14/11/2019
Desculpe-me leitores e leitoras à insistência, à repetição e à comparação. Gaspar diz que é eficiente e avança na propaganda oficial, panfletária e eleitoreira do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB – um político profissional até aqui - e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, um agente de trânsito herdeiro de uma dinastia política local. Mas, quem avança de verdade, por ser vizinho e estar exposto na mídia local, é, por enquanto, o prefeito Blumenau, Mário Hildebrandt, sem partido, que nem político era, ex-vice do ex-tucano Napoleão Bernardes, hoje no PSD. Na coluna do dia 25 de outubro vocês leram aqui: “enquanto Blumenau sem a pressão do Ministério Público anunciava aumento de vagas em creches, Gaspar comemorava estar livre de uma ação que obrigava a dar conta desse recado aos pobres e trabalhadores”. E para piorar tudo isso, na semana passada, um requerimento de vereadores da própria base Kleber tentava saber, verdadeiramente, os critérios para se entrar numa creche por aqui. Repentinamente eles ficaram subjetivos e interpretativos. Já tinha escrito isso. E por conta disso se furava à fila. Fui amaldiçoado. Como as queixas entupiram os ouvidos dos vereadores e eles estão precisando de votos para se reelegerem no ano que vem, então resolveram agir.
Há uma diferença brutal entre as prioridades daqui e as de Blumenau e não é porque é bem maior que Gaspar. Aqui o foco são as obras como se isso fosse a única prioridade. Tudo intencional e marqueteiro. É para dar manchetes, tocar corações e mostrar que se “trabalha”. Lá, as obras até são mais portentosas no ambiente da mobilidade urbana do que aqui, mas são tratadas como necessidades normais de quem está crescendo e precisa dar sustentabilidade mínima a esse crescimento. Não é marketing, mas será, como foi, nas campanhas passadas com ajuda da televisão que Gaspar não possui. Será vapt vupt. Será para emocionar, para comparar, para medir o avanço. Aqui, as manchetes das obras são diárias – nas redes sociais – contudo, de problemas. E por que? Falta de liderança, gente técnica qualificada, coordenação, transparência e resultados prometidos em discursos e comunicação oficial capenga. Mais. Enquanto se desgasta nas dúvidas e até no enfrentamento a que se dispôs, renega-se ao foco nas pessoas como na Assistência Social, na Educação, ou Saúde Pública. Maus exemplos abundam e o espaço seria insuficiente para relatá-los mais uma vez.
Quem você acha que declarou na sexta-feira passada isso "eu acredito na educação pública, sou fruto dela. E acredito que por meio da educação pública poderemos transformar a nossa cidade"? Kleber ou Mário? Não vou escrever sobre as ampliações e manutenções que Mário anunciou, ou da compra de parques infantis, mobiliário, tablets, computadores, lousas digitais, materiais esportivos, mais de mil instrumentos musicais ou o cartão gestão escola. Vou lhe relatar sobre algo que toca aos próprios educadores que estão efetivamente em sala de aula. Mário anunciou uma gratificação para os coordenadores. Eles terão um prazo para optar pela Hora Planejamento ou por uma Função Gratificada de 40%, cerca de R$ 970 mensais. Mais do que isso. Se a Câmara de lá permitir – e o corporativismo do sindicalismo também -, os professores efetivos e ACTs terão abono de R$ 15 por dia letivo em sala de aula para carga horária de 40 horas, proporcional para as demais jornadas e retroativa a 2019. O pagamento deve ser feito no mês de dezembro e poderá dar até R$ mil a mais por ano para cada professor, sem falta alguma, mesmo as justificadas por atestado. Isto é verdadeiramente avançar e trabalhar com o futuro: as crianças e jovens. Aqui, Kleber cria vagas nas creches não as ampliando, mas obrigando-as ao meio período – como manda a lei para o mínimo. Pior. Coloca uma cortina de fumaça nos critérios para que se fure a fila de espera feita de gente que trabalha, procura emprego e, na maioria, pobre. Acorda, Gaspar!
Lembram-se daquela novela que tinha como tema a construção da Creche Dorvalina Fachini no bairro Sete, em Gaspar? Ela custou mais de R$2,5 milhões em recursos federais e contrapartidas locais. Os capítulos da longa história você só soube praticamente aqui.
