17/02/2020
O engenheiro fiscal da prefeitura, Ricardo Duarte, diz que esta foto acima não reflete à realidade do que aconteceu nas obras de drenagem da Rua Frei Solano, mas admitiu que o projeto previa um tipo de caixa de inspeção e que foi feito outra, como exemplifica a foto.
O engenheiro fiscal da prefeitura dos primeiros 200 metros da drenagem da Rua Frei Solano, no bairro Gasparinho, em Gaspar, Ricardo Paulo Paulino Duarte foi depor na quinta-feira na Comissão Parlamentar Processante da Câmara. Ela apura supostas irregularidades na contratação, execução e fiscalização da obra.
O engenheiro Ricardo exibiu conhecimento e enrolação. Se estabeleceu na soberba e arrogância técnicas. “Pelo que pesquisei, nenhum dos senhores é engenheiro...”, demarcou logo de início para que não houvesse dúvidas sobre a ignorância da banca que o questionava. Transferiu parte da culpa para a empreiteira e não soube explicar a razão pela qual não exerceu o seu papel de fiscal nomeado para a obra.
Se eu fosse o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, estaria preocupado, a não ser que seja verdadeiro, como seu grupo costuma falar de boca cheia pela cidade, de que estaria de corpo fechado. Aliás, quem concebe o projeto pode ser o fiscal? Se o engenheiro Ricardo não assina o projeto, no depoimento falou como se tivesse sido o autor, ou participado do grupo que o concebeu.
Como Kleber possui a maioria que vota – os vereadores e advogados Francisco Hostins Júnior, MDB e Roberto Procópio de Souza, PDT -, a CPP terá dificuldades para aprovar o relatório do relator, Cícero Giovane Amaro, PSD. Mas, a gravação do depoimento é de fato, uma peça que pode dar muito trabalho ao Executivo se ela for levada ao Ministério Público para concluir o que não conseguiu verificar na obra porque ela já “estava enterrada”, bem como ao Tribunal de Contas do Estado que está de olho na forma de contratação dela.
O que era uma vantagem para o governo, não foi bem aproveitada pela equipe de Kleber e os vereadores governistas: a falta de um engenheiro especialista para orientar tecnicamente a CPP. O engenheiro Ricardo ao tentar desqualificar a CPP, os vereadores da dita oposição – o presidente da CPP Dionísio Luiz Bertoldi, PT, e o relator Cícero, e que é funcionário de carreira do Samae e executor da maior parte da obra -, a rara parte da imprensa local que se interessou pelo assunto, sentiu-se à vontade. Então resolveu dar lições técnicas e falou demais. Estabeleceu-se em nítidas contradições. E o peixe morre pela boca. E está gravado.
PROJETO FINALMENTE CHEGOU À CÂMARA
Vamos por partes e por temas macros. É que a sessão durou três horas. E os assuntos se repetiram.
Depois de quase dois anos pedindo por requerimento e até mesmo por instrumentos coercitivos no judiciário, finalmente o projeto das obras de drenagem da Rua Frei Solano chegou na quinta-feira passada à Câmara de vereadores.
Ora, se ele existia como afirma reiteradamente a prefeitura, os seus técnicos, o engenheiro fiscal e a base política do governo na Câmara, qual foi mesmo à razão para escondê-lo por esse e tanto tempo, submetendo-se ao desgaste público desnecessário, o enfraquecimento político e criando dúvidas na cidade inteira? Picuinhas? Desrespeito com à Câmara que possui a obrigação constitucional de fiscalizar o Executivo? Incrível!
“Está na cara que eles não tinham o projeto e o fizeram agora porque o caso chegou numa CPP e que pode complicar o governo”, desabafou o presidente da Comissão, o vereador Dionísio. Ele é morador do bairro, pediu a obra em nome dos moradores, “fiscalizou-a”, vendo os erros, advertiu o Executivo e ignorado, preventivamente, montou um dossiê fotográfico das supostas irregularidades. Pediu explicações e não as recebeu, e quando as recebeu, foi de forma incompleta.
O governo e os vereadores que o representam na CPP batem numa única tecla para se mostrarem inocentes e merecedores de perdão se alguma coisa irregular tenha acontecido na obra: a utilidade da drenagem.
