04/10/2018
Da esquerda para a direita os vereadores Roberto Procópio de Souza, PDT, Silvio Cleffi, PSC e Franciele Daiane Back, PSDB)
Armando o jogo I
Coçar e trair, é só começar. O MDB e o PP retomaram nos bastidores, às negociações para voltarem a ter a maioria mínima na Câmara. Eles perderam em dezembro do ano passado, quando o aliado, evangélico e político de primeira viagem, o médico e funcionário público, Silvio Cleffi, PSC, “surpreendentemente” – apesar desta coluna ter antecipado esse resultado - foi eleito presidente. Silvio desbancou o jogo de cartas marcadas por meses e que dava à “aliada” e mais jovem vereadora de Gaspar, Franciele Daiane Back, PSDB, como certa e virtualmente eleita pela situação, então com sete dos 13 votos. Fazia-se assim a vontade do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Estavam todos lá, com cônjuges inclusive, para comemorar. Pasmos e constrangidos, assistiram à derrota e os discursos comemorativos dos vitoriosos.
Armando o jogo II
A bancada de Kleber e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, era composta pelo mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, e que foi parar na presidência do Samae, cedendo a vaga para Ademir José de Moura, PSC; por quatro vereadores do MDB – Ciro André Quintino, Francisco Hostins Júnior (líder do governo), Francisco Solano Anhaia (líder do partido) e Evandro Carlos Andrietti; um vereador do PSC, Silvio e um do PSDB, a Franciele – sem o aval do diretório até agora, mas numa decisão pessoal da própria vereadora. A então a minoritária oposição tinha seis edis. Três petistas: Rui Carlos Deschamps, Dionísio Luiz Bertoldi e Mariluci Deschamps Rosa; dois do PSD: Cícero Giovane Amaro e Wilson Luiz Lenfers; além de um do PDT, Roberto Procópio de Souza.
Armando o jogo III
Roberto foi o “artífice” para a virada de mesa em dezembro do ano passado. Agora, ele articula outra “virada”. Ou seja, de qualquer lado que ficar, Roberto se posiciona para se dar bem. Isso já causou mal-estar entre os oposicionistas. E para complicar, agindo nos bastidores e aproveitando uma oportunidade, Kleber rachou o PSD, com a suplente Marisa Isabel Tonet Beretta, evangélica, exatamente no lugar do mais combativo oposicionista e funcionário público, Cícero e que estava licenciado para a campanha eleitoral. Nos planos que se armam, a compensação virá com nomeações de gestores indicados pelo PDT em pontos chaves da área de Planejamento e de Obras. Em outra ponta, ainda não completamente fechada, Wilson Lenfers deixaria de ser oposição. E por que disso? Para enfrentar uma possível reação do fogo amigo dentro do MDB chamado Ciro – e que já foi o presidente. Ele não quer ser só vereador a vida toda.
Armando o jogo IV
O governo de Kleber e Luiz Carlos, só está comendo o pão que o diabo amassou com a minoria na Câmara porque foi inábil, arrogante e se negou por sob controle esse assunto. Tudo para sustentar a candidatura de Franciele a presidente da Casa. O mote da campanha dela? “Ser a primeira mulher presidente da Câmara de Gaspar”. Esqueceu de dialogar, garantir votos. Incrível! A antiga lista de presidenciáveis era Ciro (já foi), Francielle (rifada), um do MDB e finalmente, a possibilidade de Silvio. Todavia, o pessoal do paço, incluindo o Melato, não garantiu isso. Silvio virou bicho! A oposição percebeu e fez o pacto para lhe dar a presidência. Na “nova” lista de presidenciáveis que se arma está Roberto substituindo Silvio e o MDB fecharia em 2020. Com as amarrações que se tentam agora, Roberto continua posicionado nos dois lados. Parte das eleições gerais termina no domingo. E ela vai mostrar quem é quem nesse novo jogo de forças. Ela poderá influenciar nas escolhas da nova mesa da Câmara e se o governo Kleber vai conseguir recuperar a maioria que perdeu este ano no Legislativo, para assim destravar algumas ideias e projetos vitais à reeleição. Acorda, Gaspar!
