Como se cria penduricalhos para os comissionados e cargos de confiança na prefeitura de Gaspar - Jornal Cruzeiro do Vale

Como se cria penduricalhos para os comissionados e cargos de confiança na prefeitura de Gaspar

02/09/2019

Uma máquina de tirar dinheiro das prioridades e azeitar o comitê eleitoral de caça votos dos que estão no poder de plantão e querem se reeleger

Os vereadores funcionários públicos Silvio Cleffi, PSC e Cícero Giovane Amaro, PSD, foram os únicos contra lei que abre brecha para ampliar salários de indicados políticos. Rui, ex-funcionário, impediu que o mesmo indicado acumulasse proventos se fosse indicado em várias comissões

Na terça-feira passada foi aprovado o Projeto de Lei 31/2019 do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB e que foi parar na Câmara em abril no tal desgastado Regime de Urgência. Um silêncio só na imprensa e nas redes sociais, enquanto se reclama da falta de dinheiro para o básico na prefeitura.

E qual era o título do PL aprovado? “Revoga dispositivos da Lei nº 2.596, de 29 de junho de 2005”. E quando um PL vem da prefeitura com títulos técnicos deste tipo, incompreensíveis aos cidadãos pagadores de pesados impostos, como escrevi tantas vezes aqui, ele está querendo esconder o que não se quer ver debatido entre e com a sociedade, exatamente ela, a que vai pagar a conta final dessas artimanhas de gente sabida, o que se apresentam como novos políticos...

Bingo. E foi isso que aconteceu com este PL. Só os vereadores Silvio Cleffi, PSC, e Cícero Giovane Amaro, PSD, funcionários públicos municipais efetivos é que votaram contra ele. Um ex-funcionário, Rui Carlos Deschamps, PT, fez uma emenda, amenizou a farra e ajudou na aprovação com os demais dois votos do PT: o de Mariluce Deschamps Rosa, também funcionária pública municipal e Dionísio Luiz Bertoldi que acompanhou o pedido do governo. Vai que um dia o PT volte ao poder e com o PL terá mais espaços para agradar os seus, com o dinheiro dos gasparenses.

O que dizia expressamente a Lei 2.596 sobre este assunto nos artigos que foram modificados pelo PL 31 de Kleber? Impedia o recebimento da ajuda de custo dos servidores que se encontravam investidos em função de chefia (ou seja, os nomeados em confiança) e em cargo em comissão (as tais indicações políticas na sua maioria e raramente de técnicos de verdade), bem como pelo servidor indicado pelo Sindicato representativo da classe na Comissão Permanente de Estágio Probatório.

A proposta do prefeito Kleber foi ainda mais ousada: ela possibilitava que um mesmo servidor participasse de mais de uma comissão recebendo por isso, cumulativamente, em cada uma delas.

Depois da votação de terça-feira na Câmara, o servidor em cargo de confiança e em comissão pode receber essas “gratificações” – além do seu vencimento normal - quando ele for designado para estar em uma comissão. Entretanto, a emenda que o vereador Rui apresentou e foi aprovada, ele não pode acumular as remunerações em várias comissões como originalmente queria o projeto do prefeito. Além disso, continua vedado o pagamento ao representante do Sindicato.

Ou seja, e resumindo: na proposta de Kleber, um servidor comissionado, amigo do poder, por questões de ajustes políticos e proximidade, poderia estar em várias comissões e receber, em alguns casos, hipoteticamente, até mais do que o próprio vencimento original do seu cargo. Não foi à toa, que durante a discussão da matéria, o presidente da Casa, Ciro André Quintino, MDB, deixou escapar no microfone que estava aberto, a seguinte observação: “Meu Deus! Vai ganhar mais que vereador?”, como se vereador ganhasse pouco.

E em quais das múltiplas comissões criadas por leis em Gaspar, efetivos, mas principalmente nomeados em confiança (que já ganham mais por isso) e os comissionados (que não precisam provar que sabe o que precisam fazer) poderão ser nomeados e ao mesmo tempo serem gratificados por isso? Nas comissões Permanentes de Licitação, de Estágio Probatório, na comissão de Fiscalização, na comissão de Avaliação de Imóveis para fins de Aquisição ou Desapropriação, na comissão de Avaliação de Imóveis para fins de Locações, e aos membros da Unidade de Julgamento Singular de Recursos Administrativos Tributários em Primeira Instância e da Junta de Recursos para Julgamento de Recursos Administrativos Tributários em Segunda Instância. Acorda, Gaspar!

Coisa de doido

Tanta gente empregada com especialidade em contabilidade pública e direito administrativo na prefeitura e no Samae, mas uma lei sancionada há poucos dias já precisa ser retificada na Câmara para poder valer de verdade em Gaspar e socorrer o combalido hospital

O que apareceu na Câmara de Vereadores de Gaspar? O Projeto de Lei 68/2019 assinado pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. E para variar em Regime de Urgência. E qual a finalidade dele? Pasmem! “Altera dispositivos e cláusulas do termo de Convênio da Lei nº 3.987, de 11 de julho de 2019, que autoriza o Poder Executivo Municipal, por intermédio do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Gaspar – Samae -, a celebrar convênio com o Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, para receber contribuição financeira espontânea”.

Vou repetir: a lei que tramitou como projeto pela Câmara, foi assinada pelo prefeito Kleber no dia 11 de julho deste ano. Então, 45 dias depois, um novo Projeto de Lei deu entrada na Câmara para corrigi-lo? O que significa isso? A má qualidade do assessoramento do prefeito. Nem mais. Nem menos ou a arapuca onde está metido.

A matéria original – bem-intencionada e necessária - passou pela Câmara onde há técnicos habilitados para detectar, pela experiência legislativa, pois conhecem às regras orçamentárias e contábeis que fiscalizam, a falha que agora se corrige. Mas, mesmo assim, é admissível este cochilo.

O que não pode se admitir é que o prefeito sancione uma Lei com erro tão grasso diante de uma equipe tão grande de advogados especialistas na Procuradoria Geral do Município, no Samae, bem como de técnicos e advogados na secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, tocada pelo prefeito de fato, presidente do MDB, e advogado, Carlos Roberto Pereira. Tudo sob a chancela do chefe de gabinete, Roni Muller.

E qual foi a argumentação usada para tudo voltar à estaca zero? Esses recursos, ou seja, as doações espontâneas, são extra-orçamentários. Óbvio do óbvio. O Samae é usado apenas como meio coletor de doações no seu sistema de faturamento para uma entidade terceira – que apesar de hoje estar sob intervenção municipal – não tem, em tese, nada a ver com o município e o Samae e seus orçamentos. Incrível tardia e acertada descoberta.

Quem escreveu esta justificativa no novo PL 68 não leu o Projeto de Lei aprovado na Câmara e o transformou em Lei para o prefeito assiná-lo? “Ingressos extraorçamentários são recursos financeiros de caráter temporário, do qual o Estado é mero agente depositário. Sua devolução não se sujeita a autorização legislativa, portanto, não integram a Lei Orçamentária Anual (LOA). Por serem constituídos por ativos e passivos exigíveis, os ingressos extraorçamentários, em geral, não têm reflexos no Patrimônio Líquido da Entidade”.

Só agora descobriram esta lição básica de contabilidade pública?

