Em casa de ferreiro, o espeto do governo de Gaspar é de pau naquilo que é o mínimo, óbvio, necessário, urgente e básico para a população - Jornal Cruzeiro do Vale

Em casa de ferreiro, o espeto do governo de Gaspar é de pau naquilo que é o mínimo, óbvio, necessário, urgente e básico para a população

09/09/2019


O vereador Silvio Cleffi (à esquerda) ao justificar um requerimento seu na Câmara atacou o governo Kleber por não responder as indicações dos vereadores em favor da cidade e dos cidadãos. O líder do governo Francisco Solano Anhaia (centro) e o presidente da Câmara, Ciro André Quintino (à direita), ambos do MDB, lembraram que essas respostas não são obrigatórias por parte do Executivo.

 

Exemplo 1

O leitor e a leitora da coluna têm noção de quantas “indicações” os vereadores de Gaspar fizeram ao prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e sua equipe este ano? Até sexta-feira da semana passada, haviam sido protocoladas na Câmara 398. Nunca antes esse número foi tão grande. É um recorde se comparado aos exercícios anteriores.

O que demonstra isso? Primeiro que o governo está falhando, não está olhando a cidade, pois tudo se refere a pequeníssimas coisas do cotidiano que a prefeitura não faz para o cidadão. Segundo, que os vereadores podem estar mais atentos na intermediação das reclamações dos seus eleitores, já que na prefeitura é evidente o fechamento dos canais para a população se relacionar. Terceiro que a população está de saco cheio e mais corajosa e está cobrando dos seus políticos naquilo que é direito dela como retorno dos seus direitos e principalmente dos seus pesados impostos.

Considerando que janeiro é o mês de férias dos edis, e que mal iniciamos setembro, uma média de 57 indicações por mês, ou seja, pouco mais de quatro mensal para cada vereador. Resumindo de verdade esse recorde de 398 indicações, há outro recorde embutido nesta leitura, mas negativo, de tão pouca indicação protocolada na Câmara.

E é aí que a coisa pega contra o governo de Kleber, o eficiente, segundo a propaganda de campanha e dos dois primeiros anos de governo quando ele próprio derrubou o mote de eficiência. Os meus escritos se baseiam em fatos, em números, em realidades. E isso incomoda aos que estão acostumados com sua lábia de enrolar analfabetos, ignorantes, desinformados e gente obrigada ao aplauso devido à crença partidária ou então à boquinha que possui no jogo do poder para si ou seus parentes, pois no mercado competitivo, talvez estaria desempregado.

ESSAS INDICAÇÕES DEVERIAM SER TRATADAS PELO GOVERNO DE PLANTÃO COMO OPORTUNIDADES E NÃO COMO RETALIAÇÕES DOS VEREADORES E PRINCIPALMENTE DA POPULAÇÃO CONTRA O PODER

Quem se interessa por números e estatísticas, basta lembrar que na última sessão deram entrada apenas três indicações. Ou seja, houve um natural cansaço e se percebe que este instrumento está desacreditado. Esta é a razão desse comentário.

Uma das três indicações, inclusive, foi coletiva. Tinha as 13 assinaturas dos atuais vereadores titulares e suplentes que estão assentados lá.

Os temas das indicações são de necessidades óbvias, repetidas, prometidas e da falta de noção da atual turma que toca à prefeitura, tanto que o vereador Silvio Celffi, PSC, acabou fazendo um requerimento, o 163, para saber o que era feito das suas dezenas de indicações e que subscreveu nos últimos 40 dias. “Não recebi nenhuma resposta do Executivo. É uma afronta”, justificou ele na tribuna.

“Essas indicações não são do vereador, são do povo que mantém contato conosco, justificou Cleffi. Ele generalizou e reclamou da falta de retorno do prefeito Kleber para as “indicações” feitas pelos vereadores. Afinal, vereador não faz nada além de pedir ao prefeito que é quem possui a prerrogativa de receber, examinar, colocar numa lista de prioridade, executar ou descartar. Ou até jogar no lixo, que é o que as vezes parece estar acontecendo.

“O prefeito não tem nenhuma obrigação de responder as indicações dos vereadores”, esbravejou – e com razão - o líder do governo Francisco Solano Anhaia”, MDB, em defesa de Kleber.

E nisso, foi acompanhado pelo presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, pois Silvio entendia que este tipo de comportamento de Kleber era uma afronta institucional ao Legislativo. “O senhor foi presidente da Câmara e conhece o Regimento da Casa e sabe que não existe esta obrigação”, lembrou Ciro. Ao mesmo tempo, entretanto, registrou à sua preocupação como o Executivo trata essas questões dos vereadores.

O QUE AS ATUAIS INDICAÇÕES DOS VEREADORES SINALIZAM? QUE OS PROBLEMAS MENORES SE ACUMULAM SEM QUE SE ELEJAM AS PRIORIDADES

Na verdade, o exagero retórico de Silvio, servidor público municipal, médico, cria política de Kleber, evangélico pentecostal de mesmo templo e que se tornou presidente da Câmara furando à fila do poder de plantão e por causa disso, foi levado à oposição e vem sofrendo com o processo orquestrado de vingança por suas posições críticas – uma característica da administração de Kleber não apenas com os vereadores que não lhe abonam - não era contra à resposta formal de Kleber às indicações dele, mas ao conteúdo delas e que são pedidos corriqueiros.

As indicações, antes delas serem um pleito do vereador – seja ele de situação ou oposição – é na verdade uma fotografia dos problemas da cidade e que se olhadas por um habilidoso político ou administrador, teria muito a ganhar não para o vereador portador da indicação, mas para o governo que cria soluções ou diálogos com os envolvidos nos pedidos. É uma ouvidoria preciosa, que o governo Kleber por birra, incapacidade e mesmo falta de visão, joga fora.

Retomo. Vocês leitores e leitoras têm alguma dúvida quanto a isso? Então vou pegar as únicas três indicações que deram entrada na sessão da Câmara de terça-feira passada.

A de nº 388/2019 é do vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, ou seja, do próprio líder de Kleber na Câmara. O que ele pede? A “ampliação da travessia elevada em frente ao CDI Vovó Lica, na Rua Antônio Zendron, no Bairro Margem Esquerda”. Agora, eu pergunto: Anhaia é da oposição? Não! Ele não podia pedir isso direto ao prefeito? Podia e talvez já tenha pedido. Mas, não é atendido. Então por que ele fez esta indicação? Porque é algo óbvio, necessário e urgente e que o governo – com o seu monte de aspones cabos eleitorais pagos com o dinheiro dos pesados impostos dos gasparenses- não enxergou ainda. E se enxergou, não pode executar por impedimento legal, orçamentário ou executivo.

Então fica assim: Anhaia faz a indicação para lavar as mãos naquilo que pode interferir por estar inclusive na difícil missão de defender Kleber na Câmara, e o governo, enterra-se mais ainda em não fazendo o que sugere a indicação.

O governo de Kleber, que Anhaia representa e defende perante os vereadores na Câmara, prefere se passar por um alienado perante o vereador e principalmente à população. Custava alguém do governo que recebe essas tais indicações contatar o vereador e explicar a situação, ou então se mobilizar e ir à comunidade e com toda franqueza dizer a ela que não é possível fazer o que ela pede? Até nisso,

Kleber é mal orientado e erra porque está mal assessorado. Assessoria, que ele e os seus escolheram e não exatamente pela competência, mas por arranjos políticos. Como não funciona, então prefere choramingar, culpar, desmoralizar, intimidar, constranger a minoritária oposição e até mesmo, esta coluna e colunista. Rir é pouco, porque simplesmente é triste.

O MELHOR RETRATO DE UMA ADMINISTRAÇÃO EFICAZ E QUE AVANÇA CONTIDO NUMA INDICAÇÃO ASSINADA POR TODOS OS VEREADORES

E o que escrever sobre a indicação 389/2019 assinada por todos 13 vereadores? Não tem situação, nem oposição. É a representação da cidade num documento que se repete como o problema de dezenas de outros similares e que já foram enviados pelos vereadores ao gabinete do prefeito. É uma confissão daquilo que se repete há quase três anos em várias outras indicações individuais e que o prefeito Kleber não deu resposta – não aos vereadores, pois está livre oficialmente disso como bem lembrou Anhaia no discurso dele – mas, verdadeiramente, à cidade e aos seus cidadãos como realização, explicações e até desculpas.

E Kleber diz não entender a razão pela qual está tão mal avaliado nas pesquisas, apesar de estar a todo momento em “lives”, redes sociais, aplicativos de mensagens e dando entrevistas aos que não fazem perguntas incômodas, onde conta vantagens das realizações, mas que verdadeiramente não chegam à maioria da população.

A indicação 389 pediu para se “providenciarem serviços de manutenção/conserto do calçamento, limpeza e manutenção dos meios fios - canteiro central e desobstrução das bocas de lobo das vias públicas situadas no Loteamento Jardim das Flores, no Bairro Figueira”. Ou seja, é o básico, do básico. Onde está a secretaria de Obras e Serviços Urbanos, tocada pelo Jean Alexandre dos Santos, uma indicação direta do prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, presidente do MDB e atual secretário da Fazenda e Gestão Administrativa?

E o que diz a terceira indicação que apareceu na sessão da semana passada? A 390/2019 é do vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, funcionário público (Samae) e de oposição. Ela pedia “providenciar a instalação de iluminação pública na Rua Maestro Egon Bohn, esquina com a Rua Paulina Berkenbrock Gorish, próximo ao Clube Gasparense, no Bairro Coloninha”.

Era preciso pedir isso? Não, se a prefeitura tivesse um eficiente setor capaz de monitorar esse tipo de problema que é antigo, recalcitrante, mesmo depois da prefeitura aumentar em 40% a Taxa de Iluminação Pública em 2017 contra os gasparenses com a promessa de se resolver este tipo de assunto. O aumento veio. A solução, não.

Kleber, os seus e a comunicação de campanha eleitoral, disfarçada de institucional, só falam em grandes obras. E elas não saem do papel. E quando são feitas, são questionadas por falta de projeto ou realizadas em desacordo com eles.

Na outra, ponta, todavia, está o óbvio, o urgente, o necessário, o básico e que custa ninharia e satisfaz a população e que não é realizada. E quando cobrada pelos cidadãos ou pelos vereadores, o governo de Gaspar finge que não é com ele. Um problema só se tornar grande quando não se solucionam os pequenos e eles se acumulam. É uma imagem. É a tal percepção. E é isto que avança por aqui e destrói a propaganda oficial e que leva dinheiro público. Só Kleber e o prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira não enxergam, dizem-se perseguidos e perdem tempo tramando vinganças. As indicações dos vereadores mostram isso de forma insofismável.

