25/10/2019
Um fato aconteceu no dia 14. O outro no dia 15 de outubro. E nos exemplos e atitudes as diferenças de poucas horas de um para o outro. Torna-se difícil acreditar que sejam vizinhos. Elas mostram como a gestão de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, prefere às obras físicas e que não se completam, do que à inserção e proteção social mínima aos mais desprotegidos socialmente. Ao mesmo tempo, os que orientam e influenciam Kleber, como o prefeito de fato, presidente do MDB, e secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira, dizem não entender à razão pela qual Kleber não possui, nas pesquisas, a avalição positiva que se projetou para este momento do campeonato na corrida à reeleição. Pudera! Despreza e economiza com as pessoas para fazer obras, por vezes sem projeto; em outras, burlando à Lei de Licitação – como foi o caso da drenagem barrada pelo Tribunal de Contas. É que não sendo entregues nos prazos prometidos se inserem, naturalmente, nos questionamentos permanentes.
O que aconteceu no dia 14? O prefeito de Blumenau Mário Hildebrandt, sem partido, evangélico, ex-vereador, ex-presidente da Câmara, ex-secretário de Assistência Social, função herdada do jovem Napoleão Bernardes, ex-PSDB, hoje no PSD e que se aventurou a vice-governador numa roubada montada pelo MDB estadual, anunciou a compra de até duas mil vagas em creches particulares para período parcial às 800 que mantém hoje. Qual o objetivo? Diminuir às cobranças em futuro período eleitoral, também encurtar a fila e que por lá pode chegar a 5,7 mil, num município de 357 mil habitantes. E para tirar esse número a limpo, Hildebrandt resolveu auditar o recadastramento da tal fila única. Mais. Está investindo R$8,7 milhões para construir ou terminar cinco novos CEIs para abrigar vagas integrais ou período parcial. Foi mais além, pediu ao governo Federal licença para terminar obras paradas e que estão esperando dinheiro de Brasília. Blumenau quer colocar os seus próprios recursos para terminar essa novela para amparar a infância. Em Gaspar, isso nem em sonho.
E o que aconteceu no dia seguinte, 15, aqui em Gaspar? O prefeito Kleber saiu de uma audiência no Fórum de Gaspar e de lá, comemorou na sua rede social que estava livre de uma obrigação para eliminar à falta de vagas em creches daqui. Incrível! Este pedido foi feito em 2007 pelo Ministério Público, ao tempo em que o prefeito era Adilson Luiz Schmitt - eleito pelo MDB de Kleber, mas que já estava no PSB. É que desde lá, esta Ação Civil Pública obrigando à criação de 600 novas vagas nas creches, “dormia” engavetada no Judiciário. Outra vez: incrível! Prescreveu contra a cidade, os cidadãos e principalmente os pobres e vulneráveis. Inacreditável à comemoração do político Kleber pela economia de R$30 milhões de multas que se acumularam ao não cumprimento da obrigação durante 12 anos. Repito: 12 anos. E deixando essa hipocrisia de lado – pois não se pagou multa alguma e nem se reservou esse dinheiro para ampliar concretamente vagas -, as contas não fecham. Naquele 2007, Gaspar tinha em torno de 47 mil almas, segundo a estimativa do IBGE. De acordo com a prefeitura, 1.789 crianças estavam nas creches e outras 600 fora delas. Hoje, com 70 mil habitantes, segundo a mesma estimativa do IBGE e sendo maior o senso de dormitório de Gaspar para os que trabalham em Brusque e Blumenau, 3.478 estão nas creches e apenas 300. Epa, espera ai! Não era o próprio Kleber que em campanha dizia que faltavam 1.200 vagas nas creches daqui? Hoje, é também Kleber que vê gente sua furando a fila.