Realmente, as chuvas dos últimos dias – e que não foram poucas -, provaram que a drenagem deu conta do recado. Entretanto, a pergunta que não quer calar é esta: afinal não era esse o objetivo da obra? Era só o que estava faltando, além das dúvidas técnicas e de transparência na execução e fiscalização, se ela ao final de tanta polêmica e tempo gasto em sacrifícios à população e comerciantes, não funcionasse para a comunidade.
É o próprio engenheiro Ricardo quem lembrou no seu depoimento que uma obra – seja ela pública ou privada – é pensada e feita não apenas para ser útil, mas para durar. Ou seja, que ela traga retorno ao investidor, e neste caso aos munícipes, os pagadores dos pesados impostos e que no fundo são os beneficiados e financiadores dessas obras.
Este retorno – a duração por anos dela funcionando a pleno para a comunidade -, só o tempo dirá, como bem lembrou o próprio engenheiro que se diz de origem portuguesa e invocou um ditado que segundo ele seria da terrinha e curiosamente, muito usado neste espaço: “o tempo é o senhor da razão”. Então neste quesito será preciso de tempo para constatar o que se apregoa, infelizmente.
DÚVIDAS E CONTRADIÇÕES OU INCOERÊNCIAS
Durante o depoimento, o engenheiro Ricardo alegou que muitas das decisões tomadas durante a execução do projeto foram para diminuir o tempo da obra, torná-la compatível com o orçado e prejudicar ao mínimo moradores, passantes e comerciantes da região do Gasparinho.
Primeiro esta obra bateu todos os recordes de atraso. O que era para ser feito em três meses, está durante 15. Passou por duas empreiteiras e quem está terminando, é a própria prefeitura. Então, a argumentação de que as decisões visavam diminuir o tempo da obra, é falsa.
Segundo: quanto à troca de técnica e material não previstos no projeto – e que só apareceu na quinta-feira -, é algo que deveria passar por uma perícia técnica, pois nenhum dos vereadores da comissão é engenheiro ou conhecedor da matéria. Eles não podem avaliar à correção da argumentação do engenheiro Ricardo. Se tinha projeto, havia necessidade de segui-lo. Alterá-lo, só algo excepcional e fundamentado no Diário de Obras poderia embasar à mudança.
Outro ponto de fragilidade argumentativa do governo por intermédio do engenheiro Ricardo é a tal da ART – Anotação Técnica de Responsabilidade. Ela é feita por um engenheiro. Ricardo sustentou no depoimento de que ela pode ser feita depois do projeto já estar em execução, já contemplando às mudanças, adaptações e até por economia financeira boba, pois registrar uma ART custa dinheiro.
E foi o que teria acontecido, pois não soube precisar direito se a ART existia antes da execução, mesmo sendo ele um dos que elaboraram o projeto com o engenheiro Vanderlei Schmitt, e como nomeado fiscal tinha a obrigação de olhar à documentação da obra e pedir do saneamento daquilo que faltava ou estava em desacordo com as exigências técnicas.
No fundo, está clara à brecha deixada pela modalidade de pregão. Ela foi, mais tarde rechaçada frontalmente pelo Tribunal de Contas. Este fato gerou um chororô danado pelo prefeito Kleber contra os vereadores da Câmara que denunciaram essa prática ilegal por aqui e usada na Frei Solano e que se queria para outras.
É que na contratação por pregão, o fiscal da execução das obras é uma opção da prefeitura e tudo fica frouxo, como ficou. Enquanto nas outras modalidades como a Tomada de Preço, Concorrência, entre outras por exemplo, a nomeação de um engenheiro fiscal para acompanhar a obra é um ato compulsório exigido pela lei.
O engenheiro Ricardo também admitiu no seu depoimento que é impossível, segundo ele, fiscalizar uma obra 24 horas por dia, sete dias por semana. E foi nesse ponto que ele transferiu a culpa de eventual dolo ou má fé para a empresa executora e se livrou da responsabilidade solidária que possui como fiscal nomeado pelo poder público para acompanhar e atestar que a execução se deu conforme o projeto e à contratação. Cada coisa!
