afirma que "ainda há muita água para passar por debaixo da ponte".

Ciro Gomes soca repórter e o xinga de "filho da puta".
Herculano
17/09/2018 10:38
da série: o Brasil e os brasileiros caminham para serem governados de dentro de uma cadeia por um réu preso e condenado ou de dentro de um hospital, por alguém muito doente como se demonstrou ontem na transmissão da "live'

O vergonhoso papel de um poste. Um analfabeto, malandro e esperto domina um intelectual, riquinho e festejado no meio acadêmico. O inocente útil para a causa de manipular o estado e corromper tudo.

HADDAD VOLTA À CADEIA PARA RECEBER INSTRUÇõES, por Josias de Souza.

Uma semana depois de ser confirmado como presidenciável do PT, Fernando Haddad exercitará sua lulodependência em nova visita ao mentor-presidiário nesta segunda-feira. O hipotético cabeça da chapa petista vai receber instruções de Lula, o cérebro de sua campanha, na cela da superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.

Nos últimos 40 dias, Haddad visitou a cela especial de Lula meia dúzia de vezes. Seu ingresso nas dependências da PF é assegurado por uma farsa. Advogado bissexto, Haddad revalidou seu registro profissional para ser incluído no rol de defensores de Lula. Nas suas visitas, cuida de política, não da defesa do preso.

Graças à complacência das autoridades judiciárias, a cela de Lula tornou-se o comitê central da campanha presidencial do PT. Mal comparando, Lula age como os líderes de facções criminosas. Condenado a 12 anos e um mês de reclusão por corrupção e lavagem de dinheiro, transformou a cadeia em escritório político.
Herculano
17/09/2018 10:30
RECEITA DO MEDO, por Ruy Castro, no jornal Folha de S. Paulo

Uma sociedade em que todos suspeitam de todos deixará de existir como país

Um panfleto atribuído a uma Polícia Militar - não diz de onde - circula pela grande lixeira chamada Facebook, alertando para o "tempo de guerra que atravessamos" e oferecendo "medidas cautelares" que nos ajudarão a chegar vivos ao outro lado da rua. Eis algumas.

"Evite sair de casa depois de dez da noite. Evite bares noturnos em lugares abertos. Passeios de preferência em shoppings. Ao sair de casa, olhe se não tem ninguém na rua. Ao se dirigir ao veículo estacionado, nunca vá diretamente a ele ?" observe em volta. Não demore no embarque e desembarque. No desembarque, cada um bate sua porta e o motorista tranca as portas no controle remoto. Ao parar num sinal, mantenha distância do veículo da frente, para que você possa ver os pneus traseiros - assim dá para sair rapidamente sem manobrar, se for preciso.

"Quem tiver condições, compre um carro blindado. Transite somente por ruas movimentadas. Mantenha distância de duplas em motocicletas. Se perceber suspeitos, dê várias voltas antes de entrar com o carro na garagem. A pé, ao ouvir disparos, diminua a silhueta - deite-se ou abaixe-se imediatamente, de preferência ao lado de algo rígido, como uma mureta ou roda de carro. Quando for a um ambiente público, como padarias ou restaurantes, dê preferência aos que têm câmeras e segurança armada. Sempre suspeitar de tudo e de todos. Etc etc".

Não me consta que em Nova York, depois do 11/9, ou em Paris, Londres e Berlim, depois de seus recentes atentados, tenham circulado alertas tão covardes e paranoicos. Uma sociedade em que todos suspeitam de todos não merece existir como país.

No Rio, que é uma das cidades mais conflagradas do Brasil, as ruas, praças, praias e os botequins com gente em pé e mesas na calçada fervem dia e noite. Incrível, é como se não tivessem medo. Não devem ter lido o tal alerta.
Herculano
17/09/2018 10:24
ONU MANDA TIRAR MARCA DE PROPAGANDAS DO PT, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu que o PT retirasse sua logomarca da propaganda eleitoral do partido. O PT mostrou seus candidatos sob o slogan "a ONU garante Lula candidato" ao lado da marca na cor azul. O uso do emblema da ONU sem autorização é ilegal. O PT atendeu a exigência da ONU para não desfazer a lorota de que a entidade "apoia" o ex-presidente preso por corrupção.

