07/08/2019
O prefeito de Blumenau (a esquerda) está com o facão na mão porque outros não o usaram; o deputado Ivan Naatz (centro) reclama – e com razão - dos aumentos dos impostos do governador Moisés (à direita), mas ambos fazem pouco contra os privilégios e uma mudança pela moderna gestão pública
A primeira manchete veio de Blumenau. Prefeito Mário Hildebrandt, sem partido, exonerou diretor com salário de R$ 45 mil após um mês. Ele estava na Defesa Civil. Era um major, vejam só, do Corpo de Bombeiros. Márcio Reinert, fazia pouco mais de um mês que estava no posto. Mas, o prefeito de lá já deu outros sinais desconectados com a prática política, como por exemplo a extinção da Companhia Urbanizadora, esticou uma desgastante queda de braço com os servidores para não dar a quase obrigatória reposição salarial, entre outras...
O que revelam a notícia e a manchete além da acertada decisão do prefeito de Blumenau que está com o facão na mão faz tempo, não porque ele quer, mas porque não possui outra saída já que seus antecessores não foram previdentes? O quanto é injusta à relação remuneratória entre o setor público e o privado (o que verdadeiramente paga a conta, inclusive a campanha política e o que políticos recebem nos mandatos cheios de privilégios).
Mostra também à gritante diferença nos vencimentos e benefícios entre os próprios servidores públicos, especialmente na alta patente das forças de segurança, não só em Santa Catarina, ressalte-se. Essa estrutura nova e cara do Corpo de Bombeiros foi criada pelo ex-governador Luiz Henrique da Silveira, MDB. Ele o separou da Polícia Militar.
Ganha-se muito, aposenta-se cedo e com salário integral. E não se precisa ir longe nos exemplos dessa distorção: basta olhar para o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, um tenente coronel bombeiro da reserva, um caso bem conhecido e público, vastamente explorado durante a campanha que o elegeu.
E quem sustenta tudo isso? Os pesados impostos dos catarinenses (e gasparenses, ilhpotenses, blumenauenses quando municipais). E ao invés de se atacar o problema de frente, o governador e os deputados tapam o sol com a peneira e no fundo, o que fazem? Estão aumentando impostos.
Resumindo: o que acontece com o aumento de impostos? É o meio mais fácil, cômodo e destruidor do governo para com a sociedade. Por que? Está se dificultando empregos, à competitividade, retirando uma parcela ponderável de riqueza em circulação, reduzindo consumo de produtos e serviços ao criarem novos, ou mais, ou então, aumentando os muitos impostos já existentes. Os governantes não e os parlamentares fazem isso para atender os catarinenses com mais obras, segurança, saúde, educação. Mas para pagar as folhas de funcionários dos ativos e dos inativos – e nos três poderes -, onde dez por cento de privilegiados, comem quase todo o orçamento de pessoal.
É de se revoltar. E para valer. Nada se fala em privatizar a Celesc. Aos poucos se descobre que ela teria sido um centro de corrupção e que vinha desde o governo de Luiz Henrique da Silveira, MDB. Não se fala na concessão da Casan, cabide de empregos para apadrinhados políticos e notória incompetente e por falta de capital ao investimento mínimo necessário para até produzir e distribuir água potável, como se prova nos vários municípios onde ela está sucateada e perdendo esta finalidade. Há muitos outros exemplos. Até a Udesc precisa ser discutida nesse ambiente de privilégios de seus servidores
DISCURSO DE POLÍTICO SEM RESPONSABILIDADE DE GERAR RESULTADOS
A segunda manchete quem faz é um político não muito afeito à meio rural, mas que resolveu se enveredar por ele para ampliar o discurso e o campo eleitoral: Ivan Naatz, PV, de Blumenau.
“A decisão do governo do estado em taxar os insumos agrícolas em 17% contra 4.8% do Rio Grande do Sul e do Paraná coloca em risco a produção de arroz e da soja catarinense.Com o reenquadramento o arroz produzido no estado custará R$ 200,00 o hectare. Na soja, o valor será de mais R$ 180,00 que os estados vizinhos”.