FOTOS DA DISCÓRDIA
O engenheiro Ricardo criticou o uso das fotos dos moradores, comerciantes e dos próprios vereadores nas redes sociais, dossiês e aqui nesta coluna, como a que abriu a coluna de segunda-feira da semana passada e que repito hoje para esclarecimentos e análise dos meus leitores e leitoras sobre tudo isso.
Para ele, essas fotos, como as que estão abaixo, não representam à realidade da obra. E a contradição permaneceu mais uma vez no ar. O engenheiro Ricardo ao mesmo tempo que as desqualificou, não contestou à veracidade delas.
E para superar esse ponto, o engenheiro Ricardo argumentou que elas refletiam um momento e não o contexto da obra. Todavia, o engenheiro não mostrou as fotos do novo contexto, onde se supõe que àquela realidade momentânea distorcida tenha sido corrigida.
O que as fotos disponíveis mostram? Que a contratação foi feita de uma forma e a execução de outra. Simples assim! O que a CPP tenta descobrir é quanto isso comprometeu tecnicamente a obra e quanto isso interferiu no custo dela. Isso o engenheiro Ricardo desconversou com tecnicidades e soberba, insinuando que estaria sendo difamado e injuriado no seu conhecimento e cargo.
Admitiu, todavia, que houve mudanças, mas elas foram para economizar, dar agilidade e adaptar o projeto aos recursos disponíveis e assim diminuir o tempo de execução da obra.
No caso da economia, ela pode ter prejudicado os concorrentes que participaram ou tinham intenção de concorrer com na execução da obra. Tinha um edital e se lançaram a tal. Depois dela ter começado, a obra se modificou, inclusive nas exigências técnicas. E isso é um caso sério de improbidade.
Quanto a diminuição do tempo de execução da obra, este fato por extensão desclassificaria o próprio depoimento. Trata-se de notória anedota, de não for deboche com a comunidade e a CPP da Câmara
Foram três horas de repetição do mesmo. Elas deixaram claro que o Executivo blefou e corre atrás para apresentar a carta para esse jogo que ele poderia ter evitado no início do ano passado: bastaria de algo simples, necessário e óbvio: transparência naquilo que faz ou fez.
É notório que houve erros técnicos de concepção, pois o engenheiro Ricardo admitiu que encontrou muitas surpresas no trecho como tipo de solo instável em alguns locais; em outras com pedras. Isso obrigou à mudança sobre o projeto original. Mas, isso até então deveria integrar o Diário da Obra e não se tinha disponível.
Outra barbeiragem na concepção, execução e principalmente na fiscalização, foi exemplo explícito de improviso. Ele obrigou à refação de oito bocas de lobo.
A primeira empresa as posicionou para uma largura da Rua Frei Solano e a rua foi feita em outra. Quem errou? O engenheiro não soube explicar? “Eu fiz a minha parte”, projetar as bocas de lobo na largura original da rua.
Quando chegou na pavimentação, a segunda empresa teve que refazer o serviço da primeira e aí começaram as desavenças com a prefeitura até a Engeplan ser retirada da execução. E o caso está na justiça onde haverá mais custos para os pagadores de pesados impostos.
Em novo episódio de uma triste novela mal explicada, que a CPP tenta esclarecer – e como maioria do governo isso será muito difícil - prefeitura, com mais custos e sob imenso desgaste, está terminando o serviço da Rua Frei Solano.
UMA CRONOLOGIA DE ERROS
Esta CPP só foi parida porque Kleber e seus “çabios” donos da cidade e da vingança esticaram a corda e desdenharam essa possibilidade. A gestação da CPP começou com algo que veio goela abaixo dos vereadores de oposição em regime de urgência.
E para ver aprovado o projeto de lei que transferiu a obrigação da drenagem em Gaspar da prefeitura para o Samae, sem expertise algum e sem recursos específicos, Kleber e os seus jogaram a população contra os vereadores que exigiam mais explicações. Estava acesa a luz amarela a Kleber. Ele ignorou. Preferiu o enfrentamento.