USO ILEGAL
O Escritório de Assuntos Jurídicos da ONU precisa autorizar expressamente a utilização do emblema do qual o PT se apropriou.

NÃO PODE, NÃO
O PT criou ao menos quatro peças publicitárias com a logomarca da ONU. Teve de retirá-las de todas as plataformas e redes sociais.

REGRAS PROÍBEM
Segundo o Adendo 2 da Instrução Administrativa 189, o uso do emblema é restrito a órgãos da própria ONU.

PT SEM RECURSO
O comitê de direitos humanos, de funcionários contratados, não pode liberar o uso da marca da ONU.Nem tem autoridade para soltar Lula.

DIRETOR DA PREVIC RECEBE MAIS QUE MINISTRO DO STF
Diretor-superintendente substituto da Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), Fábio Henrique de Sousa Coelho recebe salários acima do teto permitido pela Constituição há meses. Sem sofrer "abate-teto", como os demais diretores, Coelho recebe R$34,7 mil por mês, cerca de R$1 mil a mais que ministros do Supremo Tribunal Federal, segundo o Portal da Transparência.

REGRA CUMPRIDA
Ao contrário de Fábio, os diretores Carlos Alves (Licenciamento) e Sergio Taniguchi (Fiscalização) têm R$3,1 mil abatidos do salário.

DIFERENÇA
Fábio Coelho é servidor do Banco Central cedido à Previc. Os diretores com salários ajustados ao teto constitucional são cedidos pela Receita.

DEVOLVE AÍ
A Previc alega que a "incompatibilidade operacional" dos sistemas de pagamento foi identificada e busca "solução" para "restituir os valores".

EXPECTATIVA POR CÁRMEN
A ministra Cármen Lúcia sempre disse a amigos que anteciparia a aposentadoria após entregar a presidência do Supremo Tribunal federal ao sucessor Dias Toffoli. Mas poucos acreditam que o fará.

CADA VEZ MAIS DIFÍCIL
Experientes cientistas políticos já não apostam em Geraldo Alckmin (PSDB). Ele precisa crescer ao menos 10 pontos percentuais nos próximos 25 dias para ir ao segundo turno. Falta-lhe fôlego.

MAIS DO MESMO?
Está prevista a divulgação, nesta segunda (17), de pesquisa do MDA, aquele instituto que curiosamente não avaliou cenários onde Lula, preso desde abril, não seria candidato. Humm...

AFRONTA AO TSE
Preso por 12 anos por corrupção, Lula continua a ser a voz do PT no rádio e na TV, numa clara afronta ao TSE. Lembra Lance Armstrong como garoto propaganda do ciclismo após o flagrante do antidoping.

SUJEIRA DIMINUIU
Funcionários da limpeza da Câmara podem ser mandados para casa a partir desta segunda. É que o contrato venceu e não foi renovado. A falta completa de deputados também contribuiu para reduzir a sujeira.

TODO MUNDO SOUBE
Os destaques da pesquisa XP/Ipespe (registro nº BR-07277/2018) são o crescimento dos interessados nas eleições, e os impressionantes 99% que ficaram sabendo do atentado contra Jair Bolsonaro (PSL).

PROTOCOLO REGUFFE
O senador Antõnio Reguffe (sem partido/DF) fixou uma condição para apoiar candidatos. A assinatura aderindo ao "Protocolo Reguffe", uma lista de nove compromissos como cortar privilégios para parlamentares, votar contra aumento de impostos, endurecer contra criminosos etc.

POLÍTICO POR OPÇÃO
Candidato a deputado distrital no DF, João Francisco (Rede) optou por campanha sem usar o fundo partidário, eleitoral ou doações privadas. Panfletos, redes sociais e sola do sapato são pagos do próprio bolso.

PENSANDO BEM...
...a chicana eleitoral fez com que, na eleição 2018, recurso ao STF virasse tempo de TV.
Herculano
17/09/2018 10:20
UM PARTIDO MARXISTA-LENINISTA, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

O marxismo despreza o vocabulário e o imaginário da democracia burguesa

O PT é um partido no estilo da velha esquerda, com laivos de via chilena e pitadas de esquerda de campus. Um dinossauro no cenário das democracias liberais e sua "crise de meia-idade" - como diz David Ruciman em seu "How Democracy Ends" (como acaba a democracia). O atavismo político e social brasileiro sustenta a vivacidade de nosso debate político.

