Atrasada em mais de um mês, a prefeitura de Gaspar faz e publica portaria para apurar se houve responsabilidade e a extensão dos danos ao erário público na manipulação cibernética do seu sistema tributário por funcionários - Jornal Cruzeiro do Vale

Atrasada em mais de um mês, a prefeitura de Gaspar faz e publica portaria para apurar se houve responsabilidade e a extensão dos danos ao erário público na manipulação cibernética do seu sistema tributário por funcionários

01/04/2019

Só depois do requerimento feito pelos vereadores da bancada petista (da esquerda para direita: Rui, Mariluci e Dionísio) pedindo esclarecimentos sobre algo que já era público, é que o governo Kleber mandou abrir sindicância interna para apurar as responsabilidades sobre a invasão do sistema de geração e controle tributário da prefeitura.

Estou de alma lavada mais uma vez? Não! Como pagador de impostos, estou preocupado com a inércia, à resistência e os movimentos de abafa e constrangimentos realizados pelo poder de plantão na prefeitura de Gaspar.

A denúncia sobre a possível invasão ao sistema tributário foi a manchete de abertura nesta coluna aqui portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o mais acessado e atualizado de Gaspar e Ilhota - o que é independente porque não depende de verbas da prefeitura para sobreviver -, no dia 25 de fevereiro.

Era algo que se escondia da, e na imprensa onde poucos se interessam, por motivos óbvios. Contudo, ele circulava nos aplicativos de mensagens, nos bastidores do poder e que culminou na demissão do Diretor de Tecnologia da secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa, Jackson Glatz: “Há indícios de interferência em vários procedimentos administrativos, entre eles o de ‘recalcular’ o IPTU. O caso foi parar na polícia, denunciado como crime cibernético, e ao mesmo tempo está sendo apurado internamente”, informava o título daquele post.

Diante da manchete, do texto, das evidências e das dúvidas para o público, o que se esperava minimamente dos gestores e políticos? Ação, esclarecimentos e transparência imediatos dos gestores e políticos no poder de plantão.

Mas, deu-se exatamente o oposto. Como não foi manchete no jornal impresso, todos apostaram no passar do tempo e no esquecimento do assunto pelos raros oposicionistas, curiosos e pagadores de impostos, mesmo com parte do caso estando para a investigação na polícia, um ato feito por mera formalidade e para a proteção parcial das eventuais responsabilidades dos políticos no poder de plantão no que tange aos possíveis danos causados com essa invasão.

INTERESSE DA CÂMARA

Foi, todavia, a iniciativa dos vereadores petistas Rui Carlos Deschamps, da ex-vice-prefeita Mariluci Deschamps Rosa e de Dionísio Luiz Bertoldi, para tirar essa história a limpo e que registrei na coluna edição da sexta-feira, dia 22 de março, em quatro notas com os títulos repetidos de “Houve Irregularidades” do jornal Cruzeiro do Vale – também independente e livre de verbas oficiais da prefeitura -, o mais antigo, o de maior circulação e credibilidade de Gaspar e Ilhota, que mudou o curso dessa enrolação envolvida em obscuridade na prefeitura, irritou os poderosos e determinou, mais uma vez, a orientação deles para a retaliação contra o jornal e este colunista. Será divertido.

É que os vereadores prepararam um requerimento que pode dar início à algumas descobertas, se eles quiserem ir a fundo e de verdade neste assunto, e outros problemas para a atual gestão.

Nele, os vereadores questionavam exatamente este assunto levantado pela coluna lá no dia 25 de fevereiro. Foi aprovado por unanimidade na terça-feira dia 19 de março.

E agora percebam à manobra da prefeitura para correr atrás daquilo que ela escondia por quase um mês. Tecnicamente, o requerimento estava na Câmara já na quarta-feira da semana anterior, dia 13 para ser processado na burocracia. Oficialmente, entrou na pauta sexta-feira dia 16 – pois no dia 18, segunda-feira, era o feriado dos 85 anos do município. E foi na sexta-feira, dia 16 que a pauta ganhou as ruas, inclusive no conhecimento do paço municipal.

Rui, ironicamente, perguntou na terça-feira da semana passada, se foi alguma coincidência que fez a prefeitura assinar, somente assinar e não dar publicidade, dia 19, dia da sessão da Câmara, a portaria 5818/2019 do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ela determinou, vejam só, a sindicância sobre esse tema, amplamente divulgado aqui, e que era foco do requerimento dos vereadores petistas pedindo a Kleber esclarecimentos sobre assunto tão grave.

Não era e não foi coincidência, vereador Rui. Foi a falta de alternativa para o abafa, pois à omissão poderia agravar e levar à improbidade administrativa, o que parece ser muito grave.

E por que não foi coincidência? Porque Kleber teve um mês para agir e não agiu, e certamente orientado por sua cara assessoria. Kleber poderia, se fosse algo planejado e se estabelecer na coincidência, ter publicado a portaria no Diário Oficial dos Municípios – aquele que se esconde na internet e sai no final da tarde ao gosto do cliente – no próprio dia 19, não o fez.

A dita portaria só foi publicada no DOM uma semana depois do dia 19, ou seja, dia 26, terça-feira passada, no mesmo dia em que Rui ocupou a tribuna para se indignar.

O QUE A PREFEITURA QUER SABER AGORA E TARDIAMENTE?

Segundo a Portaria 5818/2019, “Considerando o teor do Memorando nº 040/2019 da Diretoria-Geral de Tributos, RESOLVE: Art. 1º Fica instaurada sindicância para apurar a responsabilidade por supostas irregularidades verificadas no sistema GRP – Thema do Município de Gaspar, conforme relatado no Memorando nº 040/2019 da Diretoria-Geral de Tributos. Art. 2º A sindicância será conduzida pela Comissão Permanente de Sindicância e Processo Administrativo Disciplinar, composta pelos servidores Dulcinéia Santos, Elizabeth Otiquir Junges, e Luis Cesar Hening, sob a presidência da primeira. Art. 3º O prazo para conclusão dos trabalhos da Comissão será de 60 (sessenta) dias, a partir da data de publicação desta Portaria, podendo ser prorrogado por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem. Art. 4º Os servidores designados para participar da Comissão ficam dispensados de suas atividades normais nos dias de coleta de provas em geral, bem como para composição do relatório final. Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação”, ou seja, para reconfirmar e não deixar dúvidas, dia 26 de março.

Portanto, há dois focos de fumaça real nesse grave assunto. E não se trata de mera especulação, boato ou perseguição. Um está na comunicação feita pela prefeitura à polícia sobre a suposta invasão e manipulação dos dados do sistema tributário. O outro foco de fumaça está no tal memorando 40/2019, o que relata suspeitas e anomalias para fundamentar a sindicância, ou seja, não foram invenções nem da coluna, nem dos vereadores, nem da nanica oposição.

Os demais vereadores só não estão completamente omissos neste assunto, porque votaram favoravelmente ao requerimento de Rui, Mariluci e Dionísio.

Entretanto, há outro ponto de vulnerabilidade e comprometimento graves neste assunto. A própria Comissão de Sindicância.

Mesmo sendo os membros dela feita de pessoas escolhidas para todos os casos da prefeitura, este é específico, altamente técnico, e nenhum desses membros da comissão é especialista na área de tecnologia da informação, ou seja, é uma comissão caolha para esse assunto técnico, altamente especializado. Ela poderá ser facilmente manipulável, como eu seria, por exemplo, neste mundo da tecnologia da informação por gente que domina esse tema.

Nem vou entrar no caso daquela senhora que usando o endereço do posto de saúde do Centro e furando a fila, conseguiu de um dos membros da comissão atendimento médico, mamografia e exames laboratoriais. E tudo se esconde.

Mais. Uma investigação séria não deixaria de esquadrinhar todo o trabalho realizado na área de interface do IPTU feita pelo funcionário Djonathan João Gonçalves Custódio, como coordenador de serviços da secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa e lotado na Praça do Cidadão.

É preciso investigar também como a senha da fantasma com o “condinome” “Aparecida”, amplamente conhecida nos corredores da prefeitura, conseguia burlar os sistemas informatizados da prefeitura, procedendo alterações, com a deliberada intenção de não “deixar” rastros. A perguntar que não quer calar: quantas “Aparecidas” haviam?

Ainda e principalmente, é preciso saber, a mando que de quem tudo isso era feito pela tal “Aparecida”. A tendência é desviar o assunto e punir gente pequena para proteger gente poderosa. Se confirmada, é coisa pensada e de gente grande.

Tudo o que se faz na área da informática, deixa rastro e foi isso, em parte, que Jackson teria descoberto bem como a empresa Thema. Como se passaram tanto tempo depois de descoberto e divulgado aqui, tudo pode ser apagado, a não ser que uma surper-investigação de técnicos super-experientes, a moda da Polícia Federal na Lava Jato nos crimes de lavagem de dinheiro, possa ser realizada pelo esclarecimento de tudo.

Entenderam a gravidade de tudo isso? Entenderam como o trabalho da Comissão poder ser parte do abafa do poder de plantão, pode deixar ainda mais exposto o prefeito, gerar novas dúvidas e para tornar mais grave o que já é grave?

Ora, se gente graúda na prefeitura de Gaspar tenta esconder algo que deveria ser transparente, é porque está envolvida. Se não está, essa gente graúda não deveria ser tão irresponsável e gratuitamente se envolver em assunto que diz não ter culpa; não agir por omissão – para não dizer que é intencional - colocar panos quentes onde não deveria por, e pior, só para proteger gente miúda que teria feito algo grave à margem da gestão. Ai tem!

TRANSPARÊNCIA ZERO SOB VÁRIAS DESCULPAS E INTERESSES

Uma das queixas do poder de plantão e dos políticos de uma maneira geral em Gaspar e Ilhota é de que eu não os consulto antes sobre os fatos que opino, ou eventualmente narro.

Até tentei (e tento). E quando tentei, fui feito de idiota. Ou então, por linhas laterais, tentaram-me neutralizar na minha liberdade de expor o meu ponto de vista. É a velha e manjada verdade inconveniente. Ela é sempre encoberta pelos interesses comuns e que em alguns casos chega a unir adversários e até inimigos contra o curioso que nada tem a perder ou ganhar.

Vejam leitores e leitores da coluna, o que aconteceu neste caso específico e que sinalizou que algo estranho estava para acontecer. E aconteceu.