Quem mesmo orienta essa gente?

Kleber e sua equipe não enxergam as indicações como oportunidades e sim como malho ou até perseguição. Não as tratam como uma voz da cidade, e sim como um produto político do vereador que a faz.

Não será o vereador que ganhará dividendos políticos se a prefeitura der atenção ao que ele “indica” ao Executivo, mas a população, que pode traduzir isso em voto de reconhecimento. Quando Kleber, o eleito, e o Carlos Roberto Pereira, que orquestra tudo isso, vão entender? Outubro está chegando. E não adianta contratar a peso de ouro uma empresa de marketing e pesquisas especializada em comunicação, que coloca na boca do prefeito que a Rua Aristiliano Ramos, onde Kleber trabalha, é uma Avenida. Todos sabem que é uma Rua.... Acorda, Gaspar!

Exemplo 2

Em casa de ferreiro, o espeto é de ferro contra a própria ferraria.

Quem mesmo faz os ajustes e proteção da base política do governo?


O fiel suplente Moura (à esquerda) viu um projeto seu vetado completamente pelo prefeito Kleber (centro) e que podia ter criado um levar adiante a ideia de Moura. A Câmara derrubou o veto do prefeito e o presidente Ciro (à direita) deverá promulga-lo

O suplente de vereador, evangélico, José Ademir de Moura, PSC, na coligação é um fiel extremado ao governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ele estava guardando por quase três anos a vaga na Câmara para o mais longevo dos vereadores de Gaspar, José Hilário Melato, PP, ficar no Samae inundado.

Quer mais? Moura, até deu a cara ao tapa. Foi quando o protegido de Melato, José Carlos Spengler, virou assessor no gabinete de Moura – depois de perder à gestão do programa Vereadores Mirins.

José Carlos ao invés de prestar serviços no gabinete de Moura, resolveu em agosto do ano passado ir à uma excursão à Terra Santa ainda quando não tinha direito a férias, zombando de todo mundo que trabalhava por aqui na Câmara. Lembram-se? Ao voltar, José Carlos salvo por Moura e Silvio Cleffi que era o presidente da Câmara.

Mora acaba de sair da Câmara. Deu a vez no rodízio e acerto da coligação a outro suplente, o Cleverson Ferreira dos Santos, PP, para guardar a vaga ao titular Melato que pode voltar ao Legislativo até o fim do ano. Contudo, antes de sair, Moura, de pouca atividade e iniciativa, protocolou e viu aprovado o seu projeto 32/2019. Ele obrigava a “instalação de fraldários nas dependências dos bens públicos municipais de uso especial em Gaspar”.

O que fez o prefeito Kleber na retribuição à fidelidade e com que lhe deu sempre apoio incondicional na Câmara? Vetou o projeto. E fez certo. Alegou que esse tipo de projeto cria despesas e por isso, é de exclusiva competência do Executivo.

Não vou me alongar no textão.

Primeiro: na semana passada, por unanimidade o veto de Kleber foi derrubado na Câmara. Na verdade, foi uma homenagem dos vereadores a Moura por tudo que ele representou na Câmara e para o governo Kleber. Foi um desagravo silencioso contra a forma arrogante, insensível e constrangedora como o governo tratou desse assunto. Na verdade, a oposição ajudou a consertar o que a situação construiu contra ela própria no veto de Kleber à matéria.

Segundo: o Projeto é inconstitucional? É! Um monte de gente especialista também acha. Mas, se era prerrogativa do Executivo propor esse tipo de projeto para torna-la lei, e como Moura não deve mais voltar à Câmara, como ele fez o papel dele com maestria para o governo sob ataques, qual a razão para Kleber não consertar o que vetava? Bastaria apenas um gesto político de agradecimento a Moura e que beneficiaria à ideia dele, bem como à própria população e os servidores públicos.

E como poderia ser feito isso? Com a informação à Câmara do veto total devolvendo à matéria à Câmara, poderia ser enviado um projeto de lei do prefeito contemplando parcial ou totalmente as ideias de Moura. Incrível!

Terceiro: esse tipo de obrigação, a dos faldrários em ambientes privados, tanto os vereadores criam projetos e o próprio prefeito sanciona passando a conta para a iniciativa privada já atolada de obrigações e pesados impostos. Quando chega a vez do prefeito fazer a parte dele no ambiente público e dar o exemplo, ele cai fora, deixa os fiéis políticos pendurados no pincel. Bonito isso, heim?

Quarto: agora – diante do que decidiram os vereadores - o Projeto de Lei de Moura para ter fraldários nos ambientes do serviço público municipal - vai virar lei. Vai ser promulgada pelo vereador Ciro André Quintino, MDB, como presidente da Câmara. Caberá a prefeitura, ir à Justiça, como já fez em outros casos, e pedir a inconstitucionalidade e revogar a lei.

Mas, o aviso dos vereadores ao Executivo e aos que o assessoram foram bem claros.

E para finalizar duas observações.

O governo Kleber trata diferente os seus aliados: os mansos e fieis, e os que jogam, falam alto ou chantageiam. Isto terá consequências? Já tem desde o primeiro dia em que ele fez composição com Franciele Daiane Back, bem longe do PSDB, eleita que com os votos do DEM.

A outra: quem tentou assistir o debate desta matéria na gravação disponível no site da Câmara, pouco a entendeu naquilo que se debateu com os vereadores. Novamente por falha do áudio e que Ciro disse ter contratado um especialista para resolver, repetiu-se. Acorda, Gaspar!

Exemplo 3

Em casa de ferreiro é preciso provar que possui espeto.

Kleber leva uma caravana a Brasília para mostrar o que está obrigado a fazer pela Lei como se isso fosse algo exemplar

Qual a notícia e manchete da semana passada, com live e tudo nas redes sociais, mostrando proporcionalmente muita gente daqui no palco e poucos na plateia assistindo? “Gaspar é destaque em evento do Ministério da Economia, em Brasília”. O prefeito eleito Kleber Edson Wan Dall e com o prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, atual secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, acompanhados de outros cinco assessores e funcionários. Eles por três dias participaram do IV Fórum Nacional de Transferência de Recursos.

Noves fora, o que isso quer dizer? Que o prefeito, secretário e seus assessores de Gaspar foram mostrar que estão fazendo o que estão obrigados a fazer quando se recebe dinheiro de Brasília: a prestação de contas eletrônica de Gaspar perante as transferências dos recursos federais e que agora estão mais controlados incluindo à suspensão.

Resumindo: foram mostrar em Brasília – com o dinheiro dos gasparenses gastos em passagens e diárias - que estão fazendo o dever de casa como exige o Ministério da Economia, senão perdem aquilo que é de direito de Gaspar. No século 21, empresas eficientes e que avançam, este assunto seria feito por internet: a apresentação, ou ver e ouvir as experiências alheias.

Mais: o prefeito Kleber como se tivesse em campanha política em Brasília e como os brasilienses votassem aqui, falou sobre a transparência que implantou no seu governo e fez propaganda do Avança Gaspar. Só lá. Transparência nunca foi o forte desse governo e da maioria dos políticos. Não foi encompridar a lista e ficaria só com os requerimentos dos vereadores que em alguns casos só receberam, e incompletos, por decisão judicial. E sobre o tal Avança Gaspar, algumas obras nem projetos possuem, não estão sincronizadas, como o caso da Rua Frei Solano ou como o Anel de Viário Urbano onde o que está visível e evoluindo foi o que foi feito ou está sendo feito pela iniciativa privada.

A parte pública, pode ser resolvida esta semana na Justiça com uma desapropriação que se enrola para ser realizada e onde a avaliação pode ser um ponto de mais devora. Acorda, Gaspar!

Exemplo 4

O diretor administrativo do Hospital de Gaspar foi embora.

Isto não era previsível? Quantas vezes foi escrito aqui?

Enquanto o ex-secretário da Saúde, o advogado, o presidente do MDB, o coordenador de campanha, atual secretário de Fazenda e Gestão Administrativa e prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira estava em Brasília fazendo apologia ao sucesso dele nesta área, o seu afilhado Elson Antônio Aparecido Marson Júnior, pedia demissão e deixava a direção administrativa do Hospital de Gaspar.

Elson que chegou aqui como o “salvador” da pátria depois de ter sido secretário de Saúde de Timbó na gestão 2010 e 2013, substituiu a um outro profissional de reconhecida bagagem na administração Hospitalar em Santa Catarina, incluindo o Santa Isabel, de Blumenau, uma referência no Sul do Brasil, Vilmar Alberto Santin, que prometeu fazer do Hospital de Gaspar, um “posto Ipiranga”.

Santin chegou em outubro de 2017 e sobre ele, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, no press release que distribuiu à época, cravou: “temos clareza de que o Santin é um nome forte e traz com ele experiências de sucesso em outras casas de saúde da nossa região. Estamos confiando nele e na equipe, mas continuaremos acompanhando de perto tudo que acontece no hospital.” Acompanhou tanto, que menos de um ano depois da posse, em junho, Santin era trocado por Elson, que na sua rede social, debitava parte dos fracassos do Hospital ao noticiário crítico do jornal Cruzeiro do Vale, como se fosse obrigação do jornal ficar calado às queixas dos pacientes e erros médicos num ambiente público e um hospital sob intervenção municipal.

O que demonstraram as saídas de Santin e Elson que ser capaz profissionalmente, ter experiência, entender do riscado e ter currículo invejável é o que menos importa na administração pública de Gaspar. Esta, aliás tem sido uma das características expurgar os profissionais daqui e substituí-los por apadrinhados políticos, curiosos e até incapazes.

A solução encontrada pelo Hospital é a de ser administrado por uma junta. Perguntar não ofende. Se esta era a solução, qual a razão de adotá-la somente agora? O que vão contar daqui a alguns dias quando notarem que esta não é a solução e que tudo poderá piorar exatamente na época pré-eleitoral? Foi isso que aconteceu com a ex-secretária de Saúde Dirlene Jahn dos Santos. Substituíram uma profissional do ramo por uma solução caseira, onde os políticos e os curiosos tinham mais valor. Deu no que deu.

Outro ponto. Como alguém pode administrar alguma coisa que não sabe quem é o dono, com curiosos, médicos com interesses próprios e principalmente políticos sem compromissos com resultados metendo o bedelho a todo momento num ambiente sensível e que lida com a cura, a vida e a morte das pessoas? Quem é mesmo o dono do Hospital de Gaspar?