E o que diz o deputado? “Na minha visão o estado precisa rever esta posição. Primeiro porque o produtor mais forte vai comprar os insumos nos vizinhos (mais barato) então onde recebíamos 4% agora não ganharemos nada. Segundo o pequeno produtor que não tem para onde correr vai produzir e não ter à quem vender já que seu produto ficará com o custo acima da média regional. Vou lutar para revogar a decisão do governador”.
Bobagem deputado. Balela. Discurso para analfabeto, ignorante e desinformado. Ela predominou ontem e permanecerá hoje na Alesc.
O governo do estado está aumentando impostos, cortando incentivos para que possa fechar as suas contas por dois aspectos: primeiro porque há direitos adquiridos dados pelos políticos que estiveram ou estão na Assembleia para obter os votos e aplausos fáceis do funcionalismo contra a maioria dos eleitores que sustenta o funcionalismo, o estado; segundo, porque os atuais deputados, negam-se a cortar na carne os privilégios de várias categorias – incluindo o da segurança - e dos próprios políticos onde estão inseridos.
Então resta passar a conta para os catarinenses, comprometer a vida de milhares de agricultores, empreendedores e à competividade da produção catarinense.
O aumento dos impostos, num primeiro instante pode resolver o problema de caixa do governo de Moisés, exatamente para quem não está comprometido com o futuro dos catarinenses. Num segundo instante, estes impostos, altos, determinarão à queda da receita pela falta fator gerador que é a produção, circulação e consumo, ou seja, a queda do movimento econômico.
Estamos adiando e se negando resolver verdadeiramente o problema, que é grave e não é de fácil solução. Mas, precisa de solução e urgente.
A terceira manchete vem do analista do Diário Catarinense, da NSC Florianópolis, Upiara Boschi, que na opinião dele, a volta do recesso da Assembleia Legislativa será tensa para o governo e os deputados. E por que? Volta o tema incentivos fiscais que o governador quer cortar para ter mais dinheiro em caixa e o contraponto dos políticos por manter ao menos a aqueles que estão mais organizados no lobby na Alesc.
Os dois – governo e Assembleia - erram. O que está em jogo é o do modelo econômico catarinense em relação ao futuro das oportunidades da evolução da economia nacional, Mercosul e até mesmo internacional, diante dos acordos com a União Europeia e com os Estados Unidos. Impostos é para sustentar uma máquina mínima, desburocratizada e adaptada às novas exigências.
Em Santa Catarina, com os agentes políticos e gestores público que temos – mesmo numa suposta renovação - estamos ainda privilegiando os “carimbadores” de papéis diante de um mundo digital, inovador e com mudanças rápidas.
Esses carimbadores custam caro para todos aos catarinenses, inclusive aos políticos que um dia vão ser esclarecidos pelas redes sociais e aplicativos de mensagens sobre a incapacidade deles de tomar decisões em favor do estado e não das guildas.
O vereador Silvio (à esquerda) pressente que está sendo passado nas para trás nos seus projetos nas Comissões. Os alvos são dos seus questionamentos são o presidente Ciro (ao centro) e Roberto Procópio (à direita).
O vereador Silvio Cleffi, PSC, que já foi presidente da Câmara de Gaspar e numa jogada contra o governo que o criou politicamente, está inconformado que seus Projetos de Lei estão tendo dificuldades propositais para tramitar nas comissões da Casa. Ele suspeita de uma ação orquestrada pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e principalmente do prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, presidente do MDB local. Um requerimento deu o tom desse desconforto do vereador com alguns de seus pares.
Silvio foi o responsável por uma das mais humilhantes derrotas de Kleber e Roberto Pereira na tentativa de interferir na vida própria da Câmara de vereadores, impondo candidatos. E por isso, em 2018, Kleber teve que conviver com uma minoria jamais imaginada por ele, quando na noite da sua eleição, vendo que não tinha maioria, sai correndo para o Distrito do Belchior, e naquela noite, fez um acordo que não envolveu partidos. Foi para ter a vereadora Franciele Daiane Back, PSDB, a mais jovem, crua em política, no grupo de poio do governo. Ofereceu para ela a presidência da Casa. História antiga, repetida, com reflexos e danos até hoje para ambos os lados.
