01/02/2018
A Câmara de Gaspar está parada desde o dia 20 de dezembro. Volta só na terça-feira dia seis de fevereiro. Os vereadores dizem que estão “trabalhando duro”, mas de verdade, não houve nenhuma sessão deliberativa até aqui. Transformados em cabos eleitorais candidatos a deputados, senadores, governador e presidente da República em ano de eleições, cada vereador (e suplentes) está é sondando o terreno entre suas lideranças, bem como negociando com seus candidatos. É assim que funciona a política, o poder, o embate. O resto é enganação para os distintos votantes.
E para aparecer, alguns fazem de tudo. O ex-presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, o único reeleito que está exercendo o mandato – o outro, José Hilário Melato, PP, está presidente do Samae -, não perdeu o senso de marquetear para estar sempre no noticiário.
O primeiro projeto de lei de origem legislativa – a maioria vem do Executivo – deste ano é dele. O que Ciro quer? Quer que seja obrigatório da realização de cursos de primeiros socorros e prevenção de acidentes a pelo menos um funcionário das escolas, creches ou centros de educação infantil instalados no município de Gaspar. Como diz o título deste artigo, de gente com boa intenção, o inferno está cheio.
O projeto pode ser bom, mas é, a princípio, inconstitucional. O Legislativo não pode criar despesas para outro poder: o Executivo. Ou o vereador acha que o treinamento e a designação de um servidor não constituí uma obrigação a ser compensada financeiramente devido a esse diferencial e obrigação? Não foi isso que o vereador Ciro como presidente da Câmara fez quando aumentou os vencimentos dos servidores do Legislativo e diminuiu a carga horária deles para assim dar tratamento isonômico ao que dizia ter sido feito errado pelo ex-presidente da Casa José Hilário Melato, PP?
Esses políticos jogam em dobradinha na farra do dinheiro escasso do contribuinte.
Outra. A legislação relativa aos serviços de paramédicos é altamente restritiva ao exercício da medicina, enfermagem e técnicos de enfermagem, incluindo aí até a aplicação tópica (pomadas, sprays...) de medicamentos e simples curativos. E se houver um incidente ou até mesmo um acidente pela má ação, mesmo que involuntária, desse professor ou servidor da educação “treinado”? De quem será a responsabilidade? Do treinado? Do Diretor da escola? Da secretária de Educação?
Outra, supondo que havendo um acidente ou incidente, mas ausente o responsável naquele dia ou momento? De quem será a culpa? Ou seja, fará o que se faz hoje: orienta-se e chama-se os paramédicos ou os serviços de urgência e que a sociedade já bem paga para atuarem nesses casos.
A outra possibilidade seria a de treinar todos, para uma eventualidade, mas não designar um, por obrigação como quer o Projeto Legislativo de Ciro. Ora, quando há um acidente na rua quem socorre, mexe do acidentado ou até remove? Um cidadão, mesmo com treinamento de primeiros socorros, ou gente do Samu, do Corpo de Bombeiros ou alguém que se apresente como médico?
Diz Ciro na justificativa do seu projeto: “É cediço [linguajar de outrem, naturalmente] que a maioria dos acidentes em estabelecimentos educativos poderiam ser evitados, bem como seus sofrimentos e complicações futuras amenizados, caso houvesse o domínio da técnica de primeiros socorros e prevenção de acidentes”. Onde está a estatística no caso específico de Gaspar para justificar minimamente esta ideia? Temos tantos acidentes assim como quer fazer crer Ciro? Que tipo de acidentes são tão comuns? Por que?
Outro erro. Os acidentes em estabelecimentos de educação poderiam ser evitados primeiramente com a conscientização dos próprios estudantes para o perigo e aí poderia se incluir as noções de primeiros socorros. Poderia estar na grade curricular.
Em segundo lugar, com uma “varredura” preventiva de um profissional da área de engenharia de segurança, provavelmente da secretaria de Educação, de Obras, ou Planejamento, anotando, sugerindo, corrigindo e interditando áreas ou práticas inseguras nas escolas. Aliás, o que foi feito daquilo que Bombeiros e Ministério Público detectaram como defeitos nas escolas e que poderiam colocar os estudantes em perigo, como foi o caso da Boate Kiss, em Santa Maria?