Logo que assumiu, para fazer caixa e principalmente atender o discurso, bem como os negócios de campanha, Kleber colocou no ar um Refis – recuperação de dívidas fiscais municipais e fortemente calcado no IPTU atrasado.

Quase todos os governantes quando estão no poder de plantão fazem isso, sacaneando os bons e pontuais pagadores. É normal! Poucos governantes, todavia, dão transparência ao ato que privilegiam os contumazes inadimplentes que trabalharam com o dinheiro do povo e que fez falta a ações básicas.

E Gaspar não foi diferente. Olha o teor do ofício que mandei para o prefeito Kleber no dia 28 de abril de 2017. Estamos em abril de 2019:

Em respeito ao trabalho desenvolvido pelo profissional que esta subscreve, e considerando a importância de prestar satisfação aos leitores e a população em geral, vem com o devido respeito pedir acesso as informações a seguir:

1 - A lista completa dos inscritos na dívida ativa, ou inadimplentes perante o Município de Gaspar, com os respectivos CNPJ ou CPF

2 - Origem da dívida (que tipo de obrigação), valor original, data do vencimento de cada obrigação (individualizar por CNPJ ou CPF)

3 - Quais das obrigações listadas já foram alvos de cobrança judicial e qual a razão da desistência do poder público?

4 - Quais dos inadimplentes listados ofertaram e foram aceitos transações ou compensações por imóveis, produtos ou serviços? Em que disposição legal (específica ou genérica) isso foi baseado, permitido e realizado?

E o pedido que fiz, sustentei com a Constituição e com a Lei da Transparência. Se para os vereadores que são de um poder constituído, e as respostas obrigatórias do Executivo aos requerimentos que eles fazem sob aprovação do plenário, são enroladas e atrasadas, e por causa disso tiveram que recorrer até a mandados de segurança, imaginem o que aconteceu comigo!

Depois de muito tempo, a prefeitura de Gaspar mandou eu cachimbar formigas, alegando, falsamente, que estaria a prefeitura, se atendesse o meu pleito, abrindo um perigoso precedente sobre as informações que pedia, as quais supostamente, estariam protegidas por sigilos financeiros dos devedores.

O que nasce torto, morre mais entortado ainda.

A prefeitura de Gaspar e os do poder de plantão estão sob desconfianças e fazem pouco em dizer que não estão envolvidos, até porque não conhecem o que seja gestão de crise; porque a comunicação da prefeitura é uma piada e feita por curiosos; porque lhes falta autoridade, objetividade e transparência nesta e outras questões; porque a gestão sobrevive com ameaças, constrangimento e vinganças aos que discordam dela, bem como se fantasia na propaganda é enganosa.

Vereador Rui. Este assunto da invasão do sistema tributário – e poderá ter outras situações de manipulações via o sistema informatizado - só se torna mais grave porque a prefeitura está enrolada nele, ou porque despreza as instituições e os quem a sustenta com os pesados impostos. Não foi coincidência, como sugeriu em tribuna o vereador, a prefeitura se mexer tardiamente neste caso. Foi obrigada pelos fatos que não conseguiu devidamente abafar aqui.

Primeiro, prefeitura ganhou tempo para “arrumar” a casa e até para apagar os rastros, na esperança do assunto sair do radar dos teimosos como eu. Segundo, ela está apostando que tudo isso ficará na troca de ofícios que circulam no escurinho, que a comissão sem condições técnica não conclua nada, nem nos 60 e nas sucessivas prorrogações, e que tudo se engavete longe dos olhos do povo.

Então é preciso ir mais adiante com uma CPI, com a participação do Ministério Público, Gaeco e conhecimento do Tribunal de Contas. Acorda, Gaspar!

Outra vez o MDB de Gaspar fez do PSDB seu puxadinho para manobra-lo e enfraquece-lo e ameaça a reeleição da vereadora Franciele

Quase silenciosamente na noite de sexta-feira passada, o PSDB Gaspar saiu das mãos da ex-vereadora e candidata a prefeita nas últimas eleições, Andreia Symone Zimmermann Nagel para as de Jorge Luiz Prucino Pereira, diretor geral de gestão de convênios do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Jorge é ligado às igrejas pentecostais, é genro do sindicalista Sérgio Luiz Batista de Almeida, e que recentemente deixou o PSDB e foi para formar o PSL gasparense. Sérgio no passado, quando o PSDB era o puxadinho do MDB, foi vice da candidata a prefeito derrotada, Ivete Mafra Hammes, MDB.

A mudança foi ensaiada para se ter na presidência o ex-vereador e comissionado por longo tempo na prefeitura de Blumenau, Claudionor da Cruz Souza.

Claudionor com a vereadora Franciele Daiane Back lideravam um grupo de dissidentes contra a atual presidente Andreia e que resistia a um acordo com o atual governo de Kleber. Esse acirramento, o caso Aécio Neves e outros envolvidos em corrupção, a derrota acachapante de Geraldo Alckmin e a saída de Napoleão Bernardes do partido, referência na região e que representava a re-oxigenação do partido, foram determinantes para aumentar os desgastes do diretório tucano de Gaspar.

Na última hora, apareceu e Claudionor substituiu o seu nome pelo Jorge. O diretor da prefeitura estava com sua cabeça a prêmio pedida pelo prefeito de fato, secretário da Saúde, presidente do MDB de Gaspar, o advogado Carlos Roberto Pereira, devido a um desgaste tido com a diretora de RH, Heide Marie Von Der Hayde.

Com isso, foi criada uma sinuca de bico clássica contra as pretensões de Roberto Pereira que antes viu a sua protegida Ana Karina Schramm Matuchaki, adjunta na secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, ir embora como resultado dessa trama interna.

Esta mudança no PSDB o leva de volta ao colo do MDB e que lidera o governo de Kleber com o PP, o PSC. No final do ano passado, fez um movimento trazendo para a coligação de apoio, o PDT com vereador Roberto Procópio de Souza. Com a vinda do PSDB, o MDB vai anulando possíveis concorrências no pleito do ano que vem e assim tentar melhorar nas pesquisas.

O próximo passo, via conversas e laços principalmente com as denominações evangélicas, é trazer para o mesmo lado, o recém-criado PSL. Sobrarão então PT, PSD, PSB e DEM para o embate ou à negociação.

A eleição de sexta-feira isolou totalmente Andreia no partido. Ela ficou sem cargo algum. Sabedora que seria derrotada, Andreia não articulou nenhuma resistência. Ela não depende de política e nem de empregos públicos, pois como professora é dona de um Centro de Educação Infantil. Até ontem, ela tinha à disposição para concorrer ao cargo de vereadora.

A VULNERABILIDADE DE FRANCIELE

Esta eleição no diretório do PSDB colocou oficialmente a vereadora Franciele no governo Kleber. Ela já vinha se posicionando deste o primeiro dia de mandato com o governo Kleber, sem a benção do diretório. Agora, ficará embretada. Também este jogo de independência feito na sexta-feira pode ser um fator complicador para a reeleição da própria Franciele.

Apesar de toda e longa fidelidade ao governo Kleber, Franciele vem sofrendo um boicote branco e quase sistemático do governo Kleber nos interesses dela no Distrito do Belchior, como registra quase todas as terças-feiras na tribuna da Câmara.

E por que esta aproximação com Kleber ao mesmo tempo que abre espaços para empregar os tucanos na prefeitura de Gaspar, deixa Franciele vulnerável?

É que com a impossibilidade de coligação na campanha de vereador no ano que vem, será necessário se ter um número alto de candidatos e de puxadores de votos no partido. Apesar de ser essa a promessa do grupo vencedor no PSDB na sexta-feira, há pouco tempo para se fazer isso.

Franciele foi eleita vereadora com os votos do PSDB, mas principalmente do DEM que arrumou o dobro dos tucanos para o coeficiente, numa coligação onde a vereadora Andreia como candidata a prefeitura, puxava os votos diferenciais da coligação. Para fazer um vereador, o PSDB sozinho precisará de aproximadamente 3.500 votos. Franciele na última eleição conseguiu 696 votos. Supondo que ela se municipalizou e venha conseguir mil votos, faltarão outros 2.500. Então...

A eleição do PSDB foi marcada pela apatia. Dos quase 400 filiados, pouco mais de 30 apareceram, o que por si só, invalidaria o pleito. Outros dois quesitos podem ter sido burlados quando da verificação da inscrição em dia no partido dos eleitores e o registro da chapa dentro do prazo estipulado pelo edital, e que era o dia 23.

A Executiva tucana gasparense ficou assim: presidente: Jorge Luiz Prucino Pereira; vice Claudionor da Cruz Sousa; secretário, Cleisson dos Santos Strapasson; tesoureiro, Márcio Sansão; 1° vogal, Neida Beduschi Silveira; 2° vogal, Cleber Deschamps; líder de bancada, Franciele Daiane Back; 1° Suplente, Luiz Alberto Schmitz; 2° Suplente, Aguinaldo de Oliveira; 3° Suplente, Miguel Ângelo da Cruz Sousa; e delegado à Convenção Estadual, Amadeu Paulo Mittertein.

A vingança é uma marca do poder

Acompanhei bem de perto os dois governos de Fernando Luiz Poli, PFL (principalmente o segundo), o de Tarcísio Deschamps, PDS, o de Francisco Hotins, PDC, o de Bernardo Leonardo Spenlger, MDB, o complementar de Andreone dos Santos Cordeiro, os três de Pedro Celso Zuchi, PT e o de Adilson Luiz Schmitt, MDB.

Agora, estou olhando a maré no de Kleber Edson Wan Dall, MDB. A vingança, talvez não tenha sido uma marca de governo no de Tarcísio, porque nos demais...

A áurea de religiosidade cristã que o governo Kleber tenta passar, não só soa como falsa, mas está sendo mais percebida facilmente e julgada do que nos tempos dos prefeitos que o antecederam. E pela simples razão: estamos na era da comunicação instantânea, individual, marcada pela liberdade de expressão nas redes socais e aplicativos de mensagens.

A prova disso é que a área de comunicação da administração de Kleber, amadora, desorganizada, e orientada para a vingança, tenta criar, bem remunerar e fluir canais de informações sem credibilidade e audiência, inclusive fora daqui achando que vai driblar à realidade e à prática.