A saída de Elson é envolvo em certo mistério, mas que não resiste aos que o cercam, aos que estão no Hospital e às evidências de como funcionam as coisas na gestão do governo Kleber. Elson não estava dominando o Hospital devido às interferências técnicas e políticas. Não via perspectivas econômicas a curto prazo para responder à promessa que fez ao seu padrinho Carlos Roberto Pereira, além disso, e é ai que o ponto pega, se sentiu traído e preterido na escolha da titularidade da secretaria de Saúde.

Ela tinha sido prometida a ele antes mesmo dele ser empossado como diretor administrativo do Hospital. Quando de fato a oportunidade apareceu, ela foi parar na mão do dentista José Carlos de Carvalho Júnior e que estava na Fundação Municipal de Esporte e Lazer. Até o próprio José Carlos, na época, ficou surpreso.

Desde então, Elson viu que era hora de ir embora e não carregar nas costas um Hospital cheio de problemas e mandas-chuvas, incluindo o próprio secretário que para alguns do próprio Hospital nada entende do assunto. Elson se viu desamparado pelo próprio esquema que o trouxe para Gaspar e por isso, acertadamente, preferiu não arriscar manchar o seu currículo técnico de sucesso em algo que é temerário.

O nome dado ao Hospital pelo então melhor empreendedor social e comunitário que Gaspar conheceu até agora, o Frei Godofredo, foi o de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Boa intenção. Boa escolha. Mas, como um homem de fé, mas pragmático em gestão de resultados, sugiro trocar o nome do Hospital, para Nossa Senhora da Vitória e Perpétua Saúde (existe?). Talvez, tenha mais sorte e afaste à zica, os políticos, curiosos e outros que o fazem dele um mendigo permanente. Acorda, Gaspar!

Colocar uma foto – frame - do assalto ao banco, daquele filme público está nas redes sociais. Sem legenda

Depois da porta arrombada, governo anuncia 60 policiais militares para Blumenau

Ainda não se sabe quantos virão para Gaspar.

O assalto ao Bradesco de Blumenau apressou a revelação, pois a ação dos bandidos foi um aviso de um novo ato, das falhas e da vulnerabilidade.

Quando em meados de março houve o assalto milionário e cinematográfico aos malotes bancários no Aeroporto Quero-Quero, em Blumenau, e que matou uma trabalhadora no local de trabalho e que nada tinha a ver com a cena do crime, o delegado Regional e que atuou em Gaspar, Egídio Maciel Ferrari, contestou frontalmente a uma pergunta da imprensa local de que aquilo tinha sido feito por profissionais [do crime].

"Profissional aqui é a Polícia. E vamos dar uma resposta à sociedade".

Até agora nada sobre o paradeiro dos assaltantes e do dinheiro. Mas, em São Paulo, os que aquela montanha de ouro do aeroporto de Guarulhos, também pouco se sabe dos seus cabeças e do produto do roubo. Uma coisa não justifica a outra. Entretanto, nos dois casos, mostra o quanto a bandidagem está melhor do que a própria polícia paga para evitar, investigar perseguir e prender.

Volto. Aqui, no caso do aeroporto Quero Quero, a PM até comeu à isca na distração plantada pelo grupo de bandidos. Ele deixou para ela chifrins, enquanto os líderes fugiam com o grosso do dinheiro que chegou perto de R$10 milhões, como se divulgou na época.

E na sexta-feira, quase seis meses, e a poucos metros do aeroporto Quero Quero, o ato criminoso, a petulância, o pânico e a cena cinematográfica se repetiram. Quanto se levou da agência do Bradesco da Itoupava Central, não tinha sido revelado pelo banco, seguradora e polícia até o fechamento da coluna.

A cena se repetiu porque o primeiro assalto - o do Quero-Quero - não foi resolvido. Isso, certamente, encorajou outros bandidos, pois no meio policial há dúvidas de que seja o mesmo bando, e se for, mostrará coisa pior: que estão zombando do sistema de segurança oficial de Santa Catarina e do Vale do Itajaí, bem como dos policiais.

A cena se repetiu porque houve falha na prevenção, na inteligência seja na Polícia Militar quanto na Civil. E se a falha persistir, haverá o terceiro assalto com as mesmas características, mesmo que venham os 60 novos policiais prometidos pelo ausente governador Carlos Moisés da Silva, um tenente coronel da reserva do Corpo de Bombeiros Militares.

Bandido se arrisca, mas não é bobo. Antes ele estuda as vulnerabilidades e a chance dele ter sucesso. E diante delas, faz as escolhas. E fez... Ou seja, os bandidos do Quero-Quero e do Bradesco fizeram o preventivo e se estabeleceram na inteligência, e por enquanto estão se dando bem. Arrisco-me a dizer, ao contrário do doutor Egídio, eles são sim profissionais e sabem das limitações e divisões das forças de segurança. Por isso, então em vantagem.

A outra coisa que chama à atenção é como esses bandidos conhecem as estradas do interior de Blumenau que dão em Gaspar e Ilhota. Isso não é coisa para amador e gente de fora, até porque essas rotas não estão no GPS, e só são conhecidas por poucos locais ou por jipeiros que esquadrinham este tipo de caminhos e atalhos para os seus rallies oficiais e particulares. Aí tem. E pode começar por ai parte de uma substancial pista.

A polícia catarinense precisa responder aos cidadãos quem é o profissional dessa história. Isto não é mais possível ficar sob o silêncio que encobre e justifica o assalto de março do Quero-Quero.

TRAPICHE

O presidente do PSL de Gaspar, Marciano Silva, garante que tudo está resolvido dentro da Comissão Provisória que está se tornando diretório. Quem está pilotando estes ajustes, depois da lavação de roupa suja nas redes sociais, é o deputado Ricardo Alba, PSL, de Blumenau.

Há preocupação de unificar os discursos internos. Haverá também mudanças e reforços no PSL Jovem e PSL Mulher. “Nosso foco é o projeto 2020”, insiste para esconder quais as mudanças que estão sendo procedidas no comando do diretório que segundo ele, continuará sob a sua liderança.

O que o PSL não percebeu que ele está sob o tiroteio intenso nos bastidores do MDB do prefeito Kleber Edson Wan Dall, da Assembleia de Deus, e que quer miná-lo via às várias denominações evangélicas pentecostais onde estariam parte conservadora e fiel dos eleitores de Kleber na sua reeleição. Sem um nome que possa liderar o processo de disputa e estancar esta ação do poder de plantão, o PSL corre o risco de ficar encurralado no seu desejo de ser um player na disputa de outubro do ano que vem.

Enquanto isso, o deputado Ricardo Alba, a pedido do diretório de Gaspar trabalha para liberar um veículo para a Rede Feminina de Combate ao Câncer e Associação de Proteção de Animais. Na lista de pedidos, também está a liberação de emenda Federal de R$200 mil pelo deputado Coronel Luiz Armando Schroeder dos Reis, PSL. Ela é destinada a compra de equipamentos na secretaria de Agricultura e Aquicultura de Gaspar.

Os políticos de Gaspar e que estão no poder de plantão, acham-se a cereja do bolo. Este texto não é meu. É do Carlos Tonet, de Blumenau, e foi tema até do seu comentário na Rádio Nereu Ramos na sexta-feira. É irônico e satírico, mas revelador.

“IBGE atualizou população das cidades. Aqui no entorno da Grande Blumenau temos um fenômeno demográfico ocorrendo. Trata-se do avanço de Indaial sobre Gaspar. De acordo com o IBGE, Gaspar tem hoje 69.639 habitantes gasparianos. Indaial tem 69.425.

São 214 habitantes de diferença. Em 2000 Gaspar tinha 46.414 habitantes. Indaial tinha 40.194. Era 6.220 habitantes de diferença em favor de Gaspar. Em dois ou três anos, se população de Gaspar continuar a se reproduzir nesse ritmo, Indaial se tornará a segunda maior e mais importante cidade da Grande Blumenau”, conclui Tonet.

Não tem nada cientificidade demográfica nesta análise do Tonet, mas não deixa de ser boa pauta para se descobrir tal fenômeno. Qual a razão das pessoas estarem preferindo ficar acima de Blumenau e mais longe do litoral? E se for a fundo, como já olhei nos números do DELL da Acig, aqui, a nossa renda é baixíssima. O que não acontece em Indaial, por exemplo.

O que significa essa preferência por Indaial – pois não se trata de nascidos e sim migração? Talvez melhor qualidade de vida, melhor mobilidade, melhores oportunidades, empregos mais qualificados. E olha, que diferente de Gaspar, a BR 470 continuará sendo uma trava por mais tempo do que será, certamente, para Gaspar e Blumenau. Acorda, Gaspar!

 

Comentários

Herculano
10/09/2019 12:22
"EXISTE DEMOCRACIA NO BRASIL, POR ACASO?" ?" JACOBINOS SAINDO DO ARMÁRIO AUTORITÁRIO, por Rodrigo Constantino, no site da Gazeta do Povo, Curitiba PR

A postagem de Carlos Bolsonaro sobre a lentidão da democracia para as mudanças almejadas gerou forte reação, e já comentei sobre o caso aqui. Volto a ele, porém, por conta da reação dividida dentro do bolsonarismo.

Enquanto uns tentaram acusar todos que virão algum flerte com o autoritarismo na fala, alegando que o filho do presidente apenas constatou um fato e esses críticos não sabem interpretar textos, outros aproveitaram a deixa para colocar um pé fora do armário autoritário mesmo. Foi o caso de Leandro Ruschel:

- É vergonhoso observar "liberais" defendendo a nossa "democracia", só pelo receio de parecer totalitário. Se comportando assim, garantem a manutenção do sistema podre que nos governa.

Onde não há justiça, não existe liberdade, tampouco democracia.

É o nosso caso.

Palavras têm consequências, e conceitos importam. Se o que o sujeito quer dizer com isso é que temos uma "democracia de fachada", que somos "escravos" porque temos uma justiça capenga, então parece totalmente defensável, ou mesmo necessária, uma luta armada para conquistar nossa liberdade e, por tabela, nossa democracia.

Vários bolsonaristas passaram a perguntar, de forma retórica, se existe mesmo democracia no Brasil. Isso, não custa lembrar, num contexto em que Bolsonaro foi eleito! Apesar do "sistema", apesar das urnas eletrônicas, apesar de tudo.

Se o STF tem problemas, se o Congresso inclui corruptos, então isso é prova, no discurso jacobino dessa "direita" revolucionária, de que não temos uma democracia em nosso país. E se não vivemos numa democracia, então atos reativos, inclusive com violência, estariam justificados. Ou não?

Afinal, lutar contra uma ditadura é lutar por liberdade, não? E se não temos democracia, só podemos ter uma ditadura? a "ditadura" do STF e do "centrão" corrupto! É a narrativa de uma gente irresponsável, golpista, que incita a "ucranização" do país como se fosse a solução para nossos problemas.