E o recibo do desleixo técnico-legislativo do pessoal da prefeitura está consagrado num dos parágrafos da justificativa do próprio PL 68/2019 que está na Câmara para a correção da Lei: “Os artigos 2º e 3º, bem como a cláusula 4º, itens 4.1 e 4.3 da minuta do Termo de Convênio precisam ser alterados, pois ferem os princípios fundamentais de contabilidade pública, regidos pela Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964, tratados pelo manual de contabilidade aplicada ao setor público, bem como os regramentos e orientações quanto aos eventos contábeis e orçamentários emanados pelo Egrégio Tribunal de Contas do Estado e Santa Catarina”.

Entenderam a razão pela qual, a cada dia, o prefeito Kleber Edson Wan Dall está mais exposto nas suas funções? Este é um exemplo simples, sem muita consequência para o seu mandato, a não ser o mico que está pagando e corrigindo-o.

Mas, a culpa disso é de Keber. Foi ele quem escolheu esta equipe que o deixa a pé em várias ocasiões, inclusive naquilo que poderá custar à sua condição de candidato. Ou Kleber está obrigado a trabalhar com gente em que não pode confiar, só para se manter no poder como prefeito eleito? Acorda, Gaspar!

A vingança é uma marca dos que estão no poder em Gaspar.

Notícia falsa espalhada intencionalmente pela secretaria de Agricultura é uma retaliação à denúncia do uso irregular de equipamentos públicos em área de preservação

Os vereadores Dionísio (a esquerda), Rui (ao centro) e Mariluci (a direita) querem que o prefeito Kleber expliquem quem está impedindo os colonos de Gaspar de receberem adubo de fumo em folha

Eu já tinha noticiado à irregular atividade da secretaria de Agricultura e Aquicultura de Gaspar em terreno de particular. Isso deu até Polícia, explicações do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e para completar, agora está em para apuração no Ministério Público em possível improbidade administrativa, mesmo todos insistindo que a atual gestão tem o “corpo fechado”.

Eu já tinha comentado aqui o discurso de indignação na Câmara do vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, de que a presidente do Sindicato Rural, Ivanildes Rampelotti, culpava os “vereadores da oposição” por eles não terem acesso a um adubo de fumo. Espalhou-se um áudio dela por aplicativos de mensagens com sua indignação e pau puro nos vereadores de oposição.

Agora, Bertoldi diz que o secretário de Agricultura de Gaspar, André Pasqual Waltrick, PP, faz a outra parte do serviço. Ele percorre as propriedades do interior, alegando que em decorrência das denúncias dos vereadores, os colonos não poderiam mais receber o adubo orgânico – pago, subsidiado ou gratuitamente - oriundo das sobras do processamento de fumo em folha na unidade da Souza Cruz, de Blumenau, como vem acontecendo há anos, num processo intermediado pelo Sindicato e pela Secretaria.

Na imprensa, todavia, um silêncio só sobre este grave assunto.

Mas, na sessão terça-feira passada da Câmara, como nada se explicava, diante do silêncio matreiro do governo e dos vereadores aliados de Kleber na Câmara, mas com a notícia se espalhando de casa em casa no interior num processo organizado e com sinais eleitoreiros, os vereadores Dionísio, Mariluci Deschamps Rosa e Rui Carlos Deshamps, todos do PT, resolveram tirar esta história oficialmente a limpo.

Fizeram um requerimento e tiveram-no aprovado, o de número 160/2019. Dionísio foi à tribuna fazer mais uma vez para o queixume.

Segundo ele, o requerimento ao prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, é para ele explicar “esta notícia falsa, sem pé e sem cabeça”, que segundo Dionísio, o subordinado do prefeito, espalha no interior do município, apenas como retaliação à fiscalização que os vereadores fazem sobre as atividades irregulares do secretário André Waltrick e da secretaria. A notícia falsa, segundo ele, possui claros sinais para benefícios políticos eleitorais ao grupo de que está no poder e prejuízo a quem é oposição.

Diante do requerimento, o próprio Kleber vai dizer se e como os vereadores contribuíram para os colonos não terem mais acesso a esse produto. A arapuca está armada. E o feitiço pode virar contra o feiticeiro.

O que quer saber do prefeito Kleber o requerimento da bancada petista? “Existe algum problema com a distribuição do ‘Adubo de fumo’ aos agricultores? Apresentar documento comprobatório, caso a resposta seja positiva; quem pode adquirir o “Adubo de fumo”? Há quantos anos é realizada a entrega do “Adubo de fumo”? De que forma é feita a aquisição e qual é a empresa que fornece o “Adubo de fumo”? Qual é o custo para o Agricultor (caso houver)?

TRAPICHE

Governador Carlos Moisés da Silva, PSL, ausente, mais uma vez do Vale e principalmente de Blumenau. Nas comemorações dos 169 anos de fundação da cidade pelo alemão Hermann Otto Bruno Blumenau, nesta segunda-feira, dia dois de setembro, Moisés será representado oficialmente pelo gasparense nascido em Blumenau, o Delegado Geral de Polícia Civil, Paulo Norberto Koerich.

Talvez essa inexplicável resistência do governador com o Vale – onde foi o mais votado, apesar de se ter de Blumenau dois ex-prefeitos candidatos a vice em chapas de oposição, como Napoleão Bernardes, então no PSDB, e João Paulo Kleinubing, DEM - seja realmente um caso de polícia e não político. E vai ter reflexos nas urnas em outubro do ano que vem. Raimundo Colombo, PSD, que o diga.

O vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, foi o articulador da mais ferrenha oposição à atual administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, em parte de 2018. Bastaram sete nove meses neste embate articulado. E com a promessa de ser presidente da Câmara e que ele perdeu pelo voto secreto, bem como o preenchimento de vagas em parte do governo Kleber, Procópio trocou de lado.

Hoje é um dos aguerridos defensores do governo. Participa até da reunião do colegiado e na Câmara, tem atuado quase como líder de Kleber, numa dobradinha moderada ao líder de direito, Francisco Solano Anhaia, MDB, conhecido por suas posições mais radicais e duras.

Pode vir encrenca por aí e se repetir um imbróglio semelhante à da Arena Multiuso, desapropriada ao arrepio do mínimo do mercado com a emissão provisória de posse pelo Judiciário, o mesmo que está revertendo um evidente escracho do governo de Pedro Celso Zuchi, PT, à realidade imobiliária. Lá apenas se atendeu interesses políticos e de vingança. Por causa disso, e a falta de diálogo hoje, Gaspar está oficialmente sem uma área nobre de lazer e promoção.

É que na quarta-feira dia 11, acontece a audiência de conciliação no juízo da Comarca de Gaspar para a desapropriação de dois terrenos da família Wehmuth, no bairro Sete de Setembro.

Eles servirão para compor uma parte da Via Projetada do tal Contorno Viário Urbano – que só saiu do papel até agora quando particulares botaram a mão na massa como se vê no bairro Santa Terezinha – e para compor o também, o projetado “Parque Municipal”. Em tese pelo que se discursa por aí, vai sair para substituir em área bem diminuta, a Arena Multiuso e que Kleber desistiu de compor para tê-la para os gasparenses.

Um dos terrenos tem 8.048,81 m² e o outro 26.634,84 m². A prefeitura, respectivamente, quer indenizá-los por R$ 482.928,60 e R$1.065.393,60, numa avaliação feita por uma comissão que possui internamente para esta finalidade. O que significa isso? Que o metro quadrado que a prefeitura quer pagar aos proprietários da área é de pouco mais de R$44.