Quem perde? O governo que não consegue ser percebido como coerente perante o seu potencial eleitor; o povo que paga e joga dinheiro bom no lixo. E quem diz isso? As pesquisas, as quais estão deixando o pessoal do paço cada dia mais nervosos, à medida que se aproxima as eleições.

Quer um exemplo da semana entre tantos? Kleber tentou interferir na autonomia e independência da Câmara várias vezes. Em duas delas tentou emplacar o seu candidato. Perdeu. Tentou impor uma sessão extraordinária, no horário de expediente dos servidores, para “homologar” o reajuste dos funcionários públicos daquilo que ele próprio já tinha decidido, interrompendo uma negociação que mal tinha se iniciado com o Sindicato. Perdeu. Tentou impedir que a Câmara construísse a sua sede própria. Perdeu.

E qual a vingança neste caso do prédio da Câmara por ela ter exercido à sua soberania nos assuntos que são dela e criado um Fundo para se proteger na Construção e com ele, não tirar abruptamente dinheiro do Orçamento? O imediato e rápido ofício 146/2019 do gabinete do prefeito Kleber.

O que podia ser lido na pauta de terça-feira passada? Uma retaliação à autonomia e à independência da Câmara como bem ressaltou a vereadora, Mariluci Deschamps Rosa, PT?

“Com fundamento no artigo 125 do Regimento Interno desta Casa Legislativa, vimos por meio deste solicitar a retirada do Projeto de Lei nº 10/2019 que Altera dispositivo da Lei nº 3.750, de 07 de dezembro de 2016, que afeta imóvel ao uso especial da Câmara de Vereadores do Município de Gaspar e dá outras providências.

Este PL, feito pelo próprio Kleber, vejam só a incoerência, esticava até 2024, o prazo para a Câmara começar a construir o prédio no terreno, doado pelo próprio município. Agora, terá que fazer isso até 2020, sob pena de ter que devolver o terreno para o município. Isso mostra o quanto é incapaz Kleber e os seus de serem contrariados, de governar para todos, de harmonizar as diferenças, de se estabelecer como um estadista e um realizador. E pior: é jovem. E ainda diz que não entende a razão dos números das pesquisas que teve acesso. Acorda, Gaspar!

 
TRAPICHE

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Júlio Garcia, PSD, vem a Blumenau e às 17h30min desta segunda-feira. Ele se reúne com lideranças de lá, e da região, na sede da Acib, no Vorstadt. Será uma janela para se ter o termômetro e compará-la com a recente visita, até meio a contragosto, do governador Moisés Carlos da Silva, PSL. A vinda do comandante Moisés por pouco não passou despercebida.

Depois que foi denunciado aqui, com fotos e filmes, o governo e os vereadores da base de Kleber Edson Wan Dall, MDB, quando fazem fotos e vídeos, tomam dois cuidados: primeiro fiscalizam para ver se os trabalhadores da prefeitura ou das empreiteiras que vão aparecer com eles estão usando Equipamentos de Proteção Individual para não arrumar prova contra o município. Segundo, eles próprios se vestem com os tais EPIs.

Viu como não dói, além de ser é obrigatório o uso dos EPIs? E pensar que o próprio prefeito tentou desmentir esta coluna com o olho fechado dele para a proteção do trabalhador exposto nas obras do município. Teve que ser desmoralizado aqui com mais provas para enfiar a viola no saco. E quando acontece um acidente... Ufa!

Mas, a proteção do trabalhador e dos gasparenses parece que ainda não é uma regra de vida para a prefeitura de Gaspar. Na sessão de terça-feira passada, a vereadora Franciele Daiane Back, PSDB, que não é nenhuma oposicionista ao governo Kleber, relatou algo assustador. Ao questionar a superintendência do Belchior, a razão pela qual o caminhão-pipa não molhava determinadas ruas em aclives e declives do Distrito, recebeu a informação de que ele estava sem freio. Meu Deus!

De fora. O ex-presidente da Câmara e que está vestido para mais que a reeleição, o médico Sílvio Cleffi, PSC, está reclamando ter sido isolado na inauguração do Centro Especializado da Mulher e Criança na Policlínica.

Segundo ele, ideia foi dele quando era um parceiro influente do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, o criador do político e vereador Silvio. Ora, é o ônus de pular para oposição, doutor Silvio. Se Kleber é vingativo, o prefeito de fato, secretário da Saúde e presidente do MDB local, Carlos Roberto Pereira não deixaria passar esta retaliação e vingança. É do jogo jogado em Gaspar.

Nas tamancas. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, mandou o verbo contra o protocolo e o tratamento do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, nas inaugurações e reuniões comunitárias onde estão os vereadores como meros presentes, como convidados ou até partes interessadas.

“Essa gente é desrespeitosa e ridícula. O governo usa os vereadores para chamar as pessoas, pois eles próprios do governo não possuem capacidade e credibilidade. E quando da solenidade ou reunião, nem nos citam, não permitem à palavra, nem mesmo quando representamos oficialmente um poder, a Câmara”. Pois é. Trata-se de uma marca de governo: a ingratidão e a vingança.

O roto e o amarrotado. Impressionante. O líder do PT na Câmara de Gaspar, Dionísio Luiz Bertoldi, desafiou os emedebistas no caso da prisão do ex-presidente da República e do MDB, Michel Temer, como se ele e os petistas estivessem com a alma aliviada pela igual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Desafio sem sentido esse. Isso é uma vergonha para o partido, militantes e eleitores de ambos. “Você não vai ver nenhum de nós segurando a faixa Temer livre”, retrucou com acerto, o líder do governo, Francisco Solano Anhaia e que já foi petista.

Incompetência. O governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, anunciou que a Rua Frei Solano só vai ser recuperada a partir e a daqui 60 dias. Então deve-se esperar que esse prazo será maior se considerarmos que tudo em Gaspar possui prazos dilatados aos prometidos pelos políticos e gestores públicos.

E o líder do PT na Câmara e vereador que cuida daquela região, Dionísio Luiz Bertoldi, foi ter um papo com seu amigo e chefe de gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP, para achar uma justificativa para isso.

Descobriu que, segundo a prefeitura, está difícil de se acessar o empréstimo aprovado pela Câmara em dezembro de 2017 junto ao Badesc. Para Bertoldi é a equipe da prefeitura que é fraca.

Registro. Quem oficialmente pediu na sessão de terça-feira passada o cancelamento da sessão extraordinária das 11h30min de quarta-feira para sacramentar o reajuste do funcionalismo sem discussão entre as partes, foi o líder do MDB, o vereador Francisco Hostins Júnior.

Se não houvesse esse providencial pedido, transferindo-a para o dia nove de abril, a sessão seria tomada por outro requerimento oral da oposição pedindo a mesma coisa. Com o gesto, ao menos Hostins destampou a chaleira e evitou o debate para desgastar o governo de Kleber. Evitou uma possível derrota no voto.

Ao ver o requerimento de Hostins aprovado, o líder do governo Francisco Solano Anhaia, MDB, perguntou ao presidente Ciro André Quintino, MDB, a que hora seria a sessão “extraordinária” do dia nove. “As nossas sessões começam as 18h30min”, respondeu. E será ordinária, com a presença dos servidores, possivelmente. Acorda, Gaspar!

 

Comentários

Miguel José Teixeira
03/04/2019 09:16
Senhores,

Da série "CUmunistinha adora uma boquinha":

"Novo líder do PCdoB diz que prioridade do partido é ser oposição ao governo Bolsonaro

- Na área econômica tem uma sinalização de privatização generalizada e nós somos contra privatizar o setor elétrico, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica e outras ações que eles pretendem fazer."

Atentem: ". . .privatização generalizada e nós somos contra privatizar. . ."

No setor privado o trabalhador tem que trabalhar já no setor público. . .deixam à desejar!

+ em:

https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/574381-NOVO-LIDER-DO-PCDOB-DIZ-QUE-PRIORIDADE-DO-PARTIDO-E-SER-OPOSICAO-AO-GOVERNO-BOLSONARO.html?utm_campaign=boletim&utm_source=agencia&utm_medium=email
Demétrius Wolff
02/04/2019 16:06
Nota de esclarecimento do PSL Gaspar:

https://www.facebook.com/1336403573168722/posts/1449939451815133/
Herculano
02/04/2019 08:17
da série: voltou a diversão e comemoração

MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES SUSPENDE LEI QUE PROIBIA FOGOS DE ARTIFÍCIO EM SÃO PAULO

Conteúdo de O Estado de S. Paulo. Texto da revista IstoÉ. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta segunda-feira 1º suspender uma lei que proíbe o manuseio, utilização, queima e a soltura de fogos de artifício na cidade de São Paulo. A decisão foi tomada em ação apresentada pela Associação Brasileira de Pirotecnia (Assobrapi) no STF contra a lei, que foi sancionada por Bruno Covas em maio do ano passado.

Moraes concordou com os argumentos da associação, de que o município teria legislado sobre matéria de competência federal. "Não poderia o Município de São Paulo, a pretexto de legislar sobre interesse local, restringir o acesso da população paulistana a produtos e serviços regulados por legislação federal e estadual", afirmou o ministro.

O ministro também observou que a lei não buscou qualquer medida intermediária que conciliasse o uso de fogos de artifício - "atividade de conteúdo cultural, artístico ou mesmo voltada ao lazer da população" - com a preservação e melhoria do meio ambiente urbano. Além disso, Moraes destacou que a proibição total dos fogos prejudica o desenvolvimento da atividade econômica do setor.
Herculano
02/04/2019 08:10
DEVASTAÇÃO DA CONFIANÇA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

A confiança derrete e caem as expectativas de crescimento, enquanto o governo tropeça e o presidente se distancia das negociações com o Congresso. O Índice de Confiança Empresarial da Fundação Getúlio Vargas (FGV) caiu em março de 96,7 para 94 pontos, o nível mais baixo desde outubro, mês das eleições.

No mercado já se fala em expansão econômica abaixo de 2% neste ano, e a tendência das projeções é convergir para 1,5%, segundo o consultor e ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore. Na batalha pela reforma da Previdência, o objetivo mais urgente, o governo é representado principalmente pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, fechou questão a favor do projeto de mudança previdenciária, mas o grande aliado de Guedes no Parlamento, por enquanto, é o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, filiado ao DEM.

Enquanto o chefe de governo dava prioridade a uma visita a Israel, sua terceira viagem ao exterior em três meses de mandato, empresários e analistas baixavam suas apostas em relação ao desempenho dos negócios.

