Eficiência avança I ? Diretor de Tecnologia da Secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa de Gaspar é demitido - Jornal Cruzeiro do Vale

Eficiência avança I ? Diretor de Tecnologia da Secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa de Gaspar é demitido

25/02/2019

Há indícios de interferência em vários procedimentos administrativos, entre eles o de ‘recalcular’ o IPTU.

O caso foi parar na polícia, denunciado como crime cibernético, e ao mesmo tempo está sendo apurado internamente.

Somente na sexta-feira, ao final da tarde, o Diário Oficial dos Munícipios, aquele que se esconde na internet, publicou o decreto 8.631. Ele transpirava há duas semanas na prefeitura de Gaspar. O decreto foi assinado pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, vejam só, na segunda-feira, dia 18. Por ele, o comissionado Jackson Glatz foi demitido do cargo de Diretor-Geral de Tecnologia de Informação, da Secretaria Municipal da Fazenda e Gestão Administrativa. Ele foi nomeado pelo decreto nº 8.309, de 21 de agosto de 2018.

Dúvidas, ambiguidades e apreensão generalizada no governo de plantão, inclusive com o vazamento desta notícia e como desmenti-la. Tudo armado de forma proposital: dar conhecimento no DOM no final de semana e tentar esconder as consequências da insegurança criada num ambiente de controle fundamental da prefeitura de Gaspar.

Jackson substituiu o servidor Carlos Alexandre Reinert, que pediu para sair no dia 29 de junho do ano passado. Como se vê, uma área sensível, de alta confiança estratégica e operacional, pois todos os processos hoje são cada vez mais dependentes de tecnologia digital, há alta rotatividade e é usada irresponsavelmente com fins políticos ao invés de estar nas mãos de um servidor técnico, habilitado e de carreira ou de confiança extrema para controlar tudo e não bisbilhotar a vida dos outros, veículos de comunicação e ter acesso sem vigilância e alarmes em tempo integral, a todos os sistemas de domínio do município.

Esta demissão, mais parece um enredo de um filme de suspense daqueles de tirar o fôlego, onde o veneno acaba matando, o dono da fórmula e o próprio envenenador. Esta demissão põe em check a segurança cibernética.

O titular da área onde estava Jackson, é o advogado Felipe Juliano Braz. Ele foi deixado lá pelo prefeito de fato e que moldou a secretaria para si, o advogado Carlos Roberto Pereira, hoje ainda secretário de Saúde. Pereira saiu no ano passado da Fazenda depois que o governo Kleber – por má articulação - perdeu a maioria da bancada que detinha na Câmara. Com a desvantagem no Legislativo, ficou comprometida a “restruturação” e os voos que o doutor Pereira planejou para a área administrativa. Antes Felipe era o procurador geral do município.

O braço direito, tanto de Pereira como de Felipe na secretaria, é a adjunta Ana Karina Schramm Matuchaki, comissionada, tida por seus pares como competente na função. Contudo, ela deverá sair até o final do mês. E não deverá ser por esse episódio, pois se assim fosse, quem deveria ir primeiro, seria o titular da pasta, Felipe. O Diretor Geral de convênios, Jorge Luiz Prucínio Pereira, que nada tem a ver com a área onde atua Karina, “recomendou” ao prefeito e irmão de Igreja, à saída da moça. Kleber aceitou, mesmo a contragosto do doutor Pereira. Está perdendo a queda de braço. É uma história super-conhecida na prefeitura, em parte da cidade e daqui da coluna.

O NINJA PARANAUÊ

Jackson, tido como um “ninja paranauê” na área. Foi contratado por suas supostas habilidades superiores em informática – onde quase todos na prefeitura são leigos e precisam comer na mão de gente que se diz ou é realmente, entendida. Prometia tudo. Era capaz de tudo. Era o diabo na área. E pode ter sido isso que acabou transformando à sua própria vida profissional num inferno.

Na prefeitura a transparência é zero para quase todos os assuntos que não sejam o da propaganda enganosa. Neste seríssimo caso, por enquanto todos disfarçam, até porque envolve uma rede de intrigas, espionagem, desconfiança, supostos atos contra a administração que podem caracterizar improbidade, bem como até a possibilidade interferência externa para controlar e censurar adversários, meios de comunicação...

A empresa Thema Informática, que administra o atual software de gestão da prefeitura de Gaspar, está passando um pente fino em tudo o que foi feito na área de tecnologia nos últimos tempos. Hackers são hábeis para entrar em sistemas e até diminuir as digitais deles quando fazem isso, mas tudo no mundo virtual deixa pegadas. E os técnicos especialistas estão atrás delas, para apontar erros, autores e resultados que podem comprometer os números da prefeitura de Gaspar e dos cidadãos pagadores de pesados impostos.

Foram detectadas inconsistência no sistema de IPTU, com possíveis alterações. Ai, ai, ai. Isso é coisa repetida não só aqui. Foi essa informação que fez soar o alarme de que alguma coisa poderia estar sendo manipulada e também está sendo essa é a razão te todo o silêncio da prefeitura até aqui. Ela não sabe o tamanho do estrago e quem pode ter sido beneficiado. Pobre não foi e provavelmente gente da oposição, também não. Exonerado no dia 18, no dia 19 Jackson teria criado nova senha e acessado novamente os sistemas.

Desconfia-se também que computadores que tinham aplicativos de mensagens abertos, tenham sito hackeados e as conversas repassadas como provas para chantagens e demissões. Desconfia-se da vigilância intencional sobre os acessos dos servidores pelo IP da prefeitura. Também havia restrições de acessos, o que é normal num ambiente corporativo ou público, mas neste caso, incluía determinados veículos de comunicação.

Só para lembrar: o portal do Cruzeiro do Vale – o mais antigo, o mais acessado, o mais atualizado de Gaspar e Ilhota, por sua independência -, vinha sofrendo invasões constantes nos últimos meses. O ato atuava em duas frentes: tirava o portal do ar ou impedia a redação de atualizar as notícias por longos períodos.

Outro sintoma de interferência para conter a curiosidade externa aos atos públicos do governo de Gaspar. O Portal da Transparência da prefeitura também ficou fora do ar por algumas vezes e até dias. E justamente depois que esta coluna denunciou irregularidades na contratação e pagamento de serviços e obras, tudo baseado em links do Portal da Transparência, tudo alimentado, supostamente por documentos oficiais e “imodificáveis”.

No alto escalão da prefeitura de Gaspar há temores com as consequências das demissões feitas, neste e outros casos, bem como as que estão para serem realizadas e que possam estar ligadas a este assunto.

Primeiro, está em jogo interesses colidentes entre grupos que estão no poder de plantão; houve sucessivas tratativas neste final de semana de se aparar minimamente estas arestas, construir e afinar um discurso contra as notícias.

Segundo, há temor de que o escândalo ir além das fronteiras de Gaspar e afetar à credibilidade do governo Kleber, Luiz Carlos e Pereira. O temor é se alguma comprovação sobre a efetiva manipulação no lançamento de tributos se tornar pública.

Terceiro, é que o assunto vaze em detalhes, provas e documentos – não aqui na coluna onde não possuem poder algum de controle, mas nas redes sociais e aplicativos de mensagens, onde também o nível de controle é zero. Isso, atrairia o Ministério Público ou à sua Ouvidoria de Florianópolis para o caso. Que se abra a discussão na Câmara e tudo vá parar no Tribunal de Contas.

Quarto e o prior de todos: que os demitidos – e envolvidos - contem a verdade ou as suas versões. Não há santos nesta história. Ela pode arrastar mais gente que se diz santa, inclusive que vive da pregação bíblica. Esta coluna, está aberta aos que não possuem voz.

Eficiência avança II

‘Moradora’ do Posto de Saúde do Centro ‘fura’ a fila e é atendida no sistema de saúde municipal por médica

Usou serviços de laboratório e mamografia.

Documentos obtidos pela coluna, falam mais do que meus textões que alguns reclamam, porque detalham e não deixam dúvidas. Publico-os para tirar as dúvidas dos que vivem reclamando que só enxergo erros, e para análise dos leitores e leitoras da coluna.Duas coisas acontecem a qualquer mortal quando procura o Sistema Público de Saúde: provar onde reside para ter acesso ao serviço e entrar numa fila, que em alguns casos, pode levá-lo a mais sofrimento e até a morte. Em Gaspar, a eficiência criada pelo prefeito de fato, presidente do MDB e secretário de Saúde, o advogado Carlos Roberto Pereira, aboliu um e abreviou o outro para os mais próximos.

Vanuza Sbruzzi pelo que está no Cadastro, mora na Rua Augusto Beduschi, 130, no Centro. Mas este não é o endereço do posto de saúde? A prefeitura está alugando a área sem fazer uma concorrência e dar publicidade disso aos gasparenses? E foi lá que Vanuza se cadastrou no dia seis de fevereiro. Foi lá que foi atendida pela médica do posto. Foi lá que obteve autorização para exames de sangue feitos no dia 11. Foi lá que ganhou a autorização para no recorde de dois dias estar na regulação, e pela “reserva técnica”, no dia 19 de fevereiro fazer a mamografia bilateral para rastreamento.

Além da velocidade com que tudo isso aconteceu, qual a razão para a paciente morar no Posto de Saúde do Centro? Ou a paciente nem Gaspar é e arrumaram o endereço do posto para “preencher” uma exigência que é feita a todos os demais mortais dependentes do serviço público? Quem apadrinha tudo isso? Quem facilita tudo isso? E por que? Acorda, Gaspar!