Naquela região, apesar da qualidade de alguns terrenos estarem comprometidos pela turfa ou até precisarem de pesado aterro para deixarem livres de enchentes ou se nivelar ao que é à Avenida Francisco Mastella, eles hoje giram em torno de R$300 o m2 ou mais. Então....

Inchamento à vista I. O presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, resolveu meter o dedo no repetido problema de áudio das sessões – seja na transmissão pela internet, seja, naquilo que se espalha no plenário. Contratou um técnico free lancer para dar conta do recado nas sessões.

Inchamento à vista II. E anunciou que pode contratar um definitivo para dar conta do recado. Em tempos de vacas magras, contratar um servidor estável para tal função é, na verdade, inchar o quadro não técnico da Câmara e ao mesmo tempo depender, depois da estabilidade do contratado, de um prestador de serviço para resolver os mesmos problemas. Parece que nada se aprendeu com o que aconteceu no serviço de limpeza.

Inchamento à vista III. Uma denúncia na Ouvidoria do Tribunal de Contas do Estado sobre suposta irregularidade de indevido exercício acumulado das funções de Técnico em Contabilidade e de Controle Interno na Câmara de Gaspar, deu prazo à Câmara de Gaspar para sanear esse problema.

Inchamento à vista IV. Maurélio Soares é quem acumula as duas funções. O presidente Ciro André Quintino, MDB, ainda não definiu direito qual será a solução. Primeiro ele vai recorrer. Segundo, se não der certo, há dois caminhos: gratificar à função acumulada ou então contratar alguém para uma das funções cumulativas.

Ivan Naatz, de Blumenau onde foi vereador, único parlamentar do Partido Verde na Assembleia. É advogado. Ele entrou na Justiça com Ação Declaratória de Nulidade e pedido de indenização por danos morais. É mais para incomodar o PV e ganhar espaço na mídia.

Naatz acusa o presidente Guaraci Fagundes de ter praticado crimes contra sua honra, ao enviar ofício a todos os deputados declarando a suspensão do parlamentar do PV, com base numa foto de Naatz com Bolsonaro de um ano atrás. O deputado quer a condenação da direção do PV e indenização de R$ 50 mil. Se a moda pega.

E por falar em Anel de Contorno Viário Urbano que o prefeito Kleber tirou uma casquinha na mídia e no eleitorado desinformado na semana passada. Diz que é dele. E por que? Porque fez a lei – e os vereadores aprovaram na Câmara – para os empresários executarem a obra em Parceria Pública Privada. O fato é tão significativo que teve dois eventos distintos de apresentação. Um para a “população” e convidados especiais e outro para os comissionados.

Comentários

Herculano
03/09/2019 11:37
BOLSONARO DIZ QUE NOVO PGR DEVE SER UM HOMEM E SERÁ INDICADO ATÉ QUINTA-FEIRA

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Sérgio Dávila, Leandro Colon e colaboração de Gustavo Uribe, da sucursal de Brasília O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que deve anunciar até quinta-feira (5) o nome indicado para assumir o comando da Procuradoria-Geral da República. Esse depois terá de ser sabatinado e aprovado em votação no Senado.

Em café da manhã com a Folha, no Palácio do Alvorada, Bolsonaro disse nesta terça-feira (3) que o escolhido sairá do "bolo" de candidatos que o visitaram nas últimas semanas. "A criança deve nascer até quinta", disse.

O presidente não quis adiantar o nome, mas sinalizou que será do sexo masculino. "Tem que tirar nota 7 em tudo e ser alinhado comigo", afirmou. Segundo ele, o escolhido, seja qual for, vai "apanhar", apenas por ter sido escolhido por ele.

Bolsonaro descartou ainda indicar o subprocurador da República Alcides Martins, vice-presidente do CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal), que pode assumir interinamente após 17 de setembro, quando termina o mandato da atual chefe da PGR, Raquel Dodge. Não há um prazo certo entre a indicação do presidente e a votação desse nome no Senado.

O presidente usou uma metáfora do jogo de xadrez para definir a importância do cargo. "Eu sou o rei, os ministros são os bispos, como a Tereza Cristina [Agricultura], por exemplo. E o PGR é a dama", disse, querendo se referir à rainha do tabuleiro. Questionado sobre que função teria neste jogo o ministro Sergio Moro (Justiça), o presidente respondeu: "Ele seria a torre".

Até agora, Bolsonaro recebeu pelo menos oito candidatos. Visitaram o presidente a atual PGR, Raquel Dodge, que deseja ser reconduzida, os subprocuradores-gerais Augusto Aras, Antonio Carlos Simões Soares, Paulo Gonet, Marcelo Rebello, Bonifácio Andrada e Mário Bonsaglia, este último integrante da lista tríplice da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), além do procurador-regional Lauro Cardoso.

O presidente já declarou que não se comprometeu a escolher um dos nomes da lista tríplice. Os outros dois nomes são Luiza Frischeisen e Blal Dalloul.

Participaram do café da manhã com a Folha, além de Bolsonaro, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência, Fábio Wajngarten, e o deputado Marco Feliciano (Podemos-SP).

?Em entrevista coletiva, depois de falar à Folha, Bolsonaro afirmou que o posto de procurador-geral da República é hoje o segundo mais importante do governo federal.

O Ministério Público Federal, no entanto, é independente e não faz parte do Poder Executivo, apesar de ser prerrogativa do presidente indicar o chefe da estrutura.

Em declarações recentes, Bolsonaro tem ressaltado que busca um nome para a sucessão da procuradora-geral Raquel Dodge que seja afinado com o Palácio do Planalto.

Em conversas reservadas, Bolsonaro tem dito que quer um nome que não seja próximo do ex-procurador-geral Rodrigo Janot e que não mantenha em sua equipe a procuradora federal dos Direitos do Cidadão Deborah Duprat, que tem questionado medidas da atual gestão.

Para evitar um desgaste tanto com a categoria como com os ministros do Supremo, Bolsonaro foi convencido a escolher o nome de um subprocurador-geral, cargo do topo da carreira, e que faça parte do do Ministério Público Federal, reivindicação apresentada em sondagens informais feitas pelo Planalto.

Pela Constituição Federal, Bolsonaro não é obrigado a indicar um dos nomes da lista tríplice, mas essa tem sido a tradição desde 2003.

Para boa parte dos membros do Ministério Público Federal, a eleição interna é um instrumento importante para garantir a independência da PGR em relação ao Poder Executivo.

Já para críticos da eleição interna, a prática levou para dentro do MPF o corporativismo e todos os vícios de uma campanha eleitoral, como promessa de cargos e favorecimentos.

O que faz o PGR?
É o chefe do Ministério Público da União (que inclui Ministério Púb lico Federal, Ministério Público Militar, Ministério Público do Trabalho e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios). Representa o MPF junto ao STF e ao STJ e tem atribuições administrativas ligadas às outras esferas do MPU
Herculano
03/09/2019 07:53
AFASTA DE MIM ESSES CÁLICES, por Joel Pinheiro da Fonseca, economista e mestre em filosofia pela USP, no jornal Folha de S. Paulo

Ou surge uma alternativa a PT e Bolsonaro, ou oscilaremos entre o ódio e o medo

Se a eleição fosse hoje, Bolsonaro perderia para Fernando Haddad de 42% a 36%, segundo o Datafolha. Parece que a maré virou. O que não quer dizer, evidentemente, que a fotografia da opinião pública tirada agora ainda valerá daqui a três anos.