Terceiro, os primeiros socorros não é a obrigação de um, mas de todos se não houver tempo para a espera de um socorrista especializado, já suportado pelo estado, com o dinheiro de todos nós, como o Samu, o Corpo de Bombeiros. Em casos bem menos graves, de chamar os pais ou responsáveis para a melhor decisão, ou de leva-los ao pronto-socorro do Hospital, a um consultório médico ou ao postinho público de saúde seria a providência de rotina, óbvia e de bom senso. Mas, criar um socorrista em cada escola. Depois disso vem a obrigação de um técnico de enfermagem, depois de uma enfermeira, mas tarde, diminuição de carga e aumento de servidores... Meu Deus!
Antes de se criar uma obrigação como esta, e um bônus salarial ao professor, ou a outro tarefeiro, para exercer uma função diversa a que ele se preparou para estar em sala de aula, gestão ou direção, os políticos deviam pensar na melhor compensação do educador pelo que ele representa como mestre, bem como na conscientização dos seus alunos para os riscos, os acidentes, as formas de evita-los, mitiga-los no educandário, no caminho da escola e na sua vida cotidiana. Acorda, Gaspar!
Mais uma "obra" do governo do prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB e do vice Luiz Carlos Spengler Filho, PP. Os ônibus do coletivo urbano deixaram de circular momentaneamente em um trecho da Lagoa. Motivo? A estrada estava em péssima condições. E quem paga por isso? Os mais pobres, o que dependem de ônibus para trabalhar e procurar emprego, ou até estudar.
Este assunto está se tornando sério em Gaspar. Já abordei aqui. A soma dos pequenos problemas estão se avolumando e se tornando um grande problema para o atual governo de Gaspar. Falta fiscalização, falta uma ação planejada e coordenada de manutenção para o básico. Um dos exemplos, foi na semana passada a interdição da ponte do Vale da Fumaça, no Distrito do Belchior.
Além de não conseguir entregar as obras prometidas como as simples mudanças no trânsito prometidas para dezembro do ano passado, planejadas durante o ano todo, alegando vários desentendimento com a comunidade ou impedimentos burocráticos, Kleber e Luiz Carlos estão se perdendo no essencial, no simples, no básico: a manutenção daquilo que já foi implantado, inaugurado por outros governos e está funcionando.
Outra face dessa moeda é a falta de autoridade do governo gasparense. Como a empresa Caturani, que está fazendo este serviço em regime de emergência pode tomar esta decisão unilateral contra a cidade e os cidadãos? Como a própria prefeitura informada, por meio da sua diretora de Transporte coletivos, Barbara Soares, indicação pessoal de Kleber, pode concordar com tal atitude da empresa? Além de ter a concessão precária e fazer exigências a todo momento, faz o serviço quando e onde quer? Falta o Ministério Público ir mais a fundo nesse tipo de esbórnia contra a sociedade. Acorda, Gaspar!
O retrato de um governo que foi protegido pela RBS SC e que escondeu vergonhosamente dos catarinenses o desastre em todas as áreas. Os dois primeiros requerimentos registrados na Câmara de Vereadores de Gaspar neste ano são de Evandro Carlos Andrietti, MDB, sócio do governo de Raimundo Colombo, PSD.
O primeiro pede ao Deinfra que se tampe as centenas de buracos da rodovia Ivo Silveira que leva Gaspar a Brusque, e passa pelo Barracão, reduto eleitoral do vereador. O segundo requerimento é para o cabide de empregos a Agencia Regional de Desenvolvimento de Blumenau, para que ela mande alguém cortar o mato que tomou conta das margens da mesma rodovia.
Esses papelinhos, que vão a votação só na terça-feira da semana que vem, e de lá, na burocracia, no mínimo levarão 20 dias para chegar ao destino, e então, com sorte sensibilizar alguém, que levara outros 20 dias para as providências, revelam apenas politicagem, mesmo que recheadas de boa intenção.
Amanhã é dia de coluna Olhando a Maré inédita e feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo e o de maior circulação em Gaspar e Ilhota.
Definido o tradicional Baile do Havaii de Gaspar organizado pelo Cruzeiro do Vale, sob a coordenação da editora de Sociedade, Indianara Schmitt. Será no dia Sete de Abril, no Espaço Bunge Natureza, no Poço Grande.
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