Depois de "uma onda de otimismo com o novo governo", o recuo de agora parece estar ligado "ao desapontamento com o ritmo lento da economia e com a manutenção de níveis elevados de incerteza econômica", disse Aloísio Campelo Jr., superintendente de Estatísticas Públicas da instituição.

O Índice de Confiança Empresarial da FGV sintetiza avaliações do quadro presente e expectativas em relação aos três meses seguintes. O indicador de situação atual caiu para 89,9 pontos, com redução de 1,5, e retornou ao nível de novembro. Já o índice de expectativas, com recuo de 2,9 pontos, escorregou para 98,1, o menor patamar desde outubro.

Em março, os índices de confiança de todos os setores foram menores que no mês anterior. No trimestre, o da indústria avançou 0,5 ponto, enquanto os de serviços, comércio e construção recuaram. Todos continuaram abaixo de 100, linha divisória entre expectativas positivas e negativas. O "otimismo" abaixo de 100 corresponde a uma avaliação menos negativa de uma situação presente ou esperada.

A piora das expectativas em relação ao desempenho da economia vem sendo mostrada há semanas pelo boletim Focus, atualizado semanalmente pelo BC e baseado em consultas a cerca de cem instituições financeiras e consultorias. Em um mês caiu de 2,30% para 1,98% a mediana das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, segundo os números divulgados nesta segunda-feira. Na segunda-feira anterior, o número apresentado foi 2,01%.

Na semana passada o BC e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também divulgaram suas novas projeções para este ano. Nos dois casos o crescimento estimado para a expansão do PIB caiu para 2%.

Os números frustrantes do trimestre final de 2018 já indicaram um avanço próximo de 2% em 2019, observou o economista Affonso Celso Pastore num evento promovido pelo Estado. Depois de um primeiro trimestre muito ruim, "com cheiro de crescimento nulo", as projeções do mercado tendem a convergir para 1,5%, acrescentou. Qualquer otimismo gerado pela aprovação da reforma da Previdência, segundo sua avaliação, só produzirá efeitos em 2020. "Para 2019, com ou sem reforma, o quadro é de crescimento muito baixo", concluiu.

Os economistas consultados na pesquisa Focus também voltaram a diminuir suas projeções para o crescimento industrial. A mediana das estimativas caiu de 2,57% na semana anterior para 2,50%. Um mês antes estava em 2,90%. Baixo crescimento industrial significa expansão econômica de baixa qualidade, com menor criação de empregos formais e menor difusão de tecnologia.

Ganhos de produtividade podem ocorrer na agropecuária, mas neste ano as perspectivas do setor também são de crescimento modesto. Concessões na área de infraestrutura poderão animar segmentos da indústria, mas a transmissão do estímulo tomará algum tempo. Se a confiança continuar escassa, nem a retomada no próximo ano estará garantida.
Herculano
02/04/2019 08:05
SÃO DECISõES DELE..., por Eliane Cantanhede, no jornal O Estado de S.Paulo

O Brasil assiste à guerra entre "olavetes" e militares sem que o presidente arbitre.

Depois de apoiar a reeleição de Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro agora apoia, com gestos, mais do que palavras, a reeleição de Binyamin Netanyahu, com quem rezou ontem no Muro das Lamentações, em Israel. Nada disso é trivial em diplomacia e política externa. Bolsonaro, porém, é Bolsonaro.

Ele toma decisões e age porque dá na telha, não exatamente por embasamento teórico, científico, histórico. Para ele, Trump e os EUA são o máximo, dane-se o resto. Netanyahu e Israel são fantásticos, os palestinos e o mundo árabe a gente vê depois.

Com esse voluntarismo, o mesmo presidente que mandou desconvidar Ilona Szabó de uma mera suplência de um mero conselho não consegue demitir o ministro que transformou o MEC num vexame. A ideologia derrubou Szabó. A ideologia mantém Vélez.

É assim também que Bolsonaro assiste impassível à avalanche de impropérios e palavrões proferidos pelo guru dos seus filhos, de Vélez e do chanceler Ernesto Araújo contra os generais que ocupam os principais cargos e têm sido um contraponto de bom senso aos excessos e aos erros do governo e do próprio presidente.

Premiado com um lugar de honra à mesa de um jantar para Bolsonaro nos EUA, Olavo de Carvalho já disse que os militares são uns... Desculpem, mas não consigo repetir. E ele chamou o vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva, de "idiota", "imbecil", "vergonha para as Forças Armadas" e "charlatão desprezível".

Ele, o guru, também já provocou o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, pelo fato de ele dar entrevistas para a mídia e conversar com jornalistas: "Você não tem vergonha, Heleno?"

A metralhadora giratória desviou-se agora para o ministro Santos Cruz, da Secretaria de Governo. Aquele que faz a cabeça dos filhos de Bolsonaro escreve para quem quiser ler que o general "não presta", é um "monstro de autoadoração e empáfia" e dono de "uma mediocridade invejosa".

Na coleção de ataques, há até um de puro sarcasmo, dizendo que, a partir de agora, quando se irritar, vai reagir gritando: "Santos Cruzes!". Um achincalhe com um ministro, um general, uma pessoa séria, que tem gabinete no Palácio do Planalto, a poucos passos do presidente da República. E Bolsonaro não diz nada? Não acha nada?

Se não se mete com Olavo de Carvalho e não toma uma providência para salvar o MEC do desastre, Bolsonaro é corajoso ao reverenciar Trump e Netanyahu, ao atacar o presidente da Câmara e ao demitir o leal amigo Gustavo Bebianno, depois de agredi-lo pelas redes sociais, com ajuda do filho.

A guerra entre "olavetes", militares e técnicos não é exclusiva do MEC, mas sim uma realidade no governo, com algumas exceções, como Economia e Justiça. O Brasil está assistindo a essa guerra intestina a céu aberto, à luz do dia, sem que o presidente da República arbitre.

O vice Mourão já me disse que não iria rebater mais Olavo de Carvalho e explicou: "Não se polemiza com maluco". Mas Santos Cruz cansou de ouvir calado e revidou. O guru não saiu mais do Twitter e não parou mais de xingar. Será que é isso o que ele quer? Propaganda gratuita?

Aliás, ao insistir na comemoração do 31 de Março, que virou "rememoração", o presidente provocou um tsunami de depoimentos dolorosos contra a ditadura militar. Não satisfeito, surgiu na lista do WhatsApp do Planalto, domingo à noite, um vídeo quase anônimo enaltecendo o golpe. Sem explicação, Mourão deu de ombros: "É decisão dele"...

Quem, afinal, vai reagir aos ataques do guru do bolsonarismo aos generais?
Herculano
02/04/2019 07:58
'NEGOCIAR COM O CONGRESSO NÃO É FAZER O MENSALÃO", entrevista com Fernando Henrique Cardoso, no jornal O Globo

Tucano diz que Bolsonaro precisa repartir o poder para governar e que, para aprovar seus projetos, terá que dialogar

Texto e entrevista de Silvia Amorim e Flávio Freire, da sucursal de São Paulo. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acredita que o poder de persuasão de um presidente é fundamental para a aprovação de medidas no Congresso. Por isso, o governo Jair Bolsonaro precisa entender que negociar com deputados e senadores não deve ser confundido com falcatruas.

No domingo retrasado, FHC já havia mandado um recado para Bolsonaro: presidente que não entende a força do Congresso pode cair. Por isso, o tucano defende a adoção de uma política de repartição do poder. Sem isso, não há como governar.

Apesar de considerar que os militares compõem um setor mais sensato dentro do governo, FHC pondera que são muitas as posições ocupadas pelos integrantes das Forças Armadas.

O Globo - Na semana passada o senhor escreveu que presidente que não entende o Congresso cai. Por que decidiu entrar na polêmica entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia?

FHC - Vi queda de muitos presidentes. Queria falar com o governo que do jeito que as coisas vão, (o país) está à deriva. Será que ele escutou? Não sei. O Brasil vai precisar fazer alguma reforma e o governo precisa entender que negociar com o Congresso não é fazer o mensalão. Ou tem um projeto e chama aqueles que vão decidir para participar ou fica sozinho. Não pode olhar a representação parlamentar, fechar o nariz e dizer: essa gente não tem nível.

O Globo - Bolsonaro está passando essa mensagem ao resistir em fazer articulação política pela Previdência e acusar o Congresso de insistir na "velha política"?

FHC - Ao rejeitar essa gente ele está rejeitando o Brasil. Não pode. Não tem como desprezar a maioria. Chega uma hora , ela vai dizer: 'Estou aqui e você não é nada'.

O Globo - Mas há muitos parlamentares envolvidos em escândalos.

FHC - Na democracia ou na ditadura você reparte o poder ou não tem como governar. Se você não tem competência para repartir o poder, você compra o poder. Isso não dá. Mas (Bolsonaro) não pode confundir dividir poder com comprá-lo.

O Globo - Há quem diga que existe uma estratégia do governo para enfraquecer o Congresso. Também acha isso?

FHC - Estratégia? Não é o estilo dele ter uma estratégia. É muito elaborado. Não creio que seja essa a ideia de jogar o povo contra o Congresso. Aliás acho difícil isso acontecer no Brasil porque a fragmentação partidária é muito grande. O povo se move quando tem coisas mais objetivas em jogo.

O Globo - O sr. tentou aprovar uma reforma da Previdência e não conseguiu. Acredita que ela será feita agora?

FHC. Não sei. É fácil falar e difícil fazer. Eu só consegui fazer o fator previdenciário. Mas, em última análise, a reforma da Previdência agora vai dar liberdade para o governo governar. Nesse momento o governo está sob absoluta pressão e restrição orçamentária. Mas essa história de ajuste fiscal é para economista. Não é coisa de povo. É um assunto que mexe mais com as estruturas corporativas e daí é importante o poder de persuasão do presidente.

O Globo - Para persuadir é preciso ter convicção e Bolsonaro já foi criticado por dar sinais trocados sobre a reforma.

FHC - Há recuos e não fica claro qual é o caminho que deseja o governo. Há um setor empenhado em ajustar as contas. Há outro empenhado em cultivar o passado onírico guiado por um guru americano (Steven Bannon). E ainda tem os militares, ao meu ver, mais sensatos. O único reparo que faço nessa participação dos militares é que estão ocupando muitas posições. Isso é ruim para eles mesmos . Se o governo for mal vão jogar a responsabilidade neles. Se for bem, vai ser do Bolsonaro. Em 1964 os militares tinham um projeto para o Brasil e havia a guerra fria, a ameaça do comunismo. Os militares não têm hoje projeto para o Brasil. Eles não querem restabelecer a ditadura.