O PT pretende, desde sua fundação, chegar ao poder e não sair dele nunca mais. Se há nele "elementos democráticos" (como respeitar a ordem institucional), esses "elementos" existem na dependência da sobrevivência do partido como ferramenta viável de chegada ao poder e sua manutenção por tempo indeterminado.

Entre a ordem institucional e a defesa da manutenção do poder, escolhe-se a segunda. Para o PT, o Lula é a ordem institucional, dane-se o resto.

Pergunta-se, por exemplo, se as Forças Armadas quebrariam a ordem institucional. Mas há uma pergunta anterior, cujos indícios podemos perceber por toda parte - e a insistência do PT em fazer de Lula seu candidato mesmo após sua condenação em segunda instância só reforça essa percepção.

Qual a função da democracia liberal burguesa e sua ordem institucional para a visão política marxista-leninista que é a raiz filosófico-política das inteligências que alimentam o PT e grande parte da esquerda nacional?

Respondo: a função da democracia liberal burguesa é apenas servir de trampolim para sua posterior destruição.

Sei. Dirão que essas são categorias históricas superadas. Mas grande parte da estrutura política latino-americana é atávica mesmo.

Se patinamos em modos coloniais de funcionamento, repetindo estruturas herdadas da escravidão, repetimos também modos políticos que vão do século 19 à Guerra Fria do 20, no tocante à expectativa "democrática revolucionária" do tipo leninista, trotskista ou maoísta. Somos atrasados até nisso: a "esperança" da esquerda brasileira é voltar para a primeira metade do século 20. Ela ainda quer "derrubar" a ditadura.

Se a esquerda fala tanto da ditadura militar no Brasil é porque ela está, ainda, mentalmente e politicamente, naquele lugar. A União Soviética ruiu, mas não na América Latina. Cuba e o delírio que intelectuais brasileiros mantêm com a ilha mantida na miséria são as provas evidentes desse atavismo mental e político.

Para qualquer pessoa letrada em marxismo e leninismo, é evidente que questões como corrupção, respeito à ordem institucional, defesa da liberdade de expressão e afins só importam enquanto servirem como retórica para tomada e manutenção do poder, jamais como valores intrínsecos.

E a razão é a própria teoria marxista, que tem desprezo pelo vocabulário e imaginário da democracia liberal burguesa. Se o burguês é dado a uma forma hipócrita de humanismo (chora por crianças com fome e demite seus pais pelo lucro), ele também fala de democracia, contanto que "as massas exploradas" continuem servindo cafezinho. E, portanto, a democracia da burguesia não vale nada. E sua ordem institucional tampouco.

Sim. Dirão que o PT é um partido da social-democracia europeia. Direi que não. Até pode haver laivos nele disso, mas social-democracia europeia é coisa de rico. No Brasil, estaria mais ligado ao povo chique que vive entre a praça Panamericana e Higienópolis, tipo o PSDB histórico (a Sorbonne do então PMDB).

O discurso do PT e da esquerda brasileira se aproxima mais da "via chilena" dos anos 1970: chegar ao poder via voto popular e dele não sair nunca mais. Isso implicava, e implica, a transformação da ordem institucional para sustentar sua própria concepção de democracia. A mesma transformação de Cuba e Venezuela (com diferenças aqui e ali).

A esquerda destruiria a ordem institucional facilmente, com apoio, inclusive, de grande parte da inteligência pública, na mídia e nas universidades.

Faça um teste: pergunte o que grande parte dessa moçada pensa de Cuba e Venezuela. O que o PT pensa já sabemos. Seus governos foram íntimos aliados e defensores (inclusive com o nosso dinheiro) dos "ditadores democráticos" desses dois países.

E a esquerda de campus? Essa é a nova esquerda, que tem medo de sangue e quer um shopping para chamar de seu. São os departamentos de ciências humanas que "pesquisam" gênero, votam no PT, fariam xixi nas calças diante de Marx e Lênin e detestam gente que cheira a ônibus.