No dia cinco de fevereiro de 2019, quando os vereadores voltavam do recesso, o vereador e morador do Gasparinho, Dionísio assinou o requerimento 05 ao prefeito Kleber. Pela legislação, o prefeito tinha 15 dias para responder os seguintes questionamentos sobre as obras da drenagem da Rua Frei Solano:
Cópia do projeto de execução; cópia dos contratos/aditivos; cópia do Decreto/Portaria indicando o agente público responsável pela fiscalização de cada obra (Art. 67 da Lei 8666/1993); cópia dos Diários de Obra, individualizados e em ordem cronológica; cópia das Notas de Empenhos/Sub-empenhos; cópia das Notas Fiscais (frente e verso) com relatórios de serviços/materiais; cópia das autorizações de pagamento das respectivas notas de Empenho e Sub-empenhos.
O que justificou o vereador para fundamentar tal requerimento? “Conforme visita ‘in loco’, verificou-se que os tubos foram entregues na rua antes do dia 26 de outubro, e a aprovação do Projeto de Lei Complementar 03/2018 (que permite ao Samae realizar drenagens pluviais) foi apenas em 13 de novembro. Desta forma, este requerimento visa esclarecer para a comunidade quais os recursos foram utilizados. A fiscalização é função e obrigação daquele que ocupa o cargo de Vereador, bem como os pedidos de informações são prerrogativas desta Casa de Leis”.
Duas coisas aconteceram. A primeira parte da obra, em torno de 200 metros foram convertidos em obras da prefeitura, e o restante dela – a maior parte – foi transferida para o Samae. A segunda parte se constituiu numa enrolação ou provocação, que desembocou na CPP. Veja a cronologia disso.
Após dois pedidos de dilação de prazo, (26/02 e 29/03) feitos por Kleber, a resposta veio incompleta na data de 08/04/2019. Segundo Dionísio não havia projeto, diário de obra, não havia fiscal definido para a obra, entre outros.
Inconformado e depois de várias cobranças na tribuna da Câmara onde era afrontado pelo líder do governo, o vereador Anhaia, um mandado de segurança expedido no dia três de abril do ano passado, o juiz deu prazo de dez dias para resposta. E pasmem. Afrontando uma determinação judicial, Kleber mandou a resposta incompleta no dia oito de abril.
E desde então o governo vem esticando a corda de um lado para se explicar aos vereadores da oposição e no outro se atrapalhando nas próprias pernas para entregar as obras projetadas para durarem em média três meses. E olha que o tempo colaborou. Foi um inverno e uma primavera relativamente secos.
Montada a CPP para investigar o que aconteceu na obra, mais uma vez Kleber e os seus desdenharam à transparência. Pedido a documentação, ela, depois de 15 meses, veio incompleta e no essencial: o projeto de drenagem.
Foi necessário um novo mandado de segurança e desta vez com busca e apreensão de documentos. Ele foi feito no dia sete deste fevereiro e encaminhado à Justiça da Comarca no dia dez, segunda-feira passada. Foi só aí que Kleber notou que poderia estar vulnerável. E antecipou à decisão judicial.
E minutos antes do depoimento do engenheiro Ricardo na quinta-feira, a prefeitura protocolou. Preliminarmente, observou-se que não veio o Diário de Obra de aproximadamente 280 metros do início das obras que iniciaram na rotatório da Rua Frei Solano esquina com a Rua Fernando Krauss, o restante ainda está sob análise. Que coisa! Quem não deve, não teme. Qual a razão de tanta enrolação? Acorda, Gaspar!
O jogo duplo Márcio Cézar abriu feridas na direita de Gaspar. Na foto de poucos dias de diferença ele está na formação do Aliança e com um pé no PL do senador Jorginho Melo
Márcio Cezar é um daqueles nomes que aparecem do nada no novo cenário político. Esta foi a característica das mudanças que aconteceram e surpreenderam nas eleições de outubro do ano passado os esquemas tradicionais de poder, liderados por partidos estruturados e donos do poder como o PT, MDB, PSD, PSDB, PP entre outros.
Márcio se diz injustiçado e procurou a coluna – diante do alcance e credibilidade que ela possui - para se explicar aos que a leem. Mas, isso será muito pouco diante do seu comportamento e atitudes dúbias neste processo de criar oportunidades para afirmar como uma liderança, que nunca foi até o momento.
Como esta coluna não é de aluguel e de ensaios de terceiros, Márcio veio para a chuva. Vai se molhar e reclamar ainda mais. E por que?