Felizmente, a eleição não é hoje. Não que eu deseje quatro anos adicionais da bagunça violenta que hoje nos governa e que deve seguir nesse ritmo até o fim do mandato. Longe disso. Torço, contudo, para que o Brasil adquira algum tipo de sabedoria e rejeite a volta do projeto petista. Ainda temos tempo de evitar mais um segundo turno de pesadelo, como foi o de 2018.

"Ah, mas pera lá, Joel. Será que o PT foi tão ruim assim?" Infelizmente, foi. Lula até que começou bem, preservando o legado macroeconômico e institucional de FHC e investindo na política social para a base da pirâmide. Depois desse aceno de moderação, contudo, entramos numa espiral de irresponsabilidade fiscal, acirramento do discurso divisivo e alargamento da "goela" da corrupção, para usar a expressão de Emilio Odebrecht.

Lula e Dilma tiveram nas mãos a chance de nos colocar num novo patamar, mas as demandas da sede implacável pelo poder nos deixou um país dividido, de economia destroçada e instituições corrompidas. De lá para cá, nada aprenderam.

O combate à corrupção foi pintado como um grande complô da direita, e os quadros do partido, nos raros momentos em que não falam de Lula, agora propõem abertamente o controle da mídia, nova Constituinte e governo plebiscitário, todos degraus óbvios para a concentração do poder.

Quanto ao governo atual, não é preciso exercitar a memória. Não passa um dia sem um novo ataque à institucionalidade brasileira, sem uma tentativa de ingerência em órgãos de Estado, sem alguma ofensa ou mentira.

PT (seja quem for o candidato) e Bolsonaro vivem em simbiose. Primeiro por motivos retóricos: é o fantasma do outro que justifica o próprio radicalismo e o espírito de seita. E precisam-se também eleitoralmente. No segundo turno, ambos perderiam para qualquer alternativa mais moderada. A chance de cada um vencer é ter o outro como adversário.

O PT tentou cooptar nossas instituições. Bolsonaro tenta coagi-las. O país se mostrou forte para repelir a primeira, e tenho certeza que venceremos também a segunda.

No entanto, como diz um provérbio político americano, "you can't beat something with nothing"; não dá para vencer algo sem propor nada em seu lugar. Ou surge uma alternativa a esses extremos, ou ficaremos oscilando entre o ódio e o medo sem sair do lugar.

É uma aposta de risco e com altas chances de naufrágio. PT e Bolsonaro têm pisos bastante aguerridos, que tornam muito provável sua ida ao segundo turno. Como persuadir esses eleitores? E ainda ficaremos a mercê da economia. Se ela melhorar, é difícil que o presidente perca em 2022; assim como o pleno emprego e o consumo em alta ajudaram Dilma em 2014.

Ainda assim, se quisermos ver o Brasil no caminho do desenvolvimento sustentável e da solidez institucional teremos de conversar com quem pensa diferente e ter a coragem de construir alternativas conjuntas.

Esse exercício passa por encontrar valores positivos que nos unem e identificar as pessoas que, ainda que não correspondam ao mundo ideal de cada um de nós, sejam capazes de encarná-los e levá-los adiante. Ainda faltam três anos, mas a maratona já começou.
Herculano
03/09/2019 07:50
ONG GANHA BOLADA NA AMAZôNIA, NÃO OS POBRES

Auditoria da farra de ONGs com dinheiro do Fundo Amazônia mostra coisas absurdas, como os R$9,2 milhões que melhorariam muito a qualidade de vida das mulheres e crianças que vivem de quebrar coco babaçu, um trabalho árduo. Mas essa fortuna foi entregue a uma ONG chamada Associação do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), aliás, na lista das entidades inadimplentes. A ONG prometeu apoiar "organizações agroextrativistas" blábláblá.

TRABALHO INFANTIL

Dentro do projeto milionário não se fala em erradicação do trabalho infantil. Crianças começam a quebrar o coco de babaçu aos 6 anos.

O BÁSICO É PRIORIDADE

Antes do "blablablá" milionário, quebradeiras de coco babaçu precisam de água, luz, um simples vaso sanitário e o fim do "banho de cuia".

NADA MUDOU

Seis meses depois da liberação da primeira parcela, de R$1,5 milhão, reportagens mostram as mulheres sem qualquer mudança na situação.

HISTóRIA CONHECIDA

MIQCB foi criado para dar força e ajudar quebradeiras, mas cresceu e hoje gasta mais em sua própria manutenção que com o objetivo inicial.

IMPORTAÇÃO DE ETANOL AMEAÇA 500 MIL EMPREGOS

Em decisão que prejudica gravemente o Nordeste, ameaçando quase 500 mil empregos, o governo elevou em 25% a cota de importação de etanol americano com imposto 0%, passando de 600 para 750 milhões de litros anuais. O Brasil abrirá mão de R$270 milhões em impostos de importação. O anúncio coincide com a visita de Eduardo Bolsonaro a Washington. É outra vitória da máfia dos distribuidores, atravessadores no mercado, na tentativa de enfraquecer os produtores do Nordeste.

CONCORRÊNCIA DESLEAL

A importação sem impostos do etanol subsidiado americano ocorre no auge da produção do Nordeste, que não é subsidiado e paga impostos.

CRIME DE LESA-PÁTRIA

O lobby dos atravessadores fez do Brasil o maior importador de etanol americano, apesar de a produção brasileira atender a todo o mercado.

PAÍS É AUTOSSUFICIENTE

Renato Cunha, da Novabio, entidade do setor de etanol e bioenergia, atesta: "O Brasil não depende uma gota do etanol importado".

SOMENTE BLÁBLÁBLÁ

O Fundo Amazônia vem sendo incinerado por projetos cuja prioridade é distribuir a maior parte do dinheiro a membros das ONGs. E o dinheiro é obtido com justificativas vagas, genéricas. Puro embromation.

ESCÂNDALO ATÉ EM HARVARD

Auditoria do Ministério do Meio Ambiente na distribuição do dinheiro do Fundo da Amazônia mostra que a ONG Imazon alegou pagamento de R$8.583 por hora/aula em um projeto "para fortalecer a gestão ambiental".

CARA EXPERIÊNCIA

A Imazon não explicou por que gasta 87% do dinheiro recebido do Fundo Amazônia com pessoal e serviços tipo "consultoria". Informou apenas que contrata "técnicos e pesquisadores experientes". Ah, bom.

ARGENTINA NÃO TEM JEITO

Para Delfim Netto, mago da economia, a Argentina é caso perdido, ao contrário do Brasil. Acha que ambos os países têm lá semelhanças, exceto uma: "Os brasileiros não se apaixonam pelas amantes".

OLHO NOS MALUCOS

Após o ataque de um vândalo às portas de vidro da Chapelaria, o Senado reforçou a segurança. A conta dos reparos será paga pelo agressor. Se for maluco de carteirinha, vai sobrar para sua família.

PIRATAS NO HORIZONTE

Franceses sempre ambicionaram o Brasil, da invasão de 1955 para criar a "França Antártica" à "Guerra da Lagosta", em 1961, quando invadiram águas brasileiras para roubar lagostas em Pernambuco.

BANQUEIRO E BOLSONARO

O último embaixador do Brasil nos EUA não diplomata, como na pretensão de Eduardo Bolsonaro, foi o banqueiro Walther Moreira Salles, no governo Juscelino Kubitscheck.

MEI CRESCE

Segundo pesquisa Sebrae com 10,4 mil Microempreendedores Individuais (MEI), 33% eram "informais" antes de se registrarem. São 5,4 milhões de brasileiros que dependem da renda de um MEI.