A esquerda marxista-leninista sempre desprezou a ordem institucional. Falam nela para enganar bobo.
Herculano
17/09/2018 10:14
PETISTAS PODEM ATÉ COMEMORAR "LIVE" ABSURDA DE BOLSONARO. AFINAL, AQUELE QUE LIDERA ESTÁ RECONHECENDO O ADVERSÁRIO. FALEMOS DE RISCOS, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Os petistas podem comemorar, ainda que com certa prudência, a "live" absurda do deputado Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência, que foi ao ar neste domingo. No trecho mais perigoso, ele deixa claro que só um resultado é aceitável nas eleições presidenciais deste ano: a sua vitória. Ou é assim, ou, então, se estará diante de uma fraude. E a suposta fraude, segundo o deputado, seria comandada pelo PT, que estaria articulando, com manipulação das urnas eletrônicas, a vitória de Fernando Haddad para que este concedesse, depois, o indulto a Lula, que passaria a ser chefe da Casa Civil.

A tese do indulto não para de pé, embora as alas mais ensandecidas do petismo, com efeito, a defendam. Não há caminho legal para isso. As razões são conhecidas: presidente não indulta uma pessoa em particular. Os decretos trazem um critério sem alvo nominado. Mais: o Supremo decidiu que é a última palavra nessa matéria. Trata-se de uma agressão à Constituição, já que conceder tal benefício é uma prerrogativa presidencial. E daí? O tribunal estabeleceu critérios para o indulto de Natal do ano passado distintos daqueles que estavam no decreto de Michel Temer. Os condenados por corrupção, por exemplo, não podem ser indultados. É o caso de Lula.

Outro detalhe: ainda que Haddad, se eleito, decidisse livrar a cara de Lula no caso do apartamento de Guarujá, o ex-presidente é réu em outros processos. Mas e daí? Bolsonaro está voltando suas baterias contra aquele que considera lhe render ainda mais votos: o PT. O resumo da tese autoritária do candidato do PSL é este: "Ou eu ganho, ou a eleição não vale".

O PT não está preocupado agora com Bolsonaro. Dada a lógica das coisas, o que o capitão reformado faz é reivindicar o monopólio do antilulismo e do antipetismo. Um petista até ironizou: "A gente ainda encontra dificuldade em muitos lugares para dizer que 'Lula é Haddad'; nesse sentido, Bolsonaro até nos presta um favor anunciando a proximidade dos dois". A fala também seria o reconhecimento implícito de que o novo candidato petista está em crescimento. Bem, está mesmo.

Ao voltar a sua artilharia contra o PT, Bolsonaro decide escolher o adversário. Gente do seu entorno considera ser mais fácil vencer o petismo num eventual segundo turno do que um Geraldo Alckmin ou um Ciro Gomes. No primeiro caso, especula-se por lá, a "mídia" cerraria fileira com o tucano, que passaria a ser visto como sinônimo de estabilidade. No caso de Ciro, o embate seria mais difícil porque ele não tem de responder pelas múltiplas acusações de corrupção que pesam contra o PT. É, ademais, um crítico feroz do governo em curso. De fato, nas pesquisas recentes, Ciro é quem se sai melhor num eventual enfrentamento com Bolsonaro.

O alvo do capitão reformado, com sua "live", nem foi o propriamente o PT. O que ele fez, na prática, foi ignorar os outros postulantes, dando de barato que vai enfrentar os companheiros no segundo turno. Quer ver se consegue imprimir desde já um ritmo de segundo turno ao primeiro. Reivindicou, na verdade, uma espécie de monopólio do antipetismo.

O PT, igualmente, sempre deixou claro que prefere um embate com Bolsonaro porque, avalia, é o opositor que desperta rejeição maior e porque, nesse caso, é possível ressuscitar a velha batalha do "nós" contra "eles".