Na sina de combater a interferência do Executivo na indicação de presidentes da Câmara, Sílvio por sua vez, deu o voto dele para Ciro André Quintino, MDB, ser presidente e bater o candidato do governo, Roberto Procópio de Souza, PDT, por ironia do jogo político, o mesmo que “arquitetou” nos bastidores à eleição de Silvio. Com Silvio na presidência, o governo de Kleber teve em boa parte de 2018 como o mais agudo e líder da bancada oposicionista contra Kleber. Entretanto, com o passar do tempo, Procópio se rendeu ao governo Kleber. Além das indicações pedetistas para aparelhar o governo Kleber, teve a promessa de ser eleito presidente. Foi derrotado. Kleber não tinha os votos que lhe prometeu. Outra história, repetida, com reflexos e continuados danos para Silvio.
Silvio, desconfia agora, que os dois – Ciro a quem deu o voto para ser presidente que não era de agrado de Kleber e Roberto Pereira e Procópio que fez Silvio presidente - trabalham em dobradinha a mando de Kleber e do presidente do MDB para enfraquece-lo, com o único fito da vingança e com isso, dificultar ao máximo, à reeleição de Silvio como vereador no ano que vem, ano sem coligações nas eleições de vereadores. Quem tem time e nome é que estará entre os 13 mais votados.
Um requerimento de Silvio coloca o experimentado Ciro de saia justas, pois estaria como presidente da Casa, favorecendo a bancada governista nas manobras e prejudicando os projetos de Silvio e não dando andamento a projetos que Silvio julga serem importantes. E a principal Comissão, a de Legislação, Justiça, Cidadania e Redação, presidida por Procópio, advogado, o que já articulou a favor de Silvio, estaria fazendo esse serviço contra Silvio para satisfazer o governo.
PINTADO PARA A GUERRA
Para quem faz parte da mesa diretora, que já foi presidente da Casa, o requerimento de Silvio Cleffi mostra que ele está pintado para a guerra. Qual o exato teor do requerimento 147/2019 aprovada na terça-feira da semana passada?
Quantos Projetos estão tramitando nas Comissões?
Quais Projetos estão na Comissão de Legislação, Justiça, Cidadania e Redação? Caso haja algum projeto além do prazo regimental nessa Comissão, qual o motivo? Pede-se apresentar relatório dos projetos, seus prazos e motivos que sustentam eventual suspensão.
Quais Projetos estão na Comissão de Gestão Pública? Caso haja algum projeto além do prazo regimental nessa Comissão, qual o motivo? Pede-se apresentar relatório dos projetos, seus prazos e motivos que sustentam eventual suspensão.
Quais Projetos estão na Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização? Caso haja algum projeto além do prazo regimental nessa Comissão, qual o motivo? Pede-se apresentar relatório dos projetos, seus prazos e motivos que sustentam eventual suspensão.
Onde se localizam os seguintes Projetos de Lei: 056/2017; 019/2018; 020/2018; 042/2018; 049/2018; PR 003/2018; PDL 002/2018; 065/2018; PLC 25/2018; 116/2018; 002/2019; 05/2019; 19/2019; 20/2019; 31/2019; 34/2019; 35/2019; 36/2019 e 38/2019.
TRAPICHE
Perguntar não ofende: qual foi mesmo a decisão final do Tribunal de Contas do Estado referente ao pedido de anulação do edital de licitação e referente ao pregão 58/2019 feito pelo vereador Cícero Giovane Amaro, PSD? Parece que o corpo não está tão fechado assim. Depois de ser descoberto a Ouvidoria do Ministério Público, achou-se outro bisturi afiado em Florianópolis. Acorda, Gaspar!
Ontem foi aprovado o Projeto de Lei que cria o segundo Refis no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, para os que possuem impostos atrasados com o município de Gaspar. Você acha que isso é feito para gente pequena? Por que o governo se nega pela transparência a dar a lista dos maiores devedores?
E o prefeito está mais uma vez em Brasília. E desta, num fato raro, antecipou parte da agenda. Arrumou uma desculpa e para passar a culpa para os empresários. Foi “lutar” para a Câmara dar o título de “Capital da Moda” à Gaspar. Acorda, Gaspar!
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