Uma parte da “mágica” para diminuir a fila da creche em Gaspar é conhecida: as vagas em período em integral cortadas e duplicaram em meio período – permitido por lei federal. Em 2007 o MP negava essa prática. E foi isso que Kleber fez. Criou vagas, tirando crianças de creche como se os pais desempregados e trabalhadores só procurassem empregos ou trabalhassem em meio período. Escrevi em 18 de julho do ano passado no jornal Cruzeiro do Vale: “a prefeitura de Gaspar esconde que está abrindo vagas nas creches na marra e a mando da Justiça”. A outra é fruto daquilo que não é transparente e está no cerne da comemoração marota de Kleber, o mesmo que já tentou tirar a verba do Fundo da Infância e Adolescência, bem como fechar a Casa Lar, tudo para economizar para as suas obras físicas. E ainda há o que sobrou do discurso maroto de campanha contra o PT: inflou um número para sensibilizar os eleitores e agora está sendo cobrado pelo veneno do monstro que ele próprio criou. No fundo, Kleber, um evangélico, um jovem, um ex-vereador, ex-presidente da Câmara e que se vestiu como agente de mudanças na campanha eleitoral, não consegue sair do velho modelo político, o qual está sendo rejeitado nas urnas e pode surpreende-lo em outubro do ano que vem.
Sabe a diferença entre o que pensa (e faz) o gestor de Blumenau - que também está rodeado de obras físicas, algumas problemáticas - e o de Gaspar? O próprio Hildebrandt esclarece ao quem se nega em Gaspar ao aprendizado óbvio: a creche “passou a ser entendida como parte integrante da Educação Básica. É preciso uma mudança de cultura para que a Educação Infantil seja compreendida como política educacional, vinculada efetivamente a uma proposta pedagógica, seguindo horários e demais critérios das outras etapas da formação de nossos estudantes”. Desculpe-me. Mas, isto é muito para a cabeça da secretária de Educação de Gaspar, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, Kleber, os interesses políticos e de poder do MDB, PP, PDT, PSC, PSDB. Eles só olham obras físicas como resultados de realização de governo. Quer ver outra diferença prática entre os dois gestores? Quantas escolas públicas municipais em período integral ou bilíngues há em Gaspar? Pois é, no dia 14, o mesmo Mário Hildebrandt anunciou a implantação de mais, repito, mais, nove escolas bilíngues na rede municipal. Uma será em libras, outra em alemão, e as sete demais em inglês. “Nossa meta é que até 2024 todas as escolas municipais tenham o ensino bilíngue”, afirmou. Volto para encerrar: isso é investimento no futuro das crianças e jovens. Isso é qualidade de vida. Isso é inclusão social. Quanta diferença! Em pleno século 21, ao lado de Blumenau, Gaspar ainda aposta no analfabetismo, na ignorância, na desinformação como meio de controle e poder. Acorda, Gaspar!
Já está definida a data da sessão da negociação e do cabo de guerra para a eleição à presidência e mesa diretora da Câmara de Gaspar. Será a primeira em voto aberto. Ela acontecerá no dia 12 dezembro, uma quinta-feira, às 18h30min. Haverá mais uma sessão ordinária deliberativa na terça-feira seguinte... para a choradeira.
Em Gaspar todos estão distraídos. Estão falando em candidatos e coligações para prefeito e vice. Os partidos estão alienados e no passado. Vão ser engolidos. Não há mais coligação para disputa de vereador. E para eleger um vereador, o partido vai precisar de 3.300 votos. Aparentemente, só três terão esta condição para isso.
O PSL de Gaspar diz que não “importa” políticos de outros partidos. Hum! Então de onde veio Sérgio Luiz Batista de Almeida? Do PSDB e depois do PL, onde se coligou com o MDB para ser candidato a vice com Ivete Mafra Hammes.
O Robin Hood deputado Jerry Edson Comper, MDB, jogou feio contra Gaspar e até contra à sua própria Ibirama no PL 165/2019. Pelo PL, ele quer tirar 3,5% do retorno do ICM dos municípios com mais de dez mil habitantes e dar aos com menos disso. Alegando serem eles “pobres”.
Este assunto foi tema de uma longa coluna no segunda-feira, dia 21, no portal Cruzeiro do Vale e de intensa repercussão no partido. Nela mostrei como o deputado deixou exposto o seu cabo eleitoral. Ciro André Quintino, e como o MDB de Gaspar está encurralando os seus que se dizem livres. Acorda, Gaspar!
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