Diante desta reação de boa parte do bolsolavismo, e lembrando que o guru já disse que é preciso ser mesmo um PT de sinal trocado nos métodos, fica claro que quem sentiu calafrios com a fala de Carluxo não sofre de paranoia, e tem todo direito do mundo de temer um ovo da serpente fascistoide sendo chocado. Liberalismo na economia não é garantia de compromisso com democracia, vide Pinochet e Fujimori.
Herculano
10/09/2019 11:33
GUEDES: "MINHA OBRIGAÇÃO É FAZER DIAGNóSTICO E ENTREGAR A PRESCRIÇÃO", por Ivanir José Bortot, em Os Divergentes.

A intenção de Paulo Guedes, o ministro da Economia, permanece sendo a reduzir o tamanho do Estado e cortar gastos. Não há, no horizonte de sua pasta, a intenção de estimular o crescimento da economia

O administrador da massa falida, digo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quer cortar gastos obrigatórios, fazer receitas com privatizações de estatais e trazer de volta uma espécie de CPMF. É parte de um conjunto de sugestões fiscalistas e tributárias para equilibrar as contas da União, estados e municípios reveladas à jornalista Claudia Safatle, do Valor Econômico.

Guedes quer o Imposto sobre Transações Financeiras (ITF) que poderia arrecadar até R$ 150 bilhões por ano, mas deixa claro que este seu desejo, assim como as demais medidas que exigem mudança na Constituição, dependem da vontade dos parlamentares do Congresso Nacional.

"Vamos desindexar, desvincular e desobrigar todas as despesas de todos os entes federativos. E eu quero privatizar todas as empresas estatais. Minha obrigação é fazer o diagnóstico e entregar a prescrição. O Congresso vai decidir", diz Guedes.

A realidade é que, sem entrar no mérito da importância das medidas, o governo vem perdendo espaços a cada dia no processo de articulação no Congresso. Na votação da Previdência Social em comissão do Senado Federal, o secretário Rogério Marinho era único articulador de governo, em uma batalha para evitar perdas de receitas no projeto que foi aprovado na Câmara Federal.

Cortar, cortar, ...

Voltando ao gasto. É verdade que controle de despesas obrigatórias tornou-se, como definiu o pensador Immanuel Kant, um "imperativo categórico".

Isto porque, como o teto se trata de um limite ao gasto público fixado na Constituição, despesas com o crescimento vegetativo dos gastos, como a de pessoal, acabam reduzindo todas as demais receitas livres destinadas à máquina administrativa e ao investimento.

O qualificado leitor que me acompanha até aqui, sobre isso veja o que diz Guedes: "O estado brasileiro quebrou. Quebrou em todos os níveis, no federal, estadual e no municipal. E a principal ameaça desse crescimento da despesa pública obrigatória é a de engolir o Brasil. Nela, o buraco negro era a Previdência ?" a despesa que mais cresce e que engoliria o País em dois anos".

O teto não pode cair

Em seguida, defende a manutenção do teto de gastos, coisa que vem sendo questionada por diversos economistas ?" entre eles o ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa - como solução para estimular a atividade da economia com a liberação de mais recursos públicos.

"O teto é fundamental, porque ele trava essa trajetória de aumento descontrolado de despesas. Não queremos furar o teto. Queremos é quebrar o piso da despesa obrigatória e a ferramenta para isso chama-se pacto federativo", disse Guedes à jornalista Claudia Safatle.

Equilíbrio dos estados na mira

Embora não esteja na rubrica de despesas obrigatórias, a renúncia fiscal da União em benefícios a grupos organizados do setor privado suga mais de R$ 300 bilhões por ano - dois ITFs de recursos públicos - não faz parte das prioridades de Guedes. Talvez por esquecimento, uma vez que é assunto de observação de servidores atentos do Tesouro Nacional que veem estes recursos públicos escorrer pelas mãos.

A maior parte da gastança desenfreada no setor público, especialmente nos Estados, deve-se a falta de observação nos limites estabelecidos pela Lei de responsabilidade Fiscal (LRF). Preocupado com a eficácia na aplicação da lei, Paulo Guedes defende a criação do Conselho Fiscal da República com integrantes dos três poderes, como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), para evitar decisões, em especial do Judiciário, que agravem o desequilíbrio das contas dos entes federativos.

O "diagnostico e prescrição" de Guedes, mesmo que contestado, segue na intenção de moldar a máquina administrativa e orçamentos aos fluxos de receitas de impostos. Não fez parte de suas preocupações qualquer medida de estímulo à atividade da economia.

Ao contrário, todas as medidas que defende, como criação da nova CPMF e corte de gastos, vão contribuir para uma tração dos agregados monetários, ou seja, o governo vai tirar dinheiro da economia. Se a economia volta a crescer, a arrecadação de impostos pode amenizar parte das dificuldades fiscais e o cidadão terá mais chance de botar comida na mesa.
Herculano
10/09/2019 11:24
COM RABO PRESO, PSL DESABONA A SUA PRINCIPAL BANDEIRA DE CAMPANHA PELA MORALIDADE E CONTRA A CORRUPÇÃO. SE TORNOU IGUAL AOS QUE ACUSAVA E ACUSA. INCRÍVEL

PSL pede a seus senadores que reconsiderem apoio à CPI da Lava Toga

Em entrevista ao jornal 'O Estado de S. Paulo', o presidente do partido, Luciano Bivar, disse que pediu que os senadores do PSL reconsiderem seu apoio à CPI da Lava Toga. Para ele, a comissão seria 'uma afronta ao Poder Judiciário'. Ainda segundo 'O Estado de S. Paulo' e também o site 'O Antagonista', o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) teria ficado a cargo de desarticular a comissão. Em nota, o partido negou o envolvimento de Flávio, mas confirmou o pedido de retirada de assinaturas. Procurado pelo 'Estadão', Flávio não se manifestou.
Herculano
10/09/2019 08:18
A IDÉIA NÃO É APENAS BOA, MAS COMO óBVIA DIANTE DA PENÚRIA DAS PREFEITURAS, DA NECESSIDADE DO PREFEITO E SERVIDORES FICAREM EM SEUS MUNICÍPIOS PARA RESOLVEREM O PROBLEMA, MAS ISSO É O QUE MENOS IMPORTAR.

OS PREFEITOS, VEREADORES E SERVIDORES MUNICIPAIS VÃO A BRASÍLIA PARA TURISMO E PRINCIPALMENTE ENGORDAR OS SEUS GANHOS COM DIÁRIAS

Este artigo de Roberto Azevedo, em Makingof, é esclarecedor. Para os gasparenses, meia palavra basta para entender a palestra toda.


INVERTER A ROMARIA É O LADO BOM DO FóRUM PARLAMENTAR
L
Tem razão o coordenador do Fórum Parlamentar Catarinense, deputado Rogério Peninha Mendonça (MDB), quando afirma que deputados federais e senadores, que representam o Estado, preferiram ouvir, em Florianópolis, as demandas para a emenda coletiva de bancada e evitar a eterna romaria a Brasília, de gabinete em gabinete.

Mesmo que represente somente 0,08% do orçamento da União, as emendas de bancada são disputadas com vigor pelos interessados, tanto que DNIT, Exército Brasileiro, Universidade Regional de Blumenau (FURB), Conselho da Criança (Balneário Camboriú), Porto de Itajaí, Investimentos na BR-282, de Santo Amaro até Alfredo Wagner; Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Hospital São Donato (Içara), Federação Catarinense de Municípios (FECAM), Ministério Público de Santa Catarina, Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen (Itajaí), Four Wheels Tour, Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de Santa Catarina (FEHOSC), Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS) e Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN), não fizeram cerimônia em se inscrever para pegar o seu quinhão, durante o evento.

Interessante é observar que há muitas instituições federais que participaram do evento, na Assembleia Legislativa, pois sabem que as emendas coletivas são mais garantidas e ajudam a realizar obras e melhorias no Estado.

O tamanho do bolo que deverá estar à disposição da bancada catarinense deve chegar aos R$ 248 milhões, algo não tão significativo em termos de orçamento da União e que também não estará necessariamente sendo repassado a todos que solicitaram recursos, definição que será feita na semana, durante encontro entre deputados federais e senadores.
Herculano
10/09/2019 07:52
NEM SEMPRE FAZER EXAMES DE ROTINA TRAZ BENEFÍCIOS PARA SAÚDE, por Cláudia Collucci, no jornal Folha de S. Paulo

Dosagens para diagnosticar carências e ou excessos nutricionais em pessoas saudáveis não têm amparo na boa ciência

Quando enchia o vigésimo tubinho de sangue, o enfermeiro do laboratório me olhou desolado e disse: "dona Cláudia, vamos ter que procurar uma outra veia. Essa já era. E ainda está faltando bastante. Só por curiosidade: qual foi o médico que pediu esses exames todos?". "Nutrólogo", respondi. "Já desconfiava", disse ele, com um sorrisinho no canto da boca.

Um mês antes, eu tinha passado um perrengue, uma adenomiose que havia me deixado anêmica em razão de uma intensa hemorragia. Estava me sentindo muito cansada, sem ânimo e sofrendo com os efeitos do tratamento hormonal, entre eles um repentino ganho de peso.

Ao ouvir o canto da sereia de uma amiga que tinha gostado muito do tal nutrólogo, resolvi tentar. De cara, já fui falando: "doutor, eu não faço dietas restritivas, não acredito em medicina ortomolecular e desconfio dos vínculos de nutrólogos com as farmácias de manipulação. O que o senhor me sugere?"

Ele levou na esportiva. Fez a anamnese direitinho, mediu pressão, auscultou o coração e o pulmão, sugeriu que eu fizesse ali mesmo a tal bioimpedância, aquele troço que te faz sentir uma obesa mórbida. Perder cinco quilos de gordura e ganhar massa magra era a minha lição de casa.

Após olhar meus exames recentes, o médico disse que prescreveria algumas vitaminas, minerais e reposição venosa de ferro por conta da anemia. E insistiu que era necessário fazer mais alguns exames laboratoriais.

Ao pegar o pedido de exames, reagi de imediato. A lista passava de cem: "Pra que isso tudo? Magnésio? Selênio? Potássio? Zinco? Cobre? Alumínio? Mercúrio? Chumbo?" Ele me olhou como se fosse um ET. E eu, para encurtar a conversa, disse: "Ok, se eu já vim até aqui, vou até o fim".

Após três veias puncionadas e um arrependimento atroz, estava eu dias depois em casa preparando um ceviche, quando me ligam do laboratório. Era um toxicologista.