O líder de governo está atirando para não apanhar. E não é da oposição: é da realidade

O erros e dúvidas do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, do sumido vice Luiz Carlos Spengler Filho, PP e do prefeito de fato, secretário da saúde, o advogado, Carlos Roberto Pereira, são tantos, que o novo líder do governo na Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB, saiu da defesa, das explicações, do apaziguamento fundamental, para o ataque. E olha que estamos apenas na terceira sessão do legislativo neste ano.

Contribui para esta circunstância que beira o desespero, a soma bem acima do normal de pequenos, conhecidos e repetidos problemas, todos oriundos da falta de planejamento, fiscalização, manutenção, serviços malfeitos e quase todas as obras iniciadas com grandes espetáculos de comunicação, propaganda enganosa e não acabadas, numa sensação de desleixo e até irresponsabilidade.

Anhaia, é um reconhecido bem-sucedido empresário na área de distribuição de gás e água. Então, ele não precisava ficar tão exposto pela causa política e da desorganização governamental. Naturalmente Anhaia já é uma pessoa combativa, desde quando pertenceu ao PT de Pedro Celso Zuchi e Mariluci Deschamps Rosa, prefeito e vice, respectivamente.

Todavia, aos próximos ele vem confidenciando que não esperava que esta nova função – a de defender Kleber - seria tão difícil num tempo em que o governo a quem pertence e representa está com a cidade num verdadeiro canteiro de obras e poderia nadar de braçadas e quando a Câmara está aparente e novamente em maioria a favor. Pensava ele que, supostamente, teria um discurso fácil para confrontar e derrotar à oposição, os críticos e até os mal-intencionados.

E o que deixa Anhaia sem argumentos e parte para a confrontação? As sucessivas dúvidas e erros, a falta de planejamento, a falta de manutenção, a soma de coisas pequenas deixadas para trás e a própria perseguição que o poder de plantão move contra quem não lhe é simpático, quem não lhe aplaude e quem não ajuda encobrir as mazelas.

INCOERENTE TRÊS VEZES: NO DISCURSO, NA PROPAGANDA E NA GRATIDÃO

O próprio Anhaia entrou na pilha do governo e da propaganda enganosa ou oportunista.

Veja este exemplo. Anhaia foi a sua rede social e postou um elogio à pavimentação da Bonifácio Zendron, feito com recursos da Gecom – Gestão Compartilhada – numa decisão colegiada do povo daquela rua e região. Normal, até o esclarecimento na mesma rede social da sua ex-assessora parlamentar, a advogada Ana Carolini Deschamps, que o conhece melhor do que muitos e foi testemunha de que nada foi bem assim como o Anhaia propagou.

“Bonito vir fazer discurso por algo que você foi contra na eleição do Gecom em 2017. Articulou para que o dinheiro fosse utilizado para a compra do terreno ao lado do CDI Vovó Lica (o que de fato seria bom investimento e construção da sede da associação de moradores). Inclusive quase comprou uma briga com o superintendente do Gecom. Mas, enquanto sua assessora, lembro bem de como você era contra a obra. Mas, agora está servindo de palanque político. Desculpa-me, mas desta vez não posso ficar quieta com tamanha cara de pau. Tirando isso, aproveito o espaço para parabenizar o Executivo, por intermédio do Superintendente Roni Muller, por essa importante obra”.

O que aconteceu depois disso? Anhaia bloqueou a sua ex-assessora – que não é uma qualquer, possui legitimidade naquilo que escreve -, na sua rede social, como que com essa atitude radical, fosse possível esconder com o ato de cerceamento à liberdade de expressão, um fato desnudado, uma realidade diferente à propagada e um contexto onde está metido o atual governo que o leva ao descrédito justamente por coisas assim.

Controla-se, desacredita-se os independentes e se compra os dependentes veículos tradicionais. É do jogo. Entretanto, nas redes sociais as coisas são mais diretas, duras e cruas.

Talvez seja esta a maior dificuldade que Anhaia esteja encontrando como líder do governo: se estabelecer na coerência.

COMUNICAÇÃO SÓ FUNCIONA QUANDO ESTÁ PLUGADA À REALIDADE DAS PESSOAS

E essa instabilidade esteja levando-o à irritação e à agressiva defesa do governo Kleber. Não é bom para ambos. Não aí dar certo. Falsear fatos, obrigar funcionários comissionados, ou devedores de favores à presença em eventos, à depoimentos nas redes sociais favoráveis ao empregador, ao facilitador de ações no ambiente público, permitir o hackeamento interno e externo para sumir ou modificar documentação, arrumar provas contra adversários e impedir à divulgação de fatos reais aos pagadores de impostos vai piorar tudo o que já não está bom na percepção popular.

O que se tenta esconder, mudar e construir versões, não são destruídas apenas aqui nesta coluna, mas principalmente nas próprias redes sociais e nos aplicativos de mensagens. O que adianta o governo de Gaspar cortar verbas para os que produzem a realidade, se ela está na cidade e registrada nos comentários espontâneos das redes sociais?

O próprio governo quando publica alguma coisa é cobrado e confrontado espontaneamente e finge não perceber. Gasta energia estimulando os seus a contrapor, calar, intimidar, perseguir e desacreditar.

A confrontação pode ser um caminho perigoso e sem volta. É uma armadilha para quem está na defensiva.

Já escrevi aqui várias vezes antes da eleição de outubro e que se confirmou no resultado dela: o governo Kleber precisava se reinventar. Ele próprio anunciou que faria isso depois da surra que levou nas urnas. Já se está em março e praticamente a pouco mais de um ano da eleição de outubro de 2020 onde Kleber tem o direito de tentar a reeleição. Ao que parece, todos estão dormindo com o inimigo. Acorda, Gaspar!

A Polícia Rodoviária Federal se permitiu fletar com o banco dos réus

Evanio Wylyan Prestini, 31 anos, um riquinho de Guaramirim, reincidente, está preso preventivamente por decisão da juíza Cláudia Inês Maestri Meyer. O carrão dele, um Jaguar, pegou um Pálio no Belchior Baixo, em Gaspar. Com o acidente, ele matou na hora uma jovem de 21 anos e outra de 18, morreu no Hospital. Duas continuam internadas lutando pela vida. Mais um drama da BR 470.

Mas, neste drama, a Polícia Rodoviária Federal e que fica no posto do trevo da Mafisa, em Blumenau, possui participação importante. Se ela agisse, e fizesse o trabalho dela, talvez, não haveria manchete, não haveria mortos, não haveria gente ferida com prováveis graves sequelas, não haveria um preso que chegou à Audiência de Custódia pressionado pelas redes sociais, que a fez antecipar das 15 para as 13h de domingo. Se isso, também não tivesse acontecido, o desfecho dela, com o de outras assemelhadas país afora, até poderia ter sido outro.

Polícia Rodoviária Federal está dando explicações. Não são necessárias. A PRF precisa assumir a culpa dela neste drama. No julgamento da sociedade - a pagadora de pesados impostos que sustentam a PRF - e nas redes sociais, ela foi julgada e condenada.

Informada –e há abundante e clara provas nos aplicativos de mensagens que contrariam as primeiras “explicações” - de que existia um maluco fazendo barbaridades na BR 470, ela alegou que " não pode agir" porque, quem a informou, não deu corretamente as placas do Jaguar branco, ou ela não teria entendido direito a informação, como se àquela hora, perto das seis horas da manhã de sábado, na BR 470, no posto do trevo da Mafisa, estivesse passando por lá, dezenas de Jaguares brancos.

A indignação dos cidadãos, os aplicativos de mensagens e redes sociais não deixaram outra alternativa: a PRF, em Brasília, acaba de abrir um procedimento disciplinar para apurar a responsabilidade dos policiais que estavam de plantão e não reagiram minima e prudentemente à uma denúncia

A obrigação da PRF era, no mínimo, seus patrulheiros saírem da guarita, e conferirem se era verdade ou trote a ligação que recebera – que não se deu ao trabalho de verificar isso no momento da ligação. É nos finais de semana, na noite e madrugada, que estão os piores usuários da BR-470: bêbados, drogados e gente que vendo o movimento diminuto da rodovia, aceleram para valer. As blitz e abordagens, necessárias também, estão são feitas no horário comercial, onde a rodovia está entupida para os abusos e o uso da bebida não é relevante.

Final da história. Restou à PRF ajudar a recolher corpos, os cacos e liberar a pista para outro acidente, bem como dificultar a informação sobre o condutor do Jaguar, a fera. Não se trata de trote ou não, mas de se agir preventivamente diante de qualquer informação, uma das obrigações da PRF. Instituição respeitada, acabou de sentar no banco dos réus. E precisava? Meu Deus!

Trapiche

O MDB de Gaspar está capenga na Câmara. O líder do partido, Francisco Hostins Júnior, das três sessões deste ano, não apareceu em duas, inclusive quando o presidente do partido, Carlos Roberto Pereira, lá esteve. O presidente da Casa, Ciro André Quintino, está no partido, mas não foi o candidato MDB. E Evandro Carlos Andrietti, de ouvir tantas queixas evidentes, por duas vezes saiu antes da sessão terminar.

Quem deve estar aliviado é advogado Francisco Hostins Júnior – ex-secretário de Saúde do PT - que deixou de ser o líder do governo Kleber. Raramente partia para o enfrentamento. E quando fez isso, os adversários recuaram diante da notória desvantagem em continuar a contenda.

Ilumina Gaspar I. Arrependimento. O vereador Sílvio Cleffi, PSC, em 2017 era da ala governista. “Se tem uma coisa que me arrependo de ter votado aqui nesta casa foi o aumento de 40% da Cosip” – a Taxa de Iluminação Pública.