PENSANDO BEM...

...além de presidiário, o petista Lula virou comentarista político, sob o patrocínio do Supremo Tribunal Federal.
Herculano
03/09/2019 07:43
DATAFOLHA MOSTRA QUE BOLSONARO, POR ORA, É O PRESIDENE DA CONVERSA FIADA, por Ranier Bragon, no jornal Folha de S. Paulo

Só 19% dizem confiar plenamente naquilo que é dito pelo atual chefe do Executivo

Alexandre, o Grande. Ivan, o Terrível. Pepino, o Breve. Dona Maria, a Louca... Cada um entra para a história com o epíteto que merece. A mais recente pesquisa do Datafolha mostra que, por ora, o presidente do Brasil pode se apresentar aos comensais como Jair, o Fake.

O Datafolha é o instituto de pesquisas do Grupo Folha. Criado em 1983, traz no currículo um notável histórico de credibilidade e rigor técnico.

Não na visão, porém, dos que acordaram anteontem para a vida e estudaram, em vídeo, nas melhores academias olavistas espalhadas por este mundão grande e plano.

Também guardam o instituto em baixa conta escova-botas de variados matizes, gente que inclina colunas por essas terras possivelmente desde que os primeiros petistas desembarcaram das caravelas de Cabral com suas mamadeiras de piroca.

Nesta segunda (2), de seus gabinetes e até em redações de rádio e TV, se estapearam para gritar mais alto nas redes sociais contra o Datafolha.

Entre eles o ministro da Educação. Sua pasta figura como uma das mais aparvalhadas do governo, cortou bolsas de pesquisa e está no mais absoluto deus nos acuda, mas Abraham Weintraub demonstra aborrecimento, mesmo, é com o Datafolha.

Segundo escreveu com seu reconhecido zelo pela língua pátria, acreditar no instituto é como acreditar no boitatá - reconheça-se que há aí, pelo menos, uma dica ao leitor de nome para o seu bovino de estimação: "Muito prazer, sou Tatá, o Boi".

De fato, o governo completou simbólicos 17% do tempo de mandato com emprego a mil, economia decolando, saúde de excelência, meio ambiente dando lições ao mundo, ganhos sociais a torto e a direito.

De onde o Datafolha tira esses detestáveis números, então? Reprovação recorde, rejeição às ideias e declarações e o troféu lero-lero: só 2 em cada 10 brasileiros dizem confiar no que diz o mandatário do país. Um merecido tributo a quem embalou a carreira na mentira, na baboseira e na mais espalhafatosa falta de conhecimento de que se tem notícia.
Herculano
03/09/2019 07:39
NÃO TEM JEITO. SEMPRE OS MESMOS. EX-GOVERNADORES ROSINHA E GAROTINHO SÃO PRESOS NO RIO

Conteúdo do jornal O Globo. Os ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus são alvos de mandados de prisão da 2ª Vara Criminal da Comarca de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, na manhã desta terça-feira (3). O casal e outras três pessoas são suspeitos de participação em um esquema de superfaturamento em contratos celebrados entre a Prefeitura de Campos e a construtora Odebrecht.

A ação, deflagrada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), visa cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra os ex-governadores e contra Sérgio dos Santos Barcelos, Ângelo Alvarenga Cardoso Gomes e Gabriela Trindade Quintanilha.

A ação foi batizada de Secretum Domus, e os mandados são cumpridos no Rio de Janeiro e em Campos dos Goytacazes.

A denúncia foi formulada a partir de investigações sobre superfaturamento em contratos celebrados entre a Prefeitura de Campos e a construtora Odebrecht, para a construção de casas populares dos programas "Morar Feliz I" e "Morar Feliz II" durante os dois mandatos de Rosinha como prefeita entre os anos de 2009 e 2016.

O esquema veio à tona após declarações prestadas ao Ministério Público Federal por dois executivos da Odebrecht .

Em acordo de colaboração dentro da Operação Lava Jato, os denunciados Leandro Andrade Azevedo e Benedicto Barbosa da Silva Junior, deram detalhes do esquema entre o município de Campos e a Odebrecht.

Somadas, as licitações ultrapassaram o valor de R$ 1 bilhão custeados pelos cofres públicos municipais. Segundo o MP, as contratações foram superfaturadas e permeadas pelo pagamento frequente de quantias ilícitas, em espécie, em favor dos ex-governadores.
Herculano
03/09/2019 07:34
SUCURSAL DOS ESTADOS UNIDOS?

De Vicente Nunes, do Correio Braziliense, no twitter:

Então é isso: Bolsonaro tripudia Macron sob a alegação de que a França tem interesses escusos em relação à Amazônia, mas acerta com Trump abrir mercado brasileiro para etanol americano sem qq tarifa? Que nacionalismo é esse? Trump apagou a mensagem sobre o tema. Por quê? Aí tem.
Herculano
02/09/2019 19:32
da série: para pagar os privilégios dos políticos - COMO O FUNDÃO - e servidores não faltará dinheiro, mas para educar e dar conhecimento à uma nova geração de cérebros....

MEC FAZ NOVOS CORTES E NÃO IRÁ FINANCIAR NENHUM NOVO PESQUISADOR NESTE ANO

Governo Bolsonaro corta 5.600 novas bolsas de pesquisa; bolsas em andamento são mantidas

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Paulo Saldaña, da sucursal de Brasília. A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) anunciou nesta segunda-feira (2) o corte de mais 5.613 bolsas de mestrado e doutorado. Com a medida do governo Jair Bolsonaro (PSL), nenhum novo pesquisador vai ser financiado neste ano.

Trata-se do terceiro anúncio de retirada de bolsas em 2019. Nos oito meses de 2019, a gestão Bolsonaro extinguiu 11.811 bolsas de pesquisa financiadas pela Capes, o equivalente a 12% das 92.253 bolsas de mestrado e doutorado financiadas no início do ano. ?

Segundo o governo, contudo, não haverá interrupção de pagamento a bolsistas com pesquisas em andamento. Os benefícios cancelados referem-se a bolsas que estão em aberto - são verbas que financiavam pesquisadores que concluíram seus estudos e, em vez de contemplarem novas pesquisas, cessarão.

Com a medida, deixarão de ser investidos em pesquisa neste ano R$ 37,8 milhões. Apesar de indicar que que busca o desbloqueio de recursos, a própria Capes já calculou que nos próximos quatro anos só esse corte representará a economia de R$ 544 milhões (levando em conta o tempo de vida útil dos benefícios).

Neste ano, a Capes teve R$ 819 milhões contingenciados, ou 19% do valor que fora autorizado em seu orçamento. Para 2020 - o primeiro orçamento desenhado pela atual gestão - os fundos do órgão cairão à metade, passando de R$ 4,25 bilhões previstos em 2019 para R$ 2,20 bilhões em 2020.

"A gente está trabalhando com a possibilidade de descontingenciamento, e a visão também para o orçamento de 2020, o que pode melhorar a situação dos bolsistas do país", disse o presidente da Capes, Anderson Ribeiro Correira, durante entrevista nesta segunda-feira para anunciar os cortes.

Como exemplo, ele citou o financiamento de mestrados e doutorados profissionais pelo setor industrial - como a Folha revelou, o governo estuda usar recursos do Sistema S para pagar bolsas de pesquisa.