O Globo - Em suas conversas fora do país, como autoridades internacionais estão vendo esse início de novo governo?

FHC - Eles têm uma impressão equivocada de que estamos marchando para o fascismo. Pensam que há aqui um governo autoritário forte. Não é isso. Isso significaria ter um líder, organicidade, crença sobre um modo de organizar a sociedade. Aqui não tem nada disso. Tem gente com pulso autoritário? Tem. Mas é muito diferente de 1964.

O Globo - O que achou da decisão do governo de criar um escritório de representação comercial em Jerusalém como alternativa à transferência da embaixada em Tel Aviv?

FHC - Vamos ver o que os árabes vão dizer. Eles aceitaram? A falta de aderência de projeto política da realidade dá nisso: recuos.

O Globo - Como avalia a postura da oposição nesse início de governo. Também está sem rumo, inclusive o PSDB?

FHC - Está tudo esgarçado. Não estou vendo ninguém se opor a nada. Cadê os candidatos que disputaram com Bolsonaro, o que estão dizendo? Por que não falam? Porque não há projeto. Não é por acaso. O momento é difícil mesmo.

O Globo - Seu partido, PSDB, vai passar por troca de direção em maio. Se João Doria assumir o comando da legenda, o sr deixa o partido?

FHC - Você quer falar do meu partido? Vou ter que pensar depois (risos).
Herculano
02/04/2019 07:48
da série: a diferença entre o verdadeiro Trump e o fake dos trópicos é que o de lá para todas as loucuras de disrupções prometeu e deu mais empregos para os norte-americanos e reduziu os impostos para os que produzem. Não há governo que se segure com alto desemprego, vejam o que aconteceu com Dilma Vana Rousseff, PT.

VAI TRABALHAR, BOLSONARO, por Álvaro Costa e Silva, no jornal Folha de S. Paulo

Pois a taxa de desemprego no país chegou a 12,4%

Quem mais curtiu o cineminha que fica nos porões do Palácio da Alvorada foi Jânio Quadros. Nos seus quase sete meses na Presidência, passou horas vendo velhas fitas de bangue-bangue e bebericando uísque. Dizem que pedia ao projetista para exibir o filme de trás para frente, pois morria de rir ao ver o mocinho "se levantando" depois de tomar um soco do bandido.

No Alvorada, FHC conheceu Zé Pequeno durante a projeção de "Cidade de Deus", ao fim da qual levantou os dois polegares: "É um grande filme". Nos tempos de Lula e Dilma, as sessões eram concorridas e festivas: a classe cinematográfica, ávida por recursos, comparecia em peso para o beija-mão.

Na semana passada, no auge da crise com o Poder Legislativo para a tramitação da reforma da Previdência, Bolsonaro dispensou o luxo do cinema em casa. Ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da ministra da Mulher, Damares Alves, teve disposição para comparecer, às 9h da manhã, à pré-estreia da produção evangélica "Superação, o Milagre da Fé", em um shopping de Brasília.

Foi mais um drible político do presidente, mas o que surpreendeu foi descobrir que ele aprecia a chamada sétima arte (ou qualquer arte). Bateu a curiosidade de saber quais são os filmes preferidos de Bolsonaro. Veio-me à cabeça um clássico da comédia brasileira, lançado em 1973, época da ditadura militar (a mesma que, segundo alucinados do governo e das redes sociais, jamais existiu).

Quando "Vai Trabalhar, Vagabundo", de Hugo Carvana, explodiu nas bilheterias, vivia-se o período do milagre econômico. Talvez por isso o personagem principal, um carioca suburbano chamado Dino, é obrigado a dar trambiques para ganhar um qualquer e conseguir sobreviver. Imagina hoje, com a taxa de desemprego subindo para 12,4%.

Os Dinos que continuam por aí só pedem uma coisa: "Vai trabalhar, Bolsonaro".
Herculano
02/04/2019 07:41
A MENTALIDADE BOLSONARISTA, por Carlos Andreazza, editor de livros, no jornal O Globo

É a mentalidade revolucionária a que dirige Bolsonaro

Que Paulo Guedes se acautele sobre a viabilidade de um ambicioso programa de reformas liberais sob um governo que, dirigido pela lógica da ruptura, age como oposição - afluente do conflito - e opera em campanha permanente, elegendo e cevando inimigos para manter excitada a tropa.

A discussão sobre 1964 - sobre se terá sido golpe etc. - é a mais recente expressão narrativa do processo revolucionário bolsonarista; e deve ser compreendida sobretudo à luz da circunstância em que o bolsonarismo - chancelado por Jair Bolsonaro - tenta emparedar o Parlamento, aquele outrora fechado pela ditadura. Tudo calculado. Um debate anacrônico, artificial, forjado desde dentro do Planalto também para, apostando no confronto, desviar atenções, fatigar o olhar crítico e mitigar a constatação dos verdadeiros problemas brasileiros em 2019: aqueles derivados da incompetência do presidente para liderar uma agenda prática a partir da qual, reforma da Previdência como gatilho, a economia volte a crescer.

Os anestesiados que saem no braço nas ruas - engalfinhando-se acerca de versões sobre um passado que não viveram - são os mesmos que ora estão desempregados. Uma conta que não fecha; que explodirá.

Convém a Guedes, homem brilhante, folhear a história e avaliar a compatibilidade entre o projeto liberal que encarna e a dinâmica de um governo reacionário como o que integra. O ministro fala, com gosto e frequência, em "sociedade aberta", aquela, antidogmática, cujo principal valor talvez seja o questionamento permanente e pouco mediado; mas deve atentar para como a sociedade se comprime quando, aterrada a importância da mediação, instrumentaliza-se a mobilização popular - o povo como ferramenta de pressão - em prol de um projeto de poder.

O apoio constante das massas é um fetiche do bolsonarismo, ilusão cultivada pela capacidade de mobilização bolsonarista nas redes. Tem lastro, porém, em desastres pretéritos, na trajetória das revoluções ditas populares. E sempre se materializa na necessidade elitista de ser liderado por alguém. Mas: por quem? Quem poderia assegurar a mobilização popular capaz de impulsionar a agenda rompedora da "nova era"?

Antes de responder, é preciso reconsiderar a influência do núcleo militar sobre o presidente. Estará equivocado aquele que a avaliar como grande. Não é. Ou seremos obrigados a julgar os generais governistas ou como incompetentes ou como corresponsáveis pela depauperação institucional promovida - com método - pelo governo.

Que não nos iludamos. É a mentalidade revolucionária a que dirige Bolsonaro; aquela apregoada pela ala que se nomeia antiestablishment, o grupo dos filhos Carlos e Eduardo, e que tem Filipe Martins, o intelectual do novo regime, dentro do Planalto. Segundo o próprio Martins, seria essa a única ala capaz de garantir e nortear a pressão popular sem a qual agenda alguma do governo prosperará. Inclusive a de Guedes. A reforma liberal, portanto, dependente da revolução reacionária.

Trato aqui de um processo revolucionário que se quer plantar como permanente - e cuja estratégia de enraizamento obedece ao seguinte infinito: depois de haver vencido o establishment na eleição, o bolsonarismo ora enfrenta, desde dentro do governo, a batalha por novamente vencer o mesmo establishment, desta vez em sua facção aparelhada na máquina pública, guerra de guerrilha cujo êxito dependerá de aplicação ininterrupta.

Já escrevi algumas vezes que um dos mais sólidos agentes do bolsonarismo é a criminalização da atividade política; ação que alcançou o estado da arte a partir do momento em que Bolsonaro, uma vez presidente, incorporou a Lava-Jato - na figura de Sergio Moro - ao governo, e que, na prática, manifesta-se em investimento sistemático contra a democracia representativa. A conflagração recente entre Executivo e Legislativo é simbólica desse movimento.

Foi a ala antiestablishment o centro difusor dos ataques à necessidade de o governo dialogar com o Parlamento e articular politicamente em benefício da reforma da Previdência. O conceito é objetivo - está na convenção da fábrica de algozes: não se conversa com bandido, o qual deve ser submetido. Ou o Congresso, espécie de sindicato do crime, casa de traidores da pátria, poder intermediário a ser esmagado, aprova o que deseja Bolsonaro ou se acertará com a única força legítima para além do presidente: a pressão popular.

Crer que desse modus operandi estabelecido se possa extrair alguma paz institucional duradoura será negar a natureza da mentalidade que preside o país. A regra é o choque. Que estimemos, pois, as possibilidades de um pacote reformista estrutural numa estrada cuja pavimentação é a rachadura.
Herculano
02/04/2019 06:44
da série: o tempo é senhor da razão e a decepção coletiva é a soma pequenos e continuados erros, contradições, ineficiências e promessas não cumpridas

GOVERNO BOLSONARO VIROU USINA DE FACTOIDES, por Fábio Fabrini, no jornal Folha de S. Paulo

Às vésperas dos cem dias, presidente e equipe dão mais resultado na geração de polêmicas vazias

Jair Bolsonaro está perto de completar cem dias de governo sem alcançar metas para o período.

Na saúde, prometeu ampliar a cobertura de cinco vacinas, mas as campanhas de imunização não ocorreram.

Medidas econômicas para facilitar o comércio internacional empacaram por falta de ambiente tributário.

O Itamaraty compromete-se a baixar tarifas do Mercosul. Ainda falta, porém, combinar o jogo com argentinos, paraguaios e uruguaios.

Se falta ao presidente e seus ministros eficiência para essas e outras missões administrativas, eles têm mostrado talento de sobra para fabricar polêmicas baseadas em premissas falsas ou fatos inexistentes.

Quase que semanalmente Bolsonaro e sua equipe elegem um cavalo de batalha sem vínculo com as prioridades do país e dele se ocupam.

Já se lançou suspeita sobre o valor pago pelo Ibama no aluguel de carros. Descobriu-se que o contrato gerou economia e tinha OK do TCU.

Na Educação, o que o ministro Ricardo Vélez produziu de mais expressivo foi uma Lava Jato de estimação, que mira desvios em programas.

Bolsonaro defendeu a iniciativa. Semana passada, Vélez admitiu que não há fato concreto a ser apurado.