Ilumina Gaspar II. “Cadê o dinheiro da iluminação pública, meu povo?”, suplicou Rui Carlos Deschamps, PT, da tribuna da Câmara. E não é só da Cosip que se tem dinheiro para iluminação. Todas as obras novas suportadas por empréstimos aprovados no ano passado pelos vereadores tem destinação para tal: são R$ 3 milhões.

Ilumina Gaspar! É impressionante como esse assunto domina as indicações e queixas dos vereadores, inclusive os governistas que já não conseguem mais disfarçar o mal-estar com a situação.

Ilumina Gaspar IV. Os gasparenses estão pagando mais e nada de melhoria no serviço como o prometido. E olha que o chefe de Gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP, é engenheiro eletricista e já foi gerente regional da Celesc e entende como poucos.

Ilumina Gaspar V. Tanto, que ele, devido ao conhecimento técnico, foi o escalado para convencer os vereadores a aprovarem o tal aumento de 40%. Agora, está obrigado, no mínimo, a pedir desculpas aos gasparenses.

Indefesa Civil. A comunicação voltou a ser algo bem torto na Defesa Civil de Gaspar. Foi motivo de comentários anteriores aqui. Outro exemplo: neste final de semana quase se arma um alarme por causa do rompimento de uma barragem de uma pequena hidrelétrica num ribeirão da longe Taió. Espalhou-se informação de Blumenau e se consultou Brusque.

Os “operários” do ar condicionado. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, MDB, a pedido dos moradores, foi ver “in loco” a vala de esgoto a céu aberto – mais uma - da Albertina Maba. E de lá tentou falar com a secretaria de Obras e Serviços Urbanos. Nada!

É que por uma questão de humanidade, nestes dias de calor intenso, a secretaria alterou o horário dos operários externos para das 7h às 13h. Parece que os do ar condicionado resolveram adotar o horário e deixar a cidade bem com a cara da desordem.

Bastou uma criança morrer no Hospital de Gaspar e virar notícia para o líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB, trazer “números positivos” daquela casa de Saúde. Uma coisa não justifica a outra. Vida não se paga com números. Hospital é a esperança de recuperação da vida. Simples assim.

Em 2018 o Hospital realizou 50.419 atendimentos, fez 5.498 exames laboratoriais, internou 4.113 pacientes, fez 2.211 procedimentos obstétricos e realizou 1.739 cirurgias.

O Delegado Geral da Polícia Civil de Santa Catarina, o gasparense Paulo Norberto Koerich, com outros secretários de segurança, esteve em Brasília reunido com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, DEM.

Foram pedir que se coloque para andar nas comissões e na pauta de votação, projeto que já estão na Casa e que favoreçam as investigações e atuação policial.

Comentários

fernando collor de mello
26/02/2019 20:13
CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ?" CMDCA, de GASPAR no uso de suas atribuições que lhe são conferidas, através da Lei Municipal 1.432/93, torna público o novo calendário TABELA 1 do Chamamento Público 002/2018 ?" CMDCA. Esta deliberação aconteceu na reunião extraordinária do CMDCA realizado no dia 26/02/2019.


TERCEIRA PRORROGAÇÃO! AI TEM COISA RSRS
Herculano
26/02/2019 19:25
FOCO ERRADO NA DISCUSSÃO

De Flávio Fachel, no twitter:

Quando dou uma olhada nas redes pra ver o que estão dizendo sobre a proposta do MEC e vejo que o debate foi pro lado do "cantar ou não cantar o hino", lembro de como é ruim nossa educação.
Herculano
26/02/2019 19:17
DUAS MENTIRAS

De Guilherme Fiuza, no twitter:

O triplex é de um amigo meu. Mas já que dizem que é meu, podem ocupar. Lula será condenado por invasão para aprender que duas mentiras não formam uma verdade.
Herculano
26/02/2019 19:16
PLACAR MACABRO DA TRAGÉDIA DE BRUMADINHO

Levantamento oficial desta terça-feira e que não mais alimenta manchetes de tão rotineiro que ficou:

180 mortos (corpos achados)

130 desaparecidos
Herculano
26/02/2019 13:21
CNT/MDA: 55,4% DIZEM QUE GOVERNO BOLSONARO ESTÁ SENDO MELHOR QUE A GESTÃO TEMER

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. A maior parte da população brasileira considera que, até o momento, o governo Jair Bolsonaro é melhor que o do ex-presidente Michel Temer. Segundo pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira, dia 26, 55,4% acreditam que o atual governo está sendo melhor do que o antecessor, 24,3% acham que está sendo igual e 8,7% que está sendo pior. Outros 11,6% não souberam ou não quiseram responder.

Em relação ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff, 55,9% consideram que o governo Jair Bolsonaro está sendo melhor, 14,5% acham que está sendo igual e 19,4% acreditam que a gestão de Bolsonaro é pior do que a da petista. Outros 10,2% não souberam ou não quiseram responder.

Para esta pesquisa, foram realizadas 2.002 entrevistas em 137 municípios de 25 Unidades da Federação entre os dias de 21 e 23 de fevereiro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, considerando o nível de confiança de 95%.
Herculano
26/02/2019 13:16
da série: estava na cara e não precisava de pesquisa.

A INTERFERÊNCIA DOS FILHOS NO GOVERNO BOLSONARO

Conteúdo de O Antagonista. Segundo a pesquisa divulgada hoje pela CNT/MDA, 56,8% dos brasileiros acreditam que há interferência dos filhos nas decisões de Jair Bolsonaro.

75,1% acham que familiares não deveriam influenciar nas decisões do governo.
Herculano
26/02/2019 07:09
SE O PT E O PSOL SÃO A FAVOR DO DITADOR NICOLÁS MADURO E A MISÉRIA QUE ELE CAUSOU AO PAÍS E AOS VENEZUELANOS, ENTENDE-SE BEM A RAZÃO PELA QUAL O PT E O PSOL SÃO CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA: PARA MANTER O PRIVILÉGIOS DE POUCOS ENQUANTO OS POBRES PUDEREM SUSTENTÁ-LOS E TER UM BRASIL QUEBRADO PARA DOMINAR O POVO ENFRAQUECIDO ECONôMICA, SOCIAL E POLITICAMENTE COMO EM QUALQUER DITADURA
Herculano
26/02/2019 07:05
OS DOIS "BRASIS"

Conteúdo de O Antagonista. Adolfo Sachsida, assessor de Paulo Guedes, retratou o Brasil com a reforma e sem a reforma.

Ele disse para o Estadão:

"Tem que olhar que em 2023 vão existir dois 'Brasis'. O Brasil com a reforma e sem a reforma. Não posso comparar o Brasil de hoje com o da reforma. Vamos ser honestos, se essa reforma não passa, é natural que o País entre em recessão. Não tem o que fazer. Os nossos dados apontam que, no segundo semestre de 2020, sem a reforma, nós já estaremos em recessão. O Brasil, sem reformas, vários empregos que existem hoje vão deixar de existir. E o Brasil com reformas vai criar emprego. Os oito milhões de empregos é a diferença do cenário sem reforma para o com a reforma. Tenho certeza que quem entende sabe que o número não está superestimado. É um número amplamente defensável. Vamos divulgar nesta semana a nota técnica com as contas."
Herculano
26/02/2019 07:02
VAMOS SALVAR A PREVIDÊNCIA, por Nizan Guanaes, publicitário, no jornal Folha de S. Paulo

Só maluco torce para que o avião em que se está viajando caia; e o Brasil sem a reforma não vai voar

Um cara entrou no elevador outro dia e me disse: "Bom dia". Eu respondi: "Se aprovarmos a Previdência, será um bom dia". Peguei um táxi no aeroporto, e o motorista me perguntou: "Para onde vamos?". Eu respondi: "Se não aprovarmos a Previdência, vamos para o brejo".

Enfim, nos próximos meses, no elevador, no táxi, no artigo da Folha, na reunião de condomínio, no bar com os amigos, eu, você e qualquer pessoa de direita, centro e esquerda, mas com juízo, deve lutar para aprovar a reforma da Previdência.

O governo já enviou sua proposta ao Congresso Nacional, e agora cabe o debate democrático em torno dela. Só não cabe mais, no meu entender, aquele papo de dizer que é a favor da reforma, mas não desta, e aí acabamos sem reforma alguma. Não há mais tempo para isso.

A reforma é decisiva para a economia decolar. Já se calcula que US$ 100 bilhões estão para serem investidos no Brasil, mas esperam a aprovação das mudanças. Ninguém quer investir num país que pode quebrar mais à frente.

O Estado brasileiro está sufocado por déficits monstruosos. Os governos de turno não conseguem investir onde deveriam, como saúde, educação, segurança pública, saneamento básico, habitação...

Os dados não são novos e são bem conhecidos. Todo o mundo que chega ao governo é a favor da reforma, mas, quando está na oposição, fica tentado a fazer proselitismo com o eleitorado, brincando com fogo.

Eu inclusive acho errado o tema ser reforma da Previdência. O professor Lavareda disse algo que nunca esqueci ?"não se trata de reformar a Previdência, mas de salvar a Previdência.

Sem salvar a Previdência, não vamos conseguir pagar aos aposentados. Estados liderados por governadores de todos os partidos sabem disso. Estão quebrados ou a caminho de quebrar e não conseguirão custear obrigações básicas se seguirmos desse jeito.

Não é uma medida fria, liberal. É uma medida humana, difícil às vezes de entender, embora as pesquisas mostrem que a população cada vez mais entende a reforma.

Os empresários, em vez de comodamente jogarem a reforma no colo e na conta do governo e do Congresso, precisam ajudar a mobilizar o país para a importância desta hora.