A presidente da Associação Nacional de Pós-graduandos, Flávia Calé, diz que o cenário é de colapso na pós-graduação. "O que eles estão propondo é a morte da pesquisa no Brasil por inanição. Cortar metade do orçamento é inviabilizar o trabalho da pós-graduação", diz. "E isso vem em um contexto de sucateamento de universidades, dos nossos instrumentos de soberania, de desenvolvimento de tecnologia e pensamento próprios. Não tem como o Brasil sair da crise se não tem tecnologia."

Calé explica que a maioria dos programas de pesquisa já fez seleção para os bolsistas que assumiriam os benefícios cancelados nesta segunda. "Possivelmente, muitos desses não vão continuar com seus estudos. O exercício da pesquisa envolve tempo e dedicação, e quem vai financiar isso?".

A Capes também financia bolsas para professores de educação básica, que, até agora, não correm risco de corte.

Em maio, a Folha revelou que a Capes cancelou a oferta de bolsas sem avisar as instituições de ensino e pesquisa. Na ocasião, foram bloqueadas 3.474 bolsas que estavam prestes a serem atribuídas a outros pesquisadores.

O governo fez um novo corte em junho, dessa vez de 2.724 benefícios. Foram atingidos no meio do ano programas de pós-graduação com duas avaliações nota 3 consecutivas, a mínima exigida para o funcionamento, ou que tiveram queda de 4 para 3 no último ciclo de avaliação da Capes. Já o corte anunciado agora atinge todas as bolsas que poderiam ser reativadas até o fim do ano.

O CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), órgão de fomento à pesquisa ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, já anunciou que não tem dinheiro para pagar 84 mil bolsistas a partir deste mês. O déficit é de R$ 330 milhões no ano.
Herculano
02/09/2019 19:22
EM BLUMENAU FOI FERIADO. O PESSOAL FEZ UM FERIADÃO. QUEM NÃO VEIO CEDO, AGORA A NOITE ENCONTROU ENGARRAFAMENTO NO CENTRO DE GASPAR
Miguel José Teixeira
02/09/2019 14:04
Senhores,

Na mídia:

"Você acredita em Papai Noel?, diz Bolsonaro após Datafolha apontar alta em sua reprovação"

Senhor Presidente, não só acredito, como gostaria de lembrá-lo, que sua tradicional indumentária é vermelha e branca, cores utilizadas pela quadrilha, cujo chefe está na cadeia e que já, já, estará solto à infernizar sua vida e a de milhões de brasileiros.

Pelo andar da carruagem, puxada por renas voadoras, a fábrica de presentes dos duendes, está à pleno vapor. . .

Só não se sabe ainda se o presente que você prometeu à um de seus filhos está na linha de produção.

Os presentes para os senadores já estão embrulhados. . .

Acorda, Brasil!
Herculano
02/09/2019 12:32
da série: privatiza e conceda, tudo e já!

43% DAS ESTATAIS DOS ESTADOS TIVERAM PREJUÍZO EM 2018

Conteúdo de O Antagonista.Das 258 estatais controladas pelos estados brasileiros, 112 (43,4%) tiveram prejuízo em 2018.

Outras 118 (45,7%) tiveram lucro e 28 (10,9%) não informaram ao Tesouro seus balanços financeiros.

Os números foram divulgados hoje pelo Tesouro Nacional, em painel inédito que detalha as condições das empresas dos estados.

Os dados ainda mostram que a maioria das empresas deficitárias é dependente do estado, isto é, recebe dos governos locais recursos para pagamento de pessoal ou custeio.
Herculano
02/09/2019 12:28
LEI PRóPRIA

De J.R.Guzzo, de Veja, no twitter:

A facção pró-crime do STF mudou o Direito Universal: em processos onde haja ladrão petista e mais que um réu, ninguém pode ser condenado. A lei diz que os réus têm o direito de falar por último. Mas como não dá para todos eles falarem ao mesmo tempo, nenhuma condenação vai valer.
Herculano
02/09/2019 12:22
DEPUTADO CHAMA DE DITATORIAL, MESQUINHA E COVARDE A SUSPENSÃO DE MANDATOS DO PSB

Conteúdo do Diário do Poder. Ele criticou o presidente da legenda, que nunca foi eleito nem mesmo síndico de prédio

O deputado Felipe Carreras (PSB-PE) atacou nesta segunda;feira (2) direção do seu partido de suspendê-lo e aos demais parlamentares socialistas que se insurgiram contra a mentalidade atrasada da cúpula do PSB e votaram favoravelmente à reforma da Previdência.

"Foi uma decisão ditatorial, que fugiu aos tempos de Arraes e Eduardo Campos na legenda", disse Carreras (PSB) criticando a suspensão por 12 meses por votar a favor da reforma da Previdência.

"Não vou ficar para atender a caprichos do senhor Carlos Siqueira nem da direção do partido, não vou me submeter isso", disse ele, referindo-se ao presidente nacional do PSB, que jamais foi eleito para coisa alguma, nem mesmo síndico de prédio.

"Não vou ficar amordaçado, exercendo um mandato parcial", afirmou Felipe Carreras. "O que fizeram comigo foi pior do que uma expulsão, foi uma atitude mesquinha e covarde", afirmou.

Fortemente influenciado pelo ex-ministro Roberto Amaral, que foi ministro do governo Lula, Siqueira tem sido muito criticado próprio PSB por conduzir o partido à condição de mero "puxadinho" do PT.
Herculano
02/09/2019 11:55
ATAQUE À INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, por Ronaldo Lemos, advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

Aplicações de inteligência artificial funcionam, mas não sabemos exatamente como

"Com grande poder vem grande ignorância." É com esse trocadilho que o professor de Harvard Jonathan Zittrain abre uma das mais bem-sucedidas críticas ao modelo de inteligência artificial que está se espalhando pelo planeta.

Para quem não conhece, Zittrain tem 49 anos e é uma mistura de George Clooney com o personagem Leonard, da sitcom "Big Bang Theory". É advogado e especialista em tecnologia. Aos 30 anos foi um dos fundadores do centro Berkman, em Harvard, que estuda a relação entre internet e sociedade. Foi também meu professor quando estive lá.

Seu livro "O Futuro da Internet" é de 2008, mas permanece mais atual do que nunca. Nele, previu que episódios de violação de segurança da rede só aumentariam, o que continua a acontecer.

Agora, ele levanta uma das questões intelectuais mais importantes envolvendo inteligência artificial, que ele batiza de "débito intelectual".

Em suma, o modelo de inteligência artificial que utilizamos hoje assemelha-se ao funcionamento acidental de certos remédios.

Ele dá como exemplo o modafinil, que suprime o sono e é usado em casos de narcolepsia. Quem se der ao trabalho de ler a bula vai encontrar a seguinte frase: "O mecanismo pelo qual o modafinil suprime o sono é desconhecido". Em outras palavras, há evidências de que a droga funciona, mas não sabemos como.

O mesmo aconteceu com a aspirina. Suas propriedades como anti-inflamatório são conhecidas desde 1897. Mas só em 1995 foi explicado como o medicamento atua.

Essa mesma questão aparece em aplicações de inteligência artificial. Elas funcionam, mas não sabemos exatamente como.

Redes neurais artificiais não são "programadas", mas sim "treinadas" com grandes volumes de dados. Por exemplo, é possível treinar uma rede neural a reconhecer imagens de gatos. Para isso, ela precisa ser alimentada com milhões de imagens de bichanos.

Após esse processo, começará então a reconhecer imagens de gatos que nunca tinha visto.

