31/10/2019
O dinheiro da discórdia I
Já escrevi que o Hospital de Gaspar está sempre em perpétuo socorro, a santa madrinha da fé católica que emprestou o nome e deveria abençoá-lo, pois foi criado pelo filantropo de visão comunitária e exemplo ímpar por aqui, Frei Godofredo. Ele convencia, unia e liderava. Contudo, são as desavenças dos homens, os quais se acham donos da cidade, travestidos de políticos e defendendo seus grupos de poder, que transformaram o Hospital numa marca de atraso, problemas, erros, equívocos e dúvidas. E para variar, há mais uma disputa naquilo que não se teria à mínima dúvida e razão de ser, pois o objetivo seria o de dotar o Hospital de mais recursos técnicos, ser referência e com isso, salvar vidas.
O médico cardiologista, funcionário público municipal, evangélico, cria política do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, Silvio Cleffi, PSC, foi autor de dois Projetos de Lei na Câmara. Eles imitam uma ação bem-sucedida em Timbó onde os descontos do pagamento à vista do IPTU, se o proprietário assim quiser, iriam para num fundo feito à construção da UTI do Hospital. Coisa simples, aparentemente. Mas, não por aqui, onde as vaidades e interesses dos grupos políticos e supostos líderes estão em jogo permanentemente contra a cidade, os cidadãos – os mais vulneráveis - e contra o que pregou Frei Godofredo no seu legado de exemplos.
A pinimba começou na tramitação dos projetos de Silvio na Câmara. A quem se interessar, basta rever as sessões ou às várias colunas aqui. Dificultou-se ao máximo. E por que? Acertos contábeis e financeiros cheia de pegadinhas? Desculpas para boi dormir. Na verdade, era uma retaliação pela boa iniciativa do vereador Silvio e a possível vantagem dele numa disputa política. É que Silvio desde dezembro de 2017 deixou de ser um boneco político da turma de Kleber. A contragosto dela, elegeu-se presidente da Câmara – contra Franciele Daine Back, PSDB - e foi automaticamente alçado à condição de adversário. E por isso, Silvio se tornou um crítico dos erros do governo Kleber. Depois que os projetos de Silvio que permitiam a criação do fundo para a construção da UTI foram sancionados por Kleber, revelou-se a verdadeira intenção do governo sobre à prioridade no uso desses recursos feitos com o dinheiro dos gasparenses.
O prefeito de fato, secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, ex-secretário de Saúde, advogado e presidente do MDB de Gaspar, Carlos Roberto Pereira, foi à rádio dizer que o dinheiro das leis para o fundo da UTI do Hospital seria usado prioritariamente para melhorar o Pronto Socorro, onde está o gargalo e problemas de atendimento do Hospital. Esta possibilidade realmente está nas leis, mas não como prioridade. Fez parte das concessões que Silvio fez para ver seus projetos aprovados. Afinal, antes de uma UTI é preciso um Pronto Socorro à altura dela. E nisto Roberto Pereira está certo. Mas, precisa usar esse dinheiro que a priori teria outra finalidade? Silvio entende que a melhoria do PS preparatória à UTI seria um aparelho de ressonância, uma unidade de hemodiálise e ampliação da sala de cirurgia. Não apenas o básico como quer o secretário e que não garante uma UTI.
O Hospital de Gaspar precisa de uma UTI? Eu penso que sim. Mas, antes, e já escrevi várias vezes, é preciso saber quem é o dono dele. Ele está sob uma intervenção marota da prefeitura feita pelo PT e abonada pelo MDB e PP. A prefeitura gasta com ele quase R$800 mil por mês dos pesados impostos dos gasparenses. Transparência zero. As dívidas só aumentam, isto sem falar nas sucessivas acusações de erros médicos que exigem indenizações. A comunidade, familiares e doentes esperam respostas. E elas não vêm. Nenhum profissional de reconhecida qualidade específica no gerenciamento em hospitais não consegue ficar por aqui. E por que disso? Só enrolação. Por exemplo, agora, o Hospital está sendo governado por uma “junta” de iluminados do poder de plantão. E em decorrência disso, os problemas de atendimento se agravaram sobremaneira. Então verdadeiramente quem está na UTI? O Hospital e a sua gestão técnica e de políticos.
Com tantos e graves problemas, qual a verdadeira razão que move o governo Kleber por meio do seu secretário de Fazenda, vir a público desmoralizar uma iniciativa, ou então gerar dúvidas na população sobre as prioridades no uso de um dinheiro doado para melhorar o atendimento do Hospital aos gasparenses? Incrível! Qual a razão para contrariar o exemplo que Frei Godofredo deu aos gasparenses em tempos de dificuldades e restrições bem maiores do que as de hoje? O uso político partidário de um hospital filantropo ou “público” como o nosso, beira a um crime. Afinal quem é o dono do Hospital de Gaspar? Quem se arrisca a responder esta simples pergunta à população e assumir as responsabilidades inerentes deste ato? Quem vai tirar o Hospital de Gaspar da hipócrita UTI onde está metido por gente sem compaixão com os mais necessitados? Por que iniciativas de melhoria dele como a de Silvio são boicotadas e por questões políticas partidárias? Acorda, Gaspar!
A foto aqui fala mais que qualquer texto. A má drenagem da Rua Frei Solano, no Gasparinho – e amplamente divulgada aqui – foi feita sem projeto, sem transparência, sob dúvidas e erros. Denunciada no Ministério Público da Comarca, não prosperou.
Recentemente, o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, foi ao MP daqui cobrar uma explicação. E lá, foi informado de que até dois técnicos de Florianópolis vieram a Gaspar. Mas, nada puderam fazer porque tudo estava enterrado. Decepções e comemorações. Conclusão: dinheiro público desperdiçado e ninguém responsabilizado.
Agora, depois de quase um ano, veio a hora de asfaltar o que estava enterrado na Frei Solano. A prova da obra malfeita e “enterrada” está à mostra de todos. Tiveram que quebrar as bocas de lobo e fazê-las novamente. Novo desperdício dos pesados impostos dos gasparenses.
E olha que a prefeitura de Gaspar tinha oficialmente um engenheiro fiscal na obra. Ele foi à Câmara em audiência armada pelo governo para desafiar e desmoralizar os vereadores denunciantes, bem como à imprensa que divulgou os erros.
Quem acabou com essa farra? O Tribunal de Contas numa denúncia do vereador Cícero Giovane Amaro, PSD. O TCE impediu à licitação 58/2019. Ela permitia esse tipo de esbórnia. E lá, o MP do Tribunal ficou espantado com tudo isso. Acorda, Gaspar!
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