24/07/2019
O vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, fez um jogo de tranca para forçar o posicionamento da comissão liderada pelo o ex-aliado e agora adversário, Silvio Cleffi, PSC
Na sessão de terça-feira, dia 16 de julho, à noite, durante à leitura do pequeno expediente, houve o primeiro sinal de que se iniciava ali um jogo do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, para retaliar o ex-presidente da Casa, o vereador Silvio Cleffi, PSC, hoje primeiro secretário e quem exatamente, fazia a leitura dos documentos da sessão.
É que extra-pauta, na última hora, o presidente da Comissão de Legislação, Gestão e Cidadania, Roberto Procópio de Souza, PDT, pediu por vias informais, à inclusão e leitura do parecer favorável da Comissão ao Projeto de Lei 41/2019 do governo. Em dobradinha com Silvio que é médico, Cícero Giovane Amaro, PSD, questionou. É que o pedido de Procópio entrou fora do que manda o Regimento Interno da Câmara. Tudo sob a complacência do presidente Ciro André Quintino, MDB.
Houve ainda uma tentativa de drible. Percebendo que tudo iria para o vinagre, o presidente Ciro depois de confirmar que o pedido era verbal, anunciou que estava recebendo o ofício da Comissão. Ao ser questionado se o ofício tinha sido protocolado no tempo regimental, ficou provado que não. Então abortou-se a jogada e se instalou um clima pouco amigável em torno do assunto. Ontem, houve a leitura dos pareces da comissão, mas aos projetos 42, 45 e o Complementar 25, depois se seguir o trâmite regimental.
Mas, vamos por partes, como diria Jack, o estripador. O PL 41 trata do “pagamento de ‘Bolsa de Estudo’ no valor de R$4 mil mensal ao Médico Residente no valor de R$ 4.000,00, por dois anos, no Programa de Residência em Medicina da Família e Comunidade do Município de Gaspar e que sem essa remuneração não encontrou interessados em chamadas anteriores. Silvio empacou o assunto na sua comissão de Economia, Finanças e Fiscalização a espera de informações do próprio do próprio prefeito e principalmente, do Conselho Federal de Medicina.
No outro lado, todavia, estavam os projetos de lei 35 e 35, de autoria do médico e servidor municipal Silvio alvo da retaliação. Eles estavam em banho-maria na comissão de Procópio que já foi oposição ferrenha e por conta desse exercício nos dois primeiros anos se tornou hoje um aliado do grupo de poder político do prefeito Kleber.
Um dos projetos trata da renúncia opcional do contribuinte sobre o desconto que teria direito no pagamento em parcela única do IPTU. O outro PL é a criação de um Fundo específico para receber esses recursos da renúncia, os quais, rubricados, seriam usados exclusivamente à montagem de uma UTI para o Hospital de Gaspar – que ninguém sabe de quem é e hoje está sob intervenção municipal.
Como perceberam, é um jogo de políticos. A cidade, o hospital, os doentes e os pobres estão perdendo mais uma vez com esses joguinhos de poder, chantagem, constrangimento e vaidade.
O próprio prefeito Kleber que já foi muito mais amigo do que hoje é com Silvio, sua cria política e frequentador da mesma Igreja Evangélica, está mais distante dele depois que a contragosto dos jogos de poder do prefeito, Silvio se tornou presidente da Câmara e deu a à oposição à maioria contra o prefeito. E vejam só a ironia, numa armação alinhavada pelo próprio Roberto Procópio.
Esse caso de doar opcionalmente os descontos do IPTU do pagamento a vista tem a princípio o aval de Kleber. Ao menos na aparência. E foi isso que Kleber garantiu aos vereadores numa reunião a respeito em que ele participou na Câmara. Apenas, condicionou à aprovação da Câmara. E é aí que mora o perigo. Aprová-la é uma coisa, mas quando, é outra bem diferente.
Po que dava entrada
A idéia está andando “criteriosamente” na comissão, adiantou Procópio durante o debate de terça-feira. Silvio gostaria que ela andasse mais rápido. Assim como o governo, gostaria que andasse mais rápido o Bolsa Estudos dos Residentes. Sílvio acha, todavia, que os três projetos possuem o mesmo tempo e que o governo joga contra a sua ideia nas entranhas burocráticas das comissões. Daí as escaramuças e que poucos entendem, mas todos sabem onde dói quando estão doente e precisam de soluções no Hospital, nos postinhos ou até mesmo nas visitas dos médicos residentes em suas casas. Acorda, Gaspar!
Ao mesmo tempo em que era aprovado um requerimento do vereador Silvio para saber a razão de uma obra onde se assinava o terceiro aditivo estava parada, no dia seguinte a prefeitura a recomeçou para melhorar parcialmente a vida dos moradores do Loteamento das Casinhas de Plástico
A coluna de quarta-feira passada, escrita especialmente para o portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, acessado, atualizado e de credibilidade, fiz este título: “políticos e gestor público precisam dos pobres para serem eleitos. Mas, ao mesmo tempo, os fazem sofrer.
Há uma década que o loteamento das Casinhas de Plástico sobrevive de promessas”
Detalhei a angústia dessa gente que desde 2009 vive de visitas, discursos e promessas de políticos atrás de votos e não de soluções. Na terça-feira, dia 16, apareceu e foi aprovado na sessão da Câmara o requeriment0o 136/2019, de Silvio Cleffi, PSC.
O que ele queria? Se existe o simples e óbvio diário de obras e se de fato ele existe, Silvio está querendo vê-lo naquilo que ele registrou nos últimos três. Ah, Silvio ainda perguntou sobre o prazo para o término daquela obra e se as ruas serão asfaltadas logo em seguida a conclusão do esgoto e rede pluvial?