Ninguém sabe exatamente como a rede chega a essa conclusão. Mas, na prática, mostre uma foto e ela dirá corretamente (na maioria dos casos) se ali tem um gato ou não.

Esse tipo de aplicação é comum hoje. O que, nas palavras de Zittrain, vai criando um crescente débito intelectual. Passamos a confiar em decisões que são feitas sem entender de fato como ocorrem. Tal como a aspirina, pode ser preciso décadas para que posamos entender o mecanismo que as orienta.

A preocupação de Zittrain é que, como hoje a inteligência artificial está em toda parte, esse débito intelectual só tende a aumentar. Especialmente quando a informação utilizada para treinar uma máquina resulta da operação de outras máquinas (o que é comum hoje).

Quando tudo termina bem, ótimo. Mas o que dizer do crash da Bolsa de Nova York, em 2010, que fez desaparecer US$ 1 trilhão em 36 minutos em razão da interação malsucedida entre algoritmos usados para comprar e vender ações?

Talvez tenhamos de nos contentar com um mundo em que a tecnologia aplicada suplantará mesmo a ideia de ciência básica. Ou talvez seja necessário criar alguma estratégia para administrar esse desafio, como se faz, aliás, com qualquer outro tipo de débito.


Reader
Já era
Games só em videogames

Já é
Games no celular

Já vem?
Games para assistentes de voz
Herculano
02/09/2019 11:50
EXPULSAR AÉCIO VIROU QUESTÃO DE HONRA EM SP, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O governador de São Paulo, João Doria, não engoliu o arquivamento do processo de expulsão do PSDB do deputado Aécio Neves (MG). A derrota, na executiva tucana, representou grande humilhação para Doria e o tucanato paulista, por isso virou uma questão de honra retomar o caso. A tendência é Dória se associar ao prefeito paulistano Bruno Covas, para quem não há espaço para ele e Aécio no PSDB.

MÁ COMPANHIA, NÃO

O núcleo duro da pré-campanha ao Planalto acha que Doria não pode disputar a eleição de 2022 com "ladrões evidentes" filiados ao PSDB.

CALÇA DE VELUDO OU...

Doria está sendo pressionado pelos correligionários paulistas a esticar a corda, ciente de que, se ela arrebentar, terá de sair do partido.

AUTORIDADE PRESERVADA

Com Aécio e outros tucanos enrolados no PSDB, Dória teme perder autoridade para atacar a ladroagem de adversários óbvios como o PT.

SEM DESTINO CERTO

O governador avalia que o PSDB é sua melhor opção partidária. Desfiliando-se, teria de criar um novo partido.

AMAZôNIA: ATÉ O GOVERNO DO ACRE FEZ PRESEPADAS

O descontrole nos gastos de ONGs ambientalistas envolveu até o governo do Acre, que levou R$60 milhões do Fundo Amazônia para "apoiar a política pública de valorização do ativo ambiental e florestal" e embromações do gênero. Auditoria do Ministério do Meio Ambiente, já em poder do Tribunal de Contas da União (TCU), apontou um vasto conjunto de irregularidades no Acre, da falta de prestação de contas à falta dos equipamentos que prometeu adquirir com o dinheiro recebido.

MEU PIRÃO PRIMEIRO

Foram auditados 18 contratos, R$252,2 milhões. A maioria das ONGs gasta mais (até 87%) com seus integrantes do que nas ações efetivas.

'É NóIS'

A ONG Instituto de Pesquisa Ambiental (Ipam), gastou mais em "gestão de projeto" (R$6,1 milhões) do que com equipamentos e materiais.

COMPANHEIRADA

O que impressiona, na auditoria dos contratos de ONGs que atuam na Amazônia, é a leniência do BNDES com as graves irregularidades.

PURO BESTEIROL

A "descoberta" de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), é puro besteirol. Fez parecer que era "foragido da Justiça" e não apenas alguém que a imprensa não conseguia encontrar.

MOVIMENTO

A cada solavanco provocado pelo presidente Jair Bolsonaro, em suas "coletivas na grade", aumenta a fila de interessados em trocar de partido e ingressar no PRTB, a sigla do vice Hamilton Mourão.

NOVOS PROCESSOS E TECNOLOGIA

Setembro começa com a expectativa do prestigiado evento Seminário Novos Processos e Tecnologia, dia 23, no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Seu presidente, ministro João Otavio de Noronha, fará a palestra de abertura sobre "Como Aperfeiçoar o Sistema de Justiça no País".

ENCONTRO VEICULAR

O ministro Paulo Guedes (Economia) e dois secretários discutiram na Associação dos Fabricantes de Veículos propostas para "aumentar a competitividade no setor automotivo". Reduzir preços, nem pensar.

QUE VERGONHA

Bomba nas redes sociais, mas não nas manchetes, vídeo mostrando que no auge das queimadas, fotografias do satélite da Nasa mostravam 2 mil focos de incêndio no Brasil, enquanto a floresta tropical africana ardia com 3 mil focos no Congo e 7 mil em Angola. Sob silêncio geral.

ALTO LÁ

A destruição de equipamentos agrícolas por fiscais ambientais no ato da autuação, como prevê lei de 2008, tem gerado revolta e o deputado José Medeiros (Pode-MT) quer alterar a legislação. Segundo ele, não há direito de defesa nesse caso. "Só a Justiça tem esse poder", disse.

EMPREGO NAS PEQUENAS

O Novo comemorou dados do emprego em Minas Gerais, de Romeu Zema. Segundo o partido, 79% dos 100 mil novos empregos formais no primeiro semestre foram criados por micro e pequenas empresas.

COMPOSTURA, SENHORES

Foi recebido como soco no estômago, em Brasília, o banquete em São Paulo organizado por criminalistas, regado a vinhos e uísques caros, para comemorar a decisão da Segunda Turma do STF que pode garantir impunidade de corruptos notórios, alguns presentes ao ágape.

PERGUNTA NA JUSTIÇA

O que é pior: anular sentenças da Lava Jato ou mandar para casa o assassino de um menino de 6 anos?
Herculano
02/09/2019 11:41
A DEPURAÇÃO DO BOLSONARISMO, por Vinicius Mota, secretário de Redação do jornal Folha de S. Paulo

Tamanho e características da base popular da direita brasileira ficam mais nítidos conforme o presidente se desgasta

Deve ser particularmente dolorido para a esquerda, cuja autoimagem sempre foi a de única representante legítima das massas trabalhadoras, o fato de ter florescido uma direita popular no Brasil.

Não me refiro às maiorias que sustentaram as duas eleições de Fernando Henrique Cardoso, que apenas na propaganda de seus rivais do PT pode ser tachado de direitista. Ou alguém imagina FHC a elogiar torturadores, a aliar-se carnalmente aos Estados Unidos ou a incentivar trogloditas destruidores de florestas?

Direita é o que temos agora. E ela só chegou ao poder porque, a despeito de galvanizar o sentimento anti-establishment, atraiu simpatias na sociedade numa escala inédita em mais de três décadas de democracia.

O tamanho e as características dessa base popular da direita brasileira ficam mais nítidos conforme o presidente se desgasta. O vasto contingente de batalhadores cuja família ganha de R$ 2 mil a R$ 5 mil por mês desponta como o mais importante bastião da resistência bolsonarista.

Não se trata das elites da Faria Lima, do Leblon ou dos Jardins. Essas categorias somadas mal conseguiriam, no sentido figurado, lotar uma Kombi. Que dirá sustentar a popularidade presidencial nos níveis atuais.