É que esse pessoal vive das redes sociais. E ali constroem as suas verdades. Cria bolhas. Descontextualizada fatos, inclusive históricos. Mais. Despreza a imprensa tradicional – exatamente porque não consegue manipulá-la ao seu gosto. E é nas redes que Márcio está sendo detonado e exposto na sua incoerência. “Por me sentir injustiçado e caluniado é que lhe procurei”, afirmou ele numa troca de mensagens por um aplicativo.
Muito bem. Mas quem é Márcio?
Márcio é químico, pós-graduado em gestão da produção e operações, consultor de empresas. Ele não admite, mas está sendo engolido pelas suas próprias alquimias. Do nada virou “presidente” da comissão do diretório do PL de Gaspar. Ao mesmo tempo, quer ter o domínio completo do Aliança pelo Brasil. “por ser dedicado e me destacar nos trabalhos pró Bolsonaro, é que sou alvo de críticas do dos menos aguerridos ao trabalho”, justificou.
Em resumo, Márcio Cezar é um bolsonarista convicto e a referência é o clã Bolsonaro. A ideologia não está bem entranhada em Márcio, mas o espelho refletido daquilo que inspira os discursos bolsonaristas.
DO PASSADO À MARGEM DO PROCESSO POLÍTICO PARA UMA JANELA DE OPORTUNIDADES
Márcio, na verdade, está sendo cobrado por seu passado. Na política antiga e agora se vê na dita nova, quando você não encontra defeitos no presente, remexe-se no passado para comprometer o futuro. O problema de Márcio que ele tem passado e presente. Então...
Ele pertenceu ao PP e lá foi cabo eleitoral do mais longevo dos vereadores de Gaspar, José Hilário Melato, hoje presidente do Samae de Gaspar. Esteve no PSL, mas numa luta interna, perdeu a guerra para Marciano Silva e Sérgio Luiz Batista de Almeida, dominados pelo deputado estadual Ricardo Alba, de Blumenau, a quem acusa de trair os ideais de Bolsonaro.
Se não bastasse querer controlar o Aliança Pelo Brasil onde quis que o cartório local lhe disponibilizasse as fichas de filiação essenciais para a criação do partido, Márcio controla o PRTB, legenda que se ofereceu a Melato para a chantagem do PP contra o MDB na possibilidade de perder a vice-prefeitura na corrida à reeleição de Kleber Edson Wan Dall. Márcio desconversa: “eu ajudei a montar o PRTB. Só tenho amigos – como deixei amigos por onde passei - e não influencio [lá no PRTB]. Quanto ao Melato, você deve perguntar para ele [Melato] ou para o deputado Alba, que sempre articulou com o MDB”.
A verdade é que Márcio e Demetrius Wolff, que é quem lidera atualmente em Gaspar o processo do recolha de assinaturas para a formação do Aliança pelo Brasil, já não falam a mesma língua. Isso está claro na rede social. Demetrius classifica Márcio um oportunista “como tantos que vem se aproveitando da onda Bolsonaro”.
Por outro lado, a impressão de Márcio sobre Demetrius não é muito diferente. É uma guerra declarada entre grupos que dizem convergir para o mesmo propósito: sustentar a liderança e ideias do clã Bolsonaro.
“Este [Demetrius] na minha opinião é um elemento plantado pela esquerda para desestabilizar e impedir o crescimento da direita em Gaspar. Demétrio era da executiva do PSL, quando tudo estava bem! Este elemento iniciou um processo de implosão do PSL. Ele age com técnicas da esquerda, coagindo, atacando em bando, difamando falando mentiras como se fossem verdades e defende até a morte!”
Eu precisava ir mais adiante? Não! Mas, vou. É importante!
“Quando ele [Demetrius] saiu do PSL junto com Carlos Minela, Bruna Andrade e Sandro Fagundes Rodrigues, apropriaram-se da página PSL jovem e ali tocaram o terror. No momento que se anunciou o Aliança, eles devem ter passado a noite montando a página fake do partido. Da prá verificar isto, pois a cada momento eles mudavam a logo, a cara da página de acordo com o que eles conseguiam apurar na internet. Enfim, acordamos e já existia uma página do Aliança Gaspar. E daí em diante é isso aí que se vê, esse elemento desafia e desrespeita a todos, que no mínimo se atrevem a chamar ele para discutir sobre a forma que ele está agindo sobre o futuro partido do presidente”.