Pois é. O tempo é o senhor da razão. O Tribunal de Contas da União se interessou pela novela. Há duas semanas, auditores do TCU estiveram na prefeitura para fuçar à documentação da obra da gestão petista Pedro Celso Zuchi. Coincidentemente, eles chegaram aqui quando Zuchi colocou a cabeça de fora para ser candidato e tentar o quarto mandato.
Recordar é viver. Aos jovens e aos sem memória. Vejam o que relembrei nesta amaldiçoada coluna do dia 25 de janeiro (dia de São Sebastião, o flechado) de 2015 sob o título “Desperdício”?
“O que escrevi no dia 7 de junho de 2011, ou seja, há quase quatro anos? ‘Obra de engenharia chinesa. Aquele terreno onde vai ser construído o CDI do Bairro Sete foi indevidamente aterrado. É área de turfa. Fizeram valas para drenos e já registrei aqui, inclusive com fotos. Agora estão estaqueando bambus na tentativa de estabilizar o terreno’. Fui massacrado, desmoralizado, ridicularizado. O que nasceu torto permanece deformado. E tem gente no PT daqui e de Blumenau que diz que ninguém tem direito de questionar essa lambança com o nosso dinheiro’”.
Pois é. Agora tem gente desconfiada do provérbio de que bambu só verga, não quebra, é coisa para chinês ver. Outros bambus estão prestes a quebrar neste poder de plantão. E bem perto dali. Nesta semana a turfa acabou engolindo escavadeiras que brilhavam de novas nas obras do trecho dois do Anel de Viário do Kleber no pasto do Jacaré. Aprendizado zero!
Os “çabios” de plantão, todos moradores de longa data e conhecedores dos solos de Gaspar, fingem desconhecer à morfologia e a geologia daquela área. E agora, estão recalculando o serviço. Vem aditivos por aí e mais cedo do que se pensava.
Barranca do rio. E por falar em geologia, o que foi mesmo que os titulares, engenheiros e geólogos da secretaria de Obras da prefeitura e do cabide de emprego de amigos da Defesa Civil de Gaspar, postaram refutando os questionamentos da coluna sobre as obras de recuperação do desbarrancamento para o Rio Itajaí Açú de parte da Rua Nereu Ramos, ali defronte à antiga Churrascaria Líder? De que eu não entendia de nada. E não entendo, mesmo. Apenas reproduzia gente entendida que consultei e que me pediu o “off”.
É brincadeira. Mais do cedo do que o previsto, aquelas obras estão sob refação. Tudo porque com as chuvas e o Rio, como adiantaram as minhas fontes há meses, comprometeriam o que foi “recuperado”. Não foi feita uma base de pedras (elas vieram depois do barro) ou uma cortina de concreto, como se fez defronte ao Supermercados Acher, em algo semelhando e em solo igual. É uma máquina de enganar ou de auto-se-enganar?
Pego de calças curtas – na terça-feira da semana passada - no questionamento feito pelo vereador Rui Carlos Deschamps, PT, que também não é engenheiro, mas tudo isso estava na cara até para leigos, o líder do governo Francisco Solano Anhaia, MDB, disse que a obra foi uma emergência e “já se tinha previsão de alguns riscos”.
Como é que é? Se existia essa previsão, qual a razão para me constranger naquilo que escrevi? Qual a razão do governo Kleber, seus orientadores e seus técnicos mentirem ao público? Nas entrevistas sem perguntas, afirmaram que a solução era definitiva.
Outra: trata-se de um claro desperdício de dinheiro dos pesados impostos. A refação além de impor novamente sacrifícios aos que se deslocam entre o Centro e os bairros do Bela Vista, Figueira e Águas Negras ou a Blumenau, segundo os técnicos que ouvi, pode custar tanto ou mais do que custou aquilo que está ameaçado de desmoronar.
Impressionante foi e ensurdecedor do silêncio da mídia local e regional para à barbeiragem técnica da época. E concluindo hoje, pois vem mais: definitivamente ninguém no poder público de Gaspar aprendeu nada com o estaqueamento de bambu feito para corrigir uma avaliação geológica equivocada – ou mal calculada - na construção do prédio da Creche Dorvalina Fachini. Tratam-nos todos como tolos. Acorda, Gaspar!
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