05/12/2019
Não vou repetir o que noticiei em primeira mão – no portal do Cruzeiro do Vale, na sexta-feira da semana passada - e quase toda a outra imprensa de Gaspar só deu a notícia três dias depois, apesar dela ter acesso, no mesmo tempo, naquilo que tive. Está instalada – para os incrédulos da cidade e os “çabios” do paço, a Comissão Parlamentar de Inquérito. Foi pedida por cinco vereadores contra o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, por supostas irregularidades – de todos os tipos - cometidas nas obras inacabadas da Rua Frei Solano. Elas se arrastam cheias de dúvidas. Ao mesmo tempo prejudicam os moradores e comerciantes, há mais de um ano e para um trecho de menos de 1.400 metros. Ao poupá-los dos da repetição dos fatos, vou lhes escrever sobre vingança, falta de transparência, esperteza e as consequências desastrosas de tudo isso. Elas, na verdade, são resultados da centralização do governo pelo prefeito de fato, ex-coordenador da campanha, presidente do MDB local e secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira.
Só se colhe o que se planta. O governo de Kleber é centralizador, amador – correu com todos os poucos profissionais que ousaram passar por aqui -, politiqueiro – não faz aliança, mas coopta e sufoca; é ineficiente, impõe e acima de tudo, é vingativo. Criatividade? Só na propaganda enganosa e ufanista que produz, bem como para desmoralizar quem coloca o dedo nas feridas do governo. Primeiro Kleber pediu um tempo para mostrar a que veio. Depois culpou o suposto legado de problemas dos governos petistas – mesmo sendo eleito justamente com o discurso de mudar e superar os problemas - todos conhecidos antecipadamente; foi essa expectativa que vendeu para vencer. Agora, acha-se perseguido (?). Esticou a corda. Pagou para ver. Na verdade, o governo Kleber está embrulhado nos seus próprios erros, na falta de prioridades, nas escolhas erráticas que fez, na falta de coordenação, liderança, um projeto de governo e principalmente, transparência. E na hora de colher para se reeleger – já chegou a dizer na rádio 89 FM que não sabe se será candidato - está com a pior imagem possível. Atraiu o olho do Tribunal de Contas – depois de se livrar das fiscalizações do Ministério Público local-, está sendo cozido numa Ação Popular que pode lhe complicar, e agora, uma CPI e que pode não ser a única. Esta CPI, de verdade, só vai funcionar no ano que vem, exatamente quando Kleber deveria estar mostrando conquistas para se consagrar nas urnas. Mas, estará sangrando.
E tudo isso acontece quando Kleber não possui até aqui um adversário de fato instalado contra si na praça para outubro do ano que vem. Contudo, poderá aparecer e crescer conforme o desfecho da CPI e fora do PT, numa terceira via para barrar esse Fla-Flu. A diferença entre o veneno e o remédio está na dose. Kleber, e os seus, claramente estão errando na dose; e faz tempo. Numa época de redes sociais abertas, aplicativos de mensagens sem controle, Kleber e sua equipe de jovens como se vendem até hoje – estão como aquele rei: nu. Quiseram impor censura, fizeram escolhas particulares, negaram-se à transparência e ao contraditório. Pior: estabeleceram-se na vingança como nos tempos antigos e dos coronéis de quem são alunos. Como dizia o mineiro Tancredo de Almeida Neves, ex-primeiro ministro e quase presidente do Brasil, “quando a esperteza é muita, ela come o dono”.
E parece que a esperteza dos jovens terá um preço; tomara que venha acompanhado de aprendizado. Entortaram o que era simples e óbvio. Dionísio Luiz Bertoldi, PT, morador do bairro, pediu explicações técnicas sobre as obras Rua da Frei Solano. Sonegaram. Sabiam o que faziam. E ainda se divertiram via redes sociais. Desprezaram um poder independente – o Legislativo e que constitucionalmente é o fiscalizador do Executivo. Era preciso intimidar contra os reclamantes e até criar revanche contra quem noticiava o problema? E mais: obrigado judicialmente, o prefeito – possivelmente “bem” orientado por seus “çabios” – fingiu que respondia desafiando à própria ordem judicial no mandado de segurança. E em essência, é disso que se baseia a CPI. Se não tinha algo a esconder como sempre alegou, brincou com a corda e agora vai usá-la para fazer mais malabarismos, sem saber o resultado do espetáculo. Se não tinha algo a esconder, qual a razão de fazer o blocão de última hora para abafar a CPI? Aí tem! E muitas coisas. A fogueira estará ardendo no tempo errado: o da campanha política. Quem mesmo – que não possui votos - orienta ou manda em Kleber? E se por acaso alguém inventar uma CPI da Saúde Pública, muitos no governo ficarão doentes. Acorda, Gaspar!