"Dona Cláudia, um exame seu, o de mercúrio, está alterado. A taxa está elevada, o dobro do padrão de referência. A senhora, por acaso, come muito peixe?" Eu olhei para o ceviche, ele olhou para mim? "Sim, de quatro a cinco vezes por semana. E o que eu faço com esse mercúrio alterado, doutor?"

"Olha, não tem muito o que fazer. Sugiro que evite peixes como o atum e o cação, que são os mais acima na cadeia alimentar e que costumam ter mais mercúrio".

Imediatamente, passei a pesquisar tudo sobre taxas elevadas de mercúrio. Só encontrei na boa literatura médica referências a tratamentos para intoxicações agudas. Liguei para o nutrólogo e ele disse: "fique tranquila, tem um tratamento ótimo, a quelação, que resolve isso rapidinho. Faço aqui mesmo no consultório."

Ao desligar o telefone, fui pesquisar de novo. A tal quelação, que consiste em injetar certas substâncias na corrente sanguínea para "capturar" o mercúrio e eliminá-lo pela urina, só tem indicação para casos de intoxicação aguda. E ainda assim é arriscada. Dosagens inadequadas de ácidos injetados podem aumentar a toxicidade e até ser fatal.

Segundo a literatura científica, não há evidência de benefícios e de segurança do tratamento em casos de intoxicação crônica ou mesmo em situações como a minha, mais "light". Consultei outros três toxicologistas e todos contraindicaram veementemente qualquer tratamento no meu caso. E me recomendaram esquecer aquilo tudo. E foi o que eu fiz.

Avisei ao nutrólogo que não faria o tratamento e relatei todo o meu desconforto com a situação e minha descrença com o excesso de exames e com a terapia ortomolecular que ele havia proposto. Ele disse que respeitava a minha opinião, mas que havia estudos que amparavam a sua conduta. Ponto final nessa curta relação médico-paciente.

Voltei a me lembrar dessa história ao ver um post recente na rede social do médico de família Rodrigo Bandeira Lima. Com uma foto de uma pilha de exames, ele escreveu: "quando sua paciente nem precisa dizer que passou por um nutrólogo dos mais picaretas". Pedi para o Rodrigo escrever um texto sobre isso.

Segue a contribuição dele para a coluna:


A realização de "exames de rotina" como forma de cuidar da própria saúde é uma prática bastante popular. Uma parte considerável dos agendamentos de consultas médicas pode ser atribuída ao desejo de fazer um "check-up" para saber se está tudo bem. A iniciativa não parte apenas dos pacientes: profissionais médicos adotam a medida com razoável frequência.

O que pouco se divulga, no entanto, é que a identificação de alterações em exames laboratoriais ou de imagem antes do surgimento de sintomas raramente está associada a benefícios para a saúde dos pacientes.

Os médicos chamam de "rastreamento" o ato de procurar por doenças em sua fase pré-clínica, ou seja, em um estágio onde os pacientes não identificam sintomas mas os médicos podem, através de testes clínicos, apontar alterações passíveis de intervenção.

O Ministério da Saúde considera sete critérios para a implantação de ações de rastreamento: 1) a doença em questão deve ser um problema importante de saúde pública; 2) a história da doença deve ser bem conhecida; 3) deve existir o estágio pré-clínico, ou seja, sem sintomas; 4) o tratamento da doença ao ser identificada no rastreamento deve trazer mais benefícios do que o tratamento na ocasião do surgimento dos sintomas; 5) os exames que identificam a doença devem ser acessíveis, aceitáveis e confiáveis; 6) o custo do rastreamento deve ser compatível com o orçamento do sistema de saúde; e 7) o rastreamento deve ser contínuo e sistemático.

Infelizmente, muitos profissionais de saúde (não apenas médicos, que fique bem claro) parecem focar nos critérios mais fáceis de atingir: a simples disponibilidade e aceitabilidade de vários exames de sangue por um custo acessível aos seus pacientes faz com que esses profissionais adotem a prática sistemática de solicitá-los para boa parte das pessoas que entram em seus consultórios, mesmo que os benefícios desse tipo de diagnóstico não estejam bem documentados pela ciência.

Como médico de família e comunidade me deparo com muitos pacientes que me trazem páginas e mais páginas de exames solicitados por outros profissionais, e tenho percebido que uma área específica tem sido responsável por boa parte destas solicitações: a nutrologia. Dosagens de diversas vitaminas e minerais têm sido solicitadas por esses profissionais com o objetivo de orientar a elaboração de dietas personalizadas, baseadas nas carências ou excessos dessas substâncias na alimentação.

Se a dosagem dessas substâncias em pessoas saudáveis com o objetivo de diagnosticar "carências" ou "excessos" nutricionais não se baseia em evidências científicas de qualidade, pior é a situação da oferta dessas substâncias na forma de suplementos alimentares.

Pessoas saudáveis via de regra não se beneficiam de suplementos alimentares, e a diminuição do manganês ou do selênio, por exemplo, identificadas num exame laboratorial "de rotina", não podem ser chamadas de doenças.

Claro que não estamos aqui condenando a suplementação em pessoas que precisam dela. Pacientes em uso crônico de corticoide podem se beneficiar da suplementação de cálcio, por exemplo. Pessoas com pouca exposição solar podem se beneficiar do uso de vitamina D. A suplementação com ácido fólico é importante para mulheres que planejam engravidar, assim como nos primeiros meses de gestação.

Existem vários exemplos, mas ainda assim representam um percentual pequeno da população, e certamente não são estas pessoas que consistem na maior parte das que têm procurado nutrólogos e ou nutricionistas para fazer avaliações laboratoriais.

Enquanto faltar bom senso aos profissionais que propagam soluções mirabolantes para problemas que raramente são problemas de verdade, é preciso informar bem para proteger os pacientes deste tipo de intervenção.
Herculano
10/09/2019 07:45
FILHO DE EX-MINISTRO LOBÃO É PRESO DA 65ª FASE DA LAVA JATO

Conteúdo da RPC Curitiba e do G1 Paraná. Texto de José Vianna. Nova etapa investiga crimes relacionados a contrato de empreiteira para construção de hidrelétrica no Pará

Márcio Lobão, filho do ex-ministro Edison Lobão, foi preso na manhã desta terça-feira (10) na 65ª fase da Lava Jato, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). A prisão é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado e foi efetuada no Rio de Janeiro (RJ).

A nova etapa da operação investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro proveniente de pagamento de vantagens indevidas relacionadas à Transpetro, que é subsidiária da Petrobras, e à Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

Segundo o MPF, Márcio Lobão e Edison Lobão solicitaram e receberam propinas dos Grupos Estre e Odebrecht em R$ 50 milhões entre 2008 e 2014.

O mandado de prisão foi expedido contra Márcio Lobão porque, conforme o MPF, há indícios de que ele permanecia praticando o crime de lavagem de dinheiro em 2019.

Além do mandado de prisão, há 11 de busca e apreensão. As ordens judiciais são cumpridas em São Paulo (SP), no Rio de Janeiro e em Brasília (DF).

Esta nova fase da Lava Jato foi batizada de Operação Galeria.
Herculano
10/09/2019 07:39
SINAIS TROCADOS. DO LÍDER DO GOVERNO NO SENADO, MAJOR OLÍMPIO, PSL, NO TWITTER, BATENDO DE FRENTE COM FLÁVIO BOLSONARO, PSL, QUE ESTÁ ARTICULANDO O ENTERRO DA CPI LAVA TOGA

A metástase do Câncer atingiu todos os Poderes da República. Se não passar a limpo a todos, inclusive o Judiciário, todo o trabalho da Lava Jato SERÁ JOGADO NO LIXO.

Ninguém está acima da Lei e Acordão nenhum vai impedir de se fazer o que tem que ser feito #LAVATOGAJÁ
Herculano
10/09/2019 07:36
DEPUTADA ESTADUAL DE SP, JANAÍNA PASCOAL,PSL, UMA DAS AUTORAS DO IMPEACHMENT CONTRA A EX-PRESIDENTE DILMA VANA ROUSSEFF, PT, VAI AO TWITTER PARA CONDENAR A MANOBRA DA FAMÍLIA BOLSONARO PARA ENTERRAR A CPI LAVA TOGA NO SENADO

"Quem acha que as reformas econômicas solucionam nossos problemas está mal informado. Por melhor que seja o modelo, se o crime impera, os resultados são ruins. Estatiza e o dinheiro é desviado. Privatiza e o dinheiro é desviado. Queremos a estabilidade da legalidade! Entendem?

Queremos impeachment de quem merece ser afastado e CPI para investigar o que precisa ser investigado. Acham que financiamento público resolve? Acham que resolve financiamento privado? Não importa! Todos os modelos são burlados! Só resolve prender quem precisa ser preso!
Herculano
10/09/2019 07:20
IGREJA CONTRIBUIU NO SUMIÇO DE POVOS INDÍGENAS NAS AMÉRICAS, por Reinaldo José Lopes

Encontro sobre o tema se tornou foco de atrito entre governo Bolsonaro e religiosos

A relação entre a Igreja Católica e os povos indígenas foi complexa e cheia de ambiguidades desde os primeiros contatos entre europeus e nativos das Américas, há mais de 500 anos.

Embora nunca tenha aprovado a escravização e o massacre indiscriminados de índios, representantes do catolicismo acabaram contribuindo para que muitas das etnias nativas desaparecessem ou adquirissem status servil.

A discussão em torno desse tema ganha peso agora com a aproximação do sínodo (assembleia) de 250 bispos convocado pelo papa Francisco em outubro no Vaticano. O encontro, que discutirá a presença da igreja na região amazônica, tornou-se foco de atrito neste ano entre o governo Jair Bolsonaro (PSL) e religiosos.

Membros do governo alegam interferência na soberania do país, ao tratar de questões ambientais e indígenas, enquanto a igreja diz que a principal motivação do encontro é avaliar a presença missionária.

SÍNODO PARA A AMAZôNIA
O que é: encontro de bispos convocado pelo papa Francisco para o período de 6 a 27 de outubro no Vaticano

Objetivo: Discutir a presença da igreja na região, incluindo a formação de padres

Polêmica: Integrantes do governo Jair Bolsonaro (PSL) se dizem receosos com interferências na soberania do Brasil ao tratar de questões ambientais e indígenas. Já a igreja afirma que a principal motivação é avaliar a presença missionária

No século 15, quando portugueses e espanhóis começaram a se aventurar pela costa da África, a cultura de ambas as regiões ainda estava muito influenciada pela luta contra os invasores muçulmanos na península Ibérica.

