15/08/2019
Desde 2017 os vereadores de Gaspar estão para emendar a Lei Orgânica do Município e mudar o Regimento Interno da Câmara para tornar a atividade parlamentar mais transparente. É que as eleições da Mesa Diretora ainda se dão pelo voto secreto. Um parêntese: eu sempre advoguei o voto aberto. Afinal, é direito do eleitor saber como vota o seu representante no Legislativo. Na verdade, os vereadores trabalharam pouco para mudar. Eles escondiam seus joguinhos. Por isso, apanharam duas vezes na atual legislatura: os candidatos marcados para ganhar pelo poder de plantão, tiveram que amargar, choramingar e arrumar culpados por dois anos seguidos de derrotas. Agora, entre poucas e emergenciais mudanças que os vereadores fizeram, estão duas que consideram às mais importantes: o voto aberto para a eleição da presidência da Casa e o que dá mais poder para as decisões administrativas do presidente que até agora, corretamente, eram divididas com a eclética mesa diretora e por isso, geravam desconfortos.
Todos sabem que a escolha da presidência da Câmara é um jogo de acertos das forças políticas no poder e na oposição. Todos sabem também, que político trata uma coisa, e se lhe dá o escurinho da urna, ele faz outra. As dúvidas ficam permanentemente no ar, pois, manhosa e propositadamente, não se dá ao trabalho de esclarecer que foi ele o traíra. As histórias nas Câmaras, não só a de Gaspar, são repetidas e folclóricas. Dariam páginas. Aqui já teve vereador que apresentou até atestado médico, cuja especialidade era ginecologia. Volto. Kleber indicou e até foi à sessão de dezembro de 2017 com a sua trupe e esposa para cumprimentar na vitória, Franciele Daiane Back, PSDB, a mais jovem vereadora de Gaspar e que representa o Distrito do Belchior. Viu Silvio Cleffi, PSC, da sua base, sua cria política, evangélico do mesmo templo ser eleito presidente pela oposição. Um desastre anunciado pelo próprio comportamento de Kleber e dos que cercam. Viu também, naquele ato, ficar quase todo o ano de 2018 em minoria na Câmara e por isso, falar miudinho, dar explicações, arrumar culpados. Viu também, o seu articulador político Carlos Roberto Pereira, advogado e presidente do MDB de Gaspar, correr da secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa que a criou para si na cara Reforma Administrativa, para à caótica Saúde, de onde já voltou.
Repetição. Kleber e o MDB escaldados, estruturaram outra que o voto secreto dos vereadores os desmoralizou. Cooptaram o líder e o mais ferrenho vereador contra o governo de Kleber, o que montou o esquema que elegeu Sílvio: Roberto Procópio de Souza. E prometeram à presidência da Câmara com os votos do MDB, PSC e PSDB, além de espaços para o aparelhamento do PDT na prefeitura. Aberta a urna, Ciro André Quintino, apesar de ser MDB que devia votar em Roberto Procópio, era vencedor. Procópio ficou pasmo. Foi acalmado. Ao menos, a maioria na Câmara foi salva neste ano de 2019 e à linha de frente da oposição ficou restrita aos vereadores Cícero Giovane Amaro, PSD, e Dionísio Luiz Bertoldi, PT. Oposição que só ganha espaço por conta da teimosa vingança que caracteriza a gestão de Kleber e pelos erros grosseiros da sua equipe técnica, mas que é feita de gente empregada para atender interesses de composição política, partidária e eleitoral. Afinal, Kleber está em visível campanha à reeleição..
O Projeto de Emenda à Lei Orgânica que pretendia fazer mudanças profundas na Câmara, acabou sendo superficial. Veio rápido para apenas evitar um novo susto em dezembro deste ano. As mudanças tocaram num ponto do Regimento Interno da Câmara de interesse de Kleber e Roberto Pereira para não passarem por mais outra vergonha e fraqueza, naquilo que – por separação dos poderes - não deviam se meter: o Legislativo, até porque as feridas do Executivo são muitas, estão expostas e às curas sendo cobradas pela população, justamente às vésperas das eleições de outubro do ano que vem. Resumindo: a eleição do presidente da Câmara de Gaspar não deverá ser mais secreta, e no primeiro teste, todos os vereadores concordaram. Vai ficar mais difícil a traição, mas ficará mais cara à composição que será antecipada, aberta e movimentará os bastidores nas barganhas. Kleber já tem candidato: o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, ainda na presidência do Samae. Experimentado neste assunto no voto secreto onde venceu todas, agora com o aberto, dificilmente colherá surpresas. Se houver alguma surpresa...