Os veículos de comunicação, da forma crítica que lhes é habitual e fundamental, têm o papel de mostrar a realidade e o perigo dos números. Não é questão de ideologia, mas de matemática. A conta não fecha.

Sem salvar a Previdência, quem trabalhou duro não vai ter proventos. E os jovens terão um futuro pior.
Não cabe a nós, formadores de opinião, líderes empresariais, influenciadores, ficarmos em cima do muro.

O celular é o microfone que a tecnologia deu a todos. Temos nos nossos grupos de WhatsApp a oportunidade de propagar essa mobilização.

Tenho amigos e parentes que são contra a reforma. Respeito todos eles, e que também façam a campanha pelo que acreditam. Mas os que concordam comigo precisam se mobilizar e ajudar a aprovação no Congresso.

Não é questão de apoiar ou não este governo. Só maluco torce para que o avião em que se está viajando caia. E o Brasil sem a reforma não vai voar.

É aritmética, não é ideologia. As pessoas vivem cada vez mais no mundo todo, e a conta atual não fecha.
Com todo o respeito às pessoas que pensam diferente de mim, eu convido aqueles que pensam como eu a repetirmos juntos esse mantra: Previdência, Previdência, Previdência.

Vamos salvar a Previdência.
Herculano
26/02/2019 06:41
da série: a espertalhice e o jogo bruto dos poderosos de sempre e de plantão no poder para ficarem imunes naquilo que é comum à qualquer mortal, devido a legislação ordinária e que nos torna iguais perante a lei

VAZAMENTO VISA ESTANCAR FISCALIZAÇõES DA RECEITA SOBRE AUTORIDADES, DIZEM AUDITORES

Conteúdo de O Antagonista. As duas principais entidades representativas de auditores da Receita condenaram, em nota, vazamentos de fiscalizações feitas pelo órgão sobre autoridades.

Um dos alvos foi o ministro Gilmar Mendes, que pediu uma investigação sobre servidores do órgão.

O Sindifisco e a Unafisco dizem que o trabalho da Receita sobre "pessoas politicamente expostas" é "impessoal e técnico", "sério e criterioso", mas os vazamentos "parecem ter o caráter de criar uma crise institucional na Receita Federal, de forma a impedir o avanço dos trabalhos no órgão".

"O autor desses vazamentos parece também ter três objetivos:

? constranger a Receita Federal, um dos alicerces da Operação Lava jato no combate à sonegação, à lavagem de dinheiro e à corrupção;

? desmoralizar a Equipe Especial de Programação de Combate a Fraudes Tributárias (EEP Fraude), grupo criado no Fisco para apurar possíveis irregularidades tributárias envolvendo agentes públicos; e

? estancar as fiscalizações de Pessoas Politicamente Expostas possivelmente envolvidas em crimes contra ordem tributária e outros."

"A seleção de 134 contribuintes pela EEP Fraude é produto de um trabalho sério e criterioso, e sua divulgação interessa apenas àqueles que querem inviabilizar a fiscalização. Mais uma vez tentam fazer espuma e cortina de fumaça para desviar a atenção do mérito."
Herculano
26/02/2019 06:32
BOLSONARO NÃO DEU CARGO A MOURÃO, MAS É ELE O VERDADEIRO CHANCELER BRASILEIRO, JÁ QUE HÁ UM DESERTO MENTAL NO ITAMARATY, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

O presidente Jair Bolsonaro decidiu, de maneira delirada, não dar cargo nenhum a Hamilton Mourão. Ainda bem! Assim ele pode se assumir uma função relevante: a de chanceler, a de titular, ainda que não oficial, do Itamaraty, já que a cadeira de ministro das Relações Exteriores está ocupada por um deserto mental chamado Ernesto Araújo. A atuação deste senhor no caso da crise da Venezuela foi, para dizer pouco, desprezível.

A verdade é que a operação do sábado, nestes tempos de redes sociais em que se prometem revoluções na velocidade da comunicação digital, foi um fiasco. Os milhões não compareceram à fronteira. Como escrevi, cometeu-se o erro de promover um cerco ao país, o que empurrou os militares venezuelanos para uma posição defensiva.

A reunião dos países que compõem o grupo de Lima, ocorrida em Bogotá, nesta segunda, restabelece a racionalidade. O ditador Nicolás Maduro tem de ser pressionado pela via diplomática. Inexiste alternativa militar. Nas palavras de Mourão: "Para nós, a opção militar nunca foi uma opção. O Brasil sempre apoiou soluções pacíficas para qualquer problema que ocorra nos países vizinhos".

Conforme também se escreveu aqui, o general Mourão deixou claro que, sob nenhuma hipótese, o governo permitiria que o território brasileiro fosse usado como base para uma ação militar - liderada pelos EUA - contra a Venezuela. E não custa lembrar: seja para declarar guerra a um país, seja para permitir a passagem de tropas em solo nacional, é preciso haver a aprovação do Congresso.
Herculano
26/02/2019 06:27
ADMINISTRANDO O CAOS, por Joel Pinheiro da Fonseca, economista, no jornal Folha de S. Paulo

Sanções econômicas e alternativa para os militares devem acelerar queda de Maduro

Maduro tem que cair e o Brasil é parte interessada nisso. Seu regime comete violações sistemáticas de direitos humanos e da democracia. Seu desgoverno provocou o colapso social do país, com inflação fora de controle, fome e miséria galopantes. A consequência são massas de refugiados buscando os países vizinhos e instabilidade para toda a região. Sua aliança com Rússia e China e intensa militarização traz riscos ainda mais graves.

A queda do regime é condição necessária para a volta à normalidade democrática e a reconstrução das boas relações com países vizinhos. A questão é como podemos ajudar nisso, já que Maduro não vai largar o osso. Vozes da extrema direita do governo, como Eduardo Bolsonaro, já flertam com a ideia da guerra.

Uma intervenção militar externa é tudo que Maduro quer. Uma vez que forças americanas pisem no país, o dilema é inescapável: ou se está do lado de Maduro ou do imperialismo norte-americano. A própria ideia de uma oposição nacional capaz de gerar apoio por força própria deixa de existir.

Para o Brasil, uma guerra agora seria desastrosa do ponto de vista humano e econômico. E nem se fale do problemão que será administrar a Venezuela uma vez derrubado Maduro: as milícias bolivarianas, o narcotráfico. Teríamos um novo Iraque ao nosso lado? Sem falar que estaríamos capitulando servilmente aos interesses da atual política externa norte-americana, já que a intervenção seria capitaneada por Trump, o ídolo paradoxal de nossos supostos nacionalistas.

Felizmente, o presidente parece dar ouvidos aos militares que o circundam, que defendem a via diplomática. O general Mourão a encapsulou bem nesta segunda (25) no Twitter: "Vamos manter a linha de não intervenção, acreditando na pressão diplomática e econômica internacional para buscar uma solução pacífica. Sem aventuras. Condenamos o regime de Nicolás Maduro e estamos indignados com a violência contra a população venezuelana."

Maduro caminha para o colapso. Sanções econômicas mais duras e uma porta de saída atraente para os militares que ainda o apoiam devem acelerar sua queda. Guerra, só se formos atacados.

Caindo Maduro, deve assumir Juan Guaidó, presidente interino já reconhecido por nós e diversos outros países. Felizmente, não traz em seu discurso o radicalismo da direita. Guaidó é um social-democrata que admira aspectos do governo Chávez e lamenta os descaminhos de Maduro. Já garantiu à China que, caso ganhe, manterá as boas relações econômicas entre os dois países. Se não se deixar conquistar pelo canto da sereia militar norte-americana, será justamente a voz de moderação de que o país precisa. Há um caminho para a América Latina que não passa nem pelo autoritarismo falido e nem por se reduzir a quintal dos EUA.

O consenso é quase universal: Maduro tem que sair de cena para que o país volte à normalidade. Destoando disso, apenas PSOL e PT seguem na defesa do regime. O colapso social e as violações sistemáticas de direitos humanos não os comovem (sempre dá para alegar que a mídia mente). Por desumana que seja essa posição, ela seria ao menos compreensível se tivesse algum sentido estratégico. Longe disso: as peripécias de Gleisi Hoffmann em apoio a Maduro não devem conquistar nem um voto sequer e produzem muita indignação no eleitorado. Nossa esquerda, realmente, precisa se reinventar, ou seguirá irrelevante em meio aos debates que movem o Brasil e o mundo.
Herculano
26/02/2019 06:20
MAIA É ALIADO MELHOR QUE 'LÍDER DO GOVERNO', por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O presidente da Câmara tem se revelado "melhor que a encomenda", segundo ministros com gabinete no Palácio do Planalto. Enquanto parlamentares ligados ao governo batem cabeça, é Rodrigo Maia quem atua como se fora Líder do Governo, dando soco na mesa pedindo foco para aprovar a reforma da Previdência. Maia tem tomado a iniciativa de ocupar espaços nos meios de comunicação para apontar caminhos e advertir para erros do governo na condução do processo.

BRIGAR É UM ERRO
Maia está entre os que advertem para "não errar na comunicação", como já ocorreu antes: usar os espaços, em vez de brigar com a mídia.

AGREGANDO APOIO
Enquanto governistas coçam a cabeça, duvidando de apoio suficiente à reforma, Rodrigo Maia usa a liderança na Câmara para agregar apoio.

AGENDA ANTIGA
A atitude do presidente da Câmara não deveria surpreender: há anos faz parte da sua pregação reformar da Previdência como deve ser.

FORÇA NO SENADO
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também tem ajudado o governo. Como Maia, promete agilizar a tramitação da reforma.