O Exame Pisa mostrou o quanto desastroso é o básico do nosso ensino, se comparado a outros países. Uma das constatações é que os estudantes não conseguem diferenciar fatos de opinião. Isso já se sabia há muito aqui. E de gente que se diz formada em jornalismo em discursos fantasiosos para leigos.
Pensando bem. Como ficará essa gente que enfraqueceu seus partidos e se agarrou, por conveniência, ao governo Kleber se a CPI revelar problemas técnicos, operacionais e administrativos graves com as obras da Rua Frei Solano?
Não se deve esquecer que o PP do mais longevo dos vereadores e presidente do Samae, José Hilário Melato, é um dos principais protagonistas das dúvidas das obras da Frei Solano. Melato, lava as mãos e diz por aí, que fez o que pediram. Será que instado na CPI dirá isso?
Tanto que nas manobras feitas por Kleber, estão as de proteger Melato e assim impor dificuldades à CPI. Por isso, o suplente José Ademir de Moura saiu PSC e se filiou ao PP de Melato. Poderá haver desdobramentos e até trazer o presidente do Samae de volta para a Câmara mais cedo do que previa.
Cinco vereadores assinaram a CPI. Era uma orientação técnica da Câmara. Depois ficou provado que é necessário somente quatro. Antes, a CPI seria composta por cinco titulares e dois suplentes. Feitas as contas: somente quatro titulares e dois suplentes.
O blocão com o MDB, PP, PDT e PSDB e liderado pela tucana Franciele Daiane Back foi criado na última hora para enfrentar a minoria na Câmara e para que ela fosse maioria na CPI. Sem o blocão, uma vaga seria do MDB, uma do PT, uma do PSD e uma do PSC, ou seja: três a um contra Kleber. Agora serão duas do blocão, uma do PT e uma do PSD. Entenderam?
Dessa forma, os autores vão ter que dividir à presidência e relatoria da CPI. Tudo ficará mais difícil. E o desgaste de Kleber? Virá com o palanque armado exatamente para denunciar as chicanas, espertezas e manobras do pessoal do governo contra a CPI.
O diretório do MDB de Gaspar toma posse em Pomerode. A promoção do comércio do Centro de Gaspar é no Distrito do Belchior que não se identifica e nem ônibus tem para tal... Tempos esquisitos estes.
Quinta-feira é o Dia da Traição. Será a eleição da mesa da Câmara de Gaspar. O atual presidente Ciro André Quintino, MDB, caminha para a reeleição, depois que o candidato articulado por Kleber, o líder do MDB, Francisco Hostins Júnior, disse ser eleitor de Ciro.
Escaldado, Hostins tem dito que ajuda mais o governo Kleber, principalmente nestes tempos de agonia, na tribuna do que na presidência. Além disso, ele viu o quanto pé frio é Kleber nesta questão: os candidatos dele Franciele Daiane Back, PSDB, e Roberto Procópio de Souza, PDT, perderam respectivamente para Silvio Cleffi, PSC, e Ciro.
O problema de Ciro está em quem o elegeu: a oposição. Está desconfiada dele. Acha que manobra para atrapalhá-la na CPI. Ciro, nega. Mesmo assim, os oposicionistas andam desconfiados dele. Vigiam às trocas de favores com o Executivo para não ser um dissidente em outubro do ano que vem.
Ciro, todavia, não depende de Kleber para a sua reeleição à presidência da Casa, é um político populista hábil e articulado dentro da Câmara. E ele diz saber onde o calo está doendo neste momento.
Outra: a eleição de quinta-feira será com voto aberto pela primeira vez na história da Câmara. Ufa! Acorda, Gaspar!
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