O Anel Viário (ou é Contorno? ou...) de Gaspar é um bicho caro e mal explicado. É feito para enganar gente decente, e também analfabeta, ignorante e desinformada. Primeiro não se sabe até hoje qual é direito o seu trajeto e nem compará-lo aos diversos projetos que já se fez, vantagens e desvantagens. Resumindo: a comunicação é desastrosa, é proposital.
Segundo, chegou-se ao ponto de se ter até trecho com obras licitadas, mas não se tem a terra comprada, negociada e agora com decreto de desapropriação do seu dono. Só depois. Na sexta-feira passada, informei à falta de desapropriação. O ato foi publicado na quarta-feira no final da tarde no Diário Oficial dos Municípios – aquele que se esconde na internet. A coluna de sexta-feira é feita na quarta pela manhã. Por enquanto, não há acordo. Então...
Terceiro. Na propaganda enganosa e político eleitoral, o poder de plantão vende obras de particulares – as únicas que andam dentro do prazo - como sendo suas. Então vamos por partes sobre este assunto, como diria Jack, O Estripador.
O ex-governador Raimundo Colombo, PSD, que na verdade era o prefeito de Lages, pagou R$700 mil pelo estudo de viabilidade econômica e outros R$2 milhões pelo projeto Executivo do tal Anel de Contorno. O trabalho não está pronto. Ele apenas provou ser esta uma obra cara demais, se executada como estava no papel: cerca de R$400 milhões.
O que aconteceu de verdade? Os políticos fizeram um projeto dos sonhos exatamente para não executá-lo. Não havia e não há essa dinheirama na escassez em que vivemos. O sonho no papel começou a ser desenhado em 2011. Foi apresentado em 2013. Em 2015, arquivado. Só quem ganhou com ele foi a Iguatemi nas medições no campo, na “papelada” e arquivos técnicos que produziu.
Aliás, a Iguatemi, também fez a revisão do Plano Diretor de Gaspar. Ele também não saiu do papel como desenhou. Entretanto, a Iguatemi levou à parte dela no governo do PT de Pedro Celso Zuchi. Afinal, fez o serviço dela. Enquanto os políticos e gestores públicos...
Voltando. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, fala tanto nesse Anel de Contorno e que poucos sabem dizer por onde ele passará de verdade. No ano passado com a mesma Iguatemi ele contratou o projeto executivo. Está pagando R$560 mil em muitas coisas que ela aproveitará do que já fez para o governo do Estado. E esse “novo” projeto que já era para estar pronto, foi prorrogado para outubro. Hum!
E para completar este samba do crioulo doido dos políticos gasparenses.
Esta semana nas redes sociais, Kleber foi mostrar as obras da Rua Rodolfo Vieira Pamplona com a Rua São Bento, no bairro Santa Terezinha. Elas, segundo ele, fazem parte do tal Anel de Contorno de Gaspar.
Contudo, esta obra não é exatamente da prefeitura e só por isso, está saindo do papel. Ela está sendo executada por um particular, o empresário e ex-prefeito, Osvaldo Schneider, o Paca, MDB – aniversariante da semana. É um acordo compensatório imobiliário que fez com o município. Então... Acorda, Gaspar!
Simone Carime Makki Voigt está deixando Gaspar. Está de muda para Florianópolis. Ela é mulher de Irineu Voigt, assessor do juiz Renato Mastella que atuou aqui na Comarca. Simone atuava no Procon e queria ser a titular.
Com a promoção de Mastella para a Capital, Irineu foi junto. Simone, por sua vez, deslocada para o Samae para ser, sem expertise, a Diretora de Compras e Licitações. Estava insatisfeita. O Procon de Gaspar por acordo político voltou às mãos de Roberto Procópio de Souza, PDT, tutor das indicações política. Simone vai atuar no Procon estadual.
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