ESQUEMA TEVE ATÉ BURLA A RESOLUÇÃO DO DENATRAN
A burla de resolução do Denatran está na origem da suspensão de atividades da Tecnobank, empresa ligada a B3 (ex-Bolsa de Valores de São Paulo). A resolução 689/17 regulamentou o registro de contratos de financiamento de veículos, proibindo por exemplo que uma empresa que faz gravame, na proteção aos interesses dos bancos, faça também registro de contratos, que protege o consumidor. Mas uma "nota técnica" marota do Denatran permitiu a burla da sua própria resolução.

BURLA CONSENTIDA
A nota técnica 32/2018, atribuída ao assessor Carlos Magno, acabou referendada por Mauricio José Alves Pereira então diretor do Denatran.

SOB ENCOMENDA
A manobra, jamais publicada, foi usada para habilitar a B3, que faz gravame, a fazer também registro de contrato através da Tecnobank.

PADRINHO PODEROSO
Ligado ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), investigado por corrupção na PF, Mauricio Pereira foi nomeado por João Dória diretor do Detran-SP.

BOLSONARO EM TEL AVIV
Diplomatas brasileiros já trabalham em Israel nos preparativos para a visita oficial do presidente Jair Bolsonaro, prevista para o fim de março. Antes, ele fará visitas oficiais aos Estados Unidos e ao Chile.

PORTUNHOL EM COMUM
O espanhol do vice Hamilton Mourão, em discurso na reunião do Grupo de Lima, ontem, provocou comparações com o portunhol do ator e militante petista Wagner Moura, na série "Narcos", do Netflix.

LOBBY É FORTE
A turma das loterias acusa o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, de pretender "desvalorizar" ativos do setor, a fim de atrair os compradores na baixa. Conversa de quem quer impedir a privatização das loterias.

SEM PÃO NÃO DÁ
O desabastecimento de Nicolás Maduro não teria futuro no Brasil, se ele fosse ditador aqui. Ontem, a falta do famoso pão com manteiga no cafezinho dos Deputados quase provocou uma rebelião.

BC NA PAUTA
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado sabatina nesta terça (26) Roberto Campos Neto, para o Banco Central. O ex-ministro Delfim Netto não o conhece, mas lembra seu "excelente DNA".

TRANSPARÊNCIA OPACA
A nota média da avaliação do Portal da Transparência dos municípios brasileiros ficou abaixo das notas de capitais e Estados, segundo o Ministério da Transparência. A nota média é 6,5. Nos Estados, é 8,08.

QUE VEXAME
Em Brasília, bandidos destruíram o 56º posto policial, a maioria por incêndio. O governo do DF gastou construiu em três anos 131 postos a R$150 mil cada. A PM/DF abandonou um a um. Hoje usa apenas 18.

PACIÊNCIA ALHEIA
Estava prevista para esta semana a instalação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para começar a correr prazos da reforma da Previdência. Os líderes enrolam e pedem "paciência".

PENSANDO BEM...
...a bola da reforma está nas mãos do DEM no Congresso.
Herculano
26/02/2019 06:13
ESQUERDA É CONIVENTE COM O TERRAPLANISMO CONTÁBIL, por Plablo Ortellado, professor do curso de gestão de políticas públicas da USP, doutor em filosofia, no jornal Folha de S. Paulo
.
Quando está no poder, esquerda reconhece problema fiscal. Na oposição, joga fumaça no debate

Parece mais uma vez que a esquerda vai adotar uma atitude irresponsável em relação à reforma da Previdência. Quando ocupa o poder, reconhece a gravidade do problema fiscal, mas, na oposição, faz questão de jogar fumaça no debate, deixando que a desinformação corra solta nos meios sobre os quais tem influência.

O público de esquerda fica assim oscilando entre a desinformação e uma revolta mal orientada e não consegue concentrar seus esforços na missão política de exigir que o esforço fiscal se concentre sobre os mais ricos e poupe os mais pobres.

Um discurso muito disseminado na esquerda enfatiza, por exemplo, que não há deficit na Previdência se forem consideradas todas as receitas da seguridade social, como determina a Constituição. O argumento não reconhece, porém, que essas mesmas receitas são utilizadas por um conjunto amplo de políticas públicas, num jogo de soma zero, de maneira que quanto mais a Previdência as consome, menos se tem para a saúde e a assistência social.

O argumento é às vezes complementado por outro, de que é a dívida pública a principal causa da crise fiscal e que os juros altos que a alimentam são deliberadamente inflados, como um instrumento de apropriação da riqueza nacional por uma elite rentista.

Uma contabilidade que é ridicularizada pelo debate profissional e que grosseiramente infla a parcela do orçamento consumida pela dívida pública é amplamente disseminada e adotada como verdade objetiva e a controversa tese de que os níveis de juros são mantidos em patamares elevados por uma decisão coordenada dos grupos rentistas é tratada como fato auto-evidente.

Amparados em argumentos que sensatamente ignora quando está no poder, lideranças alienam o público de esquerda do debate fundamental sobre como distribuir o ônus da crise fiscal entre as classes sociais. Além disso, coloca esse público como aliado involuntário de alguns dos setores mais ricos do funcionalismo que estão dedicados em derrubar a contribuição crescente por faixas de renda que é o instrumento que traria alguma progressividade ao sistema.

Enquanto o público de esquerda se distrai com fantasmas, não consegue concentrar esforços na missão de barrar as propostas que mais afetam a classe trabalhadora como a ampliação da idade para acessar o benefício que atende aos idosos de baixa renda, a redução do valor da aposentadoria por invalidez e a exigência de 20 anos de contribuição como patamar mínimo para receber uma aposentadoria reduzida, condenando a maior parte dos trabalhadores a receber 60% do valor sobre o qual contribuíram.
Herculano
26/02/2019 06:13
ESQUERDA É CONIVENTE COM O TERRAPLANISMO CONTÁBIL, por Plablo Ortellado, professor do curso de gestão de políticas públicas da USP, doutor em filosofia, no jornal Folha de S. Paulo
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Quando está no poder, esquerda reconhece problema fiscal. Na oposição, joga fumaça no debate

Parece mais uma vez que a esquerda vai adotar uma atitude irresponsável em relação à reforma da Previdência. Quando ocupa o poder, reconhece a gravidade do problema fiscal, mas, na oposição, faz questão de jogar fumaça no debate, deixando que a desinformação corra solta nos meios sobre os quais tem influência.

O público de esquerda fica assim oscilando entre a desinformação e uma revolta mal orientada e não consegue concentrar seus esforços na missão política de exigir que o esforço fiscal se concentre sobre os mais ricos e poupe os mais pobres.

Um discurso muito disseminado na esquerda enfatiza, por exemplo, que não há deficit na Previdência se forem consideradas todas as receitas da seguridade social, como determina a Constituição. O argumento não reconhece, porém, que essas mesmas receitas são utilizadas por um conjunto amplo de políticas públicas, num jogo de soma zero, de maneira que quanto mais a Previdência as consome, menos se tem para a saúde e a assistência social.

O argumento é às vezes complementado por outro, de que é a dívida pública a principal causa da crise fiscal e que os juros altos que a alimentam são deliberadamente inflados, como um instrumento de apropriação da riqueza nacional por uma elite rentista.

Uma contabilidade que é ridicularizada pelo debate profissional e que grosseiramente infla a parcela do orçamento consumida pela dívida pública é amplamente disseminada e adotada como verdade objetiva e a controversa tese de que os níveis de juros são mantidos em patamares elevados por uma decisão coordenada dos grupos rentistas é tratada como fato auto-evidente.

Amparados em argumentos que sensatamente ignora quando está no poder, lideranças alienam o público de esquerda do debate fundamental sobre como distribuir o ônus da crise fiscal entre as classes sociais. Além disso, coloca esse público como aliado involuntário de alguns dos setores mais ricos do funcionalismo que estão dedicados em derrubar a contribuição crescente por faixas de renda que é o instrumento que traria alguma progressividade ao sistema.

Enquanto o público de esquerda se distrai com fantasmas, não consegue concentrar esforços na missão de barrar as propostas que mais afetam a classe trabalhadora como a ampliação da idade para acessar o benefício que atende aos idosos de baixa renda, a redução do valor da aposentadoria por invalidez e a exigência de 20 anos de contribuição como patamar mínimo para receber uma aposentadoria reduzida, condenando a maior parte dos trabalhadores a receber 60% do valor sobre o qual contribuíram.
RS preocupado com Gaspar
25/02/2019 21:51
POXA VIDA
QUERO SER AMIGUINHO DESSE SECRETARIO DA SAUDE. POIS CONSEGUEM EXAMES E CONSULTAS EM TEMPO RECORDE. TNHO AMIGOS QUE PRA SER ATENDIDO PELO CLINICO GERAL LEVA 20 DIAS. DEPOIS MESES PRA EXAMES E ATÉ ANOS PRA ALGUMA CIRURGIA. MAS A SAÚDE AOS AMIGOS ESTA SUPER SHOW$$$
Fernando
25/02/2019 21:44
Quero pedir permissão para alguém não sei se pode ser para o Prefeito, ou para o Roberto Pereira eu acho para agilizar meus exames se eu posso ir morar no posto de saúde do centro tb,assim a gente tem mais acesso para poder furar a fila de exames,para AMIGOS do Dr:Roberto então não existe fila é isso esse foi descoberto e os outros que já moraram ali cadê???
PAULO HENRIQUE HOSTERT
25/02/2019 21:39
Quem esse tal Ministro da Educação Veles Rodrigues pensa que é, um novo pensador Grego? Alguém avise a ele que dá mesma forma que ele acha que nem todos estão preparados para ingressar na faculdade, também acho que nem todos estão preparados para ser Ministro da Educação...
Herculano
25/02/2019 17:58
CLASSIFICADO