O presidente estigmatizou o carnaval no episódio do golden shower.

Dias atrás, negou a história e declarou que não houve ditadura militar. Seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, tirou da manga outro embuste ao contrariar o consenso acadêmico e defender que o nazismo era de esquerda.

Produzir factoides em série desvia a atenção popular dos desafios reais do governo e só cumpre o propósito de escamotear a já demonstrada inépcia do presidente e seus auxiliares para as funções que exercem.

Bolsonaro embarcou para Israel deixando uma desordem, criada por ele próprio, na articulação política. A economia continua estagnada, a reforma da Previdência faz água, o desemprego sobe, mas a tendência é que se invente mais uma parlapatice diversionista para tirar o foco de tudo isso que está aí.
Herculano
02/04/2019 06:36
'CRISE POLÍTICA' DE BOLSONARO REPETE LULA EM 2003, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Nada há nada de novo nos primeiros meses do governo Bolsonaro em relação aos antecessores, das crises e dificuldades com o Congresso à queda na aprovação de desempenho. Aos cem dias de governo, o petista Lula, por exemplo, tinha 43% de aprovação, quase 20 pontos a menos que os 61,3% dos votos obtidos no turno da sua eleição. Lula tentou aprovar uma reforma da Previdência em 2003, até levou o projeto pessoalmente ao Congresso, como Bolsonaro, mas fracassou.

MENOS QUE O ESPERADO
Pesquisa Datafolha às vésperas dos 100 dias de governo Lula mostrou que o presidente tinha frustrado expectativas de 45% dos brasileiros.

VIDA DIFÍCIL
Dilma teve 51% de aprovação nos 100 dias, mas nada conseguiu aprovar na Câmara. Acabou em impeachment.

TUDO SEMPRE IGUAL
O desempenho de FHC ao final de três meses de governo era melhor que Bolsonaro, pior que Lula, mas também teve sua própria crise.

DENTRO DO ESPERADO
O Datafolha ainda não divulgou a pesquisa acerca dos primeiros 100 dias de Jair Bolsonaro, mas o Ibope põe o atual presidente com 34%.

BANCO USA MINISTRO GUEDES EM EVENTO PRIVATIVO
O banco Goldman Sachs usou sem a menor cerimônia autoridades do governo federal como o ministro Paulo Guedes (Economia), em evento secreto cujo acesso foi proibido à imprensa. Se têm a afirmar, esclarecer ou anunciar, autoridades públicas devem fazê-lo publicamente. Além de Guedes, secretários do seu ministério também falaram em declarações secretas a clientes e convidados do banco.

RISCO SÉRIO
Participando de eventos dessa natureza, autoridades correm o risco de sofrerem a acusação de privilegiar grupos e interesses financeiros.

ISSO VAI ACABAR
Projeto do ministro Wagner Rosário, da Controladoria Geral da União, obriga autoridades a tornar público o conteúdo de reuniões privadas.

FALTARAM AO TRABALHO
Se aplicar o que preconiza, o presidente Jair Bolsonaro deveria no mínimo cortar o ponto do ministro e dos seus auxiliares.

BEM NA FITA
A eleição 2020 não é prioridade em Belo Horizonte: 70,9% não sabem em quem votar para prefeito, mas o prefeito Alexandre Kalil (Pode) sai na frente com aprovação de 73,2%, segundo o Paraná Pesquisa.

A REFORMA QUE NÃO SAIU
Nada como um governo após o outro com escândalos de corrupção no meio: nesta época do ano, em 2003, início do governo Lula, Zé Dirceu pregava a reforma da Previdência, "Os militares têm espírito público, são patriotas e irão contribuir", dizia, pedindo o sacrifício de todos.

DÍVIDA VEXATóRIA
O saudoso embaixador José Aparecido de Oliveira ficaria tristíssimo sabendo que o Brasil deve 217 mil euros (R$957 mil) ao Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), por ele criado em 1989.

QUE VEXAME
Está marcada para o dia 10 deste mês a análise no Supremo Tribunal Federal (STF) das ações do PCdoB, PEN e do Conselho da OAB, todos empenhados em soltar o político condenado por corrupção.

LOROTA DEMITIDA
Contaram a lorota de que José Sarney ligou para Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e o xingou pela demissão de 150 apadrinhados dele e de Renan Calheiros. O telefonema não houve, e Sarney sabe que os cargos eram de confiança, tampouco é dado intrepidezes.

ESSA É A ACUSAÇÃO
A ex-presidente Dilma é ré pelo caso do "quadrilhão do PT", ação penal que também tem como réus Lula, Antonio Palocci e João Vaccari Neto. A quadrilha é acusada de afanar R$ 1,5 bilhão dos cofres públicos.

SUBSTITUIÇÃO NA SECOM
Floriano Barbosa deixa a Secom, mas fica próximo ao governo. Com o retorno do presidente Jair Bolsonaro de Israel, seu lugar será ocupado por Fábio Wajngarten, como esta coluna revelou em primeira mão.

ALô, AZUL
Passageiros da Avianca se sentiram em cárcere privado, domingo (31). O voo deveria decolar às 18h10 do Galeão para Brasília, mas todos ficaram presos na aeronave por duas horas. A tripulação não apareceu.

PENSANDO BEM...
...se a visita a Israel fosse de deputados e senadores, faltaria muro para tanta lamentação.
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Herculano
02/04/2019 06:29
GOLPE DE MESTRE, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Em Israel, Jair Bolsonaro consegue a façanha de ficar mal com todas as partes

Na novela da transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, Jair Bolsonaro conseguiu a façanha de ficar mal com todas as partes.

A bancada evangélica, os grupos mais ideológicos de seu governo, além, é claro, do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, ficaram frustrados com o fato de o presidente ter recuado da promessa de campanha. Em vez de anunciar a mudança da embaixada durante sua visita ao Estado judeu, Bolsonaro limitou-se a dizer que abrirá um escritório comercial na cidade.

O problema é que mesmo esse pequeno prêmio de consolação basta para indispor o Brasil com os árabes. A Autoridade Palestina condenou a decisão e convocou seu embaixador para consultas. Há o receio de que outros países árabes e islâmicos adotem alguma represália comercial contra o Brasil. O alvo óbvio são as exportações de carne "halal" para o Oriente Médio, o que é motivo de preocupação para a bancada ruralista.

Nada disso é física nuclear. Se Bolsonaro tivesse consultado um especialista ou estudado ele mesmo a matéria por 20 minutos antes de fazer promessas, teria percebido que os ganhos potenciais não compensavam os riscos. É tolice incorrer na possibilidade de perdas reais para energizar um público que já estava fechado com a candidatura.

E isso nos leva ao ponto central da coluna. Das várias características do neopopulismo de direita que parece estar tomando conta do Ocidente, o anti-intelectualismo é a mais preocupante. A maior parte dos avanços socioeconômicos observados nos últimos 200 anos se deve ao acúmulo de conhecimento técnico, que passou a ser utilizado em políticas públicas. Pense em coisas como saneamento, programas de vacinação etc.

Ao desprezar o racionalismo e o saber de especialistas, a nova direita passa o rodo sobre o que deu certo ao longo da história e ainda abre flanco para criar novos problemas desnecessários, como fez Bolsonaro.
Herculano
01/04/2019 12:36
GASPARENSE BEBE, DORME AO VOLANTE NO SEMÁFORO E SOCORRIDO AINDA BRIGA COM OS SOCORRISTAS EM BLUMENAU

Os socorristas precisaram quebrar o vidro do Porsche com placas de Gaspar para acordar o homem

Uma ocorrência na rua Humberto de Campos, em frente ao ginásio do Galegão, chamou a atenção dos pedestres do bairro Velha. A Polícia Militar foi acionada por volta das 17h45 para prestar apoio ao Samu.

Um Porsche com placas de Gaspar, e bem conhecido por aqui, estava parado em frente ao semáforo enquanto o condutor dormia no volante. O Corpo de Bombeiros Militar de Blumenau precisou ser acionado para quebrar o vidro lateral e acordar o motorista.

Quando ele saiu do carro, parecia estar embriagado e o cheiro de álcool ficou claro para os policiais e socorristas. Cambaleando e com a fala arrastada, ele tentou agredir os bombeiros que estavam por perto.

O automóvel foi removido do local e o homem foi conduzido à delegacia de polícia.
Herculano
01/04/2019 11:44
O VELHO CETICISMO ESTÁ DE VOLTA, por Vinicius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo

Prevalece a incapacidade de semear boa governança, num jogo em que ninguém larga o osso

As expectativas para os próximos anos no Brasil se ajustam ao ceticismo velho de guerra. Na economia, crescimento baixo. Na política, ciclotimia em torno da nota quatro, vermelha. Nem exuberância, nem desastre. Suave fracasso.

Governos provocam ódios e paixões, mas têm pouca valia no curto prazo. A vida segue mais ou menos a mesma a despeito deles. Incidem na trajetória da sociedade com o passar dos anos, muitas vezes quando o responsável pela melhoria ou pelo estrago já deixou o cargo.

A anarquia imbeciloide no Ministério da Educação não muda nada agora. Destrói uma parte do futuro. A outra, majoritária, se decide silenciosamente em milhares de secretarias estaduais e municipais. Temos dificuldade de identificar o que nos prejudica e o que nos beneficia.

A arquitetura política que bloqueia o autoritarismo atávico do governante de turno decantou-se ao longo de décadas. Nesse processo as Forças Armadas, pivôs de rupturas desde o final do século 19, transformaram-se em protetoras da ordem democrática.

Quem desconhece tal evolução surpreende-se com o contraste entre um presidente errático e adepto da ligação direta com o povo, de um lado, e autoridades de origem militar previsíveis e ciosas das vias institucionais, do outro.

Domar o Napoleão em que se pode converter até o mais liberal praticante da Presidência não assegura por si o bom governo. Outros vetores de lenta maturação, como a pulverização de partidos e a overdose de poder transferida a juízes e procuradores, atuam na contramão.

Não conseguimos, sobretudo, estabelecer regras do jogo simples e estáveis a estimular a circulação de vencedores nos tabuleiros da política e da economia. Ninguém larga o osso.