Aliás, o Datafolha publicado nesta segunda (2) mostra que no estrato mais elevado da renda - acima de R$ 10 mil mensais, em que estão apenas 5% dos eleitores - ocorreu fuga em massa do apoio a Jair Bolsonaro. Algo parecido aconteceu entre a minoria que completou a faculdade.

Já o escalão intermediário da remuneração e da escolaridade, que congrega cerca de 40% do eleitorado, por ora exibe afinidade mais sólida com o presidente. Ninguém nessa condição vive com folga no bolso nem passeia na Riviera Francesa.

Será que tantos brasileiros dependentes da labuta diária só estão temporariamente iludidos com Bolsonaro mesmo depois de ele já ter apresentado um repertório amazônico de excentricidades? Ou enxergam no governo algo que os representa?
Herculano
02/09/2019 11:37
O QUE VOCÊ FARIA SE O BANCO NÃO LHE PAGASSE NADA PELO DINHEIRO APLICADO?, por João Borges, na Globo News

Vamos supor que você tenha R$100 mil em caixa e não precisa nem quer comprar nada. A opção seria então aplicar o dinheiro no banco e receber uma remuneração (taxa de juros) por isso.

Mas vamos supor também que, ao invés de receber uma remuneração pelo dinheiro aplicado no banco, você teria que pagar alguma coisa para o mesmo banco guardar esse dinheiro. Nessa hipótese, o saldo aplicado diminuiria ao longo do tempo. É o juro negativo, na definição financeira.

Mas há outra hipótese mais interessante: e se o banco lhe oferecer empréstimo para a compra de um imóvel a juro zero? Ou até mesmo juro negativo, abaixo de zero? Nesse caso o banco, no fundo, estaria pagando você para tomar o empréstimo.

Para nós brasileiros, acostumados a décadas de juros altamente remuneratórios, decorrentes do envidamento e gastos excessivos do governo, tal hipótese parece coisa de ficção. Mas é o que já está acontecendo em muitos países.

O fenômeno é recente e é sintoma da encruzilhada em que se encontra a economia mundial, especialmente a dos países avançados, das chamadas economias maduras.

Para entender o que se passa: na crise financeira mundial deflagrada em 2008, com a quebra do banco Lehman Brothers, os bancos centrais passaram a recomprar títulos em mercado, inundando a economia de dinheiro. Ao mesmo tempo reduziram as taxas de juros.

O pressuposto era de que, com esses dois movimentos, se evitaria o que poderia ser a mais profunda, longa e generalizada recessão mundial de todos os tempos.

No roteiro, a economia se recuperaria, a inflação subiria e os bancos centrais, em algum momento, subiriam de novo a taxa de juros. As economias dos Estados Unidos, Europa e Japão de fato de recuperaram. Mas hoje revivem o fantasma de uma nova recessão.

Nesses países, a inflação tem permanecido abaixo da meta. O esforço dos bancos centrais é para que a inflação suba e atinja a meta. Mas têm fracassado, especialmente agora que economias importantes, como a da Alemanha e quem sabe até mesmo a dos Estados Unidos, entrem em recessão.

O medo da recessão faz com que os títulos de longo prazo, de dez anos, por exemplo, estejam com taxa juros no mercado abaixo da taxa de juros dos títulos de curto prazo.Um indicativo de que o futuro pode ser pior do que o presente, na visão do mercado financeiro.

Na Alemanha, os títulos de 10 anos estão com juros negativos de 0,7%. Na França 0,4% negativo, na Holanda 0,56% e na Suíça negativo em 1,09%. Lembrando: taxas anuais. Situação que reduz o custo financeiro dos endividados, sejam governos, empresas ou famílias. E que tem propiciado essa anômala situação de financiamento imobiliário a juro zero, como tem surgido em alguns países.

Como as economias estão perdendo fôlego, a tendência é que os bancos centrais reduzam ainda mais a taxa básica ou ainda voltem com a política de compras de títulos em mercado, para jogar mais dinheiro na economia.

Quando a taxa básica, que é calibrada pelo Banco Central (BC), cai a zero ou próximo de zero, a política monetária perde eficácia. Subir ou descer a taxa de juros é o instrumento básico dos bancos centrais para obter a melhor combinação possível entre crescimento, emprego e inflação. Depois que a taxa chega a zero fazer o quê mais?

Tudo se complica com a ofensiva de Donald Trump contra a China e outros parceiros comerciais. A guerra comercial está derrubando o crescimento da China, dos Estados Unidos, da Europa... do mundo todo, enfim.

No caso da Europa a situação se complica com atabalhoada decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia. O Brexit já derrubou o crescimento do próprio Reino Unido e agrava a situação dos países da zona do euro em geral.

E o Brasil está entendendo adequadamente o que se passa no mundo? A política externa do enfrentamento e das ofensas pessoais parece estar se desenvolvendo ao largo dos perigos que nos cercam.
Herculano
02/09/2019 11:33
da série: Bolsonaro foi eleito para quebrar paradigmas. E um deles, é o de combater a corrupção. E para reafirmar isso, fez uma "sociedade" com o ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro. Quando as dúvidas chegaram perto da família Bolsonaro, o presidente preferiu a família ao esclarecimento e fritar o ex-juiz. Isso está lhe retirando a credibilidade do discurso de Bolsonaro.

OS RECADOS DA PESQUISA AO GOVERNO BOLSONARO, por Lenadro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo

Datafolha indica que a escalada retórica do presidente tem afugentado boa parte dos que votaram nele

A nova pesquisa do Datafolha mostra que não tem agradado aos brasileiros a estratégia de governar de Bolsonaro ou a falta dela - se é que inexiste, como já declarou o presidente ("sou assim mesmo").

Foram oito meses até hoje, 16% do mandato. Tempo de sobra tem Bolsonaro para reverter a opinião dos eleitores, embora não haja pista de que ele esteja preocupado com isso.

A pesquisa indica que a escalada retórica do presidente tem afugentado boa parte dos que apertaram o botão para varrer o PT em 2018.

O Nordeste deu sinal de que reprovou o episódio dos "paraíbas", em que Bolsonaro foi flagrado em vídeo criticando governadores da região.

De acordo com a pesquisa, subiu de 41% para 52% o índice de avaliação ruim e péssima feita pelos nordestinos sobre o governo atual.

É um crescimento bem acima da margem de erro. Não há como contemporizá-lo. De nada adiantou o pano quente que o presidente tentou botar para amenizar a crise gerada. O recado foi dado pela população.

Recado também passado em relação às queimadas. O bate-boca com o francês Emmanuel Macron não trouxe ganhos a Bolsonaro. Para 51% dos entrevistados, a condução para combater o desmatamento e as queimadas é péssima ou ruim.

E 75% avaliam que é legítimo o interesse externo na Amazônia. Esse discurso de soberania, de que a Amazônia é do Brasil, não tem colado.

Outro dado sintomático: subiu de 25% para 32% o percentual dos que consideram que o presidente não tem se comportado de acordo com o cargo que ocupa desde janeiro.

De repente, Bolsonaro passou a atacar João Doria e Luciano Huck, potenciais obstáculos no eleitorado de direita a seu desejo de reeleição. Ao mesmo tempo mina os tentáculos de Sergio Moro (Justiça), sempre ventilado como presidenciável.

É difícil acreditar que os gestos contra os três não sejam calculados. A questão é simples: a pesquisa deveria servir para Bolsonaro entender que, se deseja ter chances em 2022, terá de repensar o que fez até aqui.

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