Prefeitura brasileira procura um hacker para bisbilhotar funcionários, adversários, portal de notícias e colocá-los sob chantagem permanente. Tudo pago com dinheiro dos pesados impostos do contribuinte
Herculano
25/02/2019 17:44
REGISTRO

Quem comemora 87 anos com a família e em Criciúma, é o ex-vereador e ainda uma liderança referência do Barracão, em Gaspar, Moacir Barbieri
Herculano
25/02/2019 11:07
UM GATO NO TELHADO

O segundo requerimento deste ano da Câmara ao Executivo versava sobre a atualização do cadastro do IPTU e tinha este teor. Ele é do presidente Ciro André Quintino, MDB

a) cópia do Contrato nº SAF 76/2017, suas alterações e prorrogações;

b) informar, detalhadamente, como está ocorrendo a atualização de um cadastro de imóvel que teve alterações na construção, as novas medidas são baseadas na cobertura (telhado) ou na planta baixa?

c) os proprietários estão sendo notificados da alteração cadastral?

d) qual o procedimento a ser seguido pelo munícipe para regularização de sua construção?
Herculano
25/02/2019 10:26
LIBERDADE DÁ TRABALHO, por Vinicius Mota, secretário de Redação do jornal Folha de S. Paulo

Esforço para reduzir injustiças na Previdência e na educação mostra a necessidade de governo para combater nossa tendência à mesquinhez

No século 17, o filósofo inglês Thomas Hobbes cogitou que a sociedade, sem um órgão centralizado e forte a controlá-la, descambaria para a violência generalizada entre os indivíduos. Assim imaginou o "estado natural" da humanidade.

No século 20, historiadores intrigaram-se com o fato de que, desde o neolítico, a maioria das comunidades humanas atinge um nível básico de desenvolvimento, mas daí não passa. Batizaram as nações nesse padrão de "Estados naturais".

Há milênios dissemina-se a tecnologia para conformar a violência tribal a níveis razoáveis, em troca de progresso material para as elites pactuadas. O privilégio, a proteção e a pessoalidade no exercício do poder constituem a norma.

Exceção é chegar ao estágio superior, em que o acesso ao bem-estar econômico e ao poder político se franqueia e as leis a todos submetem. O regime das liberdades civis destoa como um artefato coletivo trabalhoso e antinatural.

Quem desconhece a história perde tempo a defender ou a amaldiçoar o "Estado mínimo". O objetivo de reduzir as discrepâncias de partida entre as pessoas que buscam uma vida melhor requer carradas de esforço e regramentos do governo.

A proposta de reformar a Previdência para diminuir injustiças no acesso a esse bem público daria um livro de cem páginas. Imagine a quantidade de ações normativas e burocráticas secundárias que irá desencadear se for aprovada.

Assegurar que todas as crianças tenham a quantidade legal de aulas em sala, e que esse tempo seja usado em atividades pedagógicas, exige uma tenaz mobilização de recursos organizacionais. Tudo para dar um pequeno passo contra a desigualdade social.

A simplificação do cotidiano, traço de nações avançadas, não foi atingida por meio do combate à ubiquidade do Estado. Resulta, ao contrário, de um processo de adensamento regulatório para identificar e neutralizar nossa tendência à mesquinhez.
Herculano
25/02/2019 10:23
ARAÚJO, O INEFÁVEL CHANCELER, SUGERIU TROPAS AMERICANAS NA AMAZôNIA E AINDA USANDO O AEROPORTO DE MACAPÁ. Só ISSO...., por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Acreditem: partiu de Ernesto Araújo, o glorioso chanceler de Olavo de Carvalho, a proposta para que se criasse um corredor na Amazônia para a passagem de tropas americanas na hipótese de uma intervenção militar na Venezuela. Só isso? Não! Ele também sugeriu que o aeroporto de Boa Vista fosse usado pelas "Tropas de Trump", se me permitem a graça. O que dizer? Os militares brasileiros são formados e curtidos no anticomunismo; consideram-se bastiões dos valores ocidentais; sabem que o Brasil pertence à esfera de influência dos EUA; buscam permanentemente a aproximação com esse país etc. Mas atenção! Há algo que leva as Forças Armadas do Brasil a lançar um anátema ao vivente que a tanto se atrever: sugerir que forças estrangeiras pisem na Amazônia. E em qualquer trecho dela, mesmo a parcela que não compõe nosso território. A presença americana na Colômbia, no combate ao narcotráfico, sempre foi negociada com o Brasil.

Ceder o Aeroporto de Boa Vista seria, igualmente, prestar-se a uma submissão que os militares brasileiros sempre rejeitaram.224 O histórico das nossas Forças Armadas, de que o acordo nuclear Brasil-Alemanha, de 1975, é evidência, é de não-submissão aos interesses imediatos americanos. Aquele acordo se deu à revelia dos EUA. Observem que nem estou fazendo juízo de valor sobre o dito-cujo.

O núcleo militar do governo detestou ver Ernesto Araújo na entrevista coletiva no sábado, em Pacaraima, ladeado por William "Bill" Popp, encarregado interino de Negócios da Embaixada Americana no Brasil. Os EUA nos dão tanta bola que a representação está sem titular desde novembro do ano passado. Araújo estava lá, em tese, para acompanhar a chegada da ajuda humanitária e seu possível envio para solo venezuelano. O que fazia o representante da embaixada dos EUA à mesa? Não se trata de antiamericanismo ou qualquer bobagem do gênero. Mas qual era o propósito da companhia? Vigiava aquele que é, ainda que desastrado, um ato de soberania do governo brasileiro? Do ponto de vista diplomático, é uma aberração. Do ponto de vista da autonomia que tem um país para tomar as suas próprias decisões, também.

Como esquecer que o inefável chanceler assinou um documento suspendendo a cooperação militar Brasil-Venezuela, cortando o único elo que tinham as Forças Armadas do Brasil para saber o que se passava no alto escalão de seus homólogos venezuelanos? Partiu também de sua cabeça iluminada sugerir que os EUA instalassem uma base militar no Brasil, que é um outro tabu que os militares brasileiros não pretendem quebrar?

Outra coisa que caiu muito mal, no que respeita ao comportamento do chanceler Ernesto Araújo, foi a nota emitida pelo Itamaraty, saída da verve de Ernesto Araújo, depois dos confrontos de sábado. Na ala pensante do governo, ganhou alguns adjetivos: "pueril", "primitiva", "absurda", "tosca". E vai por aí. Na diplomacia, foi considerada coisa de hospício. Em situações como aquela, países lastimam a violência, cobram ponderação, evocam organismos multilaterais. Uma nota da diplomacia não faz proselitismo nem convoca países para formar uma frente; não se convoca guerra santa. É um erro primário. Reproduzo o texto de Ernesto Araújo, o adolescente barbudo e inflamado:

"O Governo do Brasil expressa sua condenação mais veemente aos atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro, no dia 23 de fevereiro, nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia, que causaram várias vítimas fatais e dezenas de feridos. O uso da força contra o povo venezuelano, que anseia por receber a ajuda humanitária internacional, caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro. Trata-se de um brutal atentado aos direitos humanos, que nenhum princípio do direito internacional remotamente justifica e diante do qual nenhuma nação pode calar-se.

O Brasil apela à comunidade internacional, sobretudo aos países que ainda não reconheceram o Presidente encarregado Juan Guaidó, a somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela, reconhecendo o governo legítimo de Guaidó e exigindo que cesse a violência das forças do regime contra sua própria população."

Mais, como notou um fardado: "Agora, nós estamos dizendo o que as outras nações dizem dizer e quando podem ou não podem se calar. É um rapaz sem limites".

O Brasil participa nesta segunda, em Bogotá, na Colômbia, do encontro do chamado "Grupo de Lima", que reúne 14 países. Foi criado em 2017 para propor soluções pacíficas para restabelecer a democracia na Venezuela. Os EUA, que não fazem parte do fórum, participarão como observadores, mas com direito a voz. Mike Pence, vice-presidente, estará lá. Quem vai falar pelo Planalto, felizmente, será Hamilton Mourão (foto), o vice-presidente, não Ernesto Araújo, o chanceler brasileiro que é um deslumbrado quando se mostra desmiolado e um desmiolado quando se mostra deslumbrado. De todo modo, ele estará presente. Mas subordinado a Mourão. Como sabe qualquer pessoa sensata, a ala truculenta e xucra do governo Bolsonaro é formada por civis. Os militares são os iluministas da turma. A quantidade de besteiras que Araújo fez com 56 dias é um assombro. A parte do governo que tem miolos quer vê-lo pelas costas.

Juan Guaidó, autoproclamado presidente da Venezuela, participa da reunião do Grupo de Lima no dia seguinte à entrevista que concedeu à Folha em que flerta com uma ação militar estrangeira em seu país, o que é um erro estúpido. Os militares brasileiros, os da reserva que estão no governo e os respectivos comandos das Forças Armadas, não querem nem ouvir falar em ação armada.

Também é impensável uma intervenção americana sem a franca aceitação do Brasil. Não custa lembrar: segundo o Artigo 137 da Constituição, a mobilização militar do Brasil contra um outro país requer autorização do Congresso, depois de ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. Atenção! Todos os militares do governo, incluindo Fernando Azevedo e Silva, da Defesa, foram contrários ao envio da tal ajuda humanitária com as fronteiras fechadas. É Mourão quem vai levar a palavra do Brasil. E, até agora ao menos, não há motivos para duvidar de que vá atuar para diminuir a tensão, não para aumenta-la. Se fosse Ernesto a ditar o ritmo do samba, a gente já sabe a condição de república bananeira a que seríamos relegados. Ernesto tem de ser demitido, não apenas tutelado.