Neste domingo o povo, de fato, é o governante. Dono do seu destino. Afinal o poder emana do povo, diz a Constituição Cidadã. E o poder é o voto. Após a apuração dos votos livres e soberanos num ambiente democrático, o povo será governado pelos eleitos. É aí que recomeçam os nossos problemas...
Não tem jeito. Quem está atrás nas pesquisas eleitorais sempre reclama. Diz que elas são manipuladas, fraudadas. Chororô antigo e manjado. Agora, o Brasil inaugurou outro tipo de reclamação: o de quem está na frente. Domingo será dia de conferir o tamanho da bravata.
Pensando bem, o mundo mudou. A comunicação muito mais. E o consumidor então está irreconhecível. A premissa de que a propaganda é a alma do negócio, caiu literalmente por terra.
Henrique Meirelles, foi de longe a melhor e a mais inteligente propaganda desta campanha eleitoral. As pesquisas mostram que ninguém vai chamá-lo para tocar o Brasil. O MDB – o eterno gigolô do poder e quando governou fez o pior - acabou com a credibilidade do Meirelles.
Nem o “novo”, foi capaz de seduzir os que sempre pedem mudanças, que é preciso acabar com os políticos tradicionais e botar no poder gestores de reconhecida capacidade técnica.
João Amoedo, do Novo, provou isso. A maioria dos eleitores preferiu o velho – que elege poste e coordena a campanha da cadeia - e outro - que está no parlamento há 27 anos -, mas diz que o sistema e o meio (urna eletrônica) que o elegeu tanto tempo, é uma fraude.
Outra premissa que caiu por terra: a exposição da TV e do rádio. Geraldo Alckmin, PSDB, foi de longe o que mais teve tempo de tevê e rádio. Quem está na frente, é quem praticamente não teve tempo sequer para dizer o seu próprio nome.
Aliás, o PSDB com 50 milhões de votos não entendeu o recado da derrota para Dilma Vanna Rousseff, PT, 54,4 milhões de votos em 2014. O PSDB recebeu dos brasileiros um mandato para ser oposição. Não fez isso, não se renovou, não se uniu e não se limpou. Perdeu o mandato que ganhou com àquela eleição.
Essa história é de Gaspar. Os tucanos perderam a corrida para a prefeitura. E na mesma noite da apuração, a única vereadora eleita pelo PSDB recebia a visita do prefeito eleito, e fazia um acerto de apoio aos vencedores, de forma pessoal e à revelia do partido.
Esta “aliança” já lhe custou a eleição prometida para presidência da Câmara. E poderá ser ainda mais doída. Basta falhar a reurbanização da Rua Bonifácio Haedchen – como já falhou no governo de Pedro Celso Zuchi, PT. É a tal síndrome dos vereadores do Belchior que não se reelegem.
A velha mídia integrada pelos jornais, rádios e TV – tão vigiada pelas leis -, foi simplesmente substituída e perdeu a importância nessas eleições para as redes sociais e os aplicativos de mensagens, recheados de verdades e escrachados fake news. Todos os políticos expostos. E ninguém processando por isso. Se fosse num jornal, numa coluna...
Esta coluna não recebeu nenhum candidato e não promoveu nenhum candidato nesta primeira parte das eleições. Afinal é uma coluna séria, não enche linguiça e sobram assuntos sérios para debater com a comunidade
E são esses assuntos que os políticos detestam e acham que em tempo de caça a votos, onde tudo é lindo – só na ótica deles - a imprensa deve ser uma extensão de propaganda gratguita daquilo que nunca fizeram. Nesta época, a imprensa que até processam, os políticos a querem para dádiva de suas manias, manhas e interesses.
Não se esqueçam no domingo. Os políticos tiraram na mão grande, R$1,7 milhão da saúde repleta de carências e filas, quando não se morre; das creches, das escolas, da segurança pública e de obras, como a duplicação da BR 470. Tudo para pagar a campanha deles.
Como sempre escreve um assíduo leitor da coluna e de Brasília, Miguel José Teixeira: “não perca a peleja; não realeja”.
É extremamente perturbadora a disseminação pelos políticos e poderosos daqui que eles possuem sob controle a polícia, o Ministério Público e o Judiciário. Meu Deus!
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).