A beleza da democracia consiste em entregar aos cidadãos o destino da comunidade. Como ocorre nas epopeias e nas tragédias, o que uns plantam hoje outros colherão no futuro.
Herculano
01/04/2019 11:39
O TWITTER COMO SOFÁ, por Fernando Gabeira, no jornal O Globo

Uma escocesa de 71 anos, chamada Jo Cameron, sente quase nenhuma dor e nenhuma ansiedade. Os cientistas estão pesquisando o mapa genético de Jo e esperam achar um remédio que nos aproxime da ausência de dor e ansiedade.

Ao analisar a situação política brasileira, sinto falta de uma dose desse remédio natural. As coisas parecem degringolar nas últimas semanas. Não tenho ânimo para dar conselhos nem para atirar pedras. Nesses 90 dias, misteriosas forças estão em curso no governo e nas relações de poder. Talvez o melhor seja esperar a troca de farpas passar com calma, para falar da realidade?

Bolsonaro, que conheci como deputado, mudou bastante. Ele era conservador, anticomunista e de vez em quando fazia incursões exóticas contra a importação da banana do Equador.

Nesse processo eleitoral, adquiriu uma espécie de crosta teórica: uma visão estreita de nacionalismo; uma cosmovisão religiosa voltada para a catequese do mundo; enfim, uma volta a um passado idealizado como objetivo político.

Isso é um fenômeno importante pelo menos no mundo ocidental. É chamado de retropia. É uma utopia que não fantasia sobre um futuro idealizado, mas sim um passado idealizado. Qualquer das utopias, no entanto, choca-se com a realidade quando se dispõe a governar um país complicado como o Brasil.

O diálogo político com um idealista utópico é muito difícil. Tende a considerar os argumentos como uma submissão à realidade, desconfia do que lhe parece o vazio medíocre da ausência de uma utopia.

Bolsonaro, eu achava, teria mais chances se buscasse inspiração nas Forças Armadas atuais, que conquistaram uma grande simpatia, pela moderação política e eficácia em operações complexas e emergentes, como a distribuição de água no Nordeste e a montagem da Operação Acolhida em Pacaraima, que organizou a recepção dos venezuelanos. Um trabalho de nível internacional, com grande respeito pelos imigrantes.

Parece que ele sonha com os combatentes do passado e, de alguma forma, voltar atrás, refazer aquela luta contra a esquerda. Isso não bastou. Quer reconhecimento, reescrever a História.

Olho isso com tranquilidade no indivíduo, pois conheço muita gente fixada em certos períodos do passado. Mas o caminho que as Forças Armadas tomaram, fixando-se no presente e olhando para o futuro, é muito mais adequado para um presidente da República.

Os aliados aconselham Bolsonaro a deixar o Twitter. Parecem não ter percebido que o tuíte não se escreve sozinho. É apenas uma plataforma que pode ser usada com sensatez ou não.

Tirar o Twitter é tirar o sofá. Bolsonaro vai prosseguir na sua cruzada retrópica. Ele foi ao Chile, onde as cicatrizes são maiores que no Brasil, discorrer sobre o período ditatorial.

O resultado não se limitou à divulgação de suas infelizes frases do passado, mas também houve uma entrevista do próprio presidente do Chile, distanciando-se das posições de Bolsonaro.

Nos Estados Unidos, nessa plataforma diplomática que acaba inundando as redes sociais, Bolsonaro afirmou que a maioria dos imigrantes é mal-intencionada. Ainda bem que desmentiu em seguida. Na mesma semana, Eduardo Bolsonaro, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, declarou que os imigrantes ilegais eram uma vergonha para o país. Se ele lesse os arquivos da comissão, veria que, no passado, havia um grande empenho para ajudar os brasileiros em situação irregular em todo o mundo. Chegamos a criar consulados itinerantes. Os próprios parlamentares evangélicos eram muito atuantes nessa frente.

Tudo bem, meu interesse não é argumentar contra as ideias de Bolsonaro ou mesmo as dos utópicos de esquerda. Quero apenas dizer que a posição missionária de Bolsonaro e do grupo intelectual que o inspira pode desencadear forças destrutivas. Quando o governo tem a pretensão de governar comportamentos, fica impossível achar um modus vivendi.

Isso influencia até a relação com o Parlamento. Bolsonaro, até agora, foi incapaz de organizar, quanto mais ampliar, sua base. Não fez um gesto republicano para a oposição.Na verdade, não ocupou e parece não ter querido ocupar o espaço do presidente de todos os brasileiros de dentro e fora do país.

Não adianta falar muito, apenas esperar que as forças destrutivas encerrem seu ciclo numa volta à realidade ou então num desastre. Grupos e mentalidades muito fechadas tendem a considerar as críticas como um esforço conspiratório, para minar a legimitidade do governo.

Como no castelo de Kakfa, havia uma porta aberta pela eleição. Bolsonaro não a encontrou. Não se perdeu no Twitter. Está perdido.
Herculano
01/04/2019 11:36
TRÊS MESES DE BOLSONARO, por Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo

A relação com o Parlamento e o viés da política internacional são um pedaço de um conjunto de movimentos arriscados

Há exatos três meses, Jair Bolsonaro tomou posse como presidente da República. Fez dois discursos em 1º de janeiro, um no Congresso e outro na Praça dos Três Poderes.

"Vamos valorizar o Parlamento, resgatando a legitimidade e a credibilidade do Congresso Nacional", afirmou a deputados e senadores.

"Vamos retirar o viés ideológico de nossas relações internacionais. Vamos em busca de um novo tempo para o Brasil e os brasileiros", disse a uma multidão, no palanque, logo depois de receber a faixa presidencial.

Sem surpresa alguma, Bolsonaro nada mais fez do que optar por um viés ideológico no governo - no caso o conveniente a ele - ao viajar para Israel em uma explícita estratégia de aproximação daquele país e alinhamento a Donald Trump nos EUA.

Um viés reforçado pela tolice delirante declarada e reafirmada pelo ministro Ernesto Araújo sobre a ligação de movimentos de esquerda com o nazismo. E sustentado pelo comportamento incessante do deputado e dublê de chanceler Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) nas redes sociais.

No discurso de posse, o presidente prometeu valorizar o Congresso. Em entrevista à TV Bandeirantes, na semana passada, comparou as duas cúpulas projetadas por Oscar Niemeyer a uma fábrica de salsichas.

Bolsonaro passou quase 30 anos nas fileiras do baixo clero da Câmara e indica não ter a mínima noção de como tratá-lo. Diz não querer alimentar a fome da velha política, mas não conta qual o segredo da nova nem como será capaz de obter votos para a reforma da Previdência.

A relação com o Parlamento e o viés ideológico da política internacional, dois exemplos tirados dos discursos de posse, são apenas um pedaço de um conjunto de movimentos arriscados do novo governo.

Há tantos outros em quase cem dias de gestão. Na Praça dos Três Poderes, Bolsonaro declarou que pela pela primeira vez o Brasil irá priorizar a educação básica. A única prioridade do Ministério da Educação até agora tem sido um desmanche sem fim nos primeiros escalões da pasta.
Herculano
01/04/2019 11:15
AS ESTRANHAS MENTES DOS HOMENS. INCOERENTE JUDICIÁRIO

É permitido sacrificar animais para cultos religiosos.

É proibido usar animais para experimentos que ampliam conhecimentos e salvam a vida dos homens.
Herculano
01/04/2019 11:12
DILMA PODE VIRAR 'BOLA DA VEZ' NA CPI DO BNDES, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A sentença de Lula, que completa o primeiro ano domingo (7), e a recente prisão de Michel Temer, fizeram lembrar que a sucessora do primeiro e antecessora do segundo continua escapando de fininho. Dilma foi acusada de envolvimento em corrupção nos primórdios da Lava Jato, quando o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró revelou seu aval, como presidente do conselho de administração, para a compra hiper-faturada da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

COMEÇO DO FIM
A sensação de impunidade pode mudar com sua intimação para depor na CPI do BNDES, pretendida pelo deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).

MUITO A EXPLICAR
A CPI do BNDES vai esmiuçar os financiamentos do banco no exterior, inclusive no governo Dilma, favorecendo sobretudo a Odebrecht.

QUADRILHÃO NA FILA
Dilma também foi denunciada por suposto envolvimento no "quadrilhão do PT", que é acusado de roubar R$1,5 bilhão dos cofres públicos.

CÚPULA DO PT
O juiz federal Vallisney Oliveira abriu ação penal em 2018 que promete emoções: a cúpula do PT é acusada de organização criminosa.

ESPECIALISTA EM COMÉRCIO DÁ NOVO SENTIDO A APEX
A posse do embaixador Mário Vilalva fez a Apex Brasil retomar o caminho do incentivo à exportação sem viés ideológico, como quer Jair Bolsonaro. Mas não tem sido fácil. Nos governos do PT e Temer, a Apex virou antro de militantes e solução para acomodar pessoas, em cargos de direção, que não fazem pálida ideia de comércio exterior. Bem ao contrário do diplomata: ex-diretor do Departamento Comercial do Itamaraty, Vilalva é um dos maiores especialistas do País.

EXPERIÊNCIA
O presidente da Apex foi embaixador em países de forte atuação em comércio exterior, como Chile, Portugal e Alemanha.

CABIDE PETISTA
A sede da Apex em Brasília foi usada para abrigar petistas ligados a José Dirceu e Franklin Martins, que muito mal fizeram à agência.

DEPONDO, SENHORAS
O deputado Kim Kataguiri (DEM) quer a CPI do BNDES convocando conhecidas figuras das páginas político-policiais, como Dilma e sua amiga Graça Foster, ex-presidente da estatal Petrobras.

AGORA COM RELATOR
Ministro da Economia e "Líder do Governo", Paulo Guedes já confirmou que vai à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara nesta terça (2). Terá de reunir três predicados: paciência, paciência e paciência. É que a turma minoritária, mas do barulho, promete tocar o terror.

O ESPÍRITO DA COISA
Ex-presidente da Embratur demitida antes de gastar R$290 mil em um jantar, Teté Bezerra adora viajar, dizem amigos. Deve ter achado que a Embratur não é órgão de fomento de turismo e sim agência de viagens.

AH, BOM
Em documento ao Supremo Tribunal Federal, procuradores de Curitiba sustentam que a criação do fundo R$2,5 bilhões a ser gerido por uma fundação da qual fariam parte obedecem as leis... dos Estados Unidos.

ANIMAIS
Está na agenda do Senado, terça (2), a discussão sobre o Estatuto dos Animais, na Comissão de Assuntos Econômicos. Dias após a polêmica liberação, pelo STF, de sacrifício religioso de animais no Brasil.

