06/02/2020
O PP de Gaspar está tentando retomar o prumo – e força - que ele começou a perder há mais de 20 anos como um eixo de importância política-administrativa na cidade. Na zona de conforto, o PP viu-se nanico diante do MDB. Pragmático – e não por vingança, ressalte-se neste momento do jogo – o MDB faz de tudo para tentar à reeleição do seu menino prodígio, aquele que mudaria o jeito de governar, daria eficiência e entregaria um monte de obras, o prefeito Kleber Edson Wan Dall. Qual é a ironia disso tudo? O PP é parceiro do resultado ruim e possui o vice, Luiz Carlos Spengler Filho, um agente de trânsito municipal. E a razão da gritaria do PP? Devido à admissão pública do próprio Kleber e do prefeito de fato, presidente do MDB, ex-coordenador de campanha de Kleber, Carlos Roberto Pereira, de que o PSD, poderá ser o próximo aliado com direito à vaga de vice. Ou seja, o sonho do PP de se perpetuar como protagonista neste outubro se tornou um anunciado pesadelo real.
Devo abrir três parêntesis aos mais jovens – ou os desmemoriados e do próprio PP -, antes de prosseguir e concluir. O primeiro: o MDB e o PP de Gaspar sempre foram água e óleo. Uma mistura impossível até então. Um veio do velho PSD e outro da UDN. E assim foi quando eram os velhos MDB e Arena. Assim foi até chegar os anos 2.000. Eu particularmente penso, por conhecimento histórico e vivência da cidade, que o enfraquecimento do atual PP – que já foi o antigo PDS - começou com a desastrosa administração de Tarcísio Deschamps (1983/88), onde curiosamente, o vice era Luiz Carlos Spengler, pai do atual vice. Foi aquela gestão questionada nos resultados que levou à eleição do professor Francisco Hostins, originário da Arena e antigo PDS. Lá ele não tinha vez e nem estava na fila. Ganhou a prefeitura devido a sua postura de renovação e submissão a técnicos numa cidade “baleada”. Ganhou com o nanico e desconhecido PDC do deputado Francisco Mastella, executivo na ex-Ceval, ex-presidente da Acig e da Facisc.
Segundo parêntesis. Aos que preferem culpar a derrota de Francisco Hostins, - levado de volta ao PP, vejam só, pelo esquema do MDB que se aboletou na segunda parte do seu governo tido até hoje como uma referência administrativa pelos técnicos que tinha e os expurgou para dar lugar aos políticos do atraso- e Pedro Inácio Bornhausen, PP, engenheiro, gestor regional da Celesc, à prefeitura, em 2.000. A cidade não tolerou esses jogos. Surpreendente, Pedro Celso Zuchi, PT, venceu pela primeira vez. Mais, no poder Zuchi foi capaz de trancar a eleição – quase que deu - a deputado estadual de Bornhausen em 2002. Zuchi usou a sua mulher Liliane. Terceiro parêntesis: mas se a avaliação anterior não for válida, valerá então que a derrocada do PP de Gaspar começou em 2004 e, contraditoriamente, com uma vitória. Foi lá que finalmente se misturou a água com o óleo, tudo para derrubar o PT; uniu-se Adilson Luiz Schmitt, MDB e o empresário Clarindo Fantoni, PP. A cobra e o sapo numa mesma balaia. Não se reelegeram. Zuchi voltou e fez mais dois mandatos. E o MDB, PP, desta vez com outros, repetiram a velha fórmula da mistura do óleo com a água, com outros líquidos para Kleber e Luiz Carlos. Venceram. Estão repetindo a história na vitória e possivelmente, se não cuidarem muito, na derrota.
A união da água com o óleo em Gaspar foi uma alquimia. Ela reconheceu que sozinhos, os então poderosos MDB e PP, tinham envelhecidos, não tinham eleitores, não tinham mais forças diante dos seus desastres nas administrações e na panelinha que criaram para si próprios, isto sem falar que ignoraram às mudanças e exigências da comunidade. Enquanto o MDB entendeu melhor o ambiente, o PP de Gaspar ficou saboreando o passado. Mais. Perdeu um interlocutor importante nas articulações: Luiz Carlos Spengler, falecido. Outra: a família Amim já não influencia como antes e o guru do PP daqui, o ex-deputado Federal João Alberto Pizzolllati Júnior, enlameado no petrolão, tornou-se um ex-político altamente tóxico. No governo Kleber, por exemplo, os espaços que o PP ocupa, deram mais preocupações do que soluções, até aqui, à cidade e ao governo. O próprio vice foi uma peça decorativa. Agora, diante da possível perda de espaço, tardiamente, se mexe. O PP está em dois outros pontos nevrálgicos de desgastes para o governo de Kleber: o Samae com o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, que só foi eleito graças aos votos de legenda do nanico PSC, bem como a Secretaria de Agricultura e Aquicultura, onde o titular, André Paqual Waltrick, colocou o prefeito no centro de um inquérito. Ele poderá gerar danos irreversíveis à imagem do político Kleber.
O PP reúne a sua turma (foto) para contar versões, apontar “inimigos”, encontrar espaços amigos na imprensa, nas redes sociais, aplicativos de mensagens e animá-la num tal “nenhum passo daremos atrás”. Mas, o PP está dando passos para trás há mais de 20 anos. Agora, quer ir para frente? Como criança, é preciso reaprender a andar. Vai ter que competir com quem já está correndo. Nesta gestão de Kleber e Luiz Carlos, o primeiro passo dado para trás pelo PP foi quando aceitou a saída do chefe de gabinete, Pedro Inácio Bornhausen. E os outros? Quando aceitou ter vice sem voz; foi em insistir na exposição em postos chaves que ocupa na administração com gente sem votos ou resultados diferenciais (faltou quadro ou coragem à assepsia visando o fortalecimento do partido e do governo?); foi quando fingiu que isso só enlameava o MDB ou Kleber e não propôs ele mesmo, uma autolimpeza. É “lindo reagir”, mas poderá ser tarde demais. Política é ocupação de espaços. E a história não perdoa os relapsos e sem estratégia de médio e longo prazo. Acorda, Gaspar!
O PSL de Gaspar está encurralado e chateado. Quis ser o "Aliança pelo Brasil", não deu certo. Quis manter o grupo originário nos seus quadros: perdeu-os para do Aliança, PRTB, Patriotas, Podemos e quiçá os terá parte no PL. Quis também os evangélicos, mas estão cercados pelo esquema do poder de plantão.
Fator Ciro. A coluna de sexta-feira passada na edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale sobre os caminhos do vereador Ciro André Quintino, MDB, repercutiu muito fortemente na comunidade e no ambiente político. Credibilidade deste espaço.
Tanto, que o MDB que está no poder de plantão em Gaspar, mandou recados e emissários a Ibirama, Florianópolis, Jaraguá do Sul e a apoiadores do vereador por aqui.
Quer que Ciro “repense” à ideia dele em buscar espaço próprio. Se ele não fizer isso por bem, virá um saco de maldades – que a atual administração entende bem -, avisa. E depois esse pessoal diz não entender à razão da rejeição. Acorda, Gaspar!
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