Os papas, que sempre tinham abençoado a luta contra os "infiéis" islâmicos, viam a expansão pelo Atlântico como uma extensão dessas guerras, concedendo aos europeus o direito de subjugar e escravizar os africanos que resistissem a eles caso fossem seguidores do Islã ou de religiões pagãs.

A partir de 1492, com a chegada de Colombo às Américas, um raciocínio similar começou a ser aplicado aos índios.

No entanto, os crescentes abusos perpetrados pelos colonizadores, que acabaram dizimando as populações indígenas das Antilhas e de outras regiões invadidas pelos espanhóis, fizeram com que alguns religiosos, com destaque para membros da ordem dos dominicanos, como Bartolomé de las Casas (1484-1566), passassem a condenar a escravização e os maus-tratos.

A controvérsia levou o papado a se pronunciar. Na encíclica "Sublimis Deus", por exemplo, o papa Paulo 3º declarou, em 1537, que "os ditos índios, mesmo que estejam fora da fé em Jesus Cristo, podem e devem gozar de sua liberdade e da posse de suas propriedades, nem devem ser de modo algum escravizados".

Ao mesmo tempo em que barravam a transformação generalizada dos indígenas em escravos, no entanto, as normas da igreja abriam espaço para o cativeiro dos índios que fossem derrotados em "guerras justas" ?"nas quais eles tivessem atuado como agressores contra os europeus ou tentassem impedir a propagação da fé católica, digamos.

Esses princípios ambíguos guiaram a ação dos missionários católicos, em especial os jesuítas, durante a colonização do Brasil. Figuras como o espanhol José de Anchieta (1534-1597) foram os primeiros a dominar o idioma das tribos tupis do litoral, usando a língua e aspectos da cultura nativa para tentar converter tais grupos ao catolicismo e se opondo a expedições escravistas dos colonos.

Mas a criação dos aldeamentos ou reduções jesuíticas, onde não era incomum que indígenas de diferentes etnias ficassem concentrados, favoreceu a desagregação cultural e o alastramento de doenças infecciosas do Velho Mundo, contra as quais os índios não tinham defesas naturais.

Isso acabou esvaziando a maior parte dos aldeamentos de São Paulo e outros núcleos antigos de colonização ao longo do século 17. Nesses locais, a mão de obra indígena também era empregada pelos religiosos ou arrendada por eles aos outros colonos.

Ao sul e ao oeste de São Paulo, em regiões que englobam trechos de Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai, reduções jesuíticas em que viviam principalmente grupos guaranis chegaram a florescer, graças, em parte, ao relativo isolamento.

Os jesuítas dessas regiões chegaram a organizar exércitos indígenas para resistir aos ataques dos bandeirantes paulistas, que preferiam capturar guaranis como escravos, graças à habilidade agrícola desse povo.

A partir do século 19, depois da expulsão dos jesuítas das Américas e da dissolução dessa ordem religiosa por ordem do papa, outros missionários, em especial os frades capuchinhos, passaram a assumir os aldeamentos, atuando de forma muito similar à de seus predecessores do início da colonização.

Uma mudança significativa nesse sistema só veio em meados do século 20. O Concílio Vaticano 2º, assembleia de bispos do mundo todo que rediscutiu os rumos da Igreja Católica entre 1962 e 1965, foi responsável pelas transformações mais importantes na relação entre o catolicismo e os povos indígenas desde a época colonial.

De um lado, os documentos do concílio, adotados como diretrizes por todos os papas desde então, deram peso cada vez maior ao conceito de inculturação, segundo o qual é preciso que a fé cristã se insira de forma orgânica nas novas culturas que a recebem.

Ou seja, em vez de simplesmente substituir as culturas indígenas com a tradição cultural europeia no processo de conversão religiosa, a ideia de inculturação propõe que os aspectos essenciais do cristianismo sejam "traduzidos" de modo que façam sentido dentro da sociedade nativa.

Os documentos conciliares permitiram ainda maior espaço para o diálogo inter-religioso (envolvendo fés não cristãs), antes visto com muita desconfiança por Roma.

Além disso, o Concílio Vaticano 2º também abriu espaço para abordagens como a Teologia da Libertação, corrente de pensamento que vê a luta pela justiça social e a "opção preferencial pelos pobres" como elementos essenciais da atividade missionária católica.

Para os adeptos de tal linha teológica, impedir a marginalização dos povos indígenas e defender seus direitos seria uma consequência lógica dessa crença.

No Brasil, essa nova visão acabou entrando em confronto com os grandes projetos de infraestrutura gestados na Amazônia pela ditadura militar, colidindo também com o ideário de integração nacional do governo, que enxergava com desconfiança a existência autônoma de comunidades indígenas.

Essas tensões levaram à criação do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) em 1972. O órgão, ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), não busca conversões em massa de grupos que ainda não são católicos, mas afirma promover o protagonismo dos povos indígenas, atuando como "um aliado nas lutas pela garantia de seus direitos históricos".

O Cimi promove o diálogo intercultural e inter-religioso e oferece assessoria jurídica, teológica e de comunicação aos indígenas.
Herculano
10/09/2019 07:15
MINISTÉRIO NÃO TEM VACINA PARA 5 MILHõES DE BEBÊS, por Cláudio Humberto,na coluna que publicou nos jornais brasileiros

O governo federal deve anunciar nesta quinta (12) a assinatura de um raro atestado de incompetência: mais de 5 milhões de bebês ficarão sem vacina pentavalente, que protege de difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Hemófilo B (que causa meningite, pneumonia), entre outras. A vacina vinha sendo importada da Índia, mas em junho a Anvisa vetou o produto. O Ministério da Saúde teve quase três meses para resolver o problema. Agora, milhões de bebês ficam sob risco.

AGORA, Só EM FEVEREIRO

A vacina é aplicada no primeiro ano de vida. No Ministério da Saúde, estima-se que isso somente estará disponível em fevereiro.

FALTOU COMPETÊNCIA

Não faltou dinheiro, faltou competência no Ministério da Saúde. Os valores da vacina são irrisórios, considerando as vidas que salva.

NÃO TEM EXPLICAÇÃO

A vacina a 87 centavos de dólar cada totaliza R$4,3 milhões, uma ninharia para o orçamento de R$122,6 bilhões do ministério da Saúde.

DESABASTECIMENTO

Há notícias de desabastecimento da vacina pentavalente em São Paulo, Goiás, Paraíba, Mato Grosso e no Distrito Federal, entre outros.

óRGÃOS DO ICMBIO SUCATEADOS POR AMBIENTALISTAS

Quanto mais o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) mexe, mais se revela o sucateamento de órgãos como o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). Caso de abandono criminoso é o Cepene (Centro de Pesquisa e Conservação de Biodiversidade Marinha do Nordeste), na baía de Tamandaré (PE), segundo análises e relatórios de visitas. Fotos revelam patrimônio abandonado, lixo, sujeira, garrafas e caixas de cerveja vazias. Só não mostram atividades de pesquisa.

MILITANTES DA NATUREZA

Servidores pagos para atuarem em "pesquisa", "gestão ambiental" ou "conservação" são os mais hostis em relação ao atual governo.

AMBIENTE DEVASTADO

No site, o Cepene é definido como "centros de pesquisa e conservação do ICMBio", seja lá o que isso signifique. E não tem significado muito.

TUDO POR NOSSA CONTA

O Cepene é composto de três prédios (administração, pesquisa e formação) e 15 unidades residenciais. E belos salários, claro, em dia.

IMPRESSIONANTE

O lobby da turma contra a trapalhada do prefeito do Rio, no caso do gibi infantil com beijo gay, superou o poder vapt-vupt de Lula para fazer o STF julgar suas manobras. Em 24 horas, pleno fim de semana, arrancou parecer de Raquel Dodge e liminar do ministro Dias Toffoli.

BANG-BANG

O anunciado futuro embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro foi visitar o pai no hospital, após a cirurgia do presidente. O detalhe é que ele estava armado, com pistola na cintura.

FORTUNA A SER RECUPERADA

Segundo o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), soma R$ 44 bilhões a estimativa de dinheiro a ser recuperado pela Lava Jato aos cofres públicos. Tudo provado, confessado ou já devolvido.

HELENO COMEMOROU

Ministro-chefe do GSI da Presidência, Augusto Heleno comemorou a cirurgia bem-sucedida de Bolsonaro para remover uma hérnia. Até enviou aos amigos vídeo do presidente caminhando pelo hospital.

COINCIDÊNCIA?

A Comissão Especial da Reforma Tributária vai a Feira de Santana (BA) debater os impactos da reforma nos estados e municípios. É o primeiro estado, aliás governado pelo PT, a ser visitado pela comissão.

DESFILANDO ARROGÂNCIA

O governo francês atribui ao Brasil "concurso de insultos", ignorando que tudo começou com foto e declarações mentirosas de Emmanuel Macron sobre a Amazônia. Eles acham que podem usar insultos à vontade, mas não reconhecem no Brasil o "direito" de fazer o mesmo.

PÉ NA ESTRADA

José Nelto (Pode-GO), que está no nono mês de mandato, revelou ao Bastidores do Poder, da rádio Bandeirantes, que nunca foi de avião para Brasília, só vai de carro. Leva duas horas e meia na estrada.

R$ 1,3 TRILHÃO

A reforma da Previdência aprovada na CCJ do Senado pode significar economia de R$870 bilhões ao Tesouro, em dez anos. Mas se a PEC Paralela também for aprovada, impacto pode ser de R$ 1,312 trilhão, segundo o relator da proposta no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE).

PENSANDO BEM?

...o escândalo do gibi só fez aumentar o Ibope do prefeito e também da bienal do livro.
Herculano
10/09/2019 07:07
O FATOR BOLSONARO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

É difícil mensurar o impacto de atitudes do presidente na letargia econômica

Enquanto se consolida o fiasco econômico deste 2019, analistas do setor privado começam a abandonar expectativas de um desempenho mais robusto no próximo ano.

Como noticiou esta Folha, profissionais de bancos e consultorias já projetam taxas de crescimento do Produto Interno Bruto abaixo de 2% em 2020. Desde o fim da brutal recessão de 2014-16 o país não atinge esse patamar medíocre.

Não se pode acusar o mercado de pessimismo. Ao longo desta década, os resultados do PIB têm sido sistematicamente inferiores às previsões iniciais. Não será diferente neste ano, em que a expansão esperada rondava os 2,5% em janeiro.

O desapontamento chegou à percepção geral. Segundo o Datafolha, a parcela do eleitorado que diz acreditar na melhora da situação econômica recuou de 65% para 40% ao longo de 2019.

Inexiste um diagnóstico completo e consensual para a letargia. Sabe-se que ela está associada à míngua dos investimentos: dados publicados por este jornal apontam que as obras de infraestrutura têm representado pouco mais de 1,8% do PIB, menos da metade do que se considera necessário em estudo da Inter.B Consultoria.