Demetrius Wolff fez a reunião dos apoiadores de Bolsonaro e do novo partido dele, o Aliança, na quinta-feira, na Sociedade Alvorada, como mostra a foto abaixo. Márcio não estava. Ali se traçaram as estratégias de coleta de assinaturas para a formação do partido. E no sábado, o grupo foi a praça Getúlio Vargas, agitar atrás de apoiadores.
ONDE ESTÁ NAATZ NESTA HISTÓRIA TODA?
Eu não preciso ir adiante. Mas, vou.
E por que? Porque Márcio ainda não virou a página da sua passagem pelo Aliança. Está no PL porque quer o poder de fato. E ao invés de agir para tal, continua reclamando do que perdeu ou daquilo que não teve, o Aliança que não vai lhe dar voz e votos em outubro.
Pior. No PL, Márcio ainda não sabe onde está metido. Primeiro, todos os que querem entrar no partido precisam se ajoelhar para ele e passar por um crivo pessoal. Segundo, ele não possui esse status todo para ficar na portaria barrando ou avalizando a entrada de filiados. Terceiro, porque ele não conhece o tamanho da encrenca chamada de Ivan Naatz. A hora que topar com ela, Márcio, vai sentir saudades do PSL, PRTB e do próprio Aliança que nem existe.
Márcio diz só reportar ao senador Jorginho Melo, que insiste em rotular como seu padrinho. Sobre o deputado Ivan Naatz, assentado na esquerda – e do atraso -, que veio do PDT e passou pelo PV, Márcio arrisca: “ainda não conversamos”. Mas, Márcio esteve em Blumenau na mesma solenidade de filiação do deputado. Talvez, não quis topar logo de cara com a encrenca. “Mas tenho certeza de que teremos o apoio dele e dos demais deputados do bloco”, ameniza. Quando o trator Naatz aparecer, poderá ser tarde demais para Márcio.
Há coisas que não combinam no PL e que precisam de refinamento: o clã Bolsonaro, o deputado Federal pelo PSL, Coronel Armando Schroeder Reis e Admar Gonzaga que Márcio diz serem seus gurus.
E o que precisa de refinamento de Márcio para tornar o PL uma legenda viável em outubro em Gaspar? Com o Aliança pelo Brasil, PL, Demetrius, Jorginho Melo e Ivan Naatz. Como se vê o PL nasce para ser o barriga-de-aluguel do Aliança, mas entre eles, este jogo não está bem combinado. É muita confusão.
E com isso, o projeto de reeleição de Kleber segue em frente sem uma aparente uma união pela mudança por melhor gestão e mais transparência com a sociedade. Acorda, Gaspar!
Os três à direita: governador Moisés, o prefeito Érico e o vice Joel, sacramentado a filiação no PSL
A notícia montada no final de semana foi de que o atual vice do prefeito Joel Soares e o ex-prefeito Roberto da Silva, ambos do PP, estão trocando de partido e se filiando ao PSL. A impressão que ficou, é de que poderia estar nascendo aí uma concorrência ao atual prefeito Érico de Oliveira, MDB.
O próprio Erico correu à rede social para postar a foto acima e o seguinte texto: “boa tarde, minha gente. Após um convite especial do nosso governador Moisés, e do chefe do gabinete da Casa Civil, Douglas Borba, que intermediou toda a conversa, conseguimos estruturar o PSL de Ilhota, com a filiação do meu vice-prefeito, Joel Soares. Também gostaria de agradecer à confiança e o compromisso dos vereadores Juarez e Sidnei juntar no prazo legal de filiação junto ao partido do governador ao Douglas pela confiança no trabalho desenvolvido nesse período na cidade de Ilhota. Isso demonstra que estamos no caminho certo do desenvolvimento, da seriedade e credibilidade num governo diferente e comprometido com o povo. Temos certeza que teremos às portas abertas no governo. Parabenizo o meu vice pela decisão que tomou, pois isso demonstra que estamos em sintonia”.
É preciso ir mais adiante? Talvez não! Mas, é preciso fazer algumas leituras aos que não conseguem enxergar as cartas do jogo político e de poder, ou se deixam levar pelas conversas armadas nos bastidores dos poderosos para engabelar os que votam neles.