Juan Guaidó (foto), presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e autoproclamado presidente interino, reconhecido por 50 países, incluindo o Brasil, cometeu o que me parece ser um erro grave, voltou atrás, mas recuou do acerto para errar de novo. Ele havia afirmado no sábado que não descartava nenhuma alternativa para depor o ditador Nicolás Maduro. E todos entenderam que repetia as palavras de Donald Trump, presidente dos EUA. E isso, por óbvio, compreenderia uma intervenção armada estrangeira. Minutos depois, recuou e se corrigiu. Afirmou referir-se a "todas as opções da comunidade internacional que realizaram o cerco diplomático que contribuirá para o fim da usurpação, para um governo de transição e para eleições livres". Mas já recuou do recuo. E certamente Nicolás Maduro e sua turma vão se aproveitar da bobagem.

Neste domingo, Guaidó conversou com a repórter Sylvia Colombo, da Folha, por telefone. Ela quis saber se ele se referia ou não a uma intervenção militar ao dar aquela declaração no sábado. E ouviu o seguinte:
"Eu quis dizer exatamente isso, que devemos considerar todas as opções. A Constituição venezuelana dá à Assembleia Nacional o direito de solicitar apoio desse tipo. Não é o que buscamos, mas é uma possibilidade que, responsavelmente, não podemos descartar dada a atitude das forças e interesses que sustentam a usurpação na Venezuela."

Aí o erro é grande. E de vários modos.

Ao ler a afirmação de Juan Guairdó, flertando com a intervenção externa, fiquei perplexo. Ignorava que houvesse alguma Constituição no mundo que autorizasse intervenção estrangeira por princípio. Bem, meus caros, não há mesmo, né? Nem a "Constitución De La República Bolivariana De Venezuela", que está aqui. Ganha um cargo de ministro no governo de Guaidó, caso venha a existir um dia, quem achar o tal dispositivo. O Inciso 11 do Artigo 187 diz que cabe à Assembleia "autorizar missões militares venezuelanas no exterior e estrangeiras na Venezuela". Uma intervenção para depor um governo e instaurar outro não é uma "missão militar". E o Artigo 13 é explícito no sentido contrário ao que diz o autointitulado presidente. Lá se especifica: "O território não poderá jamais ser cedido, invadido, arrendado ou de alguma forma alienado, nem temporária nem parcialmente, a Estados estrangeiros e outros sujeitos de direito internacional".

Guaidó tem citado o Artigo 333 da Constituição para justificar a deposição de Maduro. Está escrito:

"Esta Constituição não perderá validade se deixar de ser cumprida em razão de ato de força ou se for tornada sem efeito por qualquer outro meio que não o nela previsto. Nessa eventualidade, qualquer cidadão ou cidadã, investidos de autoridade ou não, tem o dever de colaborar para o seu efetivo restabelecimento".

Vá lá. Ele faz uma leitura política do texto. Nessa visão, Maduro desrespeitou fundamentos da Constituição, e derrubar o ditador corresponderia, então, a restabelecer a Carta. Muito bem! Cumpre considerar que a intervenção estrangeira incide numa agressão a um fundamento da Constituição à qual o político apela.

Um líder, pouco importa a sua natureza e o que pense, não pode convocar forças estrangeiras a ocupar o território do seu país. Se Juan Guaidó flerta com a possibilidade de que países que o apoiem lhe deem suporte militar, entende-se, por contraste, que o outro lado também está livre para buscar auxílio externo. É pouco provável que Rússia e China resolvessem trocar bala com os EUA em solo venezuelano. Mas se estaria diante de uma situação inédita em muitos anos. A última vez que os EUA invadiram um país para depor um governante na América Latina foi em 1989. Os americanos invadiram o Panamá e prenderam o ditador Manuel Noriega (foto), acusado de comandar um cartel de tráfico de drogas. A operação foi deflagrada no dia 20 de dezembro, no governo de George Bush pai. Os EUA admitem a morte de 202 civis. Grupos de familiares de desaparecidos falam em pelo menos 500. Ou por outra: não existe operação indolor dessa natureza. Será que os venezuelanos aceitam Guaidó como o líder de um governo instaurado com ajuda militar externa?

Aquele que é hoje reconhecido como presidente interino da Venezuela por 50 países acrescenta um outro erro ao flertar com a intervenção estrangeira: trata-se de um convite para que tais forças lutem com os soldados venezuelanos em solo pátrio. Não é segredo para ninguém que se esperava que Nicolás Maduro caísse no sábado. Poucos apostavam que ele fosse fechar as fronteiras para impedir a entrada da tal ajuda humanitária. E havia a expectativa de que, se desse tal ordem, os militares não a cumpririam, o que corresponderia a uma deposição. Não aconteceu. Passa de cem, segundo a imprensa venezuelana, o número de soldados desertores. Ainda é muito pouco para considerar que Maduro está sendo abandonado.

A fala de Guaidó, como é óbvio, incita forças estrangeiras contra os militares do seu país. Em tese ao menos, isso reforça os laços das Forças Armadas com Maduro e não contribui para fazer dele, Guaidó, um líder confiável. O político acaba conferindo verossimilhança ao discurso do ditador, segundo quem a Venezuela está sendo vítima de uma tramoia internacional, liderada pelos EUA, para depor um governante que considera inimigo

Acenar com a possibilidade de uma intervenção externa revela um aspecto que a imprensa mundial, e a nossa também, deixa de considerar nestes dias. Como Nicolás Maduro é um ditador truculento e primitivo, como a penúria do povo venezuelano se mostra a olho nu, poucos nos damos conta da inexperiência e do voluntarismo às vezes pueril de quem se propõe a liderar a sua deposição. Nesta segunda, Juan Guaidó participa da reunião do Grupo de Lima, formado por 14 países ?" Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Guiana e Santa Lúcia, tendo os EUA como observadores ?" para debater a crise na Venezuela. O fórum foi instalado em agosto de 2017 justamente para buscar soluções pacíficas para restabelecer a democracia no país. E, que se saiba, a resposta militar de uma coalisão estrangeira não está entre as alternativas. Guaidó falou bobagem. E só garantiu sobrevida a Maduro. Se o ditador cair, o futuro presidente terá de enfrentar o risco de anarquia militar.
Herculano
25/02/2019 10:11
"NÃO É PRECISO TALENTO PARA MERCADEJAR VOTOS"

Conteúdo de O Antagonista. O Estadão, em editorial, diz que Jair Bolsonaro terá de ceder ao fisiologismo se não for capaz de se organizar no Congresso Nacional:

"O presidente Jair Bolsonaro prometeu enfaticamente, durante a campanha eleitoral, acabar com o chamado 'toma lá dá cá' na relação entre o governo e o Congresso. E, de fato, suas nomeações para a formação do Ministério indicaram disposição de cumprir essa promessa, abandonando aquela prática tão nociva para a democracia, base do chamado 'presidencialismo de coalizão'.

No entanto, assim que começou a temporada de negociações para a aprovação dos projetos de maior interesse do governo, especialmente a reforma da Previdência, duas coisas ficaram claras: que o Palácio do Planalto não tem articulação política capaz de arregimentar votos em quantidade suficiente sem recorrer ao fisiologismo; e que os parlamentares, cientes das limitações do governo, não apoiarão as reformas sem alguma forma de compensação (?).

Ao contrário do que fazem parecer alguns políticos, a atividade parlamentar pode ser limpa e praticada no melhor interesse dos cidadãos.

Para isso, no entanto, é preciso haver capacidade de diálogo e de convencimento, algo que este governo está longe de demonstrar. Talvez por isso esteja se rendendo ao recurso fácil do fisiologismo, que abastarda a política. Afinal, para usar o eufemismo do governo, não é preciso nenhum 'talento' especial, além da impudência, para mercadejar votos."
Herculano
25/02/2019 10:01
FERIDO POR CRISE, BOLSONARO PRECISA REMAR MUITO PARA APROVAR REFORMA, por Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo

Governo precisa se mexer para corrigir pontos frágeis na articulação

O governo Bolsonaro caminha para completar dois meses ferido pela crise do laranjal do PSL, que derrubou Gustavo Bebianno e ameaça degolar o ministro do Turismo, e sob o alerta da fragilidade na articulação com o Congresso.

A relação política do presidente da República com os parlamentares preocupa seus principais aliados.

O menosprezo com que Jair Bolsonaro trata, reservadamente, a importância de paparicar deputados e senadores em busca de apoio tem sido visto nos bastidores como um erro primário de quem passou mais de duas décadas na Câmara - mesmo como personagem do baixo clero.

A queda de Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência tem impacto na articulação política não porque o ex-ministro era um negociador nato com o Congresso. Longe disso. Bebianno é irrelevante neste contexto. O que incomodou os parlamentares foi o modus operandi do presidente em aliar-se a um dos seus filhos - no caso, Carlos Bolsonaro - e abandonar um assessor próximo na primeira crise que caiu sobre sua cabeça.

Dois dias depois de se livrar de Bebianno, Bolsonaro entregou a reforma da Previdência ao Congresso. Em seguida, começaram as previsões de votos em plenário e de expectativa de suporte para a proposta avançar.

Qualquer análise no momento não passa de chute. Há quem fale, cheio de certeza, que o Planalto não tem nem cem votos na Câmara. Como reza a tradição, o governo circula que já teria superado os 250, ainda distante dos 308 mínimos necessários.