Na conjuntura atual, o cenário externo acrescenta dificuldades. O conflito comercial entre EUA e China provoca impacto imediato nos mercados financeiros, e a crise da Argentina prejudica exportações da indústria brasileira.

Outro fator, menos palpável, tem sido citado com alguma frequência ?"o efeito de declarações disparatadas e atitudes erráticas do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre o ânimo de empresários e investidores domésticos e estrangeiros.

É preciso boa dose de cautela diante de tal análise, e não apenas pela virtual impossibilidade de mensurar o fenômeno com os indicadores disponíveis. As decepções com o PIB, repita-se, não vêm de agora.

Entretanto o presidente de fato fomenta a instabilidade política e torna menos previsível a agenda de seu governo. A reforma da Previdência avançou graças ao senso de sobrevivência do Congresso, mas não se pode garantir o mesmo em relação a outros projetos cruciais.

Temem-se ainda consequências negativas da piora da imagem do país no exterior, em particular na área ambiental. Nesse caso, a conta viria a prazo mais longo.

A melhor hipótese é que Bolsonaro compreenda o quanto a economia tende a ser decisiva na recuperação de sua popularidade - e que isso baste para moderá-lo.
Herculano
09/09/2019 17:01
da série: finalmente estão tirando a máscara do acordão que estão fazendo com o STF para não serem apanhados pela lei e os crimes tipificados na lei

FLÁVIO BOLSONARO PEDE PARA SENADORES RETIRAREM APOIO Á CPI DA LAVA TOGA

Conteúdo de O Antagonista. Pelo menos dois senadores receberam a ligação de Flávio Bolsonaro pedindo a retirada da assinatura no requerimento que tenta pela terceira vez criar a CPI da Lava Toga.

Com integrantes do PSL, Flávio chegou a subir o tom.
Herculano
09/09/2019 16:56
BANCADA DO PSL NO SENADO PODE CAIR PELA METADE

Conteúdo de O Antagonista. A bancada do PSL no Senado pode ter duas baixas.

Nos bastidores, Major Olímpio e Juíza Selma têm dito a colegas que estão cansados do partido.

O Podemos está de olho nos dois.

Em se confirmando as saídas, sobrariam Flávio Bolsonaro e Soraya Thronicke.
Herculano
09/09/2019 16:48
"MENTALIDADE SINDICALISTA ARREBENTOU O BRASIL", DIZ SALLES

Conteúdo de O Antagonista. Ricardo Salles culpou hoje os governos federais anteriores e sua "mentalidade sindicalista" por "incharem a máquina pública", afetando duas das principais instituições ambientais brasileiras, o Ibama e o ICMBio, registra o UOL.

"Tivemos governos anteriores que incharam a máquina publica, contrataram politicas publicas, uma serie de despesas, sem preocupação com meritocracia e metas", afirmou o ministro do Meio Ambiente, durante evento em São Paulo.

"Essa mentalidade sindicalista arrebentou nosso país", acrescentou Salles, que também negou as acusações de "desmonte" da estrutura ambiental brasileira
Herculano
09/09/2019 16:36
URGENTE: LULA E IRMÃO SÃO DENUNCIADOS PELA LAVA JATO EM SÃO PAULO

Conteúdo de O Antagonista. A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo denunciou Lula e seu irmão, Frei Chico, por corrupção passiva continuada, informa Fabio Leite na Crusoé.

Segundo o MPF, Frei Chico recebeu R$ 1,1 milhão por meio de uma mesada paga pela Odebrecht entre 2003 e 2015, como parte de um "pacote" de vantagens indevidas oferecidas ao petista pela empreiteira.

Foram denunciados também os empresários Emílio e Marcelo Odebrecht e o ex-diretor da empresa, Alexandrino Alencar, por corrupção ativa continuada. A denúncia foi distribuída na 7ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo.
Herculano
09/09/2019 11:00
APP TROCA DE ROSTO GERAR FUROR, por Ronaldo Lemos,
advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, no jornal Folha de S. Paulo

Aplicativo chinês modela a foto de uma pessoa e insere o rosto em qualquer vídeo

No próximo ciclo eleitoral, tanto no Brasil quanto nos EUA, é bom estarmos preparados para a chegada forte dos "deepfakes". Trata-se de falsificações da realidade criadas com o uso de inteligência artificial (daí o nome, que faz referência a "deep learning", uma das principais modalidades de inteligência artificial).

Com essa tecnologia, é possível criar vídeos e fotos de políticos e personalidades conhecidas em situações em que nunca estiveram e que parecem totalmente reais. Essa tecnologia barateou e está hoje acessível em toda parte.

O capítulo mais recente dessa epopeia é a popularidade do aplicativo chinês chamado Zao, que foi lançado em 30 de agosto e foi direto para o topo dos mais baixados nas app stores daquele país.

O aplicativo é ao mesmo tempo fascinante e aterrorizador. Usando apenas uma foto de qualquer pessoa, ele consegue modelá-la e inserir o rosto em qualquer vídeo. Usando inteligência artificial, é possível aparecer em um vídeo - com perfeição de movimentos - com a facilidade de quem coloca um desses filtros faciais que hoje são populares em vários aplicativos.

O aplicativo imediatamente causou furor. Muita gente colocou seu rosto em filmes com o ator Leonardo diCaprio. Mas logo em seguida outros usos nada salutares começaram a aparecer. Por exemplo, é fácil inserir o rosto de alguém em um vídeo pornográfico.

Para complicar, a empresa teve de mudar seus termos de uso, em razão de alegações de que estavam violando a privacidade dos usuários. Para fazer o app funcionar melhor, os usuários "treinam" a ferramenta publicando fotos piscando, abrindo a boca e fazendo outras expressões faciais. Só que a versão inicial do aplicativo conferia uma licença "gratuita, irrevogável, permanente e transferível" para o aplicativo, que poderia então usar o rosto da pessoa para outras finalidades.

Em razão da polêmica, a empresa rapidamente mudou os termos de uso dizendo que não poderá utilizar as fotos ou vídeos feitos pelos usuários exceto em casos em que eles concordem previamente. E se comprometeu a deletar todo o conteúdo que foi colocado no app dos seus servidores se os usuários
efetuarem essa operação.

No entanto, a polêmica continua. Muita gente ficou com a sensação de que o aplicativo Zao nos coloca em um território desconhecido. A maleabilidade do mundo digital ficou não só clara como completamente escancarada. Cada vez mais nossa vida se passa digitalmente. E esse mundo é completamente
passível de fabricação.

Um bom exemplo é a popular videoblogueira chinesa Qiaobiluo Dianxia. Ela se passava por uma garota adolescente nos vídeos (e já tinha 130 mil seguidores). Só que na verdade era uma senhora de 58 anos, aplicando filtros de inteligência artificial no próprio rosto para parecer garota na internet.

Vamos cada vez mais conviver com situações como essa. O que fazer? Hoje não há nenhum método para detectar "deepfakes" que seja confiável. Uma empresa de tecnologia acabou de lançar um prêmio de US$ 10 milhões para quem conseguir inventar um detector "deepfakes". Se você tiver uma solução, vale se inscrever no prêmio (e avisar a este colunista para que ele possa dormir melhor).

READER
Já era?
Tirar fotos e fazer vídeos do mundo real

Já é?
Sintetizar online rostos de pessoas que nunca existiram

Já vem?
Sintetizar lugares, mundos e universos completos (em plataformas como o Dreams)
Herculano
09/09/2019 10:56
MILITARES TENTAM REAPROXIMAR MOURÃO DE BOLSONARO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Há um trabalho intenso no Planalto para "reintegrar" o vice-presidente Hamilton Mourão ao "núcleo duro" do governo, do qual foi afastado, sem prévio aviso, em razão das diferenças de opinião com o presidente Jair Bolsonaro, que não hesitava em tornar públicas. Mourão passou a ocupar espaços e atrair simpatizantes. Mas no Planalto foi até taxado de "demagogo", pelas declarações "que a imprensa queria ouvir".

MOSCA AZUL

"Ele foi mordido pela mosca azul, mas está na hora de voltar receber missões, que cumpre com presteza e rigor", avalia destacado general.

DESAPARECEU

Mourão evita holofotes desde maio, auge das queixas, quando deixou de contar com a assessoria competente de André Gustavo Stumpf.

ATÉ NO CONGRESSO

O deputado Marco Feliciano (Pode-SP), ligado a Bolsonaro, chegou a pedir impeachment de Mourão por "desdizer" o presidente.

NO AUGE

Carlos Bolsonaro, filho do presidente, disse achar "estranhíssimo o alinhamento" de Mourão com políticos que detestam o presidente.

OTIMISMO NA ECONOMIA CONTRASTA COM APREENSÃO

As equipes econômica e técnica de Jair Bolsonaro andam tão otimistas com o futuro que, no governo, são os únicos que não perdem um minuto de preocupação com declarações do presidente que geram crises diárias, até no exterior. Preocupam-se mais com a travessia de 2019. "O País quebrou", tem dito membros importantes do Ministério Economia, como Rogério Marinho, com a certeza de quem conhece as contas e sabe que a situação é muito pior do que eles deixam escapar.

CONFIANÇA NO FUTURO

"Este é o ano da ruindade", diz Marinho a amigos, com seu jeito manso de falar. É um dos mais confiantes no futuro imediato do País.

NÃO VÊ QUEM NÃO QUER

Nas horas de folga, a área econômica do governo se diverte ironizando a incapacidade da imprensa de perceber o que está por vir.

NUNCA ANTES NESTE PAÍS

Na Infraestrutura, que vive a expectativa da privatizações e concessões já em 2020, o clima é de euforia com investimentos de R$208 bilhões.

MELHOR TESTEMUNHA?

A CPI do BNDES ouve neste terça-feira (10) o empresário Fernando Mendonça França, investigado da Operação Ararath, da Polícia Federal. Ele foi chamado pelo deputado Altineu Côrtes (PL-RJ) para falar como testemunha sobre falcatruas internacionais do BNDES.

BANCADA DA BALA

Criada para estigmatizar deputados contrários à legislação que favorece os criminosos, a expressão "bancada da bala" passou a ser usada pelos próprios integrantes da Frente Parlamentar de Segurança.

BOM COMEÇO DE MÊS

Segundo a Bolsa de Valores (B3), entre 2 de janeiro e 4 de setembro, os investidores estrangeiros aportaram R$1,7 bilhão em recursos no mercado de renda variável no Brasil.