A primeira: Érico não quis deixar nenhuma margem de dúvidas que ele está criando o PSL como seu puxadinho e que tudo está combinado entre todos.
A segunda: com esta jogada, Érico fechou uma das portas para o médico Lucas Gonçalves que trabalha em Luiz Alves. Ele era o presidente do MDB de Ilhota e foi um dos articuladores da vitória de Érico. Já tinha sido derrotado anteriormente nas urnas e se resignou a ser apenas um mandatário de partido.
Lucas saiu do MDB. Jurou que abandonava a política em fevereiro de 2018. Tudo em decorrência de um áudio de aplicativo de mensagens. Nele Erico orientava o seu assessor de imprensa – em desvio de função -, a “espionar” a mulher de Lucas, a secretária de Saúde, Jocelene. Érico, envenenado, desconfiava de que haveria treta nas contas da secretaria. O grupo de Lucas, agora, ensaiava uma reação. Terá que procurar outra alternativa partidária se quiser continuar com a ideia onde um dos objetivos é o de desnudar à gestão de Érico, dificultando e até impedindo à reeleição.
A terceira: mostra um governador em franca ação e articulação política numa troca de relações e privilégios, como indica a nota do próprio prefeito na sua rede social. Não há nenhum truque. Leia de novo, se acham que é exagero meu.
A quarta: o MDB – o eterno gigolô do poder - vai se tornando o puxadinho preferido do PSL catarinense. Já escrevi isso aqui várias vezes e sempre fui contestado, veementemente. As evidências e fatos desmentem os meus contestadores.
A quinta: o governador Carlos Moisés da Silva deve ter sido avisado do que rola contra o prefeito Érico na Justiça da Comarca e no Tribunal de Contas. Está arriscando, na associação de imagens, para se manter na governabilidade. Então à mudança prometida não está se cumprindo e a velha política, com os velhos hábitos e vícios, estão se perpetuando.
A sexta, e para encerrar: o leitor atento já sabe aonde tudo isso vai chegar? Ao discurso de independência do PSL de Gaspar. Ou seja, a fragilidade do discurso.
Este passo em Ilhota mostra que no jogo das decisões, o deputado Ricardo Alba, PSL, já fez o pacotão para Gaspar. Quando desnudei isso, foi um Deus nos acuda. Eu é que estava a serviço de alguém. A mesma ladainha de sempre.
E agora prova-se que se Alba não for suficiente, o governo do estado já está com a máquina azeitada para dizer que o PSL de Gaspar terá que ficar onde sempre ficou quando os grandes se associam à sombra do processo de poder. Ainda mais que seu candidato não decolou e está associado ao que está no poder de plantão e embretado no mundo evangélico.
E se isso não bastasse, o PSL reservou a vaga de candidato a prefeito, impede a entrada de outros viáveis e sofre à concorrência do PRTB que não se sabe estar a serviço de quem, do Aliança pelo Brasil que já se definiu por outras escolhas, e do PL, como lhes relatei acima e que dependendo do rumo que tomar, poderá se constituir na terceira via. Uma terceira via, onde vão unir cobras e sapos, exatamente contra o poder instalado. Acorda, Gaspar!
Trair e coçar é só começar. Em março, pelo calendário eleitoral, será o tempo das transferências partidárias dos que estão cargos eletivos, sem que as mudanças possam afetar seus mandatos.
Será o tempo em que saberá quem é bagaço ou possui bagaça na geringonça. Será o tempo das definições e às novas arrumações de freios partidários para as eleições municipais.
O pessoal que cuida da comunicação do prefeito e candidato a reeleição de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, precisa abrir o olho neste tempo de caça às bruxas. Na semana passada saiu-se com a ideia de que crescimento de receitas significa gestão eficiente. E na Câmara, usou-se até o depoimento, deslocado, de conhecido contador da cidade para ratificar esse entendimento torto de contabilidade.
Faturamento além das expetativas nunca significou sucesso administrativo e gestão, sem antes controlar custos, despesas e as dívidas. Está provado no balanço da prefeitura de 2019 – e já escrevi isso no início do ano -, que as despesas são maiores que as receitas. São números. Então...