Trivial. Rotineiro. Nada do que já não se tenha perguntado, denunciado e debatido lá no loteamento, nos gabinetes e na própria Câmara. Mas, o que mesmo incomodou o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi um outro pedido sobre a mesma questão: a cópia do terceiro aditivo solicitado para conclusão dos projetos em execução no loteamento. “Não entendi: fizeram o terceiro aditivo e está tudo parado como pude comprovar esta semana”, ponderou o vereador.
Pois não é que no dia seguinte, a empreiteira voltou ao Loteamento e quase que em um mutirão reiniciou as obras. Acorda, Gaspar!
Não vou envolver ninguém além do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, que permite tudo isso; do vice-prefeito, Luiz Carlos Spengler Filho, que é um dos mais antigos agentes de trânsito da cidade e devia entender, pelo tempo de estrada, o mínimo desse assunto, bem como do novo secretário de Planejamento Territorial, o recém chegado Cleverton João Batista, e principalmente o até então provisório mas que virou pelas circunstâncias, o definitivo superintendente da Ditran – Diretoria de Trânsito -, Salésio Antônio da Conceição. Ele é um curioso. E ocupa o cargo técnico por uma composição política partidária.
Um leitor me mandou esta foto abaixo. Um escárnio. Deboche. Ele me escreveu: “A Ditran efetuou a pintura da Rua Arthur Poffo. Só queria entender como um veículo vai passar ali sem cometer uma infração de trânsito, quando algum carro estiver estacionado nessas vagas reservadas”. Eu também. Os demais leitores, certamente. É impossível não se invadir a faixa dupla. Ninguém mediu? Ninguém estudou outra saída? Ou seja, Planejamento: zero ou torto. Bom senso? Inexistente.
E meu leitor ainda observa: Isto sem falar que todos os dias nos horários de saída de aula, um ônibus e vários carros ficam estacionados em frente à escola, o que acaba obrigando os motoristas a invadirem a pista contrária, cometerem a infração, pois agora a rua tem faixa dupla”. Acorda, Gaspar!
Quem olha a foto do pepelinho assinado para a obra de reurbanização da Rua Bonifácio Haendchen, no Distrito do Belchior, nota que faltam mulheres e jovens no retrato.
As escolas de Gaspar e os políticos se orgulham disso, vão contar com a experiência do Observatório Social Mirim. É uma excelente iniciativa de cidadania. Talvez teremos políticos e principalmente cidadãos mais conscientes para cobrar o poder público em favor da sociedade.
Agora, em Gaspar falta um Observatório Social, a exemplo de Blumenau. E por que ele não existe aqui? Porque os políticos não deixam. E se existisse, seus membros estariam sendo perseguidos pelos políticos e poderosos de plantão. Se até os vereadores estão sujeitos aos constrangimentos dos poderosos...
Que história é essa de que o ex-secretário de Planejamento Territorial, Alexandre Gevaerd, fez a revisão obrigatória por lei do Plano Diretor e como manda a lei? Só na cabeça do poder de plantão e os que estão obrigados a defende-lo. Foram feitas emendas para atender emendas pontuais. Nada mais. Se o Ministério Público se interessasse pelo assunto, nem isso passaria.
Recado I. O líder do governo na Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB, ocupou a tribuna para um desagravo. Citou a forma torta, esperta e pouco transparente como o presidente da Câmara de Florianópolis, na última sessão antes do recesso, aprovou vantagens para os vereadores e servidores daquela casa.
Recado II. Da mesma forma condenou o abuso praticado pelo prefeito de um município nordestino como médico em suas pacientes. “ Nós [vereadores] não devemos esconder nossos atos. Não devemos ser cumplices. Não devemos ter medo de discutir nossos atos”.
Recados III. O primeiro recado foi para o ex-presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC, que depois de surpreendentemente derrotar a candidata de Anhaia, Franciele Daiane Back, PSDB, quis aumentar o quadro de comissionados e foi barrado – e com o esclarecimento da comunidade que se mobilizou contra.
Recados IV. Quando ao mau exemplo do médico com suas pacientes se instalou no ar, pois Silvio é médico, mas cardiologista e clínico geral. Casos semelhantes que geraram problemas aqui, só de um aparentado de um ex-prefeito. Hum!
Mobilidade urbana. Esses dias, numa sessão da Câmara, diante de críticas leigas, ácidas e até técnicas dos vereadores sobre a mobilidade urbana em Gaspar, o vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, como líder do governo, vaticinar que aqui tudo isso não passa de intriga da oposição. “Nós temos sim muita mobilidade urbana”.
O que é mobilidade urbana, afinal? É a condição criada para as pessoas poderem se locomover entre as diferentes zonas de uma cidade. Atualmente, os automóveis particulares e os meios de transportes públicos são os meios de mobilidade urbana mais utilizados.
Bom se esse conceito técnico e genérico é o prevalente, nós não temos uma mobilidade urbana mínima ideal. O transporte coletivo – o mais caro do estado – é uma permissão precária e as partes da cidade não se ligam entre elas, nem mesmo em trechos tão essenciais e curtos como os do Bala Vista, Figueira e Coloninha e que hoje nos causa tanto transtornos.
Como se vê, políticos não sabe o que falam, ou se sabem, fazem os ouvintes, seus eleitores de tontos. E nem estamos falando da mobilidade urbana sustentável que é feita sob trilhos, ciclovia, ciclofaixas e melhorias para a locomoção de pedestres. O que mais se vê em todas as sessões da Câmara são indicações não para fazer calçadas, mas para desobstruir do mato as existentes. Acorda, Gaspar.
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