AMPLIAÇÃO DO PORTE

Está na pauta da Câmara esta semana o projeto que amplia os casos onde é permitido o porte de armas de fogo. A regularização poderá ser feita em dois anos, a partir da publicação da futura lei.

DINHEIRO DO TRÁFICO
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Umas das Medidas Provisórias a serem discutidas na Câmara, esta semana, agiliza o repasse a estados e ao Distrito Federal dos recursos decorrentes da venda de bens apreendidos de traficantes de drogas.

CHEGOU A HORA

O plenário do Senado começa a analisar a reforma da Previdência nesta terça. A PEC original (já aprovada na Câmara) e a "paralela", que inclui estados e o DF na reforma, estão prontas para serem votadas.

ACORDO PELA REFORMA

Presidente do Senado, Davi Alcolumbre tenta acordo para votar a reforma da Previdência nesta quarta (11), cancelando o interstício (intervalo). Se não conseguir, serão cinco sessões entre os dois turnos.

TRABALHEIRA

A Advocacia-Geral da União zerou o passivo de processos e pareceres consultivos pendentes de manifestação jurídica de órgãos da AGU, todos parados desde 2012. Os que sobraram foram abertos este ano.

PENSANDO BEM...

...a última vez que um escândalo policial começou nos Correios, o País conheceu o Mensalão de Lula e seu PT.
Herculano
09/09/2019 10:48
A ÚLTIMA TACADA DE MORO, por Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo

Asfixiado por Bolsonaro, Moro aposta em plano de segurança para sobreviver

Jair Bolsonaro disse à Folha que Sergio Moro é um "ingênuo" na política, mas nem o ministro da Justiça deve ter acreditado nas boas intenções do chefe com o tapinha nas costas e a mão no ombro que recebeu no passeio pela Esplanada no desfile da Independência.

Não precisa de muita malícia para entender o jogo de Bolsonaro. Se dependesse dele, o ex-juiz da Lava Jato já estaria bem longe do seu governo.

O que era para ser um símbolo virou um estorvo para o presidente. Moro foi convidado para assumir a Justiça nas horas seguintes à eleição do ano passado como um gesto de Bolsonaro para tentar ganhar a plateia assustada com o que viria por aí.

Até deu certo. Para grande parte da população, Moro chegou a Brasília como símbolo número 1 da maior investigação de combate à corrupção. O super-herói de toga que botou os políticos ladrões na cadeia.
Não levou tempo para Moro, um "ingênuo" nas palavras do presidente, perceber que Brasília não é Curitiba. Não é o ministro poderoso e autônomo que imaginou que seria.

O Congresso não o bajula, a imprensa séria, idem. Fracassou no movimento para fazer do Coaf um braço de seu ministério e, ao que tudo indica, terá de engolir a saída de um homem de sua confiança da diretoria-geral da Polícia Federal (sem liberdade para escolher o substituto).

Por que Bolsonaro não se livra de Moro? Por mais que isso incomode o presidente, seu ministro da Justiça é hoje muito mais popular do que ele - como mostrou o Datafolha, 54% dos brasileiros aprovam sua gestão na pasta, uma força nas ruas amparada ainda na fama da Lava Jato.

A popularidade do ex-juiz, potencial nome para 2022, causa ciumeira em Bolsonaro, mas é o escudo do ministro para não ser jogado fora.

Asfixiado politicamente pelo presidente, Moro busca refúgio em um ambicioso plano de segurança pública, em parceria com estados e municípios. Há quem diga em Brasília que será a última tacada dele no governo. Se não der certo, Moro pedirá o boné. E Bolsonaro vai agradecer.
Herculano
09/09/2019 10:41
A CAIXINHA DE SURPRESAS

De João Paulo de Andrade, da Rádio Band, no twitter:

A definição "futebol é a coisa mais importante, entre as menos importantes de nossas vidas " foi feita pelo treinador italiano da Copa de 1994, Arrigo Sacchi. É perfeita, justiça a ele...
Herculano
09/09/2019 10:39
Para os que estão no poder, pesquisas que não lhes favoreçam são montagens. As que lhes são favoráveis, mesmo e de origem duvidosa, são autênticas e críveis.

É uma ladainha antiga. E não é deste governo, não!

Eu por exemplo, tive sucesso na iniciativa privada graças às múltiplas pesquisas qualitativas - e até as quantitativas que mediam o mercado - que ouviam os consumidores. Foi com e por elas que era possível se perceber as oportunidades de novos hábitos, desejos, envelhecimento e rejeição de serviços, produtos, cores, embalagens, preços e mensagens.

Então a pesquisa, como um ente científico, bem estruturada e com objetivos claros, e interpretada por profissionais treinados para essa finalidade aliada aos desejados refinamentos, é essencial para ousar, se atualizar e preventivamente realizar as correções de percursos.

Há pesquisas, e pesquisas. E o resultado de uma pesquisa é uma amostra de uma tendência, ou como se chama por ai, de um retrato daquele momento, sujeito às mudanças ambientais imediatas diante da comunicação instantânea praticada hoje em dia. Pesquisa não é e nuca foi uma assertividade

Escrevo tudo isso para dizer que o governo de plantão de Jair Messias Bolsonaro, PSL, não acredita em pesquisas, ainda mais as da Datafolha. Ele sempre fala isso. Seus seguidores também.

Eu não acredito que ele não acredita no Datafolha. Bastou a mesma pesquisa que botou o presidente em queda na popularidade dar um retrato de alta popularidade para o seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, que a fritação do ministro, estrategicamente, cessou.

Bolsonaro - um experimentado político de mais de três décadas - até começou a andar publicamente de braços dados com Moro, como qualquer outro político aproveitador, para estancar a sua queda e transferir a simpatia de Moro para ele.

E para confirmar isso, lei a esta manchete de hoje:

O PACOTE ANTICRIME AINDA RESPIRA

Conteúdo de O Antagonista.O governo deve colocar no ar a campanha publicitária em favor do pacote anticrime de Sergio Moro. E fazer uma nova ofensiva no Legislativo, para tentar aprová-la.

Sem o pacote, o número de homicídios no primeiro semestre baixou 22%, na comparação com o mesmo período do ano passado.

O pacote anticrime ainda respira.

VOLTO: respira porque Sérgio Moro na pesquisa do Datafolha - e outras - está com fôlego, apesar do sufocamento que fazem contra ele os políticos, os bandidos e até mesmo, o governo para não atrapalhar o se que respinga nos filhos do presidente. Wake up, Brazil!
Herculano
09/09/2019 10:13
INTELECTUAIS ORGÂNICOS E INORGÂNICOS, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, ensaísta e escritor, no jornal Folha de S. Paulo

Esquerda hoje é feita de pessoas fofas, e direita ainda é vista como assassina

Um fato que sempre me chama a atenção é a transformação da esquerda ao longo das últimas décadas.

A direita, essa "bandida" apegada ao passado, ao mercado, à exclusão e à insensibilidade com os vulneráveis, costuma ser mais fácil de ser mapeada de modo rápido. Talvez uma das causas dessa percepção mais "ágil" seja o fato de que as histórias dos intelectuais e da política é contada por profissionais das letras, mais próximos da esquerda.

Mas um intelectual pode se identificar com uma certa posição política e, ainda assim, manter a consistência analítica. Esse é o caso de Tony Judt (1948?"2010). Entre várias das suas obras, "Past Imperfect - French Intellectuals, 1944-1956", publicada pela Oxford University Press (original em francês) em 1992, é uma pérola.

Nesta obra, ele estudará o comportamento e os textos de grandes figuras da vida intelectual francesa, cujo impacto era então sentido no mundo inteiro: Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Emmanuel Mounier, Maurice Merleau-Ponty, Albert Camus, entre outros "menores".

Com exceção de Camus, todos os citados se saem bem mal. Diante dos horrores dos regimes comunistas do Leste Europeu que começavam a vir à tona na época ?"mais tarde, o mesmo aconteceria com os regimes do extremo leste da Ásia?", essa gente chique defendeu até onde pôde o terror revolucionário, mesmo contra depoimentos de antigos comunistas do Leste Europeu que conseguiram escapar das torturas e do fuzilamento público humilhante.

E por quê? Judt, ele mesmo um social-democrata convicto, no velho estilo europeu continental do pós-Segunda Guerra - de esquerda, portanto - beira suspeitar do caráter com relação aos colegas intelectuais.

Em 1998, ele retoma a temática analisando Camus mais de perto, além de Léon Blum e Raymond Aron, em "O Peso da Responsabilidade". Estes três se saem bem melhor no que tange ao modo corajoso de enfrentar o terror dos regimes comunistas. Isso em plena Guerra Fria, quando ser confundido com alguém que era pró-Estados Unidos era quase como ser suspeito de pedofilia entre os intelectuais franceses.

Guardando-se as diferenças entre os três, uma semelhança era o traço inorgânico.

As grandes figuras estudadas na obra de 1992 (menos Camus) operavam dentro da categoria de intelectual orgânico, num sentido não alinhado ao Partido Comunista, mas alinhado ao comunismo ideologicamente. Ser um intelectual inorgânico, como diz Judt mais especificamente em relação a Camus, é pensar fora de qualquer programa político a priori. Camus sempre fora de esquerda, e morreu sendo, mas nem por isso se dobrou às demandas de defesa do terror soviético em nome da necessidade histórica revolucionária.

Sartre é o que saiu mais sujo da história, talvez por ter sido o mais famoso de todos da época. Beauvoir (como escreve Judt) acabou por colar como feminista, e nessa se virou bem na posteridade. Mas o fato é que, fora Camus, todos eles, à esquerda, defenderam e escreveram textos justificando o terror revolucionário (incluindo Simone de Beauvoir).

Vale salientar que, com a Segunda Guerra e o regime de Vichy na França, aliado dos nazistas, os intelectuais orgânicos fascistas à direita tiveram seu momento de glória vergonhosa.

A lição que se aprende dessas duas obras, entre tantas, é que ser um intelectual orgânico, à esquerda ou à direta, é sempre uma opção que facilmente pode comprometer o próprio exercício da atividade pública do pensamento e sua função social essencial. Os inorgânicos, ao longo do século 20, parecem ter se saído melhor do ponto vista moral.

Para além deste fato, outra questão a se refletir é: por que a esquerda hoje teme tanto que lhe seja lembrado o seu amor ao terror revolucionário?

A direita permanece presa à imagem de assassina no Brasil, inclusive graças à ditadura recente. Mas a esquerda conseguiu razoavelmente se afastar de um passado que a condena. A esquerda hoje é feita de pessoas fofas. Preocupa-se com banheiros, questões de gênero, meio ambiente e outros temas tipicamente burgueses - e, com isso, não retiro o peso de alguns deles. A esquerda virou um fetiche da burguesia.

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