Outra charada. Se o discurso é ufanista, ele terá consequências: mais cobranças por mais creches, mais atendimento nos postinhos, no Pronto Socorro do Hospital, manutenção, molhar ruas, capinar, melhorar a iluminação pública e um ganho real dos funcionários, afinal existe dinheiro entrando além da inflação como se gabou. E a vereadora, ex-vice-prefeita e berçarista, Mariluci Deschamps Rosa, PT, na sessão passada, entendeu o recado.
Este é um ano de composição dos vencimentos dos funcionários públicos municipais. Eles não podiam receber melhor notícia do prefeito, do líder do governo e do líder do blocão de apoio na Câmara. A cobrança virá, se não foi uma isca propositadamente lançada para se pescar afoitos.
Todo mês, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, arruma um pé para ir a Brasília. Além da cara passagem aérea para si que custou R$2.212,41, o contribuinte pagou R$2.640,00 em diárias, que justificou para dois encontros com parlamentares na busca de emenda parlamentares (Darci de Matos, PSD e Carlos Chiodini, MDB) de gente só trabalha dois dias por semana em Brasília e o resto diz estar por aqui.
Ah, Kleber também esteve em Aparecida de Goiânia, de 570 mil habitantes, na região metropolitana de Goiânia. Lá ele falou com o jovem prefeito Gustavo Medanha, MDB, um entusiasta da tal “Cidade Inteligente”. Fez bem em conhecer os resultados. Mas será que Kleber contou ao Gustavo o que aconteceu por aqui, onde o sistema da prefeitura foi invadido por funcionários e tudo se escondeu até hoje?
Advogado foragido de Seara é preso no Paraguai após troca de informações entre o ministério da Justiça do ministro Sérgio Moro, da área de inteligência do colegiado de Segurança de Santa Catarina e o governo paraguaio. Este não é o primeiro ato feito com esta combinação e segundo o presidente do colegiado de segurança catarinense, o gasparense Paulo Norberto Koerich, será uma rotina. “Até nos Estados Unidos localizamos presos”, exemplifica.
Liberado. As notas de pesar dos vereadores – que são uma espécie de caça votos - agora não precisam mais passar pela votação em plenário da Câmara e virar constrangimento. Cada gabinete faz isso quando assim desejar. E dizer que tinha gente da comissão que mudou o Regimento que não sabia o que aprovou?
O ex-diretor do Samae, ex-superintendente do Belchior, o vereador Rui Carlos Deschamps, PT, estava indignado na última sessão da Câmara. O asfaltamento, que nem terminou de ser colocado em alguns trechos, na recém reurbanização da principal rua do Distrito do Belchior, a Bonifácio Haendchen, já foi cortado em três pontos pelo Samae.
“Será que o projeto não poderia deslocar a rede de água para as calçadas”?, perguntou ele com autoridade de quem conhece bem o assunto.
A desculpa do amarelo é dormir descoberto. O mais ferrenho dos oposicionistas e que virou o melhor aliado do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, na Câmara, Roberto Procópio de Souza, PDT, está inconformado com a criação da Comissão Parlamentar Processante. Ela foi de instaurada – a pedido do vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT – para apurar supostas irregularidades na drenagem da Rua Frei Solano, no Gasparinho.
Para ele, a CPP “gera um custo desnecessário ao erário”. É verdade? E perguntar não ofende: e por causa desse custo não se vai atrás da verdade e da transparência daquilo que é feito com o dinheiro dos pesados impostos dos gasparenses? É isso?
O verdadeiro prejuízo é na imagem política, de gestor transparente do prefeito e sua equipe. É isto que os vereadores da base e o governo queriam ver protegidos, ainda mais em ano de eleições. Entretanto, a CPP é fruto de um descuido e do jogo mal jogado pelo poder de plantão, como escrevi no primeiro artigo da coluna de hoje.
Na semana passada, foi só a segunda sessão ordinária neste ano da Câmara. E o vereador Evandro Carlos Andrietti, MDB, pediu para se ausentar dela.
O vale tudo do ano das eleições. O prefeito de Gaspar Kleber Edson Wan Dall,MDB, virou garoto propaganda nas redes sociais para a população correr aos postos para se vacinar. Estão esticando a corda. É o tal corpo fechado. Acorda, Gaspar!
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