Fato é que Bolsonaro precisa remar muito para aprovar a reforma. Terá, por exemplo, de dar um jeito na inoperância da liderança do governo. Ao escolher o desconhecido Major Vitor Hugo (PSL-GO) para a estratégica função, o presidente colocou em risco o sucesso da proposta.

Em outra frente, o ministro Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil, apesar de deputado experiente, sofre resistências. Bolsonaro não terá vida fácil no recém-empossado Congresso. E a história já provou que governo algum sobrevive sem o seu apoio.
Herculano
25/02/2019 09:57
STF DEVERÁ IMPOR LIMITES AO MINISTÉRIO PÚBLICO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A chapa do Ministério Público Federal (MPF) está esquentando no Supremo Tribunal Federal (STF), onde o clima é de impor limites à atuação dos procuradores, negando-lhes pedidos considerados "abusivos" ou desnecessários. Entre as medidas articuladas está a de aumentar as exigências para autorizar buscas ou decretar prisões. Vazamentos e alegações nunca concretizadas contra o próprio presidente, Dias Toffoli, e outros ministros, serviram para unir o STF.

MAIS EXIGÊNCIAS
Dois ministros do STF confirmaram que os procuradores vão ter que apresentar mais elementos para obter aval do STF às suas pretensões.

TENTATIVA DE INTIMIDAÇÃO
Ministros identificam "tentativas de intimidação" contra o STF. Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski já não escondem essa convicção.

DELAÇÃO SOB PRESSÃO
Gilmar denunciou há dias que presos têm sido pressionados em depoimentos a "delatar" seu envolvimento com atos ilícitos.

APENAS FOFOCAS
Outros ministros, como Marco Aurélio ou Luís Barroso, também já foram vítimas de "vazamentos" que a rigor não passavam de fofocas.

DETRAN DE MINAS SUSPENDE EMPRESA DE REGISTRO
O diretor do Detran de Minas, Kleyverson Rezende, segue a toada do governador Romeu Zema: suspendeu as atividades da Tecnobank Tecnologia Bancária, acusada de driblar a resolução 689/2017, do Denatran, que proíbe empresa que faz gravame de fazer também registro de contratos de financiamento de veículos, em razão do conflito de interesses. O Detran-MG suspeita que a B3 BM&F Bovespa, que faz gravame, realiza igualmente registro de contrato usando a Tecnobank.

INTERESSES CONFLITANTES
Gravame protege o banco financiador da revenda ilegal do veículo, enquanto o registro do contrato protege os direitos do consumidor.

COMISSÃO INVESTIGATIVA
O Detran, que em Minas é um órgão da Polícia Civil, instituiu uma comissão para investigar as atividades da Tecnobank.

DIREITO AO CONTRADITóRIO
Diretor da Tecnobank, Carlos Santana nega ilegalidades, afirma que a empresa reduziu à metade os valores cobrados e diz que vai à Justiça para assegurar o direito ao contraditório, que lhe foi negado.

UM MÊS DE IMPUNIDADE
Um mês após a tragédia que matou mais de 300 pessoas em Brumadinho (MG), além de danos incalculáveis ao meio ambiente, nenhum dos diretores da Vale foi preso. Mesmo após a revelação de que a empresa sabia, desde 2017, que a barragem poderia romper.

...E NINGUÉM VAI PRESO
No Brasil, o cartão de crédito registra juros criminosos, mais uma vez: 11,98% ao mês. Ninguém foi preso. No mínimo por crime de usura.

SUPERMERCADOS AMAZON
A gigante americana Amazon está babando para comprar no Brasil a rede de supermercados Pão de Açúcar. Apesar do interesse, as tratativas não foram oficialmente anunciadas.

VERGONHA, FLU
Situação terminal da sede do Fluminense nas Laranjeiras, no Rio. As quatro quadras de tênis estão fechadas por falta de manutenção e todo complexo náutico interditado pela Vigilância Sanitária. Falta de higiene.

HOMENAGENS NA BAHIA
Os ministros do Superior Tribunal de Justiça Luis Felipe Salomão e Ribeiro Dantas foram homenageados com a Comenda 2 de Julho e o Título de Cidadão Baiano, respectivamente, na Assembleia da Bahia.

A DROGA VENCEU
As cracolândias se alastram em São Paulo. Traficantes agem sem qualquer incômodo da polícia ou guarda municipal, viciados assaltam para comprar drogas. E o poder público nada faz, até para evitar críticas dos defensores politicamente corretos do "direito de se drogar".

DILEMA NA INFRAERO
A Infraero avalia se anula a licitação para operar o terminal de cargas do aeroporto de Manaus, vencida por empresa ficha suja, ou entrega o contrato à 2ª colocada, Superterminais (que opera portos), defendida pelo escritório de Beto Vasconcelos, ex-chefe de gabinete de Dilma.

AUTORIDADE
Após o governador Wilson Witzel afirmar que usará snipers para dar "tiro na cabecinha" de bandidos, o Rio de Janeiro registrou queda de 10% nos roubos em janeiro, em relação ao mesmo período de 2018.

PENSANDO BEM...
...já é Carnaval no Congresso.
Herculano
25/02/2019 09:50
GUERRA FRIA, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Quem em sã consciência questionaria a erradicação da peste como ganho social?

O amor é uma doença em processo de erradicação no mundo. Restará na sua forma mais infantil, assim como a paixão por um herói da Marvel ou semelhante. Ninguém mais suporta a paixão romântica. Goethe já havia dito tudo sobre isso: o romantismo é a doença. O amor pode ser mortal. E nosso mundo é um mundo de gente saudável.

A psicanálise já havia explicado o amor como uma projeção narcísica. Nada de novo em se ver o amor romântico como uma doença. Os medievais também pensavam assim. Chegavam a descrevê-lo como uma doença do pensamento, uma obsessão causada pela visão da beleza da amada e o tormento de não conseguir viver em paz desde então.

A diferença de hoje em dia é que o amor romântico passou, de certa forma, pela mesma desqualificação da melancolia (hoje, mera depressão). Perdeu-se a reverência pela desgraça. A vida, aos poucos, se torna um parque temático para retardados. O amor romântico, um dia, foi a doença dos infelizes que morriam da sua beleza, hoje, é algo que tem a consistência de um mal-estar intestinal leve.

O filme "Guerra Fria", de Pawel Pawlikowski, é uma história de amor. Para além do pano de fundo da Guerra Fria em si, o filme descreve o caráter patológico do amor como aquilo que os medievais diziam: infelizes os que caem sob seu olhar. A primeira cena em que os olhos do herói cai sobre a heroína diz tudo: enquanto ela canta uma música sobre as agonias de um coração apaixonado de uma mulher, o destino se prepara pra rir da desgraça que se abaterá sobre os dois.

O melhor que pode ser dito a alguém que percebe os primeiros sintomas é "fuja!". Se você perceber o olhar dela para você, olhe na outra direção, não dirija a palavra a ela jamais, sua voz pode soar doce e encantadora. Não chegue perto dos seus cabelos jamais. Tocar as mãos é a antessala da queda. A coragem pode ser uma péssima conselheira nesse terreno. Infelizmente, mesmo a covardia é de pouca serventia porque o amor é cruel em sua dinâmica: ele exige a submissão completa de suas vítimas, sem misericórdia.

O amor é um senhor cruel pois exige de seus infelizes eleitos dedicação total. Essa dedicação implica a possível destruição de suas vítimas apaixonadas, das mais variadas formas, chegando mesmo à morte. Olhando para isso, quem pode, em sã consciência, dizer que a opção contemporânea por erradicar as formas de amor romântico não seja sábia? Quem em sã consciência questionaria a erradicação da peste como um ganho social?

No filme nada há de idealizado no amor, o que o torna ainda mais contundente. Os heróis tentam escapar do desejo de um pelo outro, mas fracassam maravilhosamente. Como sempre disse a fortuna crítica sobre o amor romântico, um dos seus piores sintomas é a destruição de todo o sentido da vida que não passe pela presença da pessoa amada.

Um dos vínculos mais clássicos na sintomatologia romântica é a coragem como filha do desespero e da tristeza. A destruição de qualquer sentido da vida como consequência da impossibilidade de
viver em paz juntos, pode fazer da paixão triste que é o desespero o motor do ato radical de desistir da vida. A coragem como filha da falta de esperança gera em nós terror e piedade, como dizia Aristóteles acerca da tragédia. O amor, levado a cabo como descrevem os medievais, é sempre trágico. Nesse sentido, o filme de Pawlikowski é uma tragédia plena.

O contexto da Guerra Fria é essencial. O amor não é desencarnado da vida concreta. Nunca foi platônico, nem para os medievais. Pelo contrário, sangra. A chegada dela à França, na sequência da decisão dele de abandonar a Polônia da cortina de ferro, ilustra a desgraça do capitalismo e seu parque temático para retardados. A fúria dele em fazer sucesso no mundo "livre" o leva a mentir e criar situações em que ela mesma é posta "à venda". "Aqui tudo precisa de cor", diz nosso herói perdido nas promessas do mundo feliz.

O retorno deles à Polônia de nada adianta. Se o mundo da liberdade do empreendimento se afunda suavemente nas "cores" do marketing de comportamento (esse processo hoje segue a todo vapor), o mundo socialista é apenas uma mentira de outra ordem. Não é à toa que ela, supostamente, uma cantora da cultura de raiz rural polonesa, acaba cantando músicas mexicanas ridículas para uma plateia de "camaradas" abestalhados, como seu marido corno manso.

O amor tem predileção por destruir as almas intensas porque sua queda é sempre mais bela. E toda alma destruída pelo amor se torna, ao final, bela.

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