TEORIA DA CONSPIRAÇÃO
Militares adeptos da "teoria da conspiração" acreditam que um grande grupo, inconformado com o corte de verbas da publicidade, aposta no desgaste e no impeachment de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão em dois anos, e na eleição de Rodrigo Maia para o cargo pela via indireta.

PASSADO GLORIOSO
Pesquisa FGV indica que as décadas dos melhores resultados econômicos para o Brasil foram 1951-60 (crescimento de 7,4%) e 1971-80 (8,6%). Os anos 1980 foram a década perdida.

PERRENGUE DA PREVIDÊNCIA
Amanhã (2) completam-se 28 anos desde a criação da CPI da Corrupção da Previdência. Isso equivale a 7 mandatos presidenciais. Até hoje ninguém conseguiu mudar, de fato, o sistema previdenciário.

PENSANDO BEM...
...primeiro de abril deveria ser consagrado o Dia do Político.

BRASIL SE ALIA À ÚNICA DEMOCRACIA DO ORIENTE MÉDIO
Desembarcando em Israel para sua visita oficial, o presidente Jair Bolsonaro cria a oportunidade de iniciar uma correção de rumo, após o erro grosseiro do Brasil de hostilizar o único país democrático no Oriente Médio, região dominada por regimes autoritários, da ditadura da Síria à teocracia do Irã, além as monarquias absolutistas. Israel democrático representa um incômodo e a denúncia dessas tiranias.
Herculano
01/04/2019 11:04
CONSTRUIR, NÃO DESTRUIR, por Eliane Cantanhede, no jornal O Estado de S. Paulo

Guerra contra o establishment significa ataque ao Legislativo, ao Judiciário e à mídia?

Muita coisa começou a fazer sentido quando o jovem Filipe Martins, assessor internacional da Presidência e amigo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, publicou no Twitter: "O establishment acusou o golpe. Eles estão com medo. É hora de continuar batendo no sistema sem parar, sem precipitar e sem retroceder".

O que é o "establishment" a ser combatido? O Congresso, o Supremo e a mídia independente. Isso lembra alguma coisa? Sim, lembra a Venezuela de Hugo Chávez, com sinal trocado.

Chávez, coronel da reserva do Exército, aliou-se às Forças Armadas e a parte da esquerda para combater o establishment e implantar um regime ao seu gosto. Bolsonaro, capitão da reserva, atraiu os militares, a direita e os conservadores para criar uma "nova era".

Logo, não se trata de direita e esquerda. Em duas democracias cheias de problemas e vícios, a liga política pró-Chávez e pró-Bolsonaro foi possível em torno de costumes, nacionalismo e combate à corrupção. Só que a guinada aqui conta com um arsenal de guerra mais poderoso que os Sukhoi russos de Chávez e Maduro: as redes sociais.

A destruição da Venezuela começou com ataques frontais e uma intensa propaganda contra parlamentares, funcionários, ministros da Alta Corte, jornalistas, e aqui tudo isso é ainda mais rápido, mas as instituições são mais sólidas. Lá, não sobrou nada. A Venezuela vai demorar décadas para se recuperar.

Como Chávez, Bolsonaro também se alia estrategicamente com o capital e as forças de combate à corrupção. Entram aí as figuras decisivas de Paulo Guedes e Sérgio Moro, que são legítimos integrantes do establishment, mas ampliam aliados e conferem grandeza e bons propósitos ao regime.

Guedes é um economista liberal que passou a vida ao largo do setor público e está determinado a repor o Brasil nos trilhos do desenvolvimento. Moro é um juiz que atuou sempre no setor público e se apegou à chance de ampliar a Lava Jato para nível nacional e contra o crime organizado.

Desde a campanha, o economista Pérsio Arida, um dos cérebros mais brilhantes de sua geração, já questionava como poderia funcionar a aliança Bolsonaro-Guedes. O histórico do agora presidente expõe uma alma corporativista, estatizante e nacionalista à antiga. Já seu ministro da Economia é o oposto: liberal, privatizante, globalizante.

Logo, não é surpresa Bolsonaro despejar a reforma da Previdência no Congresso e lavar as mãos, enquanto Guedes se esfalfa com o deputado Rodrigo Maia, outro liberal do establishment, para fazer a reforma acontecer e "salvar o futuro dos nossos netos".

Quanto a Moro, ronda uma dúvida: a Lava Jato, que foca políticos, partidos e grandes empresários, está em que lado dessa guerra dos bolsonaristas contra o establishment? Vai manter sua ação contra vícios, métodos, desvios e seus agentes, ou vai usar sua ação para engrossar o exército de Bolsonaro, seus filhos, gurus, apadrinhados e soldados da internet contra o Judiciário, o Legislativo, a mídia?

Moro é caladão, discreto, determinado, mas é um atento observador e acaba de orientar "os meninos" a baixarem a bola para a Lava Jato não assumir um lado nessa guerra. Os meninos são os procuradores, à frente Deltan Dallagnol.

Se há um exército contra as instituições, surge outro para protegê-las. Quem tem discernimento nos dois lados quer mudança, mas sem implodir Congresso, Judiciário, mídia. A reação de Rodrigo Maia contra ataques à política não é pessoal, é institucional. Ao resistir às crescentes agressões a ministros, Dias Toffoli blinda o Supremo. E Moro defende negociação: "Precisamos construir, não destruir. Ou nos unimos na beira do precipício ou nos encontramos juntos no fundo do abismo".
Herculano
01/04/2019 10:54
JESUS QUERER DESCANSAR NA SUA CASA É DEUS PARANDO PARA TOMAR UMA CAFEZINHO, por Luiz Felipe Pondé, filósofo e ensaísta, no jornal Folha de S. Paulo

Só iniciantes acham que conhecer Deus diretamente é ficar babando em cima Dele

A busca do conhecimento de Deus é um clássico. Muita gente de peso já escreveu sobre isso. As críticas que gente como Marx, Freud, Nietzsche, Feuerbach e Spinoza fizeram à religião são coisa séria, tanto que a grande teologia as assimilou e tenta reagir a elas até hoje.

Nem os darwinistas podem provar que Deus não existe. Nem os religiosos podem provar, tampouco, que Ele exista. Deus é uma variável sem controle experimental. Você até pode entender que há motivos racionais para crer em Deus, mas, creio eu, tendo para a posição protestante que considera a fé como o caminho mais reto para Deus. Esse "erro" protestante é chamado de "fideísmo" pelos católicos cultos. Céticos como Montaigne, no século 16, incorreram nesse "erro", apesar de católico.

Hoje quero falar de mística: o conhecimento direto de Deus. Esse tema também tem um vasto campo na fortuna crítica especializada.

O próprio termo "mística", segundo o maior historiador da mística cristã vivo, Bernard McGinn, nem sempre significou pessoas que conhecem Deus diretamente. O sentido, originalmente grego (escondido, misterioso), já serviu para descrever camadas ocultas do texto bíblico e as transformações que o conhecimento dessas camadas causam em quem as conhece a fundo, enfim, um longo trajeto. No cristianismo, só cerca de 1.500 anos atrás, grosso modo, chegamos ao sentido de pessoas que conhecem Deus diretamente.

Ainda que o termo só se estabilize como pessoas que conhecem Deus diretamente ao redor do século 16 espanhol e 17 francês, já na idade média (entre os séculos 12 e 15) temos relatos de muitas mulheres e homens que descreviam essa espécie de conhecimento -alguns deles e delas arderam na fogueira por isso.

Um desses homens foi o filósofo Meister Eckhart (Mestre Eckhart) que, provavelmente, morreu em 1328 nalgum lugar na sua Alemanha de origem (que, claro, não existia como unidade nacional na época).

O Meister, como é chamado por quem se dedica ao seu estudo, foi condenado pela inquisição em março de 1329, mas já estava morto. A acusação era justamente de pregar em língua vernácula sobre temas difíceis, como o conhecimento direto de Deus, para pessoas ignorantes, principalmente mulheres, que o seguiam aos montes entre Estrasburgo e Colmar, na França, onde ele viveu alguns anos.

Dentre seus textos mais famosos, um sermão em língua alemã medieval salta aos olhos por conta da definição de intimidade com Deus que ele dá. O conceito usado por ele é "desprendimento", estado da alma que, verdadeiramente, tem intimidade com a divindade (ou Deidade, como muitos místicos alemães diziam na época). Desprender-se de tudo, inclusive de si mesmo, em termos contemporâneos. Esse tema aparece, ainda que de forma tosca, no blábláblá de "desapego" hoje.

No Evangelho, é famosa a passagem em que Jesus visita as duas irmãs Marta e Maria, suas amigas. Ao chegar à casa delas, elas são tomadas por uma profunda alegria, já que elas o viam como o Messias. Era, portanto, um luxo, um privilégio, Jesus, o Cristo, parar na casa delas pra descansar de sua atribulada vida pública.

Muitas viagens a pé, muitos atendimentos a necessitados, muita gente atrás dele, afinal de contas. Isso sempre cansa. Lembremos que para o cristianismo posterior, Jesus querer descansar na sua casa é Deus parando pra tomar um cafezinho que você fez!

Segundo o relato do Evangelho, Maria, a caçula, fica aos pés de Jesus contemplando sua beleza (a mulherada devia mesmo babar em cima dele) e se põe a lavar seus pés, que deve ter sido uma delícia mesmo para ele. Jesus gostava das mulheres. Aposto que Jesus deve ter adorado isso. Marta, a mais velha, corre pra fazer um cafezinho e lhe oferecer algo, uma água, um suco.

Sempre se entendeu que Maria aproveitou melhor a visita porque ficou contemplando a beleza de Jesus, e Marta se perdeu querendo oferecer um café para Deus. Mas, o Meister inverte a lógica e se pergunta: afinal, quem tem intimidade profunda com alguém fica parado babando na pessoa quando ela aparece ou corre pra servir a ela o seu "cotidiano", sem se prender a êxtase nenhum?

Ter intimidade com Deus para o Meister não era ficar paralisada diante da Sua beleza, mas sim trocar uma ideia com Ele, fazendo um cafezinho na cozinha, lavando uma louça. Certa feita, um abade trapista (ordem religiosa que vive em silêncio), amigo meu, me disse a mesma coisa - só iniciantes acham que conhecer Deus diretamente é ficar babando em cima Dele.

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