É claro que se trata de uma estratégia arriscada para os dois litigantes. Note-se que Bolsonaro resiste e cresce - a facada tem um papel importante nessa história - porque arrebanhou um exército de seguidores por intermédio das redes sociais. Não dispõe de tempo no rádio e na TV, e sua estrutura de campanha vive do improviso voluntarioso das pessoas que são de sua confiança, com destaque para os filhos. A adesão em massa à sua postulação nem está ancorada em seus dotes intelectuais ou em alguma notória competência pregressa. Há um forte componente de crença, às vezes fanática, em seu suposto dom natural para resolver problemas - o que, note-se, nunca foi testado pela realidade. O PT pode estar subestimando este, digamos, espírito do tempo.

Da mesma sorte, ao escolher o PT como seu adversário na disputa final, Bolsonaro está apostando que a imensa máquina do partido, com tentáculos em sindicatos, movimentos sociais e organizações não-governamentais, é menos perigosa do que um oponente que contasse com "o apoio da mídia". Acredita que a repulsa à corrupção de amplas camadas da população brasileira acabará neutralizando esse enraizamento do petismo... O tiro pode sair pela culatra? Até pode.

Observem que a fortaleza de campanha de Bolsonaro está nas redes sociais. E, nesse território, o PT é mais presente do que os outros adversários do postulante do PSL. Mais: o militar reformado tem como pontos fracos, por enquanto, as mulheres e os mais pobres, territórios em que a militância petista foi e é ainda muito presente. O que quero dizer com isso? O PT tem mais estrutura para reagir a ataques e para contra-atacar.

É pouco provável que Haddad responda à provocação de Bolsonaro agora, embora certamente vá ter de responder questões sobre o tal indulto. Por enquanto, o petista está na fase de se grudar em Lula para lhe herdar os votos e pode se dar ao luxo de considerar que o oponente do PSL virou um problema para os postulantes de centro e de direita. É compreensível. Mas é preciso notar que o militar reformado está em ascensão. Se a tal "live" traz, para o petismo, o benefício de dar como certo que o embate final será entre as duas forças, cumpre atentar para o risco de o oponente se distanciar muito na corrida.
Herculano
17/09/2018 10:06
PAÍS TERÁ DE CONVIVER COM A DIREITA POPULAR, por Vinicius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo

Repulsa a políticos tradicionais, antipatia à elite da burocracia e do mercado e clamor por ordem se enraízam na população

O espectro de um inédito movimento de massas de direita ronda o Brasil. Ativou-se em 2013 como derivado silencioso das marchas dos mais ricos nas ruas.

Constitui-se de pequenos proprietários, como os caminhoneiros recém-rebelados e os empreendedores familiares dedicados a arrancar em ambiente hostil o sustento que não vem do emprego.

Alastra-se pelo gigantesco setor de serviços de baixa produtividade. Caixas, frentistas, cobradores, motoristas, secretários, operadores de telemarketing, mecânicos, entregadores.

Ganha corpo nas densas categorias de remuneração inferior da burocracia dos governos. São policiais e integrantes das Forças Armadas, técnicos e auxiliares administrativos.

Atrai simpatizantes entre quem depende da aposentadoria do INSS acima do salário mínimo. A direita popular brasileira não tem pele clara e está mais próxima do cotidiano violento das cidades.

O desprezo por políticos que se revezam em postos de comando, a desconfiança nas elites bem pagas do Estado e do setor privado, a animosidade contra a mídia consolidada, o anti-intelectualismo e o desejo de restauração da ordem corrompida parecem compor, em graus diversos, o sentimento comum do movimento.

Em 2014 e 2016, os partidos estabelecidos, em especial o consórcio liderado pelo PSDB, exacerbaram práticas e discursos e se beneficiaram nas urnas desse colosso de contrariados.

Agora há um forte competidor excêntrico. A rudimentar organização partidária em torno de Jair Bolsonaro está perto de obter um terço da intenção de voto nas fatias medianas da renda e da escolaridade.

O avanço do bolsonarismo se deve à sintonia com o novo direitismo, ora popular. Sem decifrar a insatisfação dessa vasta camada de brasileiros e sem falar respeitosa e diretamente com ela, não se combate Bolsonaro.

A despeito do resultado do capitão no dia 7, a corrente de opinião que hoje o sustenta veio para ficar. O país deveria aprender a lidar com ela.

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