Como na reforma administrativa, Kleber mandou um projeto para a Câmara informando economia para o caixa da prefeitura. Mas, quando se fez a prova dos nove, viu-se que a conta era diferente. - Jornal Cruzeiro do Vale

Como na reforma administrativa, Kleber mandou um projeto para a Câmara informando economia para o caixa da prefeitura. Mas, quando se fez a prova dos nove, viu-se que a conta era diferente.

11/09/2019

Afinal, como pode se economizar criando mais vagas?

Outra! Kleber queria liberdade para fazer remanejamentos internos por canetaços em um ano de pré-campanha eleitoral.


O vereador Rui Carlos Deschamps, PT, (à esquerda), travou duas importantes pegadinhas na criação de cargos e ampliação de vagas na prefeitura de Gaspar. Mesmo assim, os vereadores Cícero Giovane Amaro, PSD, (centro) e Sílvio Cleffi, PSC (à direita), acharam essas travas insuficientes e votaram contra o projeto e que aprovado na Câmara.

Poucos – e nada na imprensa, como sempre, e mais uma vez - deram importância para o Projeto de Lei Complementar número 4. Ele deu entrada na Câmara em julho. Até mesmo o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Gaspar – o Sintraspug - ficou quieto. Ele foi provocado em duas oportunidades pelos ofícios do relator geral da matéria na Câmara, Rui Carlos Deschamps, PT. Nenhuma resposta. “Não entendi isso”, reclamou Rui na tribuna.

Pior de tudo. O PLC estava mudando a polêmica Lei Complementar nº 80, de 2 de agosto de 2017 – a da Reforma Administrativa – que próprio prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ela é recente, então. E foi aprovada sob desgastes na Câmara antes do prefeito perder a maioria no final daquele ano, quando Silvio Cleffi, PSC, sua cria política e ex-aliado, foi eleito presidente.

Àquela Reforma era para se diferenciar do governo anterior, o de Pedro Celso Zuchi, PT, mas também era para concentrar mais poderes na secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, unindo duas secretarias do prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, MDB, e para “economizar” aos cofres públicos, o que de fato não aconteceu como se provou no debate sobre a matéria. Novamente, este PLC favorecia a secretaria de Pereira.

O PLC só foi aprovado agora com as alterações propostas pelo Rui. Isto aconteceu na terça-feira da semana passada, com os votos contrários de dois funcionários públicos, os vereadores Sílvio Cleffi, PSC, que não concordou com a extinção do cargo de Diretor Técnico em Saúde – uma das economias para se ampliar vagas - e por Cícero Giovane Amaro, PSD, segundo ele pelo conjunto da obra. Os demais vereadores, incluindo os do PT, aprovaram a matéria com a redação final de Rui.

O QUE A PREFEITURA QUERIA MUDAR E MUDOU?

No gabinete do prefeito e do vice-prefeito ampliou-se uma vaga de coordenador e criou-se o tal diretor de Gabinete para, segundo a justificativas, as coisas funcionarem por lá. Então não houve economia.

Na secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa criou-se duas vagas do Coordenador de Serviços, e se eliminou uma vaga da função gratificada de Encarregado de Atendimento. E agora para ser Assessor de Gestão Pública na secretaria não é mais preciso ter o curso superior ou pós-graduação no campo da administração pública, ou seja, rebaixou-se à qualidade para se preencher o cargo.

A outra proposta da mesma secretaria cheira à vaidade e cria, segundo especialistas. Ela abre brecha para a busca na Justiça de equiparações, na tal isonomia administrativa. O Diretor de Compras e Licitações agora é Diretor-Geral de Compras e Licitações. E sabe por que? Porque outros setores da Secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa já contam com uma Diretoria-Geral, como a Diretoria-Geral de Gestão de Pessoas, Diretoria-Geral de Contabilidade e Diretoria-Geral de Finanças. Bonito isso!

E para contrapor o que se aumentava em recursos financeiros com a criação de novas vagas e mudanças de nomenclaturas e que sempre são acompanhadas de acréscimos nos vencimentos, cortou-se o cargo de Diretor Técnico em Saúde, da secretaria de Saúde, a que não possui problemas, certamente.

O QUE A PREFEITURA QUERIA MUDAR E NÃO MUDOU I?

Igualar o assessor Jurídico do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Gaspar – Samae -, à sua referência e nível de Consultor Jurídico previsto no quadro da Procuradoria-Geral. Mas, com um maroto detalhe: sem extinguir o cargo de assessor jurídico no Samae. Reserva de vaga para um futuro assessor já tendo um “consultor”? E por que dessa mudança de nomenclatura? Devido à similaridade das atribuições de ambos os cargos, justificou o prefeito no Projeto que enviou à Câmara.

Perguntar não ofende: só descobriram isso agora? Ou é uma pegadinha para criar uma isonomia, com mais despesas para o contribuinte? A própria Câmara já experimentou isso quando precisou solucionar o impasse criado por um concurso autorizado pelo então presidente da Casa e hoje presidente do Samae, José Hilário Melato, PP. O presidente da Câmara que fez as pazes com a pressão interna, Ciro André Quintino, MDB, com a bucha na mão, e para não contrariar os servidores, reduziu à obrigação de se trabalhar 40 para 30 horas e manteve os salários dos que passaram em concurso para trabalharem apenas 30 horas os de 40 horas como padrão da assessoria da Casa? Fácil, né? O dinheiro é de todos nós para cobrir os erros e jogada dos políticos e gestores públicos

E qual foi a razão da preocupação de Rui nesta questão?

É impossível que a Procuradoria Peral do município com mais de uma dezena de advogados especializados, desconheça que o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a irredutibilidade de vencimentos dos servidores públicos, prevista no art. 37, inc. XV, da Constituição, aplica-se também aos servidores que exercem cargo em comissão. Para produzir a tal “economia” na criação de cargos e ampliação de vagas, o PLC queria diminuir os vencimentos do tal assessor jurídico de R$ R$ 12.268,27 para R$ 6.242,88, como consultor, mas mantendo o cargo de assessor na estrutura da autarquia.

Isso não pode. Então, para não haver dúvidas, a emenda de Rui e que foi aprovada pelos vereadores. Extinguiu, no Samae, o cargo de Assessor Jurídico, aceitando a criação do tal consultor com vencimento menor. Só falta a prefeitura agora manter a mesma pessoa que está lá como assessor jurídico.

O QUE A PREFEITURA QUERIA MUDAR E NÃO MUDOU II?

Kleber e os seus queriam mudar o artigo 49 da Lei Complementar nº 80. O que a nova marota redação manobrava? “O servidor ocupante de cargo em comissão ou de função gratificada de quaisquer órgãos da Administração Pública municipal poderá ser convocado, mediante ato do Chefe do Poder Executivo Municipal, para ter exercício no Gabinete do Prefeito, nas Secretarias Municipais, na Procuradoria-Geral do Município, em Autarquias ou Fundações Municipais, mantendo a lotação de origem”.

Convocado? Hum! É ruim, heim?

Não colou a manobra. “Entendemos, contudo, que essa liberalidade poderia facilmente configurar desvio de função ou de finalidade, ferindo o art. 37 da Constituição Federal”, fulminou o parecer do vereador Rui, que nasceu da assessoria jurídica da Câmara. E a emenda do Rui a eliminou. “Caso contrário estaríamos legalizando o desvio de finalidade na administração municipal de Gaspar”. E assim, passou o PLC. Para Cícero, a retirada de tal dispositivo foi uma alforria ao servidor que poderia ser usado, ser feito de joguete e até perseguido pela gestão de plantão. Acorda, Gaspar!

Registro 1

Adilson organiza as comemorações do Dia do Veterinário em Gaspar

Polêmico como político, sim! Mas, obstinado por resultados, também. Programado para atrair 50 profissionais, acadêmicos e convidados, sob a coordenação do médico veterinário, Adilson Luiz Schmitt, ex-prefeito de Gaspar, o evento na segunda-feira no Raul’s simplesmente mais que dobrou.

O encontro foi para marcar o Dia do Médico Veterinário na cidade e vizinhanças. Nele foi apresentado o Projeto de apoio ao abrigo para cães do Rotary Club a jornalista Danielle Fuchs palestrou sobre Marketing Digital e Mídias Sociais. Presentes entre outros a presidente da Cidasc, Luciane Surdi, o Presidente do CRMV SC, Marcos Neves, o Secretário da Somevesc Peter Burger, o Secretário de Agricultura e Aquicultura de Gaspar, André Pasqual Waltrick, PP, o Presidente da Câmara Municipal Vereador Ciro Quintino, MDB.

Foram feitas duas homenagens comemorativas aos 50 anos do Conselho: a Renato Beduschi e ao Presidente do CRMV SC Marcos Neves. Como ação social foram arrecadados mais de 250 kg de alimentos não perecíveis que foram doados para a APAE de Gaspar no final do evento.

Registro 2

Gasparense do Belchior é parte da história do impeachment contra Dilma e do filme-documentário do MBL

“Não Vai Ter Golpe”, teve pré-estreia nacional na segunda-feira, dia dois de setembro. E bomba em meio a aplausos e controvérsias, até mesmo entre os que estavam unidos pela mesma causa: a derrubada de um governo que desempregava milhões, afundava o Brasil no âmbito econômico e ético. Normais esses questionamentos aos que respeitam e convivem com a pluralidade de ideias.

Segundo o Movimento Brasil Livre, ou simplesmente MBL, que conduz o seu próprio documentário “é a primeira produção a se contrapor às que reforçam a narrativa do PT para o episódio”. Foi um movimento de rua, como tantos outros, feito de jovens, conservadores ou de direita ou de gente que simplesmente achava que a tampa da chaleira tinha que ser retirada. A ruptura, elegeu um anti-político, que hoje se revela estar fora dos padrões de mudanças desejadas, Jair Messias Bolsonaro, PSL. Hoje, o MBL diz não se envergonhar do que fez, mas ao mesmo tempo não é um peão nas mãos dos que estão concentrando poder familiar, fazendo acordão para não passar o Brasil a limpo como se prometeram e se queria, principalmente contra a corrupção. Até usar e fritar o juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, está se fazendo depois de aboletado no poder.

O MBL lança o seu filme documentário exatamente quando ele próprio está sendo questionado no seu alinhamento parcial com o governo. Até o seu posicionamento liberal, a agenda que mais avança com Bolsonaro e principalmente com Paulo Guedes, não tem sido do gosto do MBL. Ele queria mais liberalismo, menos estado, o que consome os nossos pesados impostos, a maioria em privilégios para castas de políticos e servidores públicos nos tais direitos adquiridos. E está certo!

Como tudo muda, o MBL está em fase de expiação em relação ao governo de Bolsonaro e de encontrar o seu caminho próprio como movimento. Não está descartada até mesmo ele se transformar em um partido político. Ao contrário do “Vem prá Rua”, o MBL ocupou espaços partidários, e para isso, vem usando majoritariamente o DEM. E sua estrela referência nesse campo de atuação legislativa nacional é o deputado Federal por São Paulo, Kim Kataguiri.

O filme, que assisti, é uma narrativa. Ela se assemelha aos fatos históricos seculares que um dia mudaram o curso da história. E no MBL, Santa Catarina teve participação nesta mudança. Nela se destaca um gasparense, o microempreendedor na área de Tecnologia da Informação, do Distrito do Belchior, o Paulo Filippus. Ele também é filiado ao DEM e é suplente de vereador. Aliás, foi o DEM em coligação com o PSDB, quem elegeu a Franciele Daiane Back, também do Belchior, e que sempre esteve bem distante desse tipo de movimento.

O documentário é um contraponto à narrativa “propagada pelo PT e seus aliados e turbinada por filmes como Democracia em Vertigem, da cineasta Petra Costa, e O Processo, de Maria Ramos, a narrativa do golpe ganhou eco na academia e na arena artística e cultural, no Brasil e no exterior, como se o processo legal não tivesse seguido todos os ritos institucionais de acordo com as regras do jogo”, como afirma um texto extraído sobre o filme do MBL do jornal O Estado de S. Paulo.

“Não vai ter Golpe” pode ser assistido no Net Now, iTunes, Google Play, Vivo Play e Looke. É dirigido por Alexandre Santos e Frederico Rauh, cofundadores do MBL, o filme faz referências à Lava Jato, à crise política e econômica da época e expõe o forte sentimento antipetista que proliferava na sociedade. Mostra também os bastidores e os momentos mais difíceis dos protestos, como as divergências com o grupo Revoltados Online, que defendia uma intervenção militar, e o Vem Pra Rua, que no início resistia a adotar o impeachment como bandeira. O filme dura 2h15min, e segundo o MBL, custou R$300 mil, bancados por eles mesmos em arrecadação com seus simpatizantes.

Pedi para o Paulo Filippus – que participou da marcha a Brasília - separar um frame da sua aparição-depoimento no filme. Ele escolheu o que abre este comentário: “Tenho certeza que o impeachment teria acontecido se eu não tivesse participado. Só que só todo mundo tivesse pensado assim, não seria possível o impeachment”. Completo: é verdade.

TRAPICHE

A minha proposta é: Eder Muller para chefe dos investigadores da Polícia de Gaspar. Depois de ter o bar dele arrombado, roubado e pelas imagens que gravou ter identificado o casal de bandidos, teve dificuldades para convencer a polícia – como relatou - no enquadramento dos ladrões que continuavam na sua sanha pelo bairro Gasparinho.

Um vídeo que bombou milhares de vezes na internet e foi compartilhado outras centenas no Facebook fez a polícia pensar diferente. Será que estão trabalhando contra o Diretor Geral de Polícia de Santa Catarina, o gasparense Paulo Norberto Koerich e o delegado Regional de Polícia, Egídio Maciel Ferrari, que foi titular por aqui? Hum!

Como funciona o mundo dos políticos sustentado pelos nossos pesados impostos. Escancarado. Sem disfarces. Ontem com o título “Polêmica”, na coluna do Cacau Menezes, do Diário Catarinense, da NSC Florianópolis, uma revelação sobre as armações ilimitadas dos velhos políticos desempregados. Impressionante! A Assembleia Legislativa contratou por R$26 mil por mês para monitorar as redes sociais, a empresa blumenauense Inova Soluções, criada em março deste ano.

Quem são os sócios da empresa, segundo Cacau? Cristiane Sueli Kuhlmann, esposa do ex-deputado Jean Jackson Khulmann, PSD, o mesmo partido do presidente da Alesc, Júlio Garcia, e Leonardo Alegri, ex-funcionário do gabinete do deputado. Os questionamentos, segundo a nota, giram em torno do histórico da prestação de serviços da empresa, ou seja, nenhum. Outra, Cristiane é formada em Química, fez pós em Gestão Ambiental e há 15 anos atua em consultoria tendo como foco a sua formação.

Na segunda-feira, muitos gasparenses que dispõem de whatsapp nos seus smartphones foram surpreendidos com um grupo chamado Elite 2, supostamente liderado pelo médico, funcionário público e vereador Silvio Cleffi, PSC. Estavam nele, sem serem convidados e sem saber a razão da existência grupo.

O próprio Silvio jurava ter sido surpreendido, que não sabia de nada, não tinha nada a ver com o assunto. Estranho! “Até eu fui tirado do grupo”, argumentou. Depois de questionamentos e ofensas, o grupo foi desaparecendo por si só. “Será que o meu telefone foi clonado?”, indagou Silvio. Pelo sim, pelo não, ele já sabe o estrago que este assunto causou contra ele.

Se não foi o próprio Silvio que por erro tecnológico iniciou tal confusão, está na hora dele procurar ajuda de um especialista – e da polícia - para descobrir quem armou isso contra ele. Afinal, já há registros de invasão de grupos com interesses políticos no poder, publicações alheias e que não encobrem os seus erros. Isto que aconteceu com Silvio mostra também o tamanho do jogo sujo da próxima campanha eleitoral aqui em Gaspar.

Só para lembrar. Hoje é dia 11 de setembro. Uma data simbólica para o mundo ocidental e as formas radicais de impor ideias a outros. Mostrou como o terrorismo pode agir sem precisar de armamento convencional com o objetivo de chamar a atenção para a sua causa e pensamento, punindo gente inocente.

Os ataques ou atentados terroristas daquele 11 de setembro de 2001 foi uma série de ações suicidas contra os Estados Unidos e seus símbolos de capitalismo, liberdade e segurança. Eles atingiram especialmente Nova Iorque e Washington e foram coordenados pela organização fundamentalista islâmica Al-Qaeda de setembro de 2001, do saudita Osama Bin Laden.

 

Comentários

Herculano
12/09/2019 14:19
O EDITAL E COMO A PREFEITURA DE GASPAR - E QUASE TODAS - SÃO PROVAS DO ATRASO COMO O GOVERNO ENXERGA O TRANSPORTE COLETIVO URBANO NO FUTURO.

EM GASPAR ISSO É AGRAVADO NA GESTÃO DO JOVEM KLEBER EDSON WAN DALL, MDB, E QUE DEVERIA ESTAR PLUGADO, NAS NOMEAÇõES POLÍTICAS QUE ELE FEZ PARA TOCAR ESTE SERVIÇO NO MUNICÍPIO. FOI UM ASSUNTO MARGINAL ATÉ AQUI

O EDITAL É TEMA DA COLUNA OLHANDO A MARÉ DE AMANHÃ, FEITA PARA A EDIÇÃO IMPRESSA DO JORNAL CRUZEIRO DO VALE. É A TERCEIRA VEZ QUE TOCO NO MESMO ASSUNTO.

Coincidentemente, e depois da coluna editada na quarta-feira por questões industriais, o que aparece no portal UOL desta quinta-feira?

"No futuro as pessoas comprarão quilômetros para rodarem ao invés de veículos", declarou na visão de futuro, o presidente para a América Latina da Fiat Crysler, António Filosa. Então não se venderá mais carros para as pessoas, mas mobilidade, que pode incluir a possibilidade de você fazer isso sem saber dirigir, com os carros autônomos.

Isso já acontece com os patinetes nos grandes centros. Você localiza um pelo aplicativo, paga, lidera, anda, e estaciona. Uma empresa é dona deles, controla, disponibiliza, moderniza-os. É um entre tantos exemplos, que passa inclusive pelos aplicativos dos carros de passageiros que tomaram o mercado dos táxis, que como os ônibus, serão parte da história do antigamente.

Então. Tudo isso mostra que os políticos que fizeram o edital de Gaspar querem fazer valer um contrato do século 20, no século 21, com prazo de 20 anos de atraso - a validade dele -, se contarmos que ele valerá para a partir de outubro quando alguém se habilitar a esse edital que está na praça e que não respeita o passageiro e às mudanças em curso na tecnologia e na mobilidade das pessoas.

Esse edital, se comparado, é o mesmo que exigir que se compre linhas fixas - rotas de ônibus -; com com ações da companhia - como antigamente - e que é o dinheiro que o vencedor dá para a prefeitura conceder o serviço que é obrigação dela oferecer à população -, desprezando assim, na comparação, à tecnologia dos smartphones, permanente inovação, a portabilidade deles e das contas pelos clientes.

Ah, o serviço de telefonia - e dados - é também uma concessão pública

Neste link você pode assistir a entrevista deste napolitano que toca a Fiat na América Latina. Simples. óbvia para os dias de hoje para quem enxerga e faz inovação. Não para os políticos que fingem, por serem jovens, com preocupações do futuro de suas comunidades. Mas, amanhã tudo poderá mudar dessa projeção, mas nunca vai ser igual ao que foi no século 20, nem o que foi até ontem.

https://economia.uol.com.br/reportagens-especiais/entrevista-uol-lideres-antonio-filosa-fca-fiat-chrysler/index.htm#comprar-servico-em-vez-de-carro

Herculano
12/09/2019 13:46
A PROVA DE QUE MARCOS CINTRA CAIU DA RECEITA FEDERAL POR OUTROS MOTIVOS E NÃO POR DEFENDER O IMPOSTO ÚNICA, SUA BANDEIRA CONHECIDA HÁ MAIS DE 30 ANOS E O GOVERNO SEMPRE SOUBE DISSO, ESTÁ NESTA MANCHETE DO JORNAL FOLHA DE S. PAULO

Guedes insistirá na criação de tributo, apesar de resistências. Para equipe econômica, percepção sobre imposto nos moldes da extinta CPMF vinha melhorando
Herculano
12/09/2019 10:46
ALCOLUMBRE, POR POUCO, NÃO VOTOU ONTEM À NOITE A CILADA DO FUNDO ELEITORAL

Conteúdo de O Antagonista. Davi Alcolumbre está com fôlego.

O presidente do Senado, na noite de ontem, tentou tratorar o projeto, cheio de jabutis, que, entre outras coisas, dobra o valor do chamado fundo eleitoral - que financia campanhas políticas - já nas eleições do ano que vem.

Alcolumbre colocou a proposta em votação no plenário, sem combinar com os líderes e sem que ela fosse apreciada em alguma comissão antes.

Podemos, PSL, Rede e PSB entraram em obstrução.

Alcolumbre se viu acuado e topou acordo para que o projeto seja analisado na CCJ na próxima terça-feira pela manhã.
Herculano
12/09/2019 10:42
APóS SUSPEITA DE EMPREGAR "FANTASMAS", CARLOS BOLSONARO SE DIZ TRANQUILO

Ministério Público do Rio de Janeiro abriu investigação para apurar irregularidades na contratação de assessores em gabinete na Câmara de Vereadores

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo.Texto da revista Veja. Após passar a ser investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suspeitas de ter mantido funcionários "fantasmas" em seu gabinete na Câmara Municipal, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou estar "tranquilo e despreocupado" e, mais uma vez, atacou a imprensa. "Imprensa lixo, não adianta me chamar para a briga, com desinformações que vocês sempre fomentaram, que não vou cair na armadilha. Qualquer um sabe o motivo disso tudo e qual o objetivo. Tranquilo e despreocupado! Bom dia a todos!", disse, no Twitter, na manhã desta quinta-feira 12.

As denúncias de supostas irregularidades no escritório do filho Zero Dois do presidente Jair Bolsonaro (PSL) começaram a ser publicadas depois que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), irmão de Carlos, passou a ser investigado por práticas parecidas.

O jornal O Estado de S. Paulo revelou o caso de Claudionor Gerbatim de Lima e Márcio da Silva Gerbatim, que trabalharam no gabinete de Carlos na Câmara e não têm registros de frequência. Os dois são parentes de Fabrício Queiroz, pivô da investigação envolvendo Flávio e seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que está suspensa por decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As investigações do MP-RJ estão sob sigilo e correm em duas esferas: a criminal, que está nas mãos do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, com auxílio do Grupo de Atribuição Originária Criminal (Gaocrim); e a cível, na qual se verifica se houve improbidade administrativa.

As investigações contra Flávio Bolsonaro, que apuram as práticas de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, estão suspensas por terem usado informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem autorização judicial prévia. Dias Toffoli suspendeu provisoriamente todos os casos enquadrados nesse perfil.

Esses procedimentos contra Carlos, contudo, não têm relação com dados de movimentações financeiras fornecidos por órgãos de controle e podem ser tocados normalmente pelo Ministério Público. Carlos pediu licença da Câmara na última terça-feira, 10, para tratar de assuntos particulares.

Quando a Justiça autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Flávio e de outras 85 pessoas e nove empresas ligadas a ele, verificou-se que várias delas também haviam trabalhado com o presidente Jair Bolsonaro e com Carlos - inclusive no período considerado pela quebra de sigilo, entre janeiro de 2007 a dezembro de 2018. No entanto, se o MP estadual encontrasse alguma irregularidade relacionada a Jair Bolsonaro, o caso teria que ser remetido à Procuradoria-Geral da República.
Herculano
12/09/2019 08:18
da série: um "mea culpa" que chega com atraso e só porque se prosseguisse no enfrentamento internacional teria graves consequências econômicas para o agronegócio, incluindo as industrias processadoras de alimentos.

"NóS FALHAMOS NA COMUNICAÇÃO", DIZ SALLES SOBRE CRISE AMBIENTAL

Ministro do Meio Ambiente avalia que alinhamento entre os entes da federação tem de melhorar

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Gustavo Uribe, da sucursal de Brasília. Passado um mês do 'dia do fogo', que marcou o início do aumento das queimadas na floresta amazônica, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, fez a primeira autocrítica em relação à crise ambiental que afetou a imagem do país no exterior.

Em entrevista à Folha, ele considerou que o governo federal falhou na comunicação e avaliou que o alinhamento entre as gestões municipais, estaduais e federal no combate ao desmatamento deve melhorar.

Na semana que vem, o ministro viajará à Europa. Ele diz que buscará apoio financeiro para a preservação da floresta amazônica e que está aberto a dialogar com todos, inclusive com os governos da Alemanha e da França, criticados pelo presidente Jair Bolsonaro.

Segundo ele, o superintendente regional do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) no Pará, Evandro Cunha dos Santos, demitido na terça-feira (10), fez uma afirmação "que não é verdadeira" em um evento onde não "tinha que estar presente". Em audiência pública, na segunda-feira (9), ele havia dito que recebeu ordem para interromper a queima de veículos que são flagrados pela fiscalização do órgão federal cometendo crimes ambientais na Amazônia. ?

COMUNICAÇÃO

Nós temos de comunicar melhor. [Repassar] informações à sociedade para [que a sociedade] entenda a evolução dos dados, deixando todos em um nível de conhecimento que permita um entendimento da questão. Acho que isso é algo importante a ser melhorado. Nós falhamos na comunicação. Esse é o ponto mais importante. A comunicação das ações, daquilo que estava sendo feito e tudo mais. A comunicação podia ser melhor e, agora, vai ter de ser melhor. Isso é algo que a gente precisa reconhecer, é um fato. E, daqui para a frente, se dedicar mais.

ALINHAMENTO

O trabalho de combate ao desmatamento e às queimadas, que são questões correlacionadas, depende muito de uma cooperação entre os entes federativos: municipal, estadual e federal. E essa coordenação tem de melhorar. Os estados, por sua vez, têm de ter um papel mais ativo nisso. Os estados sofreram com questões orçamentárias e governos novos, e isso criou essa ausência de alinhamento. Poderia ter um alinhamento melhor. A partir de agora, com essas reuniões que tivemos, isso tende a ser algo que flua melhor.

QUEIMA DE VEÍCULOS

Essa ordem [de interromper a queima de veículos flagrados em fiscalização] não partiu de ninguém. Não existiu essa ordem. A atitude dele [superintendente regional do Ibama no Pará] foi inaceitável. Primeiro, porque fez uma afirmação que não é verdadeira, dizendo que havia essa ordem. E fez essa afirmação em um evento que ele não tinha nem que estar presente.

EUROPA

Eu vou viajar na semana que vem. Vou aos Estados Unidos e vou à Europa. Vou levar todas as informações disponíveis, que são muito boas. O Brasil está indo muito bem em vários dados. Nas metas do Acordo de Paris, o Brasil está indo superbem, aliás, melhor do que muitos países que nos criticam. Criticam e, no final das contas, nós é que estamos cumprindo as metas. Nós temos um percentual de conservação de matas nativas de mais de 60% que outros não têm. Nós precisamos mostrar isso e mostrar o que fazemos bem. E mostrar que dá para fazer mais se tivermos apoio financeiro para isso.

FRANÇA E ALEMANHA

Nós estamos estabelecendo conversas institucionais com os países e com o setor produtivo. Nós vamos conversar com os meios de comunicação e câmaras de comércio. Eu não tenho vedação para conversar com ninguém. Vamos conversar com quem considerarmos importante e abrir as portas para fazermos as apresentações necessárias. Nós estamos montando uma agenda superbem recebida. Então, não tem nenhum ruído.

MEDIDAS AMBIENTAIS

Os governos estaduais pediram ao governo federal para fazer o que vem sendo defendido desde o início do ano: a necessidade da regularização fundiária, o zoneamento econômico e ecológico e a dinamização das oportunidades da nossa bioeconomia. Tudo isso que foi combinado entre todos é o que estamos planejando e viabilizando com a solidez que as coisas requerem, porque são temas complexos. Agora, são várias medidas que precisam ser construídas.

QUEIMADAS

Foram apresentados pelo Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade], pelo Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente] e pelo Censipam [Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia] gráficos mostrando que, com a exceção de Mato Grosso, os outros estados já estão com tendência de diminuição de queimada, graças à GLO [Garantia da Lei e da Ordem]. Portanto, está dando certo a atuação do governo federal. Queimada não é fácil de controlar e não vai acabar. A questão é a diminuição dos focos. Estava subindo e agora está descendo.
Herculano
12/09/2019 08:06
VANGUARDA DO ATRASO, por Cláudio Prisco Paraíso

Absolutamente ridícula, descabida e imoral a tal de greve decretada por "estudantes" da UFSC e a invasão da Reitoria da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Chapecó.

A coluna classifica os movimentos com estes adjetivos porque eles são iminentemente político-partidários-ideológicos, revelando que a vanguarda do atraso está mais ativa do que nunca nas instituições. As federais deveriam ser centros de excelência do conhecimento, da pesquisa e do avanço, mas viraram redutos de doutrinação canhestra, atrasada, verdadeiras fábricas de soldados ideológicos. Dispostos a tudo não para defender melhorias, pautas que tenham relevo para a sociedade, mas sim para implantar ou manter, nem que seja no grito, seus mantras de fanatismo doutrinário. Isso tudo nada tem a ver com recursos. A questão orçamentaria é só a cortina de fumaça.

Em Chapecó, os invasores - e há relatos de que ali estão também pessoas estranhas ao dia a dia da UFFS - rasgam a Constituição. Por ela, o presidente Jair Bolsonaro nomeou o novo reitor, tudo dentro da legalidade, Marcelo Recktenvald. Mas a única lei que vale para esta turma é a cartilha do partido, pois o professor não é alinhado politicamente aos canhotos.

DEUS-IDEOLOGIA

Já na UFSC, os baderneiros não estão nem aí para o corpo universitário, projetos que estão em andamento, alunos que estão para se formar e para os professores e os funcionários que apenas querem trabalhar. Nada disso importa. Na Capital, como no Oeste, a palavra de ordem é fomentar o caos enquanto a ditadura ideológica não tiver a palavra final. Neste contexto, cabe perguntar: que futuro teremos com universidades assim?
Herculano
12/09/2019 07:45
EXPERIMENTANDO DO PRóPRIO VENENO

Manchete que percorre jornais, portais de notícias, redes sociais, rádios e tevês: Coaf relata movimentação atípica de R$ 2,5 milhões em conta de David Miranda. Deputado federal do PSOL é casado com jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, que liderou o processo de divulgação de mensagens roubadas dos aplicativos de procuradores e do juiz Sérgio Moro e que colocavam em cheque os procedimentos na apuração e julgamento dos implicados na operação Lava Jato.

O deputado alega agora que ele foi "vítima" de vazamento ilegal e que estão originando os questionamentos. Para ele, trata-se de suposto revanchismo.
Herculano
12/09/2019 07:35
da série: o Ministério Público Federal admite publicamente que foi um perseguidor de políticos e poderosos e agora quer dar o perdão? Isso também não é crime e próprio de uma organização criminosa ou então, de um estado de exceção?

ARAS PROMETE AO PT "ABSOLVER" OS "INJUSTIÇADOS"

Conteúdo de O Antagonista. O PT está animado com Augusto Aras, indicado por Jair Bolsonaro para a PGR.

Depois de se reunirem com ele, os senadores petistas disseram para o Valor que "um dos aspectos positivos foi o fato de Aras ter indicado que usará o cargo para 'fazer justiça', e não para 'perseguir políticos ou a política'".

Em seguida, ele prometeu "que não vai apenas 'acusar', mas também 'absolver' aqueles que seriam 'injustiçados', palavra costumeiramente usada pelo partido para se referir a Luiz Inácio Lula da Silva".

Durante o encontro, Jaques Wagner teria pedido um voto de confiança a Aras.

Jair Bolsonaro queria um PGR nota 7. Bem, ele foi aprovado com folga no exame lulopetista.
Herculano
12/09/2019 07:16
AS SOLUÇõES "CRIATIVAS" PARA BARRAR A LAVA JATO E RESGATAR A IMPUNIDADE, por Andrei Meireles, em Os Divergentes

Durante décadas, tijolo por tijolo, foi-se aperfeiçoando o arcabouço institucional que, a partir de operações como a Lava Jato, conseguiu quebrar a crosta da impunidade eterna dos poderosos pelos malfeitos com dinheiro público. O resultado de maior impacto foi a punição no andar de cima, inclusive com a prisão de caciques políticos de todos os naipes e de alguns dos campeões do PIB brasileiro. Sem o mesmo estardalhaço, mudanças pontuais na legislação e a abertura de caixas-pretas sobre privilégios e salários estratosféricos em todos os poderes pareciam reforçar a tendência do resgate de um mínimo de respeito com o dinheiro do contribuinte. Esse efeito, digamos, da Lava Jato pode ter breve duração.

A adesão do presidente Jair Bolsonaro ao movimento que ministros do STF e caciques políticos há tempos articulavam com o propósito de cortas as asas de Sérgio Moro e enquadrar a Lava Jato mexeu no tabuleiro. Juízes, procuradores, auditores fiscais, policiais federais, protagonistas dos avanços no combate à corrupção, de repente se viram na berlinda. São alvos dessa ofensiva que, em nome de conter excessos de alguns agentes públicos, quer enquadrar a todos, e reduzir a autonomia dos órgãos de controle sobre o uso e o abuso com dinheiro público.

Dezenas, talvez centenas, de investigações já subiram no telhado. Uma penca por causa da canetada do ministro Dias Toffoli, que suspendeu todo e qualquer procedimento investigatório aberto, sem previa autorização judicial, com base em relatórios do Coaf e da Receita Federal. Essa decisão de Toffoli, a pedido do senador Flávio Bolsonaro, encantou o pai presidente da República, que saiu em cruzada contra a autonomia dos órgãos de fiscalização e combate à corrupção.

O retrocesso até agora mais visível é a suspensão de investigações. Mas o establishment político quer muito mais, inclusive a anulação de condenações. O PT joga todas suas fichas para tentar reverter a punição de Lula ?" ou pelo menos tirá-lo da cadeia, sem que passe pelo constrangimento imposto a outros condenados, como o uso de tornozeleira eletrônica. Outros caciques também estão à espreita. Eduardo Cunha também quer ir para casa. Michel Temer e sua turma no MDB, Aécio Neves e outros tucanos emplumados, os donos do PP e de outros partidos do Centrão também esperam se beneficiar do liberou geral.

Evidente que a reação da opinião pública, amplamente favorável ao combate à corrupção, pode melar o sonho dessa turma. Pelo menos de parte dela. Mas o vírus contra a mudança de costumes na política, na sociedade e na máquina pública já se sente à vontade para circular por aí. Ninguém quer abrir mão de privilégio algum. As corporações da elite do funcionalismo público já se organizam contra a anunciada reforma administrativa.

O escandaloso discurso do procurador Leonardo Azevedo dos Santos contra o "miserê" de seu salário de R$ 24 mil por mês só virou escândalo por ter de tornado público. Ele cobrou do chefe do Ministério Público de Minas Gerais "criatividade" para engordar os salários dos membros do MP estadual com "alguma coisa de plantão, de adicional de alguma coisa, de auxílio?". Quem assistiu de perto a batalha do Conselho Nacional de Justiça, na gestão da ministra Cármen Lúcia, para cortar os penduricalhos de todos os tipos nos salários dos juízes país afora, sabe que essa guerra está muito longe de ser vencida. Sempre há um gestor "criativo" a postos.

É a mesma "criatividade" que, sob a batuta de Rodrigo Maia, os líderes dos partidos na Câmara planejam usar para reverter a decisão do Senado Federal - tomada em um momento que os políticos estavam em baixa e a Lava Jato em alta- de acabar com o foro privilegiado, um dos pilares da impunidade no país.

Pela decisão do Senado, nos moldes das mais modernas democracias, todos os cidadãos, inclusive as autoridades, são igualmente julgados nos crimes comuns pelos mesmos juízes. A solução criativa é que, no caso das autoridades, os juízes "investigam" mas não têm poder de decisão sobre os passos da investigação. Rodrigo Maia defende essa aberração: "Não está mudando foro nenhum. A investigação continua na primeira instância. Quem julga é a primeira instância. Agora, o que se está tentando negociar, é que as cautelares fiquem na instância anterior dos agentes públicos",

Traduzindo: O deputado ou o senador será julgado em primeira instância, mas para que a investigação tenha acesso a seus sigilos bancário fiscal e telefônico, ele de alguma forma seja monitorado, ou até preso, a ordem deve ser do Supremo Tribunal Federal. Fica até pior que hoje em que o STF pode remeter em toda a sua inteireza para a primeira instância os processos de parlamentares que nada tenham a ver com o exercício do mandato.

De criatividade em criatividade, o establishment político conspira para que o Brasil o reino da impunidade eterna.

A conferir.
Herculano
12/09/2019 07:11
Da série: corda, em casa de enforcado...

NA CASA DE CIRO NOGUEIRA, ARAS VOLTA A DIZER QUE É CONTRA "EXCESSOS" DA LAVA JATO

Conteúdo de O Antagonista. No jantar na casa de Ciro Nogueira, ontem à noite, o escolhido por Jair Bolsonaro para ser o novo procurador-geral da República, Augusto Aras, voltou a dizer que é contra "excessos" da Lava Jato.

"Ele disse que é favorável à Lava Jato, mas que tem que coibir os excessos. Deixou bem claro que é a favor da Lava Jato, mas é contra os excessos cometidos", disse a O Antagonista o senador Vanderlan Cardoso, de Goiás.

Perguntamos se Aras detalhou esses "excessos". O senador respondeu que não.

"Fiz uma avaliação positiva dele. Gostei muito dele, deu respostas firmes, se mostrou conhecedor", acrescentou.
Herculano
12/09/2019 06:09
BOLSONARO DEGOLA CPMF E QUEBRA PERNA DE PLANOS DE GUEDES, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Dinheiro do imposto bancaria perda de receita com a redução da carga sobre empresas

Jair Bolsonaro cortou a cabeça de Marcos Cintra e enterrou a nova CPMF em um tuíte. Assim, quebrou as pernas de um grande projeto de Paulo Guedes, seu plano de mexer nos impostos a fim de
incentivar o emprego.

O ministro da Economia pretendia acabar com impostos que as empresas recolhem sobre a folha de salários; talvez reduzir também o Imposto de Renda das firmas. Quem ficaria com essa conta, dado que o governo não pode perder receita? Quem viesse a pagar a CPMF.

O tributo sobre transações é detestado política e tecnicamente, mas não recai de modo muito evidente e direto sobre nenhum grupo social e econômico específico. A nova CPMF seria um imposto espalhado, por assim dizer. Causa estragos difusos.

No barata-voa das especulações da reforma tributária do governo, haveria de início uma redução de um terço da contribuição patronal para o INSS. Trata-se de pouco mais de 1% do PIB, cerca de R$ 70 bilhões por ano.

No fim da linha dessa desoneração, as empresas deixariam de recolher a contribuição para o INSS, com o que se abriria um buraco de R$ 210 bilhões, em valores atuais.

Obviamente, não é fácil cobrar essa dinheirama de ninguém. Na verdade, as empresas já empurram quase todo esse custo adiante, a depender do mercado ou setor em que trabalham. O consumidor, pois, paga a conta, mas isso não é lá evidente. Caso seja necessário criar um tributo ou elevar sua alíquota, vai dar na cara.

Vai parecer aumento de imposto, mesmo que a carga tributária total não aumente.

Sim, era bem provável que a CPMF fosse derrubada no Congresso. Guedes teria, então, o mesmo problema para colocar de pé seu programa de incentivar a criação de empregos com a desoneração de impostos.

Agora, terá dois problemas: inventar um tributo e jogá-lo sobre as costas de alguém. Quem? Ricos recebedores de dividendos e outros ganhos de capital? Classe média alta (ricos de segundo escalão)?

Por mais de uma década e até a semana passada, Bolsonaro disse ou tuitou que era contra a CPMF. Talvez pudesse mudar de ideia, não fosse o burburinho crítico nas redes insociáveis bolsonaristas, já azedas com a nomeação do novo procurador-geral da República e com suspeitas de antilava-jatismo
da família presidencial.

Nos últimos dias, com o zum-zum da nova CPMF, reapareceram tuítes em que o então candidato ou presidente-eleito negava planos de recriar o imposto sobre transações, ideias de seus futuros ministro da Economia, Guedes, e secretário da Receita, o degolado Cintra. Junto das postagens nas redes insociáveis, vinha a acusação de estelionato eleitoral.

Cintra, faz tempo frito e queimado com Bolsonaro, não apenas por causa da CPMF, ainda buliu com as bases virtuais do presidente, que de resto ficou possesso com o vazamento de planos de recriar o imposto, o que vetara explicitamente antes de ir para o hospital.

Os efeitos da degola acabam por respingar em Guedes. Até segunda-feira (9), o ministro defendia o imposto, embora já na terça (10) gente do ministério dissesse que a nova CPMF ficaria "para depois", numa segunda fase da reforma tributária governista.

Pelo andar da carruagem, a reforma governista não vai passar nem na primeira fase, se é que vai aparecer para o vestibular até o final do ano. O comando do parlamentarismo branco vai tocar a
reforma que anda por lá.

O programa econômico continua a ser o do miolão do Congresso, conduzido por Rodrigo Maia.
Herculano
12/09/2019 06:06
CÂMARA SINALIZA CONTRA IMPORTAÇÃO LESIVA DE ETANOL, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A Câmara fez importante sinalização, nesta quarta (11), ao aprovar por larga margem (319 x 101 votos) o regime de urgência para votação do projeto de decreto legislativo (PDL) que suspende o aumento de importação de etanol, sem impostos, de 600 para 750 mil litros. A medida é altamente prejudicial aos produtores nacionais. Trata-se de uma jogada de usineiros paulistas, que estão na entressafra, para impor prejuízos aos produtores do Nordeste no auge da safra.

QUE SUJEIRA...

A produção nacional de etanol é suficiente para todo o País, enquanto o álcool importado, à base de milho, é "podre", altamente poluente.

QUE VERGONHA

O lobby paulista "vendeu" ao governo que o aumento da importação de etanol, na véspera da visita de Eduardo Bolsonaro, agradaria os EUA.

CRIME DE LESA-PÁTRIA

A importação sem impostos é crime de lesa-pátria: lesa produtores que pagam alta carga tributária e empregam 500 mil pessoas no Nordeste.

NOVO PRECONCEITO

A posição favorável ao aumento da importação de etanol mostrou que o Partido Novo, como usineiros paulistas, não gosta do Nordeste.

DEPUTADO QUER APURAR SUPOSTA COMPRA DE MANDATO

O deputado José Medeiros (Pode-MT) vê "confirmação da obscuridade" no caso da movimentação considerada suspeita pelo Coaf de R$2,5 milhões nas contas do deputado David Miranda (Psol-RJ), casado com o jornalista Glen Greenwald. Medeiros pediu à Procuradoria-Geral da República para investigar possível compra do mandato do ex-deputado Jean Wilis (Psol-RJ) para favorecer Miranda, que era o suplente.

CASO DE POLÍCIA

"É caso de polícia", insiste o deputado José Medeiros, que agora não tem dúvidas da transação envolvendo o mandato.

FUMAÇA E FOGO

"Onde tem fumaça, tem fogo, agora é impossível descobrir esse fogo", disse José Medeiros, sobre as revelações do Ministério Público do RJ.

MAIS IGUAL QUE OS OUTROS

Para Medeiros, a situação é surreal e mostra que há cidadãos de 1ª e de 2ª. "Temos um sujeito de outro país que não pode ser investigado".

LIÇÃO PARA PRINCIPIANTES

A demissão de Marcos Cintra é pedagógica para quem repete a lorota de "interferência" do presidente em ministérios. Ele nomeia, demite, ele manda. Sempre foi assim. Sérgio Moro e Paulo Guedes sabem disso.

ENSANDECIDOS

Negociações não prosperaram para impedir a greve nos Correios porque sindicalistas ensandecidos exigiram aumento que superaria até o faturamento da empresa, já com prejuízos de R$3 bilhões nas contas.

DENÚNCIAS GRAVES

Graves acusações do Ministério Público do RJ contra o deputado David Miranda (PSOL-RJ), pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro e rachadinha de salários de assessores, desautorizam a fantasia de "retaliação" contra o site do marido, que tem atacado a Lava Jato.

MANDOU BEM

O governo do DF, chefiado por Ibaneis Rocha (MDB), age rápido. Em apenas oito meses, demitiu 131 servidores que agiram mal, inclusive professores que assediaram alunas sexualmente. É assim que se faz.

VAI FICAR ASSIM?

É constrangedor o silêncio de procuradores de todo o País, que não repudiaram as declarações insultuosas do colega mineiro Leonardo Azeredo, queixando-se de ganhar "apenas R$24 mil líquidos por mês.

O MAIS CITADO

Segundo levantamento do site Diário do Poder e do Congresso Data Room, o perfil do presidente Jair Bolsonaro no Twitter ainda é mais citado por parlamentares, jornalistas e políticos.

SEGUNDA GUERRA

O jornalista Jayme Brener lança nesta quinta (12), em Brasília, seu romance histórico "Os cinco dedos de Tikal: Comunistas, judeus, putas e índios às vésperas da Segunda Guerra". Às 19h, na Livraria Sebinho.

APENAS 24 ANOS

A Câmara dos Deputados aprovou emenda à nova Lei de Licitações que impede a compra de artigos de luxo pela administração pública. A "nova" lei tramita no Congresso desde novembro de 1995.

PENSANDO BEM...

...Marcos Cintra, ex-Receita, e Tite, em breve ex-Seleção, tem algo em comum: falam muuuuuito.
Herculano
12/09/2019 05:59
CPMF NÃO ERA ÚNICO MOTIVO DE IRRITAÇÃO DE BOLSONARO COM A RECEITA, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Antes de demitir secretário, presidente reclamou de devassa na vida de parentes

O presidente fez um baita alarde ao anunciar que havia demitido o chefe da Receita para impedir a volta da CPMF. Se a criação do tributo fosse mesmo uma ideia inadmissível, Jair Bolsonaro também deveria mandar embora o ministro Paulo Guedes. Poderia pensar até em renunciar ao cargo.

Bolsonaro sempre atacou a CPMF, mas admitiu à Folha, na semana passada, a possibilidade de apoiá-la desde que houvesse "uma compensação para as pessoas". Em outra entrevista, publicada há dois dias pelo jornal Valor Econômico, Guedes celebrou o tributo e disse que poderia arrecadar R$ 150 bilhões com ele.

A contribuição sobre movimentações financeiras era uma pílula amarga para o presidente, mas Marcos Cintra não era seu único simpatizante. A defesa que ele fazia do tributo pode ter justificado a demissão, mas foi apenas a gota d'água.

O secretário da Receita estava há tempos à beira do precipício. Cintra sofria pressões do Palácio do Planalto pela substituição de servidores em postos do comando no Rio, e Bolsonaro reclamava abertamente de uma "devassa" que era feita pelo órgão sobre as vidas de seus parentes.

A Receita virou motivo de problema para o presidente. A dor de cabeça aumentou quando Cintra passou a dar contornos mais nítidos à nova CPMF, expondo o presidente a ataques de sua própria base política.
O plano de cobrar um tributo sobre cada pagamento feito pelos cidadãos incomodou tanto o Congresso (que deu bola preta para a ideia) quanto os apoiadores fiéis do governo nas redes sociais. Bolsonaro agiu como de praxe e fritou o auxiliar.

A mudança dá ao presidente a oportunidade de retomar as rédeas da reforma tributária, que quase se perdeu na confusão. Resta saber se o governo vai aproveitar para saciar a vontade de interferir nas atividades de investigação do órgão.

Na semana passada, o presidente mandou recado ao secretário. "O Cintra às vezes levanta a cabeça, mas eu vou lá e dou uma nele", disse. Chegou a hora da pancada definitiva.
Herculano
12/09/2019 05:55
da série: no governo Bolsonaro, o que vale é provocar e quebrar as regras, e pouco entendem isso. Se vai dar certo e se isso ajuda a criar milhões de empregos, melhorar a economia e a vida dos brasileiros, ai é outra coisa. As coisas são tão desconexas, que até em ambiente conservador e nos Estados Unidos, o chanceler brasileiro, desabona as crenças conservadoras

ANALISTA DO WASHINGTON POST FAZ CRÍTICA A ERNESTO ARAÚJO: "VITIMISTA" 'vitimista'

Para Ishaan Tharoor, chanceler é incoerente

Com discurso 'fascinantemente ideológico'

Ernesto falou no Heritage Foundation, nos EUA

Conteúdo do Poder 360. O analista de política internacional do Washington Post Ishaan Tharoor fez críticas ao ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, nesta 4ª feira (11.set.2019) em seu perfil no Twitter.

Depois de assistir o discurso do ministro na Heritage Foundation - 1 think tank conservador norte-americano com sede em Washington, DC -, Tharoor disse que, para 1 chanceler, Ernesto é "fascinantemente ideológico".

Segundo o escritor, Ernesto é de 1 membro da extrema-direita com posicionamentos incoerentes e desconexos. Ele afirma que o ministro considera a pauta da mudança climática uma "conspiração marxista".

Tharoor afirmou ainda que Ernesto é "vitimista" e que há uma diferença enorme entre a direita norte-americana e o que o brasileiro prega, "seja lá o que for".

"O discurso do ministro das Relações Exteriores do Brasil na Heritage poderia ter sido feito por 1 instituto conservador americano como a PragerU, reclamando sobre a mídia, o sistema globalista, etc. Tem sido 1 interminável manifesto vitimista de alguém no poder", disse, no Twitter.

"Apesar de se irritar com os esquerdistas universitários, a direita americana nunca se importaria com essas pessoas ou envolveria suas idéias (ainda que absurdamente) em um discurso de política externa. Araújo ofereceu uma distinção entre leninismo e stalinismo, como se alguém na Heritage desse a mínima", concluiu.

HERITAGE FOUNDATION
O ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) discursou na think tank conservadora. Uma think tank é uma instituição que visa difundir e influenciar informações sobre 1 tema específico. A Heritage defenda o livre mercado, governo limitado, liberdade individual, valores tradicionais e a defesa nacional.

O chanceler participou de 1 congresso para falar sobre a nova estratégia internacional do governo brasileiro.
Herculano
12/09/2019 05:39
CARLOS BOLSONARO, O PEQUENO PRÍNCIPE, por Roberto Dias, secretário de Redação do jornal Folha de S. Paulo.

'Nunca esqueçamos que diâmetro e profundidade só é critério de competência para alguns', disse o vereador

Vagabundo, imbecil, putinha, putaria, idiota comedor de alfafa, bostas goeludos, porca, canalha, boçal, partido de pirocas.

O latim de Carlos Bolsonaro é vasto e crescente. Segundo filho do primeiro casamento do presidente, vereador mais jovem da história do país, reeleito para o quinto mandato, nome mais votado para o cargo no Rio (sendo o único a ultrapassar a marca de 100 mil votos), ele agora está licenciado de fazer o que já não vinha fazendo: verear.

Ocupa-se de exibir dotes vocabulares no Twitter, não necessariamente apenas na conta pessoal. Não são palavras ao vento, nem nunca foram. Quem um dia achou que o governo Bolsonaro não tinha estratégia já está a rever sua crença.

Construída por Carlos Bolsonaro, a comunicação presidencial é uma área que vai incrivelmente bem se comparada às lambanças Esplanada afora. Caso a régua de eficácia seja o objetivo direto dela, o que o 02 tem conseguido até agora deve ser definido como um grande sucesso.

O que ele procura é ocupar o espaço e interditar qualquer debate que não lhe interesse. Deixar a oposição sem chão. Testar águas e mandar recados a um custo mais baixo do que o da tinta da caneta presidencial.

Para isso, modula o tom de modo a recuperar a atenção quando percebe que o truque está a ponto de se esgotar. Como acaba de fazer no desfile de 7 de Setembro. Reapareceu ao lado do pai dois dias antes de abrir fogo contra as vias democráticas. Mobilizou assim ministros do STF e a cúpula do Congresso e ocupou manchetes dos jornais.

O pequeno príncipe de Exupéry transmitia ensinamentos desenhando uma jiboia comendo um elefante - os adultos pensavam que se tratasse de um chapéu. Carlos Bolsonaro é apenas um vereador do Rio que diz não ter ambição de poder. Ele se atrapalha com a conjugação verbal, mas também deixa sua lição: "Nunca esqueçamos que diâmetro e profundidade só é critério de competência para alguns".
Herculano
12/09/2019 05:33
da série: este artigo publicado antes da queda de Marcos Cintra, explica, muito do que aconteceu ao homem do imposto único, a sua única ideia, por 30 anos e que o governo sabia, mas fingiu... e depois a usou para derrubá-lo

UM ZUMBI TRIBUTÁRIO, por Alexandre Schwartsmann, economista, ex-diretor do Banco Central, no Infomoney

A insistência em recriar a CPMF, mesmo rebatizada, revela descaso com a distorção associada a este tributo

Antônio, Beatriz e Cris entram num bar. Tendo pedalado 100 km, Antônio topa pagar até R$ 20 por uma cerveja gelada. Já Beatriz, que caminhou na manhã de sábado, também gostaria de uma cerveja, mas não pagaria mais do que R$ 12. Cris, que curtiu a manhã lendo no parque, adoraria uma breja, mas no máximo por R$ 8.

A cerveja, trincando, sai por R$ 8. Cris, portanto, entregou R$ 8 por algo que havia avaliado em R$ 8; Beatriz também pagou o mesmo valor, mas, como estava disposta a pagar até R$ 12, saiu com um excedente de R$ 4; Antônio, por sua vez, registrou um excedente de R$ 12, já que valorizava a cerveja a R$ 20.

Assim, os três consumidores acumularam um excedente de R$ 16. Já o custo da cerveja para Zuleide, a dona do bar, era R$ 7/garrafa (tudo incluso). Ao vender as três garrafas por R$ 8 cada, teve lucro total de R$ 3. A sociedade, portanto, registrou ganho de R$ 19 nestas transações.

Num universo paralelo, porém, havia um imposto de R$ 5 sobre a venda de cerveja. Assim, chegando ao bar, nossos consumidores encontraram um preço de R$ 13/garrafa. Beatriz e Cris desistiram da compra ao ver o preço; Antônio, por sua vez, não só pagou, como ainda saiu positivo na transação, registrando excedente de R$ 7 na comparação com o preço que estava disposto a pagar.

Zuleide vendeu apenas uma garrafa, por R$ 13, dos quais pagou R$ 5 ao governo, e ficou com lucro de R$ 1. O governo, por sua vez, arrecadou R$ 5, referente à venda de uma garrafa de cerveja. A sociedade teve um ganho total de R$ 13 (R$ 7 do excedente de Antônio, R$ 1 do lucro do bar e R$ 5 referentes à arrecadação do governo).

Nesse universo paralelo, houve, portanto, destruição de valor na comparação com o original: R$ 13 versus R$ 19, que pode ser atribuída à única diferença entre estes dois universos, a tributação de R$ 5/garrafa. A esta perda, dá-se o nome de "peso morto" do imposto, ou "custo de eficiência".

O exemplo parece muito particular, mas a verdade é bastante geral. A introdução/elevação de impostos não provoca apenas a redistribuição do bolo entre consumidores, empresas e governo, mas também reduz o tamanho do bolo ao alterar o comportamento de consumidores e produtores.

(Há, é bom registrar, momentos em que vale a pena reduzir a produção e o consumo, como no caso de atividades altamente poluidoras, cujo custo também tem de ser contabilizado, mesmo que nenhum agente particular o faça, mas não se trata do tema aqui discutido).

O problema se agrava quando o imposto é cumulativo porque a alíquota sobre os estágios finais da cadeia de produção é crescente: quanto mais longa, tanto maior o imposto e, consequentemente, tanto maior a distorção. Note-se também que produtos de longas cadeias ficariam relativamente mais caros do que os de cadeias curtas, o que agrava as distorções resultantes da introdução do tributo.

Isto se torna ainda mais importante à luz da insistência do ministro da Economia com o retorno da CPMF, rebatizada como ITF, mas essencialmente a mesma coisa.

Segundo seus cálculos, o efeito cumulativo do ITF em uma cadeia de produção de dez elos seria 4,5%. Tomando provisoriamente estas contas como verdadeiras, sugerem uma alíquota de 0,25% sobre cada lado da transação, que, para fins de comparação com a CPMF seria 0,50% (que incidia apenas sobre um dos lados), um tanto acima da alíquota que vigorava em 2007 (0,38%), quando aquele tributo foi extinto.

Naquele momento, a CPMF arrecadava o equivalente a 1,3% do PIB, o que hoje representaria cerca de R$ 90 bilhões. Com uma alíquota mais alta, poderia arrecadar algo na casa de R$ 120 bilhões (menos do que os R$ 150 bilhões indicados por Guedes), supondo que a reação de consumidores à maior alíquota - como a descrita acima - fosse modesta. Já a arrecadação total do governo federal se situa na casa de R$ 1,5 trilhão, cerca de 21% do PIB, 12,5 vezes maior do que a provável receita do ITF.

Obviamente não falamos de substituir todos os tributos federais pelo ITF (muito embora o atual secretário da Receita tenha defendido esta tese alguns anos atrás). De qualquer forma, deve ficar claro que, para substituir, mesmo parcialmente, os impostos existentes, dificilmente escaparíamos de alíquotas ainda maiores do novo ITF.

Se verdade, também não faria sentido supor que a reação dos tributados fosse tão modesta quanto sob uma alíquota baixa, indicando não só um "peso morto" maior, como a possibilidade que a arrecadação fosse menor do que a estimada pela mera extrapolação das alíquotas.

A insistência em transformar a CPMF num zumbi tributário já passou do estágio de curiosidade para obsessão mórbida.
Herculano
11/09/2019 15:59
MARCOS CINTRA, DEFENSOR DA CPMF, DEIXA COMANDO DA RECEITA FEDERAL

Secretário foi demitido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Bruno Boghossian, da sucursal de Brasília. O ministro Paulo Guedes (Economia) decidiu demitir o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra. Ele ocupava o cargo desde o início do governo de Jair Bolsonaro (PSL).

O motivo da queda foi a divulgação antecipada de estudos para uma reforma tributária, incluindo a cobrança de uma taxação nos moldes da antiga CPMF.

A decisão de Guedes foi noticiada pelo site O Antagonista e confirmada à Folha por auxiliares do ministro.

O auditor fiscal José de Assis Ferraz Neto irá assumir o cargo interinamente.

Como a Folha informou nesta terça-feira (10), o governo planeja em sua proposta de reforma tributária que saques e depósitos em dinheiro sejam taxados com uma alíquota inicial de 0,4%. A cobrança integra a ideia do imposto sobre pagamentos, que vem sendo comparado à antiga CPMF.

Já para pagamentos no débito e no crédito, a alíquota inicial estudada é de 0,2% (para cada lado da operação, pagador e recebedor).

A informação foi dada por Marcelo de Sousa Silva, secretário especial adjunto da Receita Federal, que defendeu a contribuição no Fórum Nacional Tributário (promovido pelo sindicato dos auditores fiscais, em Brasília), ao ressaltar que o instrumento substituiria tanto a tributação sobre a folha como o IOF.

Apesar de o governo rechaçar a semelhança com a antiga CPMF, ele próprio acabou fazendo a comparação ao mostrar um gráfico com o histórico relativamente estável das alíquotas de CPMF ao longo dos anos em que vigorou, o que representaria uma previsibilidade para a contribuição.

Marcos Cintra é um histórico defensor de um imposto único, na forma de um tributo sobre movimentações financeiras. A medida, porém, enfrenta resistência dentro do próprio governo e entre especialistas.

SEM PROJETO
Em nota, o Ministério da Economia informou que Cintra pediu exoneração. Segundo a pasta, sob comando de Guedes, ainda "não há um projeto de reforma tributária finalizado".

"A equipe econômica trabalha na formulação de um novo regime tributário para corrigir distorções, simplificar normas, reduzir custos, aliviar a carga tributária sobre as famílias e desonerar a folha de pagamento", diz o ministério.

De acordo com o ministério, a proposta de reforma tributária somente será divulgada depois do aval de Guedes e do presidente Bolsonaro.

"O ministro Paulo Guedes agradece ao secretário Marcos Cintra pelos serviços prestados."

O presidente Jair Bolsonaro já havia afirmado neste mês à Folha que a recriação de um imposto nos moldes da antiga CPMF deve ser condicionada a uma compensação para a população. "Já falei para o Guedes: para ter nova CPMF, tem que ter uma compensação para as pessoas. Se não, ele vai tomar porrada até de mim", disse o presidente.

Nesta quarta, presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que vê dificuldades para o avanço de uma proposta de imposto nos moldes da antiga CPMF na Câmara.

"Acho muito difícil superar", afirmou após reunião com parlamentares sobre a reforma tributária. "De fato as reações hoje foram muito contundentes da dificuldade da CPMF na Câmara."

Maia afirmou também que o governo deve encaminhar sua proposta de reforma nos próximos dias e que não há problemas de Senado e Câmara trabalharem em propostas paralelas.
Herculano
11/09/2019 13:50
JULIO GARCIA TESTA SUA HABILIDADE POLÍTICA DE SE AUTOPROTEGER

Conteúdo do Diário Catarinense, da NSC Florianópolis. Texto de Anderson Silva. No documento, o delegado descreve indícios contra o deputado e um grupo de pessoas próximas a ele. Garcia é suspeito de ser sócio oculto de uma das empresas de tecnologia investigadas por uma possível fraude em contratos com a Secretaria de Administração do Estado. Além disso, segundo a PF, ele seria beneficiário do esquema.

Ao colunista, o presidente da Alesc confirmou que prestará depoimento à PF. Ele diz que pretende falar e fazer sua defesa:

- No dia em que eu dei a entrevista e fiz meu pronunciamento na Alesc (alguns dias após a operação), eu era apontado como o centro de toda a operação. Agora, se você ler com atenção (o despacho), restou apenas uma denúncia que será muito fácil me defender. Não há como provar que sou sócio oculto de alguma empresa. E não há como negar que sou amigo do dono da empresa. Tenho uma relação de amizade e familiar. Estou muito tranquilo em relação ao processo, evidentemente que não gostaria de responder (o processo), mas tenho certeza da minha inocência lá na frente, na Justiça.
O deputado afirma que a data do depoimento ainda não foi marcada. Já a PF diz que não comenta investigações em andamento e que somente se pronuncia após a conclusão dos relatórios.
Herculano
11/09/2019 13:34
PACTO FEDERATIVO? OS MUNICÍPIOS GANHAM FôLEGO

Do deputado FEderal Kim Kataguiri,DEM SP, no twitter:

Acabamos de aprovar o meu relatório do PL 5163/2013 de autoria dos Deputados @otavioleite e @samuelmoreira
, que inclusive os parabenizo pela iniciativa.

O projeto faz com que os Estados e a União compensem os municípios que estiverem custeando serviços de competência dos mesmos
Herculano
11/09/2019 13:30
PARA PENSAR

Eu sou pessoalmente contra a implantação do CPMF disfarçado, por tudo que já li, conheço com o mínimo sobre macroeconomia, e vivi.

Mas, é preciso tributar de alguma forma a corrupção, o por fora, a informalidade, o tráfico, gatos (luz, água, internet...) e dezenas de outras modalidades que usufruem do estado, mas não contribuem com ele. Os impostos são pagos pelos pobres principalmente quando acesso alimentos e serviços básicos e os formais.
Herculano
11/09/2019 13:25
'NOVA CPMF' INCENTIVA INFORMALIDADE E TEM POUCA TRANSPARÊNCIA, por Josué Pellegrini, diretor da IFI, no jornal Folha de S. Paulo

O fato é que se trata de um tributo bastante polêmico, pouco adotado na experiência internacional

O imposto sobre transações financeiras (ITF) é bastante polêmico entre os economistas e especialistas em questões tributárias de modo geral. A bem da verdade, há uma clara predominância de críticos a esse tributo.

A base tributária do ITF pode ter vários graus de abrangência, mas o usual é que incida em transações feitas pelo sistema financeiro, quitadas por meio de cheque, cartão de débito ou de crédito, por exemplo.

Os defensores do ITF costumam argumentar que o imposto apresenta um baixo custo administrativo. De fato, as transações ocorrem e os recursos entram automaticamente no caixa do Tesouro. Não é necessária qualquer iniciativa do contribuinte ou do fisco. A experiência do Brasil com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 2008, quando o tributo foi extinto, é ilustrativa a esse respeito.


Outro argumento levantado pelos apoiadores é o da tributação da economia informal. Esse lado da economia passa à margem de todo tipo de registro que possa revelá-la, muitas vezes por causa da origem ilícita das operações, mas com frequência, com o simples objetivo de sonegar os impostos devidos. Como essas transações nem sempre podem deixar de ser feitas por meio do sistema financeiro, acabariam registradas e tributadas pela ITF.

Os problemas começam a surgir justamente nesse ponto. Não apenas a economia informal como a formal teriam incentivos para, a depender da alíquota do ITF, encontrar meios para transacionar fora do sistema financeiro, levando à chamada desintermediação financeira.

Trata-se de um problema sério, pois o efeito seria a redução da eficiência e da produtividade da economia. Basta pensar em uma situação extrema, na qual as transações fossem feitas com dinheiro. Na época da CPMF, por exemplo, os cheques eram emitidos e demoravam a ser descontados pois eram utilizados em outros pagamentos.

Pode-se alegar que a desintermediação financeira foi pouca significativa com essa contribuição. Entretanto, a alíquota era baixa (0,38%), escondida em uma taxa de juros bastante elevada. A arrecadação também era baixa, mais um imposto em meio a vários outros.

Um outro problema do ITF é a incidência cumulativa. Esse é um problema que aflige o Brasil, com seu complexo conjunto de tributos sobre bens e serviços. As propostas de reforma tributária que tramitam no Congresso buscam justamente resolver as distorções daí advindas.

Se um bem for produzido em várias etapas, várias transações financeiras seriam necessárias para se se chegar à etapa final, provavelmente, cada qual com a incidência do ITF. Nesse contexto, cria-se novamente um incentivo negativo, agora para organizar o processo produtivo e empresarial de modo a economizar etapas e reduzir a incidência do imposto, com perdas extras de produtividade e eficiência.

Outro problema do ITF que deriva das dificuldades antes apontadas é a falta de transparência. O desejável é que os contribuintes possam saber quanto estão pagando de impostos até para que possam fiscalizar os governantes para que usem os recursos de forma adequada. Essa é uma questão importante da nossa tributação sobre bens e serviços. É quase impossível conseguir discriminar em uma nota fiscal a parcela da conta formada por tributos. No caso do ITF, a dificuldade seria possivelmente ainda maior.


O ITF ficou por um bom tempo esquecido. Não houve qualquer tentativa séria de reinstituir a CPMF ou algo parecido nesses dez anos que se passaram desde sua extinção. O tema reascendeu na campanha presidencial e, principalmente, por conta dos sucessivos pronunciamentos de autoridades econômicas a respeito das virtudes desse imposto. Uma proposta do governo poderá ser enviada ao Congresso a qualquer momento, com a presença desse controverso tributo.

É preciso ver se isso de fato ocorrerá e, se ocorrer, como será, especialmente em termos de alíquota e abrangência. Substituirá outro tributo, como a contribuição previdenciária do empregador, ou resultará, na verdade, em aumento da carga tributária, já que o ajuste sobre despesas obrigatórias tem se mostrado tão difícil?

O fato é que se trata de um tributo bastante polêmico, pouco adotado na experiência internacional. O fato de termos produzido um sistema tributário tão distorcido não depõe favoravelmente a opções made in brazil.
Herculano
11/09/2019 13:19
A COSA NOSTRA BRASILEIRA CONTRA O POVO QUE SUSTENTA ESSA GENTE SEM ESCRÚPULOS

De J.R. Guzzo, de Veja, no twitter

O problema não é Renan Calheiros. O problema é uma coisa chamada "Senado Federal". Nada do que acontece ali é honesto, obedece alguma regra moral ou serve à população. Seu atual presidente é apenas um Renan com menos prática em destruir o Brasil ?" mas vai chegar lá, rapidinho
Herculano
11/09/2019 13:16
da série: o governo que se elegeu prometendo dar um basta na corrupção e o crime organizado, fez um acordão com os políticos da Câmara, Senado e Supremo, para desmoralizar o Ministro Sérgio Moro e deixar rolar a grana que sustenta as sacanagens sem qualquer controle e investigação. Incrível!

COAF APONTA "MOVIMENTAÇõES ATÍPICAS" DE R$ 2,5 MILHõES NA CONTA DE DAVID MIRANDA

Conteúdo de O Antagonista. Um relatório enviado pelo Coaf ao Ministério Público do Rio aponta "movimentações atípicas" de R$ 2,5 milhões feitas pelo deputado David Miranda em sua conta bancária entre abril de 2018 e março de 2019.

No dia 2 de setembro, a [revista eletrônica] Crusoé já havia noticiado o relatório produzido pelo Coaf sobre as transações consideradas atípicas nas contas do marido de Glenn Greenwald.

Com base no documento, o MP-RJ abriu uma investigação para apurar o caso.

O relatório do Coaf foi feito em meio a uma investigação que apurava supostas ilegalidades em gráficas da cidade de Mangaratiba, no estado do Rio. O deputado contratou os serviços de uma das empresas investigadas e, em função disso, teve as movimentações financeiras em sua conta enviadas pelo Coaf ao MP.

Ao Globo, David Miranda afirmou, por meio de sua assessoria, que o cargo na Câmara dos Deputados não é a sua única fonte de renda e que "as movimentações são compatíveis com sua renda familiar".

O parlamentar disse que os depósitos detectados pelo Coaf são provenientes de uma agência de turismo da qual é sócio com Glenn Greenwald.
Herculano
11/09/2019 13:01
BARATA-VOA DA REFORMA TRIBUTÁRIA CRIA INCERTEZA PARA EMPRESAS E INVESTIMENTOS, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Empresas sabem cada vez menos quanto imposto vão pagar, o que atrapalha negócios

As empresas não sabem quanto vão pagar de imposto no ano que vem, menos ainda nos seguintes. De costume, a despesa com tributos é incerta, dado o tamanho dos contenciosos (disputas com os governos sobre os valores devidos). Com o barata-voa das reformas tributárias, a indefinição aumenta.

Algum economista por aí acha que incerteza é um incentivo para investimentos (que já são uma miséria)?

Até a noite desta terça-feira, o governo dava a impressão de que teria abandonado o pacote de mirabolâncias reformistas. Começaria apenas com a modesta e antiga proposta de reformar o PIS/Cofins, a princípio. A nova CPMF, a redução dos impostos sobre a folha salarial e, talvez, do IR das empresas ficariam para depois. Tributação sobre dividendos? Viria também, não se sabe quando.


Seria uma reforma "um dia de cada vez". Nos anos seguintes, haveria outras mudanças, que não conversam com as reformas que andam pelo Parlamento.

Em uma proposta que tramita no Congresso, seriam unificados vários impostos federais, o ICMS estadual e o ISS municipal, mudança a ser implementada gradualmente, em dez demasiados anos. Algumas empresas pagariam mais imposto, outras menos, em tese, pois o conflito e a reivindicação de regimes especiais mal começaram. Poderia haver mudanças adicionais, dado o plano do governo de fazer uma reforma fatiada pelos próximos anos. Quem sabe?

Isto é, em um futuro próximo mas incerto, sobre as empresas incidiriam menos contribuição para o INSS e menos IR. A perda de receita seria contrabalançada pelo quê? Mesmo uma alíquota de nova CPMF altíssima, de 1%, bancaria apenas o fim da contribuição patronal para a Previdência. E o resto, a redução do IR? Viria de mais CPMF (note-se que a CPMF vai incidir mais sobre algumas empresas do que outras) De impostos sobre dividendos e rendimentos do capital em geral?

Em circos antigos, havia o número do artista que equilibrava com o corpo uma dúzia de pratos girando sobre varas. Essa barafunda de impostos novos e velhos lembra os pratos do equilibrista. Caso alguns caiam, quebrem, não funcionem, como vai ser? É um risco para a receita do governo, que já tem déficits brutais e, daqui a pouco, ficará sem dinheiro para a conta de luz. A fim de evitar o risco de perder receita, vai então chutar as alíquotas para cima, a fim de arrecadar mais, por segurança?

Não seria nem problema assim tão grande, porque a carga tributária federal CAIU desde o início da década. Mas passemos.

Para falar francamente, todas essas hipóteses são na prática questões retóricas. Ainda não é possível discutir a qualidade tributária da reforma, seus efeitos na arrecadação, as distorções econômicas que vai causar ou a repartição da conta tributária (quem vai pagar mais). Sabemos apenas de rumores, fofocas de alíquotas, sensacionalismos tributários, no máximo de informações fragmentadas.

Mais do que uma vergonha, é um problema político e econômico que, a um trimestre do final do ano, não tenhamos nem uma comissão de consolidação das ideias de reforma tributária, se é que existe algum plano sério de articular o barata-voa das projetos.

Mesmo que a proposta do governo se resuma, a princípio, a uma mexida no PIS/Cofins, os planos para os anos seguintes são tão audaciosos quanto nebulosos. Vamos ter reforma tributária anual? Isso não vai prestar politicamente e cria incerteza, o que costuma colocar as empresas na retranca.
Herculano
11/09/2019 12:56
SECRETÁRIO DE CULTURA É DESCONHECIDO ATÉ DO CHEFE, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta quarta-feira nos jornais brasileiros

O novo secretário nacional de Cultura, Ricardo Braga, esperava havia nove meses a confirmação do seu nome para um órgão de menor relevância, mas acabou tirando a sorte grande. A indicação de Braga, homem do mercado, é atribuída ao ministro Abraham Weintraub (Educação) e avalizada por Paulo Guedes (Economia). A nomeação terá surpreendido até seu chefe, o ministro Osmar Terra (Cidadania).

QUEM, EU?

Fonte do Planalto conta que a mulher de um pastor de Campinas (SP), de mesmo nome, achou que o surpreso marido havia sido o nomeado.

MENOS CARGOS

Ricardo Braga não controlará autarquias ligadas à Cultura, como o Iphan ou Biblioteca Nacional. Estão ligadas ao gabinete do ministro.

PIB CULTURAL

O interesse de Paulo Guedes por Cultura tem a ver com o fato de a área responder por 4% do Produto Interno Bruto (PIB).

CULTURA E ESPORTE

Muitas indicações de militares para cargos no governo Bolsonaro ainda aguardam oficialização. Especialmente na Cultura e no Esporte.

PLANOS DE SAÚDE CONTINUAM 'EXPULSANDO' CLIENTELA

Após "expulsar" 3 milhões brasileiros entre 2015 e 2017 com as suas mensalidades criminosas, os planos de saúde (ou "de morte", como os chama o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta) perderam 133 mil clientes em 12 meses, diz a ONG IESS. Mas fatura R$175 bilhões por ano, mais que o orçamento de R$122,6 bilhões do Ministério da Saúde. A "agência reguladora" ANS revogou a venda obrigatória de planos individuais para forçar a opção pelos coletivos. Ou se virar no SUS.

MORTE AO INDIVIDUAL

O reajuste do plano individual é fixado pela ANS, que, apesar de ser sempre generosa com as empresas, não as satisfaz completamente.

NINGUÉM FATURA TANTO

Planos de saúde agora faturam R$175 bilhões por ano no Brasil, cujo Ministério da Saúde tem orçamento 32% menor: R$122,6 bilhões.

PLANOS DE CRUELDADE

"Planos de morte" reajustam mensalidades ao menos em 100% quando o cliente completa 59 anos. Tudo sob o patrocínio e a omissão da ANS.

ESQUECERAM DE MIM

Ele nada comentou com estranhos, mas pessoas próximas dizem que Hamilton Mourão ficou chateado porque o presidente Bolsonaro não o chamou, mas apenas ao ministro Sergio Moro (Justiça), para o "banho de povo" durante intervalo do desfile de 7 de Setembro, em Brasília.

QUEM FAZ A CONTA?

O delator Carlos Miranda revelou que o ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB-RJ) levou até R$30 milhões de propina enquanto era vice de Sérgio Cabral. Já quando virou governador, não se sabe os valores.

NOVO JUDICIÁRIO

Tem despertado grande interesse o seminário que o STJ e o Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP) promovem, dia 23, sobre novos processos e tecnologias na Justiça, com a participação de ministros como João Otávio de Noronha, presidente do Tribunal.

MENOS, RAPAZES

Sindicalistas da Receita adotam o terrorismo para reclamar dos cortes. O exagero virou piada. O anúncio do "fim do mundo" inclui a extinção dos impostos e o triunfo da sonegação, do contrabando, do tráfico etc.

QUASE NOSSO

O primeiro dos 36 caças Gripen foi entregue à FAB, na Suécia. Cinco anos após contrato com a Saab, serão necessários mais dois anos de testes para que, em 2021, os outros aviões sejam montados no Brasil.

MERCADO DE LUXO

Os mais próximos do presidente Jair Bolsonaro estão impressionados com as atenções do Hospital Vila Nova Star, de São Paulo, ao paciente ilustre. A estratégia desse novo hospital é disputar o mercado de celebridades onde o Albert Einstein e o Sírio-libanês deitam e rolam.

CARTÃO DE DÍVIDAS

Segundo o site Bons Investimentos, os juros sobre atraso de um ano em fatura de R$898, no cartão de crédito (média brasileira, segundo o SPC Brasil), seriam suficientes para comprar 7,3 cestas básicas.

TRISTE ANIVERSÁRIO

Completa 18 anos nesta quarta (11) o ataque terrorista mais letal da era moderna, às Torres Gêmeas, em Nova York. Foram 2.977 vítimas, incluindo 343 bombeiros, 23 policiais e 37 da autoridade portuária.

PERGUNTA NA CONSCIÊNCIA

Após Najila Trindade ser indiciada por extorsão e denúncia caluniosa, a pergunta não quer calar: quanto vale o dano moral sofrido por Neymar?
Herculano
11/09/2019 12:36
CELSO DE MELLO: !!!, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Diante da presepada de Crivella, decano é luz na luta contra a treva

A mensagem do ministro Celso de Mello para a colunista Mônica Bergamo tinha 15 pontos de exclamação. Diante da presepada do prefeito Marcelo Crivella na Bienal do Livro, o decano do Supremo Tribunal Federal fez um curto e indignado protesto contra as "trevas que dominam o poder do Estado" a "intolerância", a "repressão ao pensamento" e a "interdição ostensiva ao pluralismo de ideias". Não deu nome aos bois, mas qualificou a manada: as "mentes retrógradas e cultoras do obscurantismo [que] erigem-se, por ilegítima autoproclamação, à inaceitável condição de sumos sacerdotes da ética e padrões morais e culturais que pretendem impor, com o apoio de seus acólitos, aos cidadãos da República !!!!".

Celso de Mello não é só o decano do Supremo Tribunal Federal, pois esse título mostra apenas que é o ministro que está lá há mais tempo, desde 1989. Ele é uma espécie de fiel da balança nas divergências e idiossincrasias de seus pares. Ele havia sinalizado seu desconforto em agosto passado, quando Jair Bolsonaro republicou uma Medida Provisória que havia sido rejeitada pelo Congresso: "Ninguém, absolutamente ninguém, está acima da autoridade suprema da Constituição da República".

Habitualmente oceânico em seus votos, o ministro foi breve em sua mensagem a Mônica Bergamo. Com 173 palavras, falou do tempo "novo e sombrio" que se anuncia. Seus 15 pontos de exclamação mostram que está zangado. É a zanga de um homem da lei. Acaba de sair nos Estados Unidos uma boa biografia de Oliver Wendell Holmes Jr, o grande juiz da Suprema Corte, onde sentou-se de 1902 a 1932. Flor do orquidário de Mello, Holmes foi o autor do grande voto em defesa da liberdade de expressão que ficou em minoria na época mas hoje é um marco na jurisprudência americana. Certo dia, aos 90 anos, o juiz pediu a uma secretária que lhe lesse "O Amante de Lady Chatterley", de D. H. Lawrence. A certa altura, mandou que parasse: "Filha, não vamos acabar este livro, sua chatice não é aliviada por sua pornografia". Hoje "O Amante de Lady Chatterley" é apenas um romance chato. Quando a moça lia para Holmes, ele estava proibido nos Estados Unidos. (A licenciosidade Lawrence é light se for comparada com a retórica de Bolsonaro.)

Celso de Mello mostrou que vai à luta contra "as trevas que dominam o poder do Estado". Nessa briga Marcelo Crivella é um cisco no olho. O desconforto do ministro com as plataformas móveis de Jair Bolsonaro é grande e antigo. Antes mesmo da eleição ele cogitava antecipar sua aposentadoria para não entregar sua vaga depois de uma eventual vitória do capitão. Mudou de ideia e pode ter se arrependido, pois em nove meses viu seus temores confirmados. No início do mandato de Bolsonaro o ministro foi colocado na situação de esquentador de cadeira para Sergio Moro. Do Moro de janeiro resta apenas uma pálida sombra, disciplinado pela calistenia do Planalto, onde ensina-se que lá não se admite a figura de ministro com agenda própria. Quem samba fica, quem não samba pode ir embora. E Moro decidiu ficar.

Celso de Mello chegará à aposentadoria compulsória no seu 75º aniversário, em novembro do ano que vem. Até lá, escreverá boas páginas na defesa das "vias democráticas", na luta da luz contra a treva
Herculano
11/09/2019 12:28
NEM SEMPRE É O QUE PARECE, por Carlos Brickmann

Um dos zeros do presidente, Carluxo, levou cacetadas só por ter dito que, por vias democráticas, a transformação que o Brasil quer "não acontecerá na velocidade que almejamos". E, no entanto, Carluxo tem razão. Foi abandonando a democracia que Mussolini fez com que os trens da Itália cumprissem o horário. Tudo bem que algum tempo depois a Itália fosse invadida e ele terminasse seus dias pendurado pelos pés. Mas foi tudo rápido. Como foi rápida a transformação da Alemanha tão logo Hitler fugiu das vias democráticas. Montou avançados campos de extermínio, levou o país a ser atacado com as mais modernas armas então existentes, e depois passar uns 50 anos dividido em dois ?" algo, convenhamos, transformador, diferente de tudo o que havia antes.

Há quem pense que o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, movido pelo fervor fundamentalista, errou feio ao tentar apreender os gibis da Marvel em que dois super-heróis se beijavam. Nada disso: Crivella passou a ser criticado por esquecer que o país é laico, que revista compra quem quer e que a censura é proibida pela Constituição. Enquanto isso, não o criticaram pela total inoperância como prefeito do Rio. Crivella, como o prefeito paulistano Bruno Covas, é simpático, bom de conversa, mas concentra defeitos na parte administrativa. Digamos que Crivella é uma espécie de Bruno Covas capaz de citar longos trechos do Evangelho.

QUAL A VANTAGEM?

Parece que está sendo difícil defender a gestão de Crivella como prefeito. Ao brigar com os super-heróis, passa a ser defendido por eleitores que, como ele, se opõem a fotos, desenhos ou frases que pareçam ser contra a religião. Embora o trio Batman, Robin e Alfred, e as duplas Mandrake e Lothar, o Fantasma e Guran, o líder pigmeu, nunca tenham dado margem a dúvidas.

SALVADOR SEM PORNOGRAFIA

ACM Neto, prefeito de Salvador, promulgou a lei que proíbe pornografia em eventos da Prefeitura. OK - mas como definir o que é pornografia? No Carnaval de Salvador dificilmente as letras estão distantes do tema proibido. Nos bons tempos em que Carlos Moreno era garoto-propaganda da Bombril, uma das músicas do Carnaval de Salvador, composta pelo pessoal da agência de publicidade que cuidava da conta, tinha como refrão "Pega no Bombril dela". Nos tempos da censura do regime militar, as revistas de mulher pelada receberam instruções sobre o que era proibido ou permitido. Mulher nua só podia exibir um dos seios. Mas, com uma camiseta molhada, transparente, podia mostrar os dois. E havia a proibição do impossível: não era permitido mostrar uma foto frontal de bunda. Essa nem Picasso conseguiria.

BOA NOTÍCIA

O Brasil continua sendo um dos recordistas mundiais de assassínio, mas melhorou um pouco: pela primeira vez em três anos, caiu o número de pessoas assassinadas. Em 2018, houve menos assassínios que em 2014. Não é uma grande redução, mas é uma redução: houve 57.341 pessoas assassinadas. Mas o número de mortos pela Polícia alcançou o recorde de 6.220. Não se sabe se um número deriva do outro. Está aí um bom tema para debates: quando a Polícia mata mais, o número total de assassínios se reduz? Ou, o que também é possível, um número não tem nada a ver com o outro?

O BEM-BOM, DE NOVO

Deu no Estadão: "Com aval de Rodrigo Maia, um grupo de parlamentares liderados por Luiz Flávio Gomes (PSB de São Paulo) quer impedir que juízes de primeira instância determinem medidas drásticas contra políticos, como prisão, quebra de sigilos bancário e telefônico, além de busca e apreensão." Isso é para evitar "o ativismo judiciário", nome que dão ao trabalho do juiz de primeira instância quando determina medidas contra alguma Excelência.

Todos são iguais perante a lei, mas há os que querem ser mais iguais.

MENINOS, EU LI

O vice-presidente general Hamilton Mourão, comentando a frase de Carluxo Bolsonaro sobre a dificuldade de transformar rapidamente o país por causa da democracia, disse que democracia é o pilar da sociedade. Vivemos todos para testemunhar, caros leitores, um general linha-dura ensinando a importância da democracia a um civil que ganha a vida graças a ela (já que seus salários de vereador são pagos porque foi votado e se elegeu).

BUSCANDO MÉDICOS

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, PSDB, propôs o Contrato do Programa de Médicos (sucessor do Mais Médicos), para ampliar o sistema de saúde do município. Os três senadores do Estado o apoiaram e, reunidos com o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, acertaram a assinatura de convênio, já previsto no orçamento municipal. E daí? Daí, nada: Erno Harzheim, secretário da Assistência Básica do Ministério da Saúde, está emperrando, por algum motivo desconhecido, a assinatura do convênio. Quem manda lá?
Herculano
11/09/2019 12:10
O QUE O TUÍTE DE CARLOS REVELA SOBRE O POPULISMO DE BOLSONARO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Presidente e aliados seguem linha que apresenta democracia como entrave a mudanças

"Sem dúvidas, nem o Parlamento, nem o Poder Judiciário são hoje agentes de mudança, mas freios à transformação e ao progresso." A frase está no texto em que Alberto Fujimori justificava o autogolpe que fechou o Congresso e desfigurou os tribunais do Peru, em 1992. Poderia ter saído também da caneta de qualquer político populista de 2019.

O tuíte em que Carlos Bolsonaro lamenta a demora no avanço do país "por vias democráticas" carrega a substância daquela mensagem. O vereador não anunciou a implantação de um regime autoritário, é verdade, mas reproduziu bem a doutrina bolsonarista contra as instituições.

Governantes incomodados com os contrapesos do poder costumam culpar as limitações impostas pela democracia. O argumento seguinte é o de que a vontade do povo só será cumprida se os líderes puderem remover todos os obstáculos.

Essa é a linha clássica do populismo. Não por acaso, Jair Bolsonaro e seus aliados têm o hábito de apresentar as instituições como entraves às tentativas de mudar o país e de implementar seu programa.

Quando declarou que, numa democracia, as transformações podem demorar, o filho do presidente parecia pedir calma a eleitores impacientes, mas também reforçou mais uma vez aquele desconforto.

Meses atrás, o pai já havia feito uma propaganda explícita desse incômodo com os freios da política. "Que poder, de fato, tem o presidente do Brasil? Até o momento, como todas as suas ações foram ou serão questionadas no Congresso e na Justiça, apostaria que o presidente não serve para nada", dizia um texto divulgado por Bolsonaro, em maio.

Jogar a culpa no "sistema" pode ser só uma estratégia para ganhar tempo, mas também contribui para nutrir uma insatisfação generalizada com as instituições democráticas. Líderes que tentam restringir a atuação de outros órgãos gostam de apelar para esse sentimento. Há 27 anos, o desprestígio do parlamento peruano levou mais de 80% da população a apoiar